O Observatório Delas de Fake News surgiu para enfrentar a propagação de notícias falsas e discursos de ódio contra mulheres nas redes sociais. Liderado por alunas, o projeto investiga a disseminação de desinformação e violência simbólica, buscando compreender os impactos e propor soluções.
Componentes CurricularesSociologia, Língua Portuguesa
Este projeto foi selecionado a partir do Conectando Boas Práticas (CBP) 2024, O CBP reconhece e divulga projetos inovadores que impactam positivamente as realidades educacionais das escolas públicas, incentivando a troca de saberes entre os profissionais da rede de Educadores da Nova Escola a Conectando Saberes. A Conectando Saberes é uma rede nacional de educadores que promove a troca de experiências e o fortalecimento de boas práticas na educação.
Objetivos da Prática
Capacitar jovens mulheres a identificar e combater fake news e discursos de ódio;
Mapear e analisar a disseminação de discursos machistas e misóginos nas redes sociais;
Promover o letramento midiático e digital para formar cidadãos críticos e conscientes;
Contribuir para debates sobre a regulamentação de plataformas digitais.
Local: Aracaju, SE
Instituição: C.E Atheneu Sergipense
Período de Realização do Projeto
De 02/02/2023 a 20/12/2024.
O Projeto
Aula de letramento digital. Créditos: Acervo pessoal/Yuri Norberto Pereira Silva
Inspirado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que reforça a importância do letramento crítico, o observatório conecta o currículo escolar com questões sociais relevantes, como a luta por igualdade de gênero e o combate à intolerância virtual.
Desenvolvimento O projeto iniciou com aulas voltadas para o letramento digital e midiático nas disciplinas de Língua Portuguesa e Sociologia. Durante essas aulas, os estudantes exploraram gêneros textuais jornalísticos e o fenômeno das fake news, compreendendo suas características, estratégias de persuasão e impacto social. Os professores utilizaram uma combinação de estudos de caso reais e atividades práticas, como análises comparativas de notícias verídicas e falsas.
Seleção das plataformas digitais: Os estudantes realizaram uma pesquisa inicial sobre as plataformas mais utilizadas para disseminação de fake news, como Facebook, Twitter, Instagram, TikTok e Kwai. Cada grupo de estudantes foi designado para monitorar uma plataforma específica, com base na frequência de compartilhamento de notícias falsas identificada em estudos prévios. Essa segmentação permitiu um trabalho mais aprofundado e organizado.
Criação de critérios para identificar e classificar notícias falsas: Junto com os professores, os estudantes desenvolveram critérios para identificar fake news, considerando:
Verificabilidade da informação: Examinar fontes primárias e confiáveis.
Intenção enganosa: Avaliar se a notícia tinha elementos manipulativos.
Foram utilizados exemplos reais para criar uma checklist prática que orientava a análise dos conteúdos.
Seleção de ferramentas de coleta de dados: Foram selecionadas ferramentas tecnológicas para análise de dados, como softwares gratuitos de monitoramento de redes sociais e extensões de navegadores. Além disso, indicadores-chave foram definidos, incluindo:
Número de compartilhamentos.
Perfis dos usuários que disseminam.
Temáticas predominantes.
Localização geográfica dos compartilhamentos.
Criação de um sistema de categorização: As notícias falsas foram categorizadas em temas como:
Política.
Saúde (como desinformação sobre vacinas).
Violência de gênero. Isso permitiu uma visualização clara das principais áreas afetadas pelas fake news e seus impactos.
Desenvolvimento de um método de análise de dados: Os estudantes, orientados pelos professores, aplicaram métodos qualitativos e quantitativos para identificar tendências e padrões. Eles examinaram o impacto das notícias falsas na opinião pública, observando como certos temas influenciavam a percepção social e perpetuavam preconceitos.
Criação de um sistema de alerta: Foi desenvolvido um sistema interno de notificação para identificar rapidamente fake news de alto impacto. Esse sistema permitiu que o grupo do Observatório Delas pudesse agir prontamente, criando conteúdos de desmentido e campanhas de conscientização para desacelerar a disseminação.
Realização de atividades educativas: Para multiplicar os resultados do projeto, os estudantes organizaram:
Oficinas interativas para estudantes e professores, com simulações de identificação de fake news.
Palestras para a comunidade escolar, apresentando boas práticas para consumo de informação.
Campanhas nas redes sociais, como vídeos curtos e infográficos sobre a importância da análise crítica das notícias.
Resultados Obtidos
Aula de letramento digital. Créditos: Acervo pessoal/Yuri Norberto Pereira Silva
Mapeamento de discursos: Identificação de redes e grupos organizados em plataformas como Facebook, Twitter, Instagram, TikTok e Kwai que disseminam mensagens misóginas e machistas. Esse mapeamento revelou padrões de propagação e organização desses discursos.
Relatórios e advocacy: Elaboração de relatórios que contribuíram para debates sobre regulamentação de redes sociais em fóruns acadêmicos e políticos. Esses documentos ressaltaram a urgência de políticas públicas que responsabilizem as plataformas digitais.
Educação e conscientização: Realização de oficinas e palestras que capacitaram mais de 200 jovens mulheres em habilidades de letramento midiático e digital, promovendo navegação segura e análise crítica de informações.
Impacto nos estudantes: Desenvolvimento de habilidades investigativas, capacidade crítica e protagonismo feminino na análise de fenômenos sociais virtuais.
Reconhecimento: O projeto foi mencionado em eventos educacionais e contribuiu para discussões relevantes em conferências e seminários.
Pessoas Envolvidas:
Equipe de liderança: Professor(a) coordenador(a) e estudantes do Ensino Médio (2º e 3º anos), principalmente alunas que lideraram as análises e relatórios;
Parcerias externas: Organizações e especialistas em letramento digital, instituições acadêmicas e fóruns sobre regulamentação digital;
Comunidade escolar: Professores de Língua Portuguesa e Sociologia, além de gestores escolares que apoiaram a implementação do projeto;
Participantes das oficinas: Estudantes, professores e membros da comunidade escolar envolvidos nas atividades de conscientização.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.
Habilidades e Competências da BNCC desenvolvidas a partir do projeto
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1 - Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 2 - Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3 - Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1 - Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 5 - Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 6 - Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
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