Velocidade de conexão em escolas ainda é baixa, diz pesquisa
Estudo TIC Educação 2018 mostrou que professores buscam se informar sobre inovações por conta própria
17/07/2019
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Jornalismo
17/07/2019
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A velocidade de conexão à internet das escolas públicas ainda é baixa, segundo pesquisa TIC Educação 2018, divulgada pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI.br). O estudo mostrou que, em 2018, nas escolas públicas pesquisadas, 5% tinham uma conexão com velocidade de até 999 kbps; 26% contavam com conexão de 1 a 2 Mbps; 33% trabalhavam com velocidade de 3 a 10 Mbps; apenas 12% usavam uma conexão com velocidade de 11 Mbps ou mais e 24% não sabiam.
“A recomendação do (programa do MEC) Educação Conectada é que tenhamos pelo menos 16 (Mbps), que seja suficiente para nós trabalharmos. Você vê que nenhuma está dentro desse nível ideal, todas elas (as escolas pesquisadas) estão muito abaixo. Com a conectividade muito baixa, você não consegue rodar coisas básicas para que os estudantes tenham, de fato, o uso compartilhado”, explica Débora Garofalo, professora que foi uma das 10 finalistas do Global Teacher Prize e hoje é assessora especial de tecnologias da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo.
“Temos grandes softwares que ocupam esses espaços, como vídeos. E isso trava mesmo. É quase como se a escola não possuísse esse recurso. E tem outro fator que acho que pesa também: olhar o quanto isso é dividido com a parte administrativa da escola e o quanto disso é dedicado para os fins pedagógicos”, acrescenta.
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A professora afirma que a conexão de uma escola precisa ser separada: uma para a parte administrativa e outra para a parte pedagógica.
“Até porque o administrativo da escola também precisa (de conexão com a internet), tem uma série de questões burocráticas que precisam ser resolvidas com o uso da tecnologia. Dentro das escolas tem esse uso dedicado para a parte administrativa e você acaba então deixando em defasagem essa parte pedagógica”, diz.
Para a educadora, a falta de uma conexão adequada para desenvolver os trabalhos em sala de aula pode gerar um impacto muito grande na vida dos alunos.
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“Você gera a falta de oportunidade para esse estudante trabalhar com tendências tecnológicas fundamentais para ele e que essa sociedade contemporânea exige. Você acaba não trabalhando competências e habilidades como estipula a BNCC. A tecnologia é uma das dez competências de ensino. E é onde vemos uma grande desigualdade, principalmente da Educação Particular para a Educação Pública. Mas é necessário levar em conta que 86% dos nossos estudantes estão nas escolas públicas, é onde, de fato, a tecnologia precisa chegar para fazer a diferença e transformar a vida desses jovens”, afirma.
“É claro que também é necessário a gente ter o ângulo de que a tecnologia não é só ter infraestrutura, tecnologia não é só ter conectividade. Você trabalha hoje de várias formas, inclusive a forma desplugada. Mas o mínimo você tem que garantir para que esse estudante tenha alguma diversidade dentro do currículo”, completa.
A pesquisa é realizada anualmente em todo o país desde 2010 em escolas urbanas públicas e privadas, e desde 2017 em escolas localizadas em áreas rurais. Em 2018 foram ouvidos 11.142 alunos de 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e 2º ano do Ensino Médio de escolas urbanas.
Também foram ouvidos 1807 professores de Língua Portuguesa, Matemática e que lecionam múltipla disciplinas nos anos iniciais do Ensino Fundamental, 906 coordenadores pedagógicos e 979 diretores de escola. Na as escolas localizadas em áreas rurais, foram ouvidos 1.433 diretores ou responsáveis.
A pesquisa, realizada com questionários e entrevistas entre os meses de agosto e dezembro de 2018, mostrou que 76% dos docentes pesquisados buscaram formas para desenvolver ou aprimorar seus conhecimentos sobre o uso destes recursos nos processos de ensino e de aprendizagem.
Além disso, o estudo também apontou que 92% dos professores de escolas públicas e 86% de escolas particulares buscam, por conta própria, se informar sobre novos recursos que podem usar no ensino e sobre inovações tecnológicas.
“Nós vemos um grande movimento no qual eles (os professores) buscam se aperfeiçoar naquilo que não tiveram. Eu pego até o meu exemplo, como educadora: não tive formação em tecnologia na faculdade. Já se falava, já era forte o movimento de tecnologia na minha época (de estudante na faculdade). O computador já era acessível, já se falava em internet para todos, ou seja, a faculdade foi precária”, diz Débora Garofalo.
O TIC Educação revelou que, em 2018, 64% dos professores de até 30 anos tiveram a oportunidade de participar, durante a graduação, de cursos, debates e palestras sobre o uso de tecnologias e aprendizagem promovidos pela faculdade, assim como 59% realizaram projetos e atividades para o seu curso sobre o tema. Mas, apenas 30% dos professores afirmaram ter participado de algum programa de formação continuada no último ano. Além disso, apenas 21% dos diretores de escolas públicas disseram que os professores da instituição participam de algum programa de formação de professores para o uso de tecnologias em atividades com os alunos.
O estudo também mostrou que 58% dos professores de escolas públicas urbanas utilizam o celular em atividades com os alunos, sendo que 51% deles fazem uso da própria rede 3G e 4G para realizar estas atividades. Já nas escolas rurais, 58% dos responsáveis pelas escolas utilizaram o telefone celular para atividades administrativas, sendo que 52% afirmaram que se tratava de um dispositivo próprio, não custeado pela escola.
“A grande maioria acaba fazendo isso. Até pelas minhas andanças pelo Brasil, o que eu mais escuto de professores é: eu comprei um roteador e estou levando este roteador para trabalhar na sala de aula. Isso é muito sério, é o professor investindo para que o aluno tenha interatividade dentro de suas aulas, para que ele possa realmente utilizar as tecnologias”, afirma Débora.
De acordo com a pesquisa, 67% das escolas públicas possuem perfil ou página em redes sociais em comparação com 76% das escolas particulares. Mas, apenas 17% das escolas púbicas contam com ambiente ou plataforma virtual de aprendizagem, em comparação com 47% das escolas privadas.
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