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Jornalismo

Formação continuada: 6 ideias para planejar seu desenvolvimento profissional

Entenda quais referências e pontos é importante levar em consideração ao buscar materiais que contribuam para sua prática pedagógica na Educação Infantil

PorPaula Sestari

05/12/2024

A formação continuada é fundamental para garantir a reflexão, atualização e aprimoramento da prática pedagógica. Foto: Getty Images

Queridos professores e professoras,

A formação inicial não é suficiente para dar conta de todos os desafios que enfrentamos diariamente na escola. O aprimoramento contínuo é fundamental para nos mantermos atualizados sobre práticas inovadoras. 

Gostaria de convidá-los a refletir a respeito de como recebemos, administramos e construímos nosso percurso formativo, sabendo que a informação está cada vez mais acessível e que, nas redes sociais, encontramos um catálogo enorme de materiais que prometem facilitar e apoiar a prática do professor. Mas, como fazer para que saibamos reconhecer o que de fato irá contribuir com nosso trabalho e principalmente com a nossa formação para atuarmos em sala de aula?

Entre muitas questões, é possível considerar alguns pontos:

1. Conheça a legislação e a documentação que fundamenta a Educação Infantil

Muitas práticas e sugestões de atividades que, a princípio, podem ser vistas como lúdicas e agradáveis de serem realizadas com as crianças tendem a ter foco no resultado ou um produto final. 

É sempre importante analisar se as propostas atendem aos objetivos de aprendizagem da faixa etária, se respeitam o direito ao protagonismo da criança e se faz sentido para os interesses e necessidades do seu grupo etário. 

Dessa forma, leia e discuta com seus pares sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o currículo do seu território, para identificar quais são seus pontos fundamentais. Assim, será possível filtrar melhor o que trazer para o planejamento. 

O mesmo vale para apropriar-se da proposta pedagógica e do Projeto Político-Pedagógico (PPP) de sua escola. Esses materiais já são uma tradução da BNCC para sua realidade. 

2. Aprenda com seus colegas

Troque conhecimentos com os professores que possuem experiência formativa e estão mais próximos de você.  Leve para a realidade aquela frase: “é junto dos bons que a gente fica melhor”. 

No nosso dia a dia, não precisamos ficar o tempo todo querendo redescobrir a roda. Nosso trabalho tem a ver com autoria, mas também com buscar inspiração, parceria e construções diárias para refinar e adequar boas práticas. 

3. Busque conteúdos que contribuam para elevar a qualidade do seu trabalho

É importante procurar materiais que sejam confiáveis e estejam alinhados com as expectativas do currículo. Por exemplo: se o trabalho é desenvolvido em uma instituição que defende as pedagogias participativas, logo, as práticas centradas no professor e que colocam a criança em uma condição passiva já não farão sentido. Sendo assim, vale o próximo tópico.

4. Invista em formação autoinstrucional valorizando aquelas que estão alinhadas com a abordagem da rede ou da sua escola

Temos acesso diariamente a uma enxurrada de possibilidades sobre “o que fazer” em sala com as crianças da Educação Infantil, mas precisamos focar em qual o sentido desse fazer. 

Sendo assim, procure saber em quais abordagens que a sua rede se sustenta, quais são os teóricos e autores de referência.  Por exemplo: temos escolas que seguem a abordagem de Waldorf, outras montessorianas, outras ainda trazem características da abordagem pikleriana. 

Tudo isso para dizer: se aproprie para que sua prática seja norteada por uma base sólida e bem constituída. Isso não impede de conhecer diferentes saberes, mas te ajuda a manter o foco e a selecionar com mais critério os materiais e propostas.

5. Procure saber mais sobre recursos tecnológicos capazes de agilizar a organização da documentação pedagógica

Por exemplo: o Google Fotos auxilia a organizar suas fotos com marcações previamente definidas; o Canva, para a construção de portfólios e apresentações a serem impressas ou compartilhadas com as famílias; ferramentas de transcrição de texto ajuda a extrair as falas das crianças e pontos do cotidiano que foram registrados em áudio ou vídeo; há aquelas ainda que auxiliam a estruturar e corrigir de textos. 

Esses e outros recursos agilizam o trabalho e qualificam o tempo para momentos de pesquisa e autoformação.

6. Faça uma análise sobre quais foram suas maiores dificuldades ao longo do ano e invista em formações que te ajudem a superá-las

Não é possível atacar todos os pontos de uma vez, mas é preciso começar de algum lugar e manter uma constância para que toda a jornada formativa que o professor se dispõe a vivenciar faça diferença no seu dia a dia. 

No início de minha carreira, minha maior dificuldade era a gestão do tempo com as crianças bem pequenas. Os horários entre uma refeição e outra, além de todos os momentos de cuidado, pareciam engolir toda a rotina. Dessa forma busquei cursos e leituras com esse foco na relação entre cuidar e educar. 

Em outro momento, o olhar se voltou para a Educação Inclusiva, principalmente no atendimento de crianças Transtorno do Espectro Autista (TEA), pois não sabia como mediar as situações em meio às suas especificidades. Com muita pesquisa e momentos de troca com profissionais de múltiplas áreas, consegui desenvolver mais segurança para acolher e apoiar com qualidade todas as crianças. 

São dois exemplos dentre muitas competências que identifiquei que precisava e preciso desenvolver ao longo da carreira. 

Invista no seu processo formativo pautado por um norte teórico e com clareza de seus objetivos. Como dizia Paulo Freire: “ninguém começa a ser professor numa certa terça-feira às 4 horas da tarde. Ninguém nasce professor ou marcado para ser professor. A gente se forma como educador permanentemente na prática e na reflexão sobre a prática.”

Um abraço e até breve!

Paula Sestari é professora de Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com 10 anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto na área de Educação ambiental com a faixa etária das crianças pequenas.

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