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Plano de aula: Aprendendo com os ciclos da natureza e mudança climática

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Descrição

Este plano de aula é formado por um conjunto de 3 aulas. O foco é observar os ciclos da natureza relacionados à água e perceber como podemos nos adaptar e desenvolver resiliência para enfrentar eventos climáticos.

Os/as estudantes vão reconhecer como outras sociedades realizam o registro e monitoramento do tempo e baseiam muitas atividades cotidianas nessas condições meteorológicas e ambientais, como valorizam os ciclos da natureza (com enfoque no ciclo hidrológico) e cuidam da terra, do ar e da água, aproximando essas ideias à necessidade de respeito e conservação da natureza. Como atividades práticas, os/as estudantes construirão um mini-terrário e uma mini-estação meteorológica, que lhes ajudarão a observar modelos de ecossistemas que servem para coletar dados referentes ao território, percebendo que podemos interpretar as informações advindas da natureza para melhor nos adaptarmos às condições ambientais e contribuir com a sua conservação.

Consideramos a água como um elemento central tanto na Educação Baseada na Natureza quanto na Educação Climática, pois ela é essencial para a vida, para os ecossistemas e para o equilíbrio climático. Na Educação Baseada na Natureza, a água representa um exemplo palpável dos ciclos naturais, como o ciclo hidrológico, e da interconexão entre os diversos elementos do meio ambiente. Essa abordagem permite que os/as estudantes observem, interajam e entendam, na prática, como a água se move através dos ecossistemas, sua importância para a biodiversidade e os impactos de sua escassez ou poluição. Por que não levar os adolescentes para observar o caminho das águas e tomar um banho de chuva?

Já na Educação Climática, a água é um elemento crucial no entendimento das mudanças ambientais e do aquecimento global, pois o aumento das temperaturas perturba os padrões de precipitação e todo o ciclo da água, influenciando fenômenos como secas, inundações e outros eventos climáticos extremos. Discutir a água neste contexto ajuda os/as estudantes a compreender como as alterações no clima afetam a disponibilidade e a qualidade desse recurso vital, e por consequência, a saúde dos ecossistemas e das comunidades humanas. Também é uma ótima oportunidade para a criação coletiva de projetos de intervenção nos espaços escolares que fomentem uma relação mais harmoniosa com a água como a construção de lagos, a realização de plantios - sim, plantamos água! -, de sistema de captação de água de chuva, de jardins de chuva, entre outros. Essas soluções contribuem para o enfrentamento da crise climática, trazem mais natureza para a escola e podem ser usadas para diversas práticas pedagógicas interdisciplinares.

Para começar, na aula 1, os/as estudantes irão relacionar as características do bioma onde vivem com a qualidade das águas para elaborar planos de intervenção para uso consciente das águas. Na Aula 2, eles/as investigarão como outras sociedades observam os ciclos da natureza e utilizam essas referências para organizar atividades diárias como o plantio que se baseia nas estações do ano, as pescas sazonais que respeitam a época de reprodução dos animais aquáticos, a fertilização dos solos em função dos períodos de secas e cheias e a ocupação territorial relacionada às águas. Irão conhecer o funcionamento do calendário biodinâmico.

Verifique a possibilidade de convidar representantes de comunidades de agricultores, ribeirinhos, indígenas, povos da floresta, pescadores e outras pessoas que têm uma relação de equilíbrio com a natureza para conversar com a turma. É nesta aula em que eles/as farão um mini-terrário. Então, na aula 3, os/as estudantes construirão uma mini-estação meteorológica para coletar informações sobre tempo e clima, registrar os dados e analisá-los, compreendendo o sentido de seleção de amostras para a caracterização do tempo e do clima de diferentes regiões e como isso prepara as sociedades para preverem eventos meteorológicos, se adaptarem à mudança climática e evitarem catástrofes em caso de eventos extremos.

Para um aprendizado mais significativo, considere a possibilidade de desemparedar as práticas pedagógicas, levando os/as estudantes a aprender com e na natureza. Leve-os/as para explorar ambientes externos à sala de aula e à escola, a interagirem e investigarem o ambiente real, observando e sentindo as condições ambientais. Verifique a possibilidade de realizar aulas em uma praça, parque natural, fragmento de mata ou qualquer lugar arborizado que seja próximo da escola e refletir com eles/as sobre a importância das áreas verdes para o clima, comparando lugares cimentados e áreas construídas com áreas naturais (temperatura, umidade, barulho etc). Isso é educação climática! Se isso não for possível, programe-se para levar os/as estudantes ao pátio da escola. E se não houver possibilidade, leve para a sala de aula sons e projeção de imagens de parques naturais, florestas e cenas dos biomas da região onde moram, para ambientar as aulas.

Em relação aos materiais utilizados nas práticas, é recomendável priorizar aqueles que não sejam industrializados, dando preferência a elementos orgânicos e naturais, como galhos, pedras, conchas, gravetos, folhas secas, sementes, cascas de árvores e flores secas. Caso haja materiais reutilizáveis disponíveis, como papeis, tecidos e madeira, seu uso pode ser uma alternativa viável, desde que se evite plásticos e materiais emborrachados, que devem ser encaminhados para reciclagem. Além disso, é fundamental dialogar com os/as estudantes sobre a importância do consumo consciente e do descarte adequado de resíduos.

Este plano está associado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 13 - Ação contra a mudança global do clima: Adotar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos.

Objetivo de Desenvolvimento Sustentável no Brasil 13: Ação contra a mudança global do clima

Reconhecimento da Escola e do Entorno

Você conhece as oportunidades da sua comunidade escolar para potencializar uma Educação Baseada na Natureza (EBN)? A EBN propõe o desemparedamento da educação, defendendo o brincar e aprender com e na natureza, convocando nossos corpos a participar ativamente dos processos de aprendizagem e concebendo os ambientes como espaços educadores que também participam deste processo. A gente cuida da natureza e a natureza cuida da gente! Nós somos natureza! Além disso, desemparedar a infância é uma estratégia de enfrentamento à crise climática.

Por isso, mapear os espaços, suas potencialidades e desafios, ampliando a percepção sobre as possibilidades existentes de contato com a natureza na escola e no entorno é uma prática a ser incorporada constantemente na organização do trabalho pedagógico, mantendo o currículo vivo e integrado à realidade local.

Um bom diagnóstico, além de identificar essas possibilidades e desafios nos espaços físicos, deve incluir uma auto-observação e a observação das experiências de bebês e crianças nesses espaços. E, em um cenário ampliado, abarcar uma investigação sobre a cultura e a percepção das famílias e da comunidade com relação ao convívio com a natureza.

Há áreas livres na sua escola ou entorno? Como elas são (sombreadas, ensolaradas, cimentadas, com gramado e áreas verdes etc.)? Os/as estudantes frequentam estes ambientes? Há famílias com hábitos que favorecem o cuidado com a natureza? A comunidade escolar pode fazer alguma intervenção positiva nestes espaços (plantios, limpeza, brinquedos naturalizados etc.)?

Essas são algumas provocações que podem inspirar o diagnóstico para uma Educação Baseada na Natureza. Acesse o link e faça o diagnóstico!


Materiais sugeridos

Equipamentos:

Computador, Tablet ou Celular* com acesso à Internet para uso do/a professor/a. Nas aulas em que esses equipamentos são sugeridos trazemos possibilidades para o/a professor/a fazer substituições.

*Fique atento/a professor/a à Lei 15100/2025: a lei não proíbe totalmente o uso de celulares, mas restringe seu uso durante aulas, recreios e intervalos (Art. 2º Fica proibido o uso, por estudantes, de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante a aula, o recreio ou intervalos entre as aulas, para todas as etapas da educação básica), para que os/as estudantes possam se concentrar nas atividades diárias e interagir com outras pessoas. A utilização para fins pedagógicos com a autorização do/a professor/a e para casos de acessibilidade, saúde e segurança continuam permitidos. Com esta medida o Ministério da Educação tem como intuito proteger a saúde física, mental e psíquica dos/as estudantes, propiciando um ambiente mais saudável e em equilíbrio dentro dos espaços escolares. (Fonte: Ministério da Educação, 2025. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/2025/fevereiro/restricao-ao-uso-do-celular-nas-escolas-ja-esta-valendo. Acesso: 03/02/2025).

Converse com a equipe pedagógica e faça combinados com os/as estudantes da sua escola para verificar a melhor maneira de se utilizar deste recurso, respeitando-se a Lei.

Materiais diversos:

Aula 1: cola, tesoura, régua, uma base (papelão, caixa, bandeja, madeira); mapas físicos/ impressos ou digitais (Google Earth ou Google Maps, por exemplo) da(s) bacia(s) hidrográfica(s) da região.

Aula 2: para a brincadeira de reflexão inicial: 3 pedaços de corda de aproximadamente 1m de comprimento, ou 3 galhos medindo em torno de 1m cada um ou três lenços/tecidos, também com cerca 1m de comprimento. Para construir o(s) terrário(s): recipientes reutilizados transparentes com tampa (garrafas PET, potes de vidro ou plástico com tampa), terra com matéria orgânica, areia, pedrinhas ou cascalho, mudas de plantas pequenas (musgos, samambaias ou outras espécies adaptadas à ambientes com meia sombra e úmidos), água para regar (apenas uma vez antes de tampar o terrário), carvão vegetal, cobertura de fibra vegetal (sugere-se fibra de coco) e outros elementos naturais que encontrarem para compor o ecossistema: galhos secos, pequenas pedras, cascas de árvores, folhas secas etc.

Aula 3: materiais alternativos para construir uma mini-estação meteorológica. Na descrição da aula, sugerimos alguns materiais, mas é importante que os/as estudantes tenham autonomia para escolher entre os materiais que têm disponível, como recicláveis.

Habilidades BNCC:

Objeto de conhecimento

  • Fenômenos naturais e impactos ambientais.

  • Clima e meteorologia.

  • Formação territorial do Brasil.

  • Diversidade ambiental e as transformações nas paisagens na América Latina.

  • Planejamento e execução de pesquisa amostral.

Objetivos de aprendizagem

  • Analisar como ocorrem os ciclos da natureza e como as sociedades são influenciadas por eles.

  • Explicar como podemos desenvolver resiliência e adaptação para enfrentar eventos climáticos.

Competências gerais

2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

Bibliografia

  • BACICH, Lilian; HOLANDA, Leandro. STEAM em sala de aula: a aprendizagem baseada em projetos integrando conhecimentos na educação básica. Porto Alegre: Penso, 2020.

  • CORNELL, Joseph. Vivências com a natureza: guia de atividades para pais e educadores. 3 ed. São Paulo: Aquariana, 2008.

  • LOUREIRO, Carlos Frederico B. Trajetória e fundamentos da Educação Ambiental. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2012.

  • REIGOTA, Marcos. A floresta e a escola: por uma educação ambiental pós-moderna. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2011.

Materiais Adicionais

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Aula

Aula 1 - Sobre esta aula

Tempo previsto: 70 minutos

A indicação do tempo previsto para o desenvolvimento desta aula serve como orientadora para a organização e gestão do tempo disponível pelo/a(s) professor/a(s) envolvido/a(s), considerando que sugere-se uma abordagem interdisciplinar (entre diferentes componentes curriculares) e transdisciplinar (na perspectiva da Educação Ambiental).

Os/as estudantes investigarão sobre as bacias hidrográficas e/ ou mares existentes em sua região, relacionando as características do bioma onde vivem com a qualidade das águas.

Para começar a se conectar com essa temática fazemos um convite para que você, professor/a, se lembre da sua infância. Você tomava banho de chuva, tinha contato com rios, cachoeiras, manguezais, lagos ou no mar quando era criança? Ou seu contato era no banho, torneira, piscina? Como era sua relação com as águas? Revisite momentos marcantes e prazerosos em que você esteve em contato com a água. Tente se lembrar como você se sentiu nessas águas.

Aula 1 - Conversa inicial/Introdução

Tempo previsto: 20 minutos

Parte 1

Leve a turma para um espaço fora da sala, de preferência com árvores, jardim e visão do céu, onde eles possam ouvir e ver elementos naturais ou, pelo menos, diferentes do que estão habituados dentro da sala. Se tiver um lugar que a turma considera confortável e que lhes traga acolhimento e tranquilidade, leve-os/as até lá.

Convide os/as estudantes a sentarem-se em uma cadeira com os dois pés no chão, ou direto no chão, com as pernas cruzadas uma em cima da outra. Fale para respirarem fundo algumas vezes, até perceber que estão com uma postura mais relaxada. Convide-os a fechar os olhos e observar como seu corpo está. Pergunte-lhes, para que pensem sem responder em voz alta:

- Onde tem água no seu corpo?

Criança bebendo água
Crédito: GettyImages

Ouça as respostas e convide-os a complementar as falas dos colegas. Por exemplo: temos água formando nossos músculos, saliva, lágrimas, urina, fezes, suor, sangue, linfa, no cérebro, nos ossos, pulmões, rins…

- E ao seu redor: onde existe água? Mesmo que você não esteja enxergando…

Ouça as respostas e finalize, concluindo que há água na forma de vapor formando a atmosfera e na forma líquida nas nuvens, no bebedouro, nas garrafas de água etc. Mencione outras fontes e locais onde há água no contexto onde estão, mencionando também a água no estado sólido (gelo), se for o caso.

Mão humana em forma de concha para pegar a água fresca do lago
Crédito: GettyImages

Parte 2

Se estiver na sala de aula, se possível, projete uma imagem do planeta visto do espaço (pesquise uma imagem em um site/ ferramenta de busca digitando “planeta Terra visto do espaço”). Caso esteja em um lugar aberto fora da sala (ou na sala de aula mesmo), mostre uma fotografia em algum livro didático (geralmente livros de Ciências e Geografia mostram fotografias da Terra vista do espaço). Questione:

- Por que o planeta Terra parece azul visto do espaço?

Simulação da vista espacial do planeta terra. Imagem produzida por computação gráfica com recursos visuais obtidos no site da Nasa.
Crédito: GettyImages

Essa pergunta inicial é para que a turma comece a focar no que falaremos na aula. Espera-se que eles/as tenham conhecimento que o planeta Terra tem a maior parte da superfície coberta por água, em relação aos continentes, pois isso vem sendo apreendido desde os anos iniciais. Problematize:

- Então, se há mais de 70% de água formando a superfície do planeta Terra, por que precisamos preservar a água?

A água doce para consumo está em risco, por causa da qualidade e da disponibilidade.

- O que podemos fazer para que a água doce de qualidade continue disponível para nosso consumo e para o equilíbrio de todos os ecossistemas?

Espera-se que a turma seja capaz de refletir que a água não vai acabar em nosso planeta, pois a quantidade é sempre a mesma, mas encontra-se em diferentes estados físicos e distribuída nos organismos de seres vivos e outros componentes ambientais. A composição da água, sua qualidade e distribuição geográfica também variam. Por isso é preciso usar a água doce com equilíbrio e sustentabilidade, porque para deixá-la potável, ou seja, em condições próprias para consumo humano, muitas vezes é preciso tratá-la com tecnologias e produtos que demandam tempo e recursos investidos. Esses conhecimentos prévios são esperados para esta etapa da educação básica.

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