Articule com o professor de outro agrupamento para que disponibilize autorretratos de crianças da turma com faixa etária superior a dos bebês.
Materiais:
Espelho grande ou espelhos menores previamente fixados, cestos com giz de cera, autorretratos (desenhos) de crianças de outro agrupamento, varal, pregadores e panos pequenos.
Espaços:
Pode ser realizado em espaço interno ou externo. O ambiente deve conter um espelho ou espelhos de diversos tamanhos previamente fixados na parede. Organize um varal com os autorretratos das crianças de outro agrupamento em uma altura um pouco acima do(s) espelho(s) para apreciação e disponibilize um cesto com giz de cera próximo ao (aos) espelho(s).
Tempo sugerido:
Aproximadamente 50 minutos.
Perguntas para guiar suas observações:
1. Como cada bebê traça suas marcas gráficas no espelho?
2. Quais gestos e ações dos bebês foram ampliados a partir da apreciação dos autorretratos?
3. As crianças imitam gestos e movimentos umas das outras e dos adultos que participam da proposta? De que forma a imitação amplia as descobertas feitas durante os registros no espelho?
Para incluir todos:
Identifique barreiras físicas, comunicacionais ou relacionais que podem impedir que uma criança ou o grupo participe e aprenda. Reflita e proponha apoios para atender as necessidades e diferenças de cada criança ou do grupo. Garanta que todos os bebês tenham acesso a proposta. Esteja atento e disponível a eles com o corpo próximo às suas alturas para que consigam manter uma boa relação de reciprocidade do olhar, gestos e falas. Respeite o tempo de cada um para se engajar na proposta e disponibilize um cesto com revistas que tenham figuras humanas para que eles possam observar e manipular, ampliando as possibilidades de pesquisa.
O que fazer durante?
1
Engaje o grupo todo de bebês em pesquisas exploratórias com materiais de largo alcance já conhecidos por eles. Convide um pequeno grupo para se locomover até o espaço com o(s) espelho(s) e explique a proposta. Oportunize um momento de livre interação dos bebês e, com base em seus gestos, proponha ou continue brincadeiras. Chame-os para olharem juntos no espelho para: se identificarem e a você; brincarem de abrir e fechar os olhos; abrirem a boca bem grande e enxergar os dentes e a língua para fora e depois para dentro novamente; tocarem o nariz com os dedos; apontarem as orelhas com os dedos uma de cada lado; sentirem os fios de cabelo entre os dedos etc.Garanta que todos do grupo participem, cada um a seu tempo e interesse.
2
Nesse momento algum bebê já deve ter notado os autorretratos das crianças do outro agrupamento que estão expostos no varal acima do espelho. Aproveite e observe comocada um reage ao vê-los. Ajude a significar esse momento apontando semelhanças entre o rosto das crianças e os desenhos ali presentes, aproveitando o recurso do espelho. Registre os gestos, falas, balbucios e iniciativas dos bebês para que, posteriormente, seja material de planejamento e possa ser compartilhado com os bebês, famílias e toda a comunidade escolar.
Possíveis ações da criança neste momento: os bebês ficam curiosos com o espelho, se locomovem até ele, encostam as mãos, se apoiam, utilizando apoio corporal, se sentem seguros e interagem com a imagem refletida. Um dos bebês olha um pouco acima e observa um dos autorretratos, balbucia, faz gestos faciais e olha para o professor.
Possíveis falas do professor neste momento: olhem! o bebê achou interessante o desenho… vocês também podem desenhar com as canetas que estão próximas de vocês e realizar seus registros no espelho. Quem quer experimentar?
3
Os gizes estão disponíveis. Se ainda não pegaram, ofereça-os e convide as crianças a realizar os registros no espelho, evitando fazer intervenções nas criações. Cada bebê tem seu ritmo próprio para desenhar, eles podem ficar envolvidos na exploração do giz e/ou cada um no seu registro, deixando suas marcas. Um pode observar o outro enquanto também faz os registros. Destaque as similaridades e diferenças ali encontradas, como traços amplos/traços curtos, mesma cor ou cores diferentes, possibilidades de outras cores ou ocupação do espaço que ainda não está marcado no espelho. Incentive que registrem e utilizem outras cores de giz, como através da fala: “há outras cores de giz, que tal experimentar?”
Pense em formas diferentes para instigar as investigações dos bebês menores que não se locomovem nem registram com autonomia. Leve-os para perto do espelho (já com registros dos colegas), aproximando o objeto do seus campos de visão e mudando de lado, para que tentem virar o corpo e encontrar o espelho novamente. Proponha também uma brincadeira de esconder e encontrar o espelho cobrindo com um paninho.
4
Cada bebê pode demonstrar estar engajado em seus registros e curioso com os autorretratos observados. Ao mesmo tempo que ele registra, continua se visualizando ao fundo do suporte que é um espelho. Desta forma, está em contato com sua própria imagem o tempo todo. É como se estivesse imprimindo marcas sobre a imagem de si mesmo que aparece e desaparece de acordo com seu movimento. Apoie as escolhas dos bebês em relação as cores dos gizes e em suas produções. Dialogue sobre o que eles observam e criam. Chame atenção para os desenhos uns dos outros e as cores que cada um utiliza.
Possíveis falas do professor neste momento: você está muito curioso com o autorretrato. Depois dos registros podemos descobrir quem desenhou, mas, antes disso, que tal continuar seu desenho? Parece muito interessante… olhe! O bebê ao seu lado também pegou uma caneta azul para desenhar.
Para finalizar:
Perto no término dos registros dos bebês, incentive que guardem os gizes e os convide a se locomoverem com os autorretratos até o outro agrupamento, para conhecerem os autores e interagirem com as demais crianças. Também pode acontecer o contrário, as crianças do outro agrupamento conhecerem os registros dos bebês feitos no espelho por meio da apreciação dos autorretratos.
Desdobramentos
Repita a proposta ao longo da semana para dar continuidade às pesquisas dos bebês. Outra possibilidade é disponibilizar tintas naturais e pincéis de diferentes tipos para registros no espelho ou em outros suportes alternativos como placas de acrílico ou chapas de Rx lavadas com água sanitária para ficarem transparentes. As receitas das tintas naturais podem ser encontradas no link.
Engajando as famílias
Proponha que as famílias realizem em casa com seus bebês a apreciação de uma foto da criança. Com o bebê ao colo, cada responsável deve fazer um registro escrito ou desenho num papel ofício e levar para ser compartilhado na escola entre os bebês. Explique que todo esse material junto será exposto no mural da turma e compartilhado com a comunidade escolar. Para isso, escreva um bilhete explicando que os adultos farão o desenho de seus filhos e que é fundamental conversar com eles sobre o que estão produzindo. Os bebês devem participar dessa ação em diálogo com seus responsáveis, sentados no colo e/ou próximos aos familiares, sendo encorajados a realizar desenhos de forma autônoma e sem a condução do adulto como uma forma de expressão e manifestação criativa.
Apresente a proposta Grave um breve vídeo cantando um trecho da música “Aquarela” (disponível aqui), em que você apareça desenhando no vidro da janela da sua casa (revestido com plástico transparente) com caneta permanente. Se tiver fotos de momentos como esse na escola, envie junto, o que será ainda mais significativo. Aproveite o toque de encantamento gerado e convide: “Que tal descobrir a possibilidade de desenhar na janela da sua casa com seus familiares?” Envie o vídeo por WhatsApp ou outra plataforma de comunicação com as famílias.
Adaptações necessárias Levando em conta o contexto familiar, oriente que realizem a atividade da forma como for possível, respeitando sempre as recomendações para esse momento. Nesse sentido, sugira que cubram a janela com plásticos transparentes, que podem ser obtidos de saquinhos de legumes ou frutas e fixados com fita adesiva. Se houver, podem usar também plástico adesivo, do tipo contact. A transparência também pode ser conseguida com chapas de Rx, desbotadas depois de um tempo em água sanitária. Um espelho embaçado com o vapor do chuveiro também pode gerar um suporte interessante para riscar com os dedos do bebê, assim como o box do banheiro. Enquanto estão envolvidos na atividade, oriente que uma pessoa tire fotos dos momentos marcantes para compartilhar depois.
Sugira às famílias Convide os familiares a assistir ao vídeo novamente antes da proposta para instigar a curiosidade e favorecer a associação de ideias. É imprescindível o acompanhamento do adulto responsável durante toda a atividade para oferecer segurança. Oriente que envolvam o bebê nas diversas investigações de acordo com a situação do local. Por exemplo: se for possível realizar a proposta na janela, proponha que observem o que está além, como as nuvens no céu, a entrada da luz natural, uma árvore, um passarinho que canta etc. É importante orientar que permitam que o bebê explore a partir de seus interesses, auxiliando sua movimentação caso seja necessário, sempre atentos às reações, nomeando e validando suas iniciativas. Para animar ainda mais a atividade, podem brincar com as sombras proporcionadas pela luz natural que entra pela janela. Esse momento de interação, além de produzir encantamento, aproximará o grupo familiar, estreitando os elos de carinho e confiança entre os envolvidos.
Para compartilhar com o grupo Convide as famílias a enviar as fotos dos momentos de sutileza e descobertas que certamente acompanharam essa atividade, relatando de forma breve como foi a vivência. Reúna todos os registros em uma apresentação digital e compartilhe-os com outras famílias para que se sintam estimuladas a também participar. Quando o período de isolamento social terminar, reveja as imagens com os bebês e disponibilize o álbum para toda comunidade escolar da maneira como sua escola costuma fazer isso. Você poderá propor uma exposição interativa, por exemplo, em que as famílias sejam convidadas a experimentar essa vivência na escola também. Ao evocar memórias afetivas de casa, esse material se tornará um potente recurso, fazendo conexão direta com uma vivência na escola, apoiando o processo de retomada do convívio escolar e firmando, de forma concreta, a parceria família-escola.
Este plano de atividade foi elaborado pelo Time de Autores NOVA ESCOLA
Autor:Bárbara de Mello
Mentora:Keli Luca
Especialista do subgrupo etário: Ana Teresa Gavião
Campos de Experiência: Corpo, gestos e movimentos. Traços, sons, cores e formas. Escuta, fala, pensamento e imaginação.
Objetivos e códigos da Base:
(EI01TS02) Traçar marcas gráficas, em diferentes suportes, usando instrumentos riscantes e tintas. (EI01EF09) Conhecer e manipular diferentes instrumentos e suportes de escrita. (EI01CG03) Imitar gestos e movimentos de outras crianças, adultos e animais. Abordagem didática: a possibilidade dos bebês deixarem marcas abre uma nova narrativa sobre a interação das crianças com o mundo do desenho e da escrita. Embora muitos autores afirmem que os primeiros registros delas ocorrem pelo prazer do movimento, desenhar e rabiscar permitem tornar concreto uma representação gráfica realizada pelo bebê. Apresentar diferentes suportes às crianças e ajudá-las a escolher instrumento, cor e local onde marcar é incentivá-las a representar uma ideia por meio de um gesto e compartilhar isso com professores, pares e famílias.