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Plano de Aula
Plano de aula: Os portos de desembarque dos escravizados no Brasil
Plano 3 de uma sequência de 5 planos. Veja todos os planos sobre Tráfico negreiro
Sobre este plano
Este slide em específico não deve ser apresentado para os alunos, ele apenas resume o conteúdo da aula para que você possa se planejar.
Este plano está previsto para ser realizado em uma aula de 50 minutos. Serão abordados aspectos que fazem parte do trabalho com a habilidade EF07HI16, de História, que consta na BNCC. Como a habilidade deve ser desenvolvida ao longo de todo o ano, você observará que ela não será contemplada em sua totalidade aqui e que as propostas podem ter continuidade em aulas subsequentes.
Materiais necessários: Cartolina, giz de cera ou canetas hidrográficas, lápis, caneta.
Material complementar:
Para você saber mais:
LABHOI/UFF. Inventário dos lugares de memória do tráfico atlântico de escravos e da História dos africanos escravizados no Brasil. Laboratório de História Oral e Imagem, 2013. Disponível em: <http://www.labhoi.uff.br/sites/default/files/inventario_julho_2013.pdf>. Acesso em: 2 abr. 19.
SILVA JÚNIOR, Carlos. Mapeando o tráfico transatlântico de escravos. Resenha: ELTIS, David, e RICHARDSON, David. Atlas of the Transatlantic Slave Trade. Afro-Ásia, n. 45, p. 179-184, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0002-05912012000100008>.
Acesso em: 19 abr. 19.
ALENCASTRO, Luiz felipe. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul - séculos XVI e XVII. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2000.
Site com as rotas de viagens dos navios negreiros e as informações sobre o tráfico de escravizados: https://www.slavevoyages.org/
Objetivo
Tempo sugerido: 3 minutos.
Orientações: Com os alunos em grupos de até quatro pessoas, o professor pode ler o objetivo coletivamente, ou somente apresentar o slide. O objetivo deste plano é que os alunos compreendam a abrangência da população negra no Brasil atualmente com base nos principais portos de desembarque de escravizados, sendo estes em Salvador e no Rio de Janeiro, que foram capitais do Brasil no período da escravidão. Esta dinâmica influenciou na composição étnica dos estados nos quais estes portos estão localizados, mas também levou escravizados a outros estados do Brasil, com menor número de negros, mas que ainda assim receberam escravizados por meio destes portos de desembarque do tráfico transatlântico. É importante ressaltar as diversas etnias que vieram para o Brasil, não abordando somente como africanos, mas como iorubás, ashantis, fons, bantos, mandingas, fulanis, e inúmeras outras etnias às quais pertenciam os africanos que foram escravizados e que aqui foram homogeneizadas somente como “africanos”, sem diferenciações de culturas, línguas, religiosidades, entre outros aspectos.
Contexto
Tempo sugerido: 7 minutos.
O tempo sugerido refere-se a este slide e ao subsequente.
Orientações:
Descrição da fonte:
A fonte é uma fotografia aérea do Porto de Salvador, localizado na Cidade Baixa na cidade. O Porto de Salvador recebeu grande quantidade de escravizados e foi o principal até o século XIX, quando passa a ser o do Rio de Janeiro. Nos portos ocorria não somente o desembarque de escravizados mas também o de mercadorias e suprimentos advindos da África e da Europa.
Fonte:
DIAS, Manu. Porto de Salvador. Wiki Commons, 2010. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Porto_de_Salvador_e_Bahia_Marina.jpg>. Acesso em: 2 abr. 19.
Contexto
Orientações: É importante que os alunos compreendam a importância de um porto em tempos em que não havia aviões ou meio de transportes que fossem mais rápidos. Por isso, os portos ligavam os litorais dos continentes e possibilitaram, por meio dos navios, o escoamento de mercadorias e de pessoas. Até hoje estes locais têm esta função, a mesma do período da escravidão. A última pergunta é mais reflexiva do que para os alunos responderem de forma correta, pois ao longo do plano serão apresentadas fontes que demonstram por que foi colocada uma imagem de Salvador
e não de outros portos do Brasil. Se os alunos não souberem onde fica a cidade, o professor pode fazer uso de algum mapa do Brasil para apontar.
Problematização
Tempo sugerido: 20 minutos.
O tempo sugerido refere-se a este slide e aos três subsequentes.
Orientações: Há duas formas de analisar o mapa: se houver a possibilidade de usá-lo online, os três gráficos apresentados podem ser mostrados de forma simultânea; se não houver a possibilidade de utilizá-lo online, é possível imprimir o documento em que ele está dividido em três partes, mas que se completam ao auxiliar nas respostas às perguntas realizadas aos educandos neste slide.
Fonte 1 (Evolução do tráfico de escravizados):
O professor deve levar os alunos a observar o protagonismo português e brasileiro no tráfico de escravizados, presentes nas três partes do tráfico.
É interessante notar que enquanto outros países abaixavam o número de escravizados durante o século XIX, o Brasil, ainda como império português estava com números totalmente elevados, vindo a diminuir somente depois dos anos 1850, com a implantação da Lei Eusébio de Queiroz, que instituía o fim do tráfico de escravizados. Mesmo depois da instituição desta lei, houve o tráfico ilegal, ainda trazendo muitos escravizados ao país. Uma hipótese que pode ser levantada pelos alunos com base em habilidades anteriores, como as relacionadas às grandes navegações e ao pioneirismo português diante do comércio Atlântico, que impulsionou o comércio com os africanos desde o século XV e que foi sendo intensificado ao longo dos anos, além de que o Brasil era a maior colônia e necessitava de grande mão de obra escrava, já que a indígena não era mais suficiente para atender as demandas dos ciclos de produção. Estes números são essenciais para entender a configuração étnica do Brasil atualmente, já que o país recebeu mais de 5 milhões de escravizados, sendo que a maior parte permaneceu no país mesmo após a abolição da escravidão.
Descrição da fonte:
Trata-se de um mapa produzido pela Fundação Getulio Vargas que mostra de forma clara os números relacionados ao tráfico de escravizados que possibilitam uma compreensão sobre os sujeitos protagonistas no tráfico de escravizados bem como os períodos de maior fluxo, do século XVI ao XIX. Percebe-se de forma dominante os números relacionados a Brasil e Portugal bem como à Inglaterra, também responsável por grande parte deste fluxo.
Fonte:
FGV. Evolução do tráfico por país. Atlas FGV, 2016. Disponível em: <https://atlas.fgv.br/marcos/escravidao-negra-e-indigena/mapas/evolucao-do-trafico-por-pais>. Acesso em: 2 abr. 19.
Problematização
Orientações:
Descrição da fonte:
Relembrando a imagem do Contexto, a fonte traz uma descrição de um dos lugares de memória do tráfico de escravizados, qual seja o Cais da Cidade Baixa, em Salvador, Bahia, mostrado no Contexto para explicar a função dos portos. É importante mostrar a relevância deste porto no tráfico de escravizados, não só para o desembarque mas também para o embarque. A pesquisa empreendida na íntegra mostra diferentes lugares no Brasil atribuídos como lugares de memória do tráfico atlântico de escravizados, como portos de Recife, Rio de Janeiro, Espírito Santo, além de mercados de escravizados, casas, terreiros, igrejas e irmandades, entre outros.
Fonte:
LABHOI. Inventário dos lugares de memória do tráfico atlântico de escravos e da História dos africanos escravizados no Brasil. Laboratório de História Oral e Imagem, 2013. Disponível em: <http://www.labhoi.uff.br/sites/default/files/inventario_julho_2013.pdf>. Acesso em: 2 abr. 19.
Problematização
Orientações:
Descrição da fonte:
A Fonte 3 trata-se de um trecho da resenha de um livro que mapeia o tráfico transatlântico de escravizados, salientando no trecho o fato de que Salvador e Rio de Janeiro foram os estados que receberam maior número de escravizados, chegando também a Minas Gerais, nas minas, mas via Rio de Janeiro. A Fonte 4 confirma estas informações ao demonstrar a porcentagem da composição étnica de negros no Brasil, sendo os maiores números nos estados da Bahia e Rio de Janeiro, seguidos de Minas Gerais, Espírito Santo e Mato Grosso. Isso pode ser explicado também porque, após a proibição do tráfico de escravizados, houve muitos deslocamentos internos, o que levou grande número de escravizados a locais em que até então não havia um número expressivo de escravizados.
Fonte:
SILVA JÚNIOR, Carlos. Mapeando o tráfico transatlântico de escravos. Resenha: ELTIS, David, e RICHARDSON, David. Atlas of the Transatlantic Slave Trade. Afro-Ásia, n. 45, p. 179-184, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0002-05912012000100008>.
Acesso em: 19 abr. 19.
WIKI COMMONS. Estados de acordo com a porcentagem de negros em 2009. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Composi%C3%A7%C3%A3o_%C3%A9tnica_do_Brasil#/media/File:Pretos_no_Brasil_2009.png>. Acesso em: 2 abr. 19.
Problematização
Orientações:
Assim como foi salientado nas descrições das fontes, as mesmas apontam para a relevância do estado da Bahia e do Rio de Janeiro ao receber os escravizados, principalmente pela localização geográfica e por terem sido capitais durante o fluxo de escravizados. Desta forma, pode se compreender a alta porcentagem de negros nestes estados, além de outros também descritos no Mapa 4. Além disso, é importante que os estudantes consigam analisar as fontes e perceber estas ideias com base nas próprias observações, já que as mesmas deixam claras estas informações.
Sistematização
Tempo sugerido: 17 minutos.
Orientações: Na Sistematização, os alunos devem estar em grupos de até quatro pessoas e elaborar um mapa do Brasil com as porcentagens apresentadas na Fonte 4, mas com o diferencial de ter que explicar os números apresentados com base no conteúdo abordado no plano. Espera-se que os alunos compreendam que os locais de desembarque de escravizados contribuíram para a composição étnica do Brasil atual, mas que também não foram os únicos lugares que receberam escravizados, de forma que todos os estados tiveram fluxos de escravizados, principalmente após a proibição do tráfico.
Sugestão de adaptação para ensino remoto
Ferramentas sugeridas
- Essenciais: fontes históricas (em PDF, print ou link), Whatsapp, E-mail ou Google sala de aula.
- Optativas: Hangouts.
Contexto
O objetivo desta aula é compreender a abrangência e a diversidade da população negra no Brasil do século XXI, considerando o tráfico de escravizados do século XVII ao XIX.
Para desenvolvê-la com os seus alunos, você poderá trabalhar de forma:
- Assíncrona, disponibilizando por meio do Whatsapp, e-mail ou Google sala de aula (veja como usá-lo aqui), os materiais e orientações necessários. As devolutivas dos alunos podem ocorrer da mesma forma ou com agendamento de um momento síncrono.
- Síncrona, apresentando os materiais (projetando-os na tela) e orientações enquanto realiza uma videoconferência por meio do Hangouts (veja aqui como criar uma reunião online).
Para contextualizá-los quanto ao tema da aula, disponibilize previamente uma matéria com vídeo retratando Salvador, quando a cidade seria uma das sedes da Copa do Mundo no Brasil. Ela aborda um pouco da História e estrutura da capital e apresenta opiniões de cidadãos a seu respeito: “Salvador, onde dois continentes se encontram”. BBC News Brasil, 06 jun. 2014. Disponível aqui. Acesso em: 22/06/2020.
Disponibilize, também, a imagem do Porto de Salvador. Peça que os alunos respondam:
- Onde fica Salvador?
- Qual foi o papel de Salvador na História da Escravidão de africanos no Brasil? O que acontecia no seu Porto?
- Quais problemas há em Salvador? Qual deles pode ser diretamente relacionado com o seu passado de escravidão?
Problematização
Esta etapa pode ser dividida em dois momentos. Os alunos podem trabalhar individualmente ou se organizar em duplas, via Whatsapp, para discutir e compartilhar as percepções. Disponibilize o documento com os gráficos do tráfico negreiro para as Américas. Eles devem analisar e registrar no caderno ou em mídias que utilizam, como o Google sala de aula:
- Quais países tiveram maior participação no tráfico negreiro? Em qual período houve maior número de escravizados trazidos para o Brasil?
Disponibilize, depois, as Fontes 2, 3 e 4. Eles devem analisar e registrar:
- Quais são os Estados brasileiros que mais receberam escravizados?
- Por onde eles chegaram?
Sistematização
Proponha que elaborem uma conclusão para a questão: como o tráfico de escravizados impactou a formação da população brasileira?
Considerando isso, poderão elaborar comentários sobre a reportagem inicial em forma de texto, áudio ou vídeo, explicando a importância de Salvador para o país e apoiando a população soteropolitana quanto a necessidade de resolução dos problemas apontados, especialmente o racismo.
Convite às famílias
Muitas vezes, os alunos estão em processo de identificação da própria composição étnica. É importante que as famílias participem deste processo, conversando e, na medida do possível, dando informações sobre descendências. Um momento de conversa frente a álbuns de fotografia pode ser um bom começo para isso. A reflexão poderá ser aprofundada com base em dados recentes sobre a composição étnica brasileira, contida na matéria: Número de brasileiros que se declaram pretos cresce no país, diz IBGE. UOL, 27 jul. 2016. Disponível aqui. Acesso em: 20/06/2020.
Este plano de aula foi produzido pelo Time de Autores de Nova Escola
Professor: Ruhama Sabião
Mentor: Andrea Kamensky
Especialista: Guilherme Moerbeck
Assessor pedagógico: Oldimar Cardoso
Ano: 7º ano do Ensino Fundamental.
Unidade temática: Lógicas comerciais e mercantis da modernidade.
Objeto(s) de conhecimento: As lógicas internas das sociedades africanas. As formas de organização das sociedades ameríndias. A escravidão moderna e o tráfico de escravizados.
Habilidade(s) da BNCC: EF07HI16 Analisar os mecanismos e as dinâmicas de comércio de escravizados em suas diferentes fases, identificando os agentes responsáveis pelo tráfico e as regiões e zonas africanas de procedência dos escravizados.
Palavras-chave: Tráfico negreiro, comércio de escravizados, escravidão.