Educação empreendedora: 4 propostas para trabalhar a formação cidadã dos alunos
Por que o tema é importante para ser trabalhado em classe? E como planejar aulas que façam a turma pensar sobre ele? Confira sugestões para inspirar a preparação de aulas focadas na formação cidadã dos alunos durante o Ensino Fundamental
Pensar no bem comum, colocar-se no lugar do outro e ser fator de mudança na sociedade. Isso é o que a escola deve desejar para crianças e adolescentes e é para isso que os educadores devem trabalhar. Na Base Nacional Curricular Comum (BNCC), essas características estão representadas pela competência geral 10, Responsabilidade e Cidadania, que destaca a importância de desenvolver nos alunos a consciência de que eles podem ser agentes transformadores na construção de uma sociedade mais democrática, justa, solidária e sustentável. Assim como na BNCC, a Educação empreendedora tem como foco explorar com os estudantes a capacidade de se comunicar e agir eticamente em prol do bem comum.
Planos de aula gratuitos sobre Educação empreendedora
A escola pode ser vista como um microcosmo da sociedade, muitas das situações que acontecem nela são amplificadas fora dela. Por isso, uma vez que os alunos aprenderem a se posicionar ou propor melhorias no ambiente escolar, eles se tornam capazes de fazer o mesmo em outros espaços. Desde os anos iniciais do Ensino Fundamental, a turma já pode refletir sobre questões amplas - como dilemas morais ou intervenções na cidade onde vive. O exercício de reflexão é um passo importante para a formação cidadã, pois desenvolve o senso crítico.
Sequências didáticas para formação cidadã
Confira quatro sequências didáticas de Educação empreendedora alinhadas à BNCC que contribuem para dar suporte à prática pedagógica de quem quer desenvolver a formação cidadã dos estudantes na escola.
Cartas sobre a nossa cidade Na sequência didática “Cartas sobre a Nossa Cidade” (confira aqui), criada pela professora Ariane Previde, os estudantes de 6º e 7º anos são convidados a refletir sobre a cidade onde vivem e projetar seu futuro. “A ideia é de que eles não só se sintam corresponsáveis pela cidade, como também conectem seu próprio projeto de vida e dos colegas com um projeto de cidade”, diz Ariane. Um dos pontos interessantes da proposta é que a turma trabalha em uma construção coletiva, partilhando sonhos e responsabilidade de criar a cidade que deseja para cada um e para todos.
O trabalho em classe, organizado em três planos de aula, estabelece parceria direta entre os componentes de Língua Portuguesa e os de Geografia. Ao mesmo tempo que os alunos pensam em estratégias de comunicação e fazem uso da língua para se posicionar, também identificam estereótipos de paisagens, pensam sobre a formação do território brasileiro e pesquisam e avaliam ideias de intervenção nesse espaço. A sequência didática tem início com a reflexão sobre o que os estudantes gostariam de falar: algum incômodo relacionado à cidade, uma projeção do que acham que vai acontecer ou o que desejam que aconteça no local. Depois, eles devem ser impulsionados a pesquisar e discutir em grupo para o desenvolvimento de cartas sobre o tema. Por fim, as cartas devem ser disponibilizadas para ser lidas pela comunidade escolar.
Nossos dilemas Muitos são os dilemas com os quais os alunos têm de lidar ao longo da vida. Nesta proposta (veja completa aqui), desenvolvida pela professora Fransueli Bahr, a classe é convidada a refletir sobre alguns deles. “O objetivo é que, juntos, os alunos aprendam a lidar com situações complexas do mundo real a fim de entender como o mundo funciona e quais são as consequências de nossas decisões ante os dilemas da vida”, conceitua Fransueli. Durante as aulas, a turma vai pensar sobre os prós e os contras de cada escolha e se responsabilizar pelo que acontecer, em base ao que decidir.
A sequência didática, pensada para estudantes de 6º e 7º anos, inicia-se com uma discussão sobre o que é um dilema. Depois, eles são apresentados ao tema da engenharia genética e podem pesquisar sobre o que se sabe sobre o assunto, as opiniões de especialistas e seus argumentos. Em grupos, discutem, elegem uma posição a respeito e constroem argumentos para defendê-la. Já em outra aula, dilemas devem ser apresentados pelos próprios estudantes: a proposta é que eles pensem sobre questões enfrentadas no ambiente escolar. Durante esse encontro, a turma vai criar um painel com possíveis caminhos e consequências para enfrentar o dilema levantado, finalizando o trabalho com a escrita de um relatório com percepções individuais. Embora a sequência didática trabalhe as ideias de Mendel sobre hereditariedade, é possível se inspirar no conteúdo, escolhendo um dilema de sua disciplina e trabalhando com a estrutura proposta pela professora Fransueli.
Escambo de ideias simples e poderosas O ambiente escolar e a convivência com a comunidade podem ter desafios. Apesar disso, às vezes, as soluções residem residem em ideias simples, mas de grande impacto. A proposta desta sequência didática (veja aqui), elaborada pela professora Eliane de Siqueira, é justamente destacar essas ideias. Com a participação das famílias, os alunos do 3º, 4º e 5º ano são convidados a pensar sobre aspectos da escola que estão em desacordo com o que eles acreditam ser o ideal. Coletivamente, devem criar um plano para mudança e colocá-lo em prática. “A atividade convoca os estudantes a se enxergarem responsáveis e atuantes no espaço escolar, podendo intervir nele”, fala Samuel Andrade, professor especialista em produção e edição de materiais pedagógicos.
Inicialmente, as crianças precisam ser convidadas a refletir sobre o espaço onde moram e, posteriormente, pensar sobre o ambiente escolar. Depois, vão definir quais aspectos conversados devem sofrer intervenção emergencialmente e quais as pessoas responsáveis por isso. Por fim, devem planejar ações de melhoria. Na sequência didática, os planos criados pela turma serão colocados em prática e, depois, avaliados e ajustados. A intenção é que os projetos criados pelos alunos extrapolem os limites da sala de aula e se tornem um projeto da escola.
(Re)inventando a roda! Para que serve a roda realizada todos os dias na escola? Os pequenos do 1º e do 2º anos estão bastante acostumados com essa dinâmica - para eles é um momento de brincadeira. Mas a roda pode ser muito mais do que isso, tornando-se uma forma de aprendizagem e interação de cada um com os colegas e até mesmo ser usada para tomadas de decisão coletivas. Na sequência “(Re)inventando a roda!” (confira aqui), desenvolvida pela professora Aline Soares Silva, as crianças têm a oportunidade de trabalhar com as ideias de colaboração e coletividade e ainda vão criar uma proposta de atividade em roda.
Para começar, os alunos são levados a vivenciar diferentes brincadeiras e situações em que crianças e adultos podem se organizar em roda. Depois, devem escolher a proposta que mais gostam e conversar um pouco sobre a função social dela. No segundo encontro, exploram outras atividades e aprendem sobre a roda como forma de organização e convívio, ferramenta para resolução de conflitos, tomadas de decisão, além de ser um momento que possibilita trocas de experiências. No último plano da sequência, os alunos têm a chance de refletir sobre a função da roda em sala de aula, para propor soluções a algumas questões do grupo e vivenciá-la com a realização de uma assembleia.
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