Plano de Aula
Plano de aula: Percurso inclinado
Plano 4 de uma sequência de 5 planos. Veja todos os planos sobre Percurso simples
O que fazer antes?
Contextos prévios:
Em um momento anterior à proposta, peça aos familiares dos bebêsmateriais de largo alcance, tais como caixas de diversos tamanhos, tampinhas de produtos de consumo em casa etc. Faça isso por meio de bilhete no mural de avisos da sala (na entradae/ou saída) ou utilize outros meios de comunicação comuns na sua escola. Informe que serão utilizados na escola para a montagem de uma rampa com inclinação pequena, onde os bebês possam subir e descer, que será o percurso inclinado para exploração. Providencie a montagem do percurso com auxílio dos adultos do berçário. Utilize o material que escolher como base (papelão bem grosso, MDF ou similar) e forre de maneira a dar aderência aos bebês que irão subir e descer.
Este plano faz parte de uma sequência de cinco. São eles:
1. Percurso com tiras de papel (link)
2. Percurso com túnel e bolinhas coloridas (link)
3. Percurso com colchões (link)
4. Percurso inclinado (link)
5. Percurso e muitos desafios motores (link)
Materiais:
Materiais de largo alcance (caixas de diversos tamanhos, tampinhas de produtos de consumo em casa, por exemplo) que serão utilizados na montagem da rampa. Cones de papelão (bobina de linha) e os rolos de papelão (de fita adesiva larga, papel higiênico ou de lençol hospitalar) que serão utilizados nos cantos. Cola universal que adere a diversos materiais. Madeira, MDF ou papelão bem resistente para fazer a rampa.
Espaços:
Organize o local onde acontecerá a proposta, garantindo um ambiente significativo para os bebês com o qual eles já tenham familiaridade. Pode ser a sala referência ou a área externa. Disponha nos cantos os materiais de largo alcance, de modo que fiquem acessíveis para todo o grupo durante a vivência do percurso para que as crianças possam investigá-los. Em um canto, organize os cones de papelão (bobina de linha), em outro, os rolos de papelão (de fita adesiva larga ou papel higiênico ou de lençol hospitalar). Atente-se para que essa gestão organizacional dos objetos oportunize locais de pesquisa, mas que não chamem mais a atenção do que a proposta em si. Por isso a familiarização prévia é importante.
Tempo sugerido:
Aproximadamente 50 minutos.
Perguntas para guiar suas observações:
1. O desenvolvimento corporal acontece de forma significativa na primeira infância. Como a proposta instiga as crianças a ampliarem seu repertório de movimentos corporais?
2. Oportunizar a pesquisa aos bebês é importante para que eles possam criar hipóteses e testá-las. Que tipo de explorações eles fizeram?
3. Observe atentamente e perceba: como a movimentação corporal dos bebês comunica suas emoc?o?es, necessidades e desejos?
Para incluir todos:
Identifique barreiras físicas, comunicacionais ou relacionais que podem impedir que uma criança ou o grupo participe e aprenda. Reflita e proponha apoios para atender as necessidades e diferenças de cada criança ou do grupo. Encoraje todos os bebês a participarem da vivência. Propicie um espaço com segurança para os bebês que ainda não se locomovem com autonomia. Esteja disponível para que possam avançar no percurso quando desejarem. Convide individualmente cada um e narre o que está acontecendo, fazendo com que seu corpo sirva de suporte para os movimentos deles e, também, para acolhê-los quando for necessário.
O que fazer durante?

1
Converse com o grupo todo sobre a experiência que irão vivenciar. É muito importante que todas as ações e situações sejam explicadas aos bebês previamente. Comece oferecendo os materiais de largo alcance, empilhando os cones de papelão (bobina de linha), os rolos de papelão (de fita adesiva larga ou papel higiênico ou de lençol hospitalar.
2
Após a conversa e a exploração inicial com os materiais de largo alcance, convide os bebês em pequenos grupos para participarem do percurso inclinado. Permita que explorem livremente. Atente-se a forma de exploração dos bebês neste trajeto. Nessa proposta será necessária a colaboração de mais de um adulto presente. Registre as interações que aparecem e como isso se dá. Veja se algum bebê já inicia a atividade escalando a rampa ou se engatinha inicialmente, para depois escalar.Encoraje a participação de todos, observando e atendendo individualmente cada um em suas necessidades.
Possíveis falas do professor neste momento: Olha o que eu trouxe para vocês brincarem! Um percurso inclinado! Vamos ver como podemos brincar nele?
Possíveis ações das crianças neste momento: O bebê acompanha com o olhar o adulto próximo a rampa. Ele sorri, observa ao redor os demais bebês e se dirige ao percurso.
3
Posteriormente à exploração livre, reorganize os bebês para explorarem toda a extensão do percurso em duplas ou sozinhos. Apoie suas ações e esteja próximo a eles, participando quando necessário. Leve os bebês que ainda não andam no colo, aproximando-os da rampa para que possam fazer suas pesquisas dentro de suas possibilidades motoras, fortalecendo suas descobertas. Registre a atividade com fotos, vídeos e pequenas anotações para reflexão posterior.
Possíveis ações das crianças neste momento: O bebê explora os materiais na rampa e quando chega no meio do trajeto se engaja por um tempo, tentando abrir a tampa da caixa com os dedinhos. Após algumas tentativas, segura a caixa e começa a balançar. Ao perceber que uma pontinha da tampa da caixa se levanta, retoma a exploração com os dedos e consegue abri-la.
4
Em seguida, atente-se ao grupo de bebês que está chegando ao final do trajeto e como eles estão engajados na proposta. Veja quais foram os pontos de maior interesse, por quais objetos eles já passaram e quais importantes incentivos você pode proporcionar. Até esse momento, as crianças devem estar envolvidas no percurso de diferentes formas em suas explorações.
Para finalizar:
Com a aproximação da finalização da proposta, fale para os bebês que irão começar a organizar o espaço. Convide-os para participar de forma conjunta. Para ajudar na localização temporal, avise-os sobre qual será o próximo acontecimento do dia, garantindo uma predição do que irá acontecer. Informe o quanto é importante organizar o espaço antes de seguirem para a próxima experiência. Valorize e encoraje as iniciativas dos bebês neste momento. Para auxiliar na determinação do momento de arrumação, você pode utilizar a música “Para arrumar a bagunceira”, do grupo Palavra Cantada.
Desdobramentos
Parte da proposta inclui subir, descer, engatinhar, escalar etc. Outras propostas podem ser reapresentadas aos bebês no próprio percurso inclinado, para ampliar as experiências: fechos de lencinho com imagens ou fotos deles, texturas diversas (saco com gel, bolinhas, aquecido, gelado etc.), trechos com tecido de textura áspera e outras ideias. O percurso pode ser montado na sala de referência, no corredor ou na área externa da escola, propondo sempre em um local que seja significativo para os bebês.
Engajando as famílias
Convide as famílias para participarem desta vivência trabalhando as habilidades motoras com os bebês no quintal de casa, no parque da cidade, na pracinha do bairro, ou até mesmo entrando na escola, utilizando o parque com os bebês. Peça às famílias um relato contando como foram essas ricas experiências para compor um mural coletivo na escola, onde possam ser colocados os depoimentos enviados, os registros feitos e a reflexão realizada por parte dos professores.
Apresente a proposta
Pense em uma forma atrativa para convidar as famílias: se tiver fotos de momentos na escola em que o grupo esteja envolvido em desafios corporais diversos, compartilhe-as. Você pode também gravar um vídeo exemplificando como objetos que temos em casa (almofadas e cobertor enrolado, por exemplo) podem ser usados para favorecer a percepção e o desenvolvimento sobre limites e possibilidades motoras. Desta forma, aproveite a memória dos momentos que viveram na escola e convide a continuarem fazendo percursos simples, possíveis de se realizar no contexto domiciliar de forma segura, divertida e prazerosa. Envie pela plataforma que estão utilizando em sua rede ou mesmo pelo WhatsApp. Essa proximidade desperta o pertencimento ao grupo, o que aguça a participação de mais famílias.
Adaptações necessárias
Os percursos serão organizados pelos familiares de acordo com cada realidade. Os planos dessa sequência trazem diversas sugestões.
1) No percurso com tiras de papel, podem selecionar fotos e montá-lo a partir delas. Se não tiverem fotos, orientem que utilizem recortes de revistas, selecionando imagens atrativas para os bebês. A cabana sugerida, que ficará ao final desse percurso com fotos ou imagens, pode ser feita com cadeiras ou debaixo de uma mesa coberta com tecidos, dependendo do espaço disponível.
2) Para o percurso com bolinhas, sugira pelo menos uma caixa de papelão de tamanho suficiente para que o bebê possa explorá-la por dentro. Caso não tenham bolinhas coloridas, meias dobradas em formato redondo são uma boa opção.
3) Para os percursos com colchões e inclinado, sugira um material macio alternativo, como edredom ou cobertor dobrado, simulando o colchão no chão. Um encosto de sofá no chão poderá simular o plano inclinado, dentre outras ideias.
4) Para o percurso com muitos desafios motores, oriente que usem a criatividade: rolinhos com cobertores amarrados, almofadas, cadeiras, mesa etc.
Sugira às famílias
Convide as famílias a oferecer ao bebê, por meio de brincadeiras, os desafios motores selecionados e organizados no local. Algumas orientações gerais são importantes para todos os percursos:
- incentivem o bebê a transpor todos os obstáculos apresentados, permitindo que explorem de forma segura e livre, descalços ou com meias antiderrapantes para maior estabilidade;
- é fundamental que o familiar sirva de apoio durante o percurso, transmitindo motivação, tranquilidade e segurança, e auxiliando caso seja necessário, mas não fazendo o percurso pelo bebê nem tirando dele a oportunidade de descobrir como passar por aquele obstáculo de um jeito próprio;
- é importante a observação para nomear as ações e sentimentos presentes, ampliando o autoconhecimento através da relação.
1) Percurso com fotos e cabana: o desafio em jogo é percorrer um pequeno caminho com fotos ou imagens até chegar na cabana. Oriente que o familiar converse, nomeando as pessoas e fatos envolvidos, além das ações e movimentos corporais necessários para se chegar ao destino.
2) Percurso com bolinhas: o desafio é acompanhar o caminho das bolinhas até chegar à caixa e, lá, explorar e transformar a caixa de papel em brinquedo, o que o bebê ama e gera momentos de risadas: esconder e achar, entrar e sair, abrir e fechar as abas da caixa. As bolas vão compor a brincadeira, favorecendo interações com o corpo do bebê em movimento.
3) Para o percurso com diferentes alturas, os desafios para subir e descer poderão ser feitos com edredons dobrados, encosto de sofá ou almofadas. Reitere a orientação para que acompanhem e supervisionem o bebê nesse momento para evitar acidentes.
4) Para o percurso inclinado, a ideia é simular um tipo de escorregador com o encosto do sofá apoiado no chão, para que o bebê possa escalar e descer escorregando. Oriente que forrem o chão com edredom. Na impossibilidade de sair para a riqueza que as áreas externas oferecem, esses momentos para brincar e explorar o espaço disponível em casa ajudam no desenvolvimento físico, uma vez que envolvem aspectos emocionais e cognitivos. Reitere a orientação para a supervisão do adulto durante todo o momento, de modo a possibilitar uma brincadeira segura.
5) No percurso com muitos desafios, os familiares poderão colocar variadas propostas, a depender do tamanho do local disponível. Aqui, a orientação é para que o bebê transponha os obstáculos e possa voltar a repeti-lo quantas vezes desejar, sempre sob supervisão de um responsável. Exemplos: edredom dobrado para engatinhar, almofadas para subir e descer, encosto de sofá para escalar e escorregar, terminando com uma cadeira para passar por baixo.
Para compartilhar com o grupo
Convide os familiares a compartilhar esses momentos em foto, vídeo ou áudio, com comentários sobre como foram essas vivências corporais. Assim que recebê-los, você pode compartilhá-los com as demais famílias pela plataforma que estiver usando ou via WhatsApp. Assim, uma família contribui com a outra por meio da troca de experiências, ampliando as possibilidades de brincar em casa com seus bebês nesse momento em que todos estão privados do convívio social. Além disso, as formas que as famílias encontraram para propor desafios motores em casa poderão se tornar um rico recurso para diversificar suas práticas na escola. Utilize esses registros para incorporar ideias e evocar memórias afetivas. Planeje que ideias poderão ser retomadas com os bebês na escola, tornando-as um importante apoio no retorno escolar.
Este plano de atividade foi elaborado pelo Time de Autores NOVA ESCOLA
Autor: Talita Marques
Mentora: Keli Luca
Especialista do subgrupo etário: Ana Tereza Gavião
Campos de Experiência: Corpo, gestos e movimentos
O eu, o outro e o nós e Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.
Objetivos e códigos da Base
(EI01EO02) Perceber as possibilidades e os limites de seu corpo nas brincadeiras e interações das quais participa.
(EI01ET03) Explorar o ambiente pela ação e observação, manipulando, experimentando e fazendo descobertas.
(EI01CG01) Movimentar as partes do corpo para exprimir corporalmente emoc?o?es, necessidades e desejos.
Abordagem didática:
Nos primeiros meses de vida, o movimento tem grande relevância para o desenvolvimento: a psicogênese da motricidade se entrelaça com a psicogênese da pessoa. O bebê se comunica por meio de gestos e olhares, expressa emoções mexendo os braços ou balançando o tronco, por exemplo, e explora os objetos segurando-os e, por vezes, colocando-os na boca. Nos percursos simples, as crianças podem explorar e experimentar corporalmente os desafios. Tais vivências permitem aprender sobre limites e possibilidades do corpo.