Introdução à demografia com os dados do Censo
Aproveite os dados da maior pesquisa do país para abordar conceitos relacionados à dinâmica da população e à construção de uma pirâmide etária
01/12/2010
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Jornalismo
01/12/2010
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O novo Censo mostra um país em movimento
Em 1950, éramos 51,9 milhões. Crescemos mais de 250% se compararmos com os números atuais. Mas esse crescimento não ocorre da mesma forma que 60 anos atrás. A dinâmica populacional está ligada a fatores como taxas de natalidade e expectativa de vida. Mesmo sem abordar especificamente esses conceitos, que serão estudados mais detalhadamente nos anos finais do Ensino Fundamental, é possível trabalhar com os menores as mudanças na distribuição etária do país nas últimas décadas e, com isso, aproximar a estatística do contexto local deles.
Para introduzir os conceitos de natalidade e longevidade e suas transformações ao longo do tempo, a pirâmide etária, também chamada de pirâmide demográfica ou populacional, pode ser uma importante ferramenta. "Aprender a interpretá-la é fundamental", explica a geógrafa Iara Castellani (leia a sequência didática). Esse tipo de gráfico mostra a distribuição de diferentes grupos etários em uma população: a base representa os jovens (até 14 anos); a área intermediária, ou corpo, representa o grupo adulto (entre 15 e 59 anos); e o topo, ou ápice, representa a população idosa (acima de 60 anos). Seus diferentes formatos sinalizam mudanças importantes na estrutura etária de uma população. Bases largas indicam altas taxas de natalidade, ao passo que as estreitas sugerem baixos índices de nascimento. Topos largos identificam populações com elevada expectativa de vida, enquanto os estreitos mostram que há uma pequena participação de idosos (veja o gráfico no quadro acima).
Taxas de mortalidade e natalidade não são constantes. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1950, 41,8% da população do país estava na faixa até 14 anos. Em 2010, esse percentual é de apenas 24,7%. Há 60 anos, o número médio de filhos por casal era superior a seis e, em 2010, não chega a dois. Exemplos do cotidiano ajudam a compreender essas transformações.
Experiência do aluno ajuda a entender a dinâmica populacional
Como estratégia para introduzir o tema, Milléo sugere comparar uma família típica da década de 1950, em um filme ou mesmo uma fotografia, com outra dos tempos atuais. O professor pode colocar em discussão a inserção cada vez maior da mulher no mercado de trabalho e relacioná-la à redução do número de filhos. Para discutir o tema, os alunos podem comentar se a mãe trabalha e em quais setores econômicos, se em comércio, indústria, serviços...
A ampliação do acesso à informação e métodos contraceptivos, além do fator econômico, são alguns dos motivos que levaram à redução da natalidade. Por isso, vale indicar para os estudantes o peso do custo de vida na decisão dos casais sobre terem menos filhos. Relacionar a estatística à história familiar das crianças também pode ser interessante. Eles podem pesquisar quantos irmãos seus pais e avós tiveram, indica o professor Barcellos. "Muito provavelmente o grupo perceberá que a tendência brasileira de redução do número de filhos também ocorre em pequena escala na sua família."
A análise da pirâmide etária brasileira também indica que as pessoas estão vivendo mais. Em 1950, os idosos representavam 4,2% da população brasileira. Em 2009, esse percentual passou para 11,1%. Dados do IBGE desse mesmo ano mostram que o brasileiro vive em média 73,1 anos. Há 60 anos, essa média era de apenas 45,9. Muitos fatores estão ligados ao aumento da longevidade. Observando essa tendência, o estudante pode, com a ajuda do professor, avaliar se a sua cidade está preparada para ter um número cada vez maior de idosos. O ideal, diz Milléo, é mostrar com base na própria experiência dele, situações que se modificaram ao longo do tempo por causa da mudança da pirâmide etária do país.
Reportagem sugerida por 1 leitora: Rosilene Aires, Fortaleza, CE
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