Faltou combinar com os alunos
PorGustavo HeidrichLaís SemisLucas Freire
01/11/2016
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Jornalismo
PorGustavo HeidrichLaís SemisLucas Freire
01/11/2016
Os resultados do Ideb 2015 colocaram o Ensino Médio em foco e abriram grandes polêmicas. A nota, estagnada em 3,7 desde 2011, motivou a publicação da Medida Provisória (MP) 746, que propõe alterações no currículo e no funcionamento da etapa. Se choveram críticas para a apresentação de uma reforma da etapa sem debate amplo, via MP, o conteúdo dividiu opiniões. O debate tomou a imprensa e as escolas. Várias foram ocupadas por secundaristas em protesto.
De fato, muitas demandas dos estudantes não aparecem na proposta do governo. É o que se percebe ao se cruzar o texto da MP com os resultados da pesquisa Nossa Escola em (Re) Construção, realizada pelo Porvir em parceria com a Rede Conhecimento Social. Na sondagem feita pela internet, 132 mil jovens de 13 a 21 anos listaram suas visões sobre o modelo escolar ideal. Por enquanto, os desejos da juventude seguem parcialmente contemplados pela proposta do Ministério da Educação.
O que se aprende
A MP prevê mais variedade no currículo. Ele deverá considerar o projeto de vida e a formação integral dos alunos nos aspectos cognitivos e socioemocionais.
Trajetórias flexíveis
Dos alunos, 46% opinam que o currículo precisa ser flexível, mas ter parte preestabelecida. A reforma propõe 50% do tempo destinado à diversificação, definida pelas redes.
Mundo do trabalho
A segunda maior preocupação dos jovens é a preparação para o mercado de trabalho. O item é contemplado com oferta de formação técnica e profissional.
Relação com entorno
Dos jovens, 56% pedem projetos de melhoria na escola ou no entorno. Para participar do novo programa, as secretarias deverão propor a participação da comunidade.
"Os debates só começaram. Chegaremos numa parte desse processo que será a discussão da flexibilização do currículo, que será debatido pelos sistemas e os alunos vão poder apontar seus caminhos."
"A reforma proposta pela MP traz a mesma questão da reorganização escolar. Ambas excluem alunos e professores do debate sobre o ensino público, nos tratando como máquinas que não pensam."
Gestão democrática
O tema não é citado no texto publicado pelo governo. Mas 52% dos participantes da pesquisa acham importante que alunos participem das decisões sobre a escola.
Arte e esporte
A proposta delega à Base Nacional Comum Curricular a definição sobre a presença de Arte e Educação Física, que concentram as atividades preferidas dos alunos.
Modos de ensinar
A metodologia de projetos ou resolução de problemas poderia fazê-los aprender mais, segundo 36% dos alunos entrevistados. A MP nada fala sobre o assunto.
Novos espaços
Usar ambientes internos e externos seria mais proveitoso, segundo 27% os alunos e 62% consideram essenciais trabalhos fora da escola. O ponto não é abordado.
Ilustração: Olavo Costa
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