Contexto 1 - Imagem Elza Soares
Plano de Aula
Plano de aula: O mito da democracia racial no Brasil
Plano 1 de uma sequência de 3 planos. Veja todos os planos sobre Diversidade no Brasil do século XX
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Habilidades BNCC:
Aula
Sobre este plano
Este slide em específico não deve ser apresentado para os alunos, ele apenas resume o conteúdo da aula para que você possa se planejar.
Este plano está previsto para ser realizado em uma aula de 50 minutos. Serão abordados aspectos que fazem parte do trabalho com a habilidade EF09HI08, de História, que consta na BNCC. Como a habilidade deve ser desenvolvida ao longo de todo o ano, você observará que ela não será contemplada em sua totalidade aqui e que as propostas podem ter continuidade em aulas subsequentes.
Materiais necessários:
Projetor para exibição de slides e textos. Caso não tenha disponibilidade deste aparelho, poderão ser realizadas impressões dos textos para ser disponibilizados para as equipes.
Equipamento de som para colocar uma música. Caso não tenha disponibilidade deste aparelho, realizar apenas a leitura do trecho da música ou de toda a letra.
Material complementar:
Contexto 1 - Imagem de Elza Soares para impressão:
Contexto 2 - Trecho da Música: “A carne” - Elza Soares para impressão:
Problematização 1 - Texto extraído do livro Casa grande e senzala, de Gilberto Freyre, para impressão:
Problematização 2 - Texto sobre o mito da democracia racial - Joaze Bernardino, para impressão:
Para você saber mais:
Para a condução desta aula, será necessário estar apropriado do conceito de mito da democracia racial. Atribui-se à famosa obra de Gilberto Freyre, Casa grande e senzala, publicada no ano de 1933, a quebra do estereótipo de que a mestiçagem era a grande causa do atraso político, econômico e social brasileiro. Percebe-se inclusive que, no período pós-Abolição e Proclamação da República, incentivava-se um branqueamento da população, por meio das relações entre portugueses e negros. No entanto, Gilberto Freyre tenta romper com este estigma racial e discriminatório, defendendo por meio de sua obra a mestiçagem da população brasileira como algo positivo, que propiciou uma vivência pacífica entre as raças, contribuindo assim para a diminuição das desigualdades sociais. Dentre outras palavras, Gilberto Freyre apresentou na teoria um relato bem otimista com relação às relações raciais, sugerindo a existência de uma democracia racial no Brasil, embora jamais tenha formulado o conceito ou usado a expressão no livro.
No entanto o que se observou na prática foi que a teoria Freyriana contribui para divulgar um Brasil tradicional que não admita a existência de preconceito e discriminação racial, uma democracia racial. Foi o sociólogo Florestan Fernandes, na década de 1950, que passou a contestar esta visão e a divulgar a imagem de um Brasil diferente da ideia de Gilberto Freyre, ou seja, um país consciente das suas diferenças, carregado de racismo e desigualdade social, desmascarando o “mito” da democracia racial brasileira, entendido aqui como um relato fantasioso, uma lenda, algo que não possui comprovação.
Para se aprofundar sobre a discussão em torno do mito da democracia racial e da formação da identidade nacional, indicamos as seguintes leituras:
BERNARDINO, Joaze. “Ação afirmativa e a rediscussão do mito da democracia racial no Brasil”. Estud. afro-asiát., Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, 2002.
COSTA, Sérgio. A mestiçagem e seus contrários: etnicidade e nacionalidade no Brasil contemporâneo. Tempo soc., São Paulo, v. 13, n. 1, 2001.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. São Paulo: Global, 2006. FRY, Peter.
A persistência da raça. Ensaios antropológicos entre o Brasil e a África austral. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005.
FRY, Peter (Coord.). Divisões perigosas: políticas raciais no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
GOMES, Tiago de Melo. Afro-brasileiros e a construção da ideia de democracia racial nos anos 1920. Linhas, vol. 8, n.1, Santa Catarina, 2007.
ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. Brasília: Editora Brasiliense: 1985.
REIS, Fábio Wanderley. Mito e valor da democracia racial, in SOUZA, Jessé (org.). Multiculturalismo e racismo: uma comparação Brasil – Estados Unidos. Brasília: Ed. Paralelo 15, pp. 221-232, 1997.
Objetivo
Tempo sugerido: 3 minutos.
Orientações: Solicite que os alunos se organizem em equipes de três alunos. A escolha das equipes pode ser direcionada, com o propósito de garantir que os alunos possam se apoiar de maneira efetiva para a realização desta atividade.
O objetivo da aula poderá ser projetado, escrito no quadro ou lido para a turma. Este momento é muito importante para que os alunos compreendam a temática que será estudada e qual sua importância. No entanto, procure não antecipar algumas questões neste início a fim de garantir a atenção e o interesse dos alunos durante toda a vivência da aula.
A finalidade desta aula é fazer com que os alunos compreendam o significado de democracia racial difundido no período imediatamente posterior à Primeira República, durante o Estado Novo e em regimes posteriores, procurando identificar que este conceito, na verdade, tratou-se de um “mito”, que contribuiu de maneira negativa para o aumento das diferenças e incentivo a discriminação racial.
Para você saber mais:
Desde meados do século XIX que inicia-se um movimento de construção de uma identidade nacional brasileira, identidade esta que viria assegurar ao país uma imagem positiva diante das nações europeias bem como proporcionar uma vivência interna pacífica entre os povos. Dentro desta perspectiva, a discussão sobre raça assume um valor preponderante, exaltando as contribuições das populações nativas para a formação da identidade brasileira. Por outro lado, observa-se um incentivo ao “embranquecimento da população” e uma “europeização” dos costumes, tendo em vista que enxergava-se na mestiçagem algo fundamentalmente negativo, apenas podendo ser melhorada com um clareamento da sociedade.
Com a publicação do livro Casa grande e senzala, de Gilberto Freyre, em 1933, somada à políticas governamentais iniciadas no governo Vargas que se perduraram até a instauração da ditadura militar, começa a se desenhar uma nova solução para a questão racial no Brasil. Tal compromisso consistiria na criação de condições infraestruturais que incorporassem a população negra brasileira ao mercado de trabalho, ampliando a educação formal, incentivando assim a quebra dos estereótipos do tempo da escravidão e do pós-Abolição. O mito da democracia racial veio contribuir para amenizar um potencial conflito entre a população branca e não branca, difundindo a falsa impressão de que os negros estariam inseridos dentro da comunidade nacional, enquanto os antigos privilégios historicamente construídos eram mantidos e continuavam mantendo a discriminação racial.
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