Plano de Aula

Plano de aula: Trabalho e resistência feminina na Primeira República

Plano 3 de uma sequência de 3 planos. Veja todos os planos sobre Diversidade no Brasil do século XX

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Sobre este plano
Sobre este plano

Este slide em específico não deve ser apresentado para os alunos, ele apenas resume o conteúdo da aula para que você possa se planejar.

Este plano está previsto para ser realizado em uma aula de 50 minutos. Serão abordados aspectos que fazem parte do trabalho com a habilidade EF09HI08, de História, que consta na BNCC. Como a habilidade deve ser desenvolvida ao longo de todo o ano, você observará que ela não será contemplada em sua totalidade aqui e que as propostas podem ter continuidade em aulas subsequentes.

Materiais necessários:

Projetor para exibição de slides, imagens e textos. Caso não tenha disponibilidade deste aparelho, poderão ser realizadas impressões das imagens e textos para ser disponibilizados para as equipes.

Material complementar:

Texto: Bases de acordo da Confederação Operária Brasileira - 1906.

https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/qvCkA4naTdNywby28HTnqGwEzd2RH8ryDRgcZnVKQ8gFrSnksQRFBmFeDHW6/his9-08und03-contexto-bases-de-acordo-da-confederacao-operaria-brasileira-1906.pdf

Texto: Trabalho feminino e sexualidade - Margareth Rago:

https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/jbsKf9NAppv7NZnfzA6MywX4TbWUjYtmhnBexxVUxngHHTB2Rxs4N6D5kM7f/his9-08und03-problematizacao-texto-trabalho-feminino-e-sexualidade-margareth-rago.pdf

Para você saber mais:

Para a condução desta aula, será necessário estar apropriado das discussões e estudos em torno do trabalho feminino em fins do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. Sabemos que não foram poucos os estereótipos criados para as mulheres neste período. Usualmente identificadas como “belo sexo” e “sexo frágil”, a mulher acabou emoldurada nessas e em outras tantas expressões que tendiam por limitar muitas de suas ações ao mundo privado e seu ordenamento. Em termos gerais, havia um consenso na sociedade nesse período que o universo feminino resumia-se ao mundo doméstico, aos cuidados com o marido e com os filhos. Mas, em contrapartida, sabe-se que muitas outras vivências dissonantes destes estereótipos também compuseram a rotina deste momento histórico. É o caso das mulheres que precisaram adentrar nos espaços públicos por uma questão de sobrevivência e, diante destes padrões de moralidade, viviam num intenso dilema entre a necessidade de buscar seu sustento e o risco de serem taxadas de “mulheres públicas”. Em virtude de suas condições econômicas, estes personagens tenderam a seguir outros caminhos, não os caminhos preestabelecidos pelas normas e códigos de conduta tidos como ideais, mas caminhos alternativos, que ampliaram os limites impostos e aumentaram sua autonomia pessoal.

As atividades ligadas ao mundo doméstico se apresentavam como a principal oportunidade de emprego as mulheres pobres nas diversas províncias do Brasil. Os principais serviços que podiam ser desenvolvidos era o de criada, cozinheira, lavadeira, engomadeira, costureira, ama de leite, ama-seca, entre outros. Por outro lado, observou-se que muitas mulheres foram empregadas em indústrias, tendo em vista que estudos apontam que grande parte do proletariado brasileiro neste período, era formado por mulheres e crianças. Mas, em vez de ser admiradas como “boas trabalhadoras”, assim como eram vistos os homens, estas personagens tinham que lidar com as imposições morais e defender a sua reputação diante dos inúmeros casos de assédio sexual nestes ambientes. A realidade não era fácil e muitos eram os desafios vivenciados cotidianamente pelas mulheres que precisavam trabalhar para garantir seu sustento e muitas vezes o de toda a sua família.

Para aprofundar a compreensão sobre o cotidiano, o trabalho e a resistência feminina no período da República Velha, indicamos as seguintes leituras:

CHALHOUB, S. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da belle époque. São Paulo: Brasiliense, 1986.

COSTA, S. G. Movimentos Feministas, Feminismos In: Revista Estudos Feministas. Vol.12 N. Especial. Florianópolis: UFSC/CFC/CCE/2004. p. 23-36.

FONSECA, C. Ser mulher, mãe e pobre. In: DEL PRIORE, Mary (Org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997. p. 510-553.

PENA, M. V. J. Mulheres e trabalhadoras. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

RAGO, E. J. Higiene, Feminismo e Moral Sexual. In: Gênero: Núcleo Transdisciplinar de Estudos de Gênero – NUTEG. V.6, Nº1, 2º semestre de 2005, Niterói: EdUFF. p.105-116.

RAGO, L. M.. Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar. Brasil 1890-1930. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra: 1985.

RAGO, Margareth. Trabalho feminino e sexualidade. In: PRIORE, Mary Del (Org). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004. Pp. 484 a 507.

SOIHET, R. Condição feminina e formas de violência: mulheres pobres e ordem urbana 1890-1920. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989.

Objetivo
Objetivo

Tempo sugerido: 3 minutos.

Orientações: Solicite que os alunos se organizem em equipes de três. A escolha das equipes pode ser direcionada, com o propósito de garantir que os alunos possam se apoiar de maneira efetiva para a realização desta atividade.

O objetivo da aula poderá ser projetado, escrito no quadro ou lido para a turma. Este momento é muito importante para que os alunos compreendam a temática que será estudada e qual sua importância. No entanto, procure não antecipar algumas questões neste início a fim de garantir a atenção e o interesse dos alunos durante toda a vivência da aula.

A finalidade desta aula é fazer com que os alunos compreendam o cotidiano do trabalho e da resistência feminina no período da Primeira República, procurando identificar as principais dificuldades enfrentadas por estas personagens.

Para você saber mais:

De acordo com a historiadora Margareth Rago, nas primeiras décadas do século XX houve um significativo impulso nas atividades industriais brasileiras, contexto este que passou a demandar maior quantidade de trabalhadores para suprir as necessidades deste mercado em expansão. Por representarem uma mão de obra mais barata, no Brasil grande parte do proletariado era formada por mulheres e crianças. Muitos foram os desafios e as dificuldades enfrentados por estas operárias, que, além de se submeter a longas jornadas de trabalho, baixos salários, precárias condições de trabalho, maus-tratos dos patrões, tinham que conviver diariamente com assédio sexual.

Contudo, é importante ressaltar que, mesmo tendo uma participação ativa em greves e mobilizações em torno das más condições de trabalho nos ambientes fabris, as operárias eram descritas como mulheres “frágeis e infelizes”, que não tinham estabilidade emocional para lidar com estes conflitos e por isso precisariam da proteção e ajuda dos homens. Logo, percebe-se que vários foram os estereótipos que cercaram a figura feminina trabalhadora neste período, pensamentos estes que durante muito tempo trataram a operária como um ser vitimizado e frágil, sem nenhuma possibilidade de resistência. Em termos gerais, estas máximas representavam um modelo idealizado de como as mulheres deveriam ser e de como deveriam se comportar, legitimadas por um discurso preconceituoso e, sobretudo, machista. Aquelas que, por diferentes motivos, não seguiam estas normas sociais, acabavam tendo que lidar com rotinas diárias de resistência e violência.

Logo, esta aula tem como objetivo discutir o contexto do trabalho operário feminino no período da República Velha, enxergando o papel ativo destas personagens na resistência contra estes padrões. Para se aprofundar mais sobre a temática do trabalho operário feminino neste período, recomendamos as seguintes leituras:

CHALHOUB, S. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da belle époque. São Paulo: Brasiliense, 1986.

COSTA, S. G. Movimentos feministas,feminismos In: Revista Estudos Feministas. Vol.12 N. Especial. Florianópolis: UFSC /CFC/CCE/2004. p. 23-36.

FONSECA, C. Ser mulher, mãe e pobre. In: DEL PRIORE, Mary (Org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997. p. 510-553.

GOMES, Angela Maria de Castro. Cidadania e Direitos do Trabalho. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=_gyMHLTK03EC&oi=fnd&pg=PA73&dq=angela+de+castro+gomes&ots=rq2x4TWHLI&sig=XAurlQtE83K0SAy4onEzSc5wjaU#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 20 abr. 2019.

PENA, M. V. J. Mulheres e trabalhadoras. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

RAGO, Margareth. Trabalho feminino e sexualidade. In: PRIORE, Mary Del (Org). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004. Pgs. 484 à 507.

SOIHET, R. Condição feminina e formas de violência: mulheres pobres e ordem urbana 1890-1920. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989.

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