Contexto (letra da música "A Carne")
Plano de Aula
Plano de aula: A comercialização de pessoas em diferentes tempos e espaços
Plano 2 de uma sequência de 5 planos. Veja todos os planos sobre Transformações ocorridas com o deslocamento de pessoas e mercadorias
Por: Sara Villas
Aula
Sobre este plano
Este slide em específico não deve ser apresentado para os alunos, ele apenas resume o conteúdo da aula para que você possa se planejar.
Este plano está previsto para ser realizado em uma aula de 50 minutos. Serão abordados aspectos que fazem parte do trabalho com a habilidade EF04HI06 de História, que consta na BNCC. Como a habilidade deve ser desenvolvida ao longo de todo o ano, você observará que ela não será contemplada em sua totalidade aqui e que as propostas podem ter continuidade em aulas subsequentes.
Materiais necessários:
Projetor ou quadro e pincel para quadro.
Impressão do material complementar.
Caixa de som para audição de clipe da música “A carne”.
Material complementar:
HIS4_06UND02 Contexto (letra da música “A carne”)
HIS4_06UND02 Contexto (Jean-Michel Basquiat)
HIS4_06UND02 Problematização (Tráfico Negreiro)
HIS4_06UND02 Problematização (Documentos do século XIX)
HIS4_06UND02 Problematização (Anúncios da atualidade)
HIS4_06UND02 Sistematização (Notícia sobre a Líbia)
Para você saber mais:
A ideia central deste plano consiste em problematizar junto aos alunos as práticas de comercialização de pessoas, existentes de forma legalizada no passado e encontradas, ainda que de forma ilegal, no presente. Não é um plano focado na diáspora africana, ainda que fale dela, e nem na escravidão africana, ainda que esse seja o exemplo trazido. O objetivo maior do plano é, então, o de mostrar que alguns processos históricos foram capazes de transformar pessoas em mercadorias e que isso foi feito em prol de um objetivo mercantilista e de um projeto dito “civilizatório”. Procuraremos mostrar também como essa prática gerou profundas consequências para os povos que assim foram tratados, perpetuando desigualdades, racismos e discriminações. Dando continuidade à proposta de trabalhar com a ideia da relatividade dos valores mercantis propomos trazer um tema complexo mas necessário que é o da comercialização, tráfico e exploração de pessoas. O intuito é fazer com que os alunos reflitam e critiquem essa prática colonizadora e compreendam que desigualdades existentes hoje em dia ainda são reflexo e reprodução dela.
A aula está dividida em três partes, na contextualização trazemos alguns exemplos de grandes artistas contemporâneos que usam da sua arte para denunciar as relações desiguais e racistas praticadas socialmente. Na segunda parte buscamos diferenciar alguns tipos de escravidão e analisar fontes históricas que comprovam como as pessoas escravizadas no Brasil eram tratadas como mercadorias. Por fim propomos aos alunos que analisem um caso contemporâneo de venda de pessoas na Líbia à luz dos conceitos e ideias debatidas na aula. Quando tratar do tema da escravidão é muito importante que não naturalize-se a condição da pessoa escravizada chamando-a de “escravo”, pois assim estaríamos desumanizando-os reduzindo-os à uma condição. Por isso quando for inevitável o uso faremos colocando a expressão entre aspas.
- Música “A carne” Seu Jorge, Marcelo Yuka e Ulisses Cappelletti. LInk para o videoclipe oficial https://www.youtube.com/watch?v=yktrUMoc1Xw acesso em 22/03/2019.
- Música “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” Link para o videoclipe oficial https://www.youtube.com/watch?v=x_Tq34rysAc acesso em 22/03/2019.
- O filme “Quanto vale ou é por quilo?” de Sérgio Bianchi, 2005, faz uma analogia entre o antigo comércio de “escravos” e a atual exploração da miséria pelo marketing social, que formam uma solidariedade de fachada. O filme critica ONGs e suas captações de recursos junto ao governo e empresas privadas. Não é um filme apropriado para as turmas de 4º ano mas é uma boa indicação para os professores que irão debater o tema. https://pt.wikipedia.org/wiki/Quanto_Vale_ou_%C3%89_por_Quilo%3F acesso em 22/03/2019.
- O filme “Vista minha pele” de Joel Zito Araújo, 2008, conta sobre uma história invertida, os negros são a classe dominante e os brancos foram escravizados. Os países pobres são Alemanha e Inglaterra, enquanto os países ricos são, por exemplo, África do Sul e Moçambique. Maria é uma menina branca, pobre, que estuda num colégio particular graças à bolsa-de-estudo que tem pelo fato de sua mãe ser faxineira nesta escola. A maioria de seus colegas a hostilizam, por sua cor e por sua condição social, com exceção de sua amiga Luana, filha de um diplomata que, por ter morado em países pobres, possui uma visão mais abrangente da realidade. Este filme é apropriado para as turmas de 4º ano. https://filmow.com/vista-minha-pele-t21065/ acesso em 22/03/2019.
- O filme “O menino 23” de Belisário Franca, 2003, conta a história de meninos que foram adotados e depois escravizados em uma fazenda no interior de São Paulo em meados do século XX. http://www.menino23.com.br/menino-23/ acesso em 22/03/2019.
- O portal Geledés é uma fonte importante de informações sobre as populações negras no passado e no presente. Trata-se de uma organização civil que luta pelos direitos de igualdade dos negros, e pauta questões contemporâneas importantes. Portal https://www.geledes.org.br/ acesso em 22/03/2019.
- https://www.geledes.org.br/o-lado-africano-do-trafico/ acesso em 22/03/2019.
- https://www.geledes.org.br/sobre-o-trafico-negreiro-serie-rotas-da-escravidao-estreia-no-brasil/ acesso em 22/03/2019.
- site https://www.geledes.org.br/precisa-se-de-meninas-para-trabalho-infantil-e-escravo/ acesso em 22/03/2019
- No livro Souza, Marina de Mello. África e Brasil Africano. São Paulo: editora Ática, 2008, a autora traça um amplo panorama do continente africano, com suas diversas sociedades locais, sua história e cultura antes e depois da escravidão. E retrata as conseqüências da importação de quase 5 milhões de africanos escravizados ao longo de mais de 300 anos de história do Brasil, mostrando as marcas de um legado cultural que até hoje exerce grande influência em nossa sociedade. https://www.travessa.com.br/africa-e-brasil-africano/artigo/002410b4-16db-48ba-a546-530d1ef2b7e1 acesso em 22/03/2019. Para saber mais acesse: https://www.geledes.org.br/resenha-do-livro-africa-e-brasil-africano-para-a-sala-de-aula/ acesso em 22/03/2019.
- Os documentos trabalhados nesta aula referem-se a um anúncio em busca de um “escravo crioulo fugido” e um contrato de compra e venda de um “escravo”, ambos de meados do século XIX. https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=30662603 acesso em 23/03/2019 https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=28840983 acesso em 23/03/2019
- Texto sobre a obra de Jean-Michel Basquiat: https://www.geledes.org.br/basquiat-no-ccbb-8-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-o-pintor-antes-de-ver-exposicao/ acesso em 22/03/2019
Objetivo
Tempo sugerido: 5 minutos
Orientações: Apresente o tema aos alunos escrevendo-o no quadro ou lendo-o para a turma. Se estiver fazendo uso de projetor, apresente esse slide e faça uma leitura coletiva. É provável que alguns termos sejam desconhecidos dos alunos. Procure esclarecer dúvidas e promova uma discussão que faça-os falar sobre qual será a temática da aula. Sugestões de perguntas que podem ajudar nessa mediação:
- O que é comércio?
- E comércio de pessoas, o que poderia ser? Alguém tem alguma hipótese ou já ouviu falar em algum caso de alguma pessoa que tenha sido vendida ou comprada? (Faça a pergunta de modo a provocar estranheza nos alunos. Muito provavelmente eles sabem e já ouviram falar algo sobre o processo de escravização, mas talvez nunca tenham colocado nesses termos de compra e venda)
- Como será que é possível se estabelecer o preço que cada pessoa custa? (Também consiste em uma pergunta provocativa, para que eles reflitam sobre o absurdo de tal prática)
Por fim, levante perguntas sobre a segunda parte do objetivo.
- Vocês sabem o que significa perpetuar? Alguém saberia dizer um sinônimo desse verbo? (Caso não tenham outras ideias, diga-os que podem substituir por manter, continuar, etc.)
- E o significado de relacionar, vocês sabem? (Nem todos os alunos têm também a noção exata do que seja relacionar, explique que o fato de as pessoas terem sido comercializadas, ou seja compradas e vendidas, as colocou em um lugar na sociedade de inferioridade, por não serem livres para fazerem suas escolhas).
- Alguém saberia dar exemplos de desigualdades e racismos vividos por pessoas hoje em dia?
Por fim explique que contemporaneidade se refere ao presente. É muito importante que os alunos saibam que um dos objetivos do estudo de acontecimentos do passado se refere ao fato de podermos entender melhor as relações no nosso presente.
Neste momento não é necessário aprofundar no tema e nem ter respostas precisas para todas perguntas. O intuito aqui é o de fazer com que os alunos se aproximem da temática e se preocupem com a ideia de que em algum tempo histórico, em alguma cultura, pessoas já foram vendidas.
Como adequar à sua realidade: Caso a sua comunidade esteja inserida em alguma área de grande vulnerabilidade social é provável que os alunos já tenham ouvido falar em casos de meninas e meninos que são vendidos para o exterior para serem prostituídos. Consideramos que esse assunto é bastante denso e inapropriado para crianças de 4º ano, no entanto se as próprias crianças trouxerem informações sobre ele, não deixem de comentar evidenciando a ilegalidade de tais práticas, explicando que trata-se de um caso ilegal de abuso de poder. Pode ser que eles também façam relações com o tráfico de órgãos. Do mesmo modo a orientação deve ser no sentido de repúdio de tal prática.
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