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Plano de Aula
Plano de aula: Paisagens em transformação: povos originários e dados ambientais
Tem interesse no tema "Neurociência, adolescências e engajamento nos Anos Finais"?
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Descrição
Este plano de aula é voltado para estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental e promove uma abordagem interdisciplinar entre Geografia, Matemática e Computação, articulando o uso crítico da Inteligência Artificial (IA) a partir de uma perspectiva ética e cidadã. A proposta tem como finalidade desenvolver nos estudantes a capacidade de interpretar dados estatísticos sobre o desmatamento em terras indígenas da Amazônia, compreendendo como a preservação desses territórios está diretamente relacionada à proteção do clima, da biodiversidade e das populações tradicionais. A aula está estruturada em três momentos principais. No primeiro momento, o(a) professor(a) realiza uma sensibilização inicial com apoio de mapas do IBGE, apresentando visualmente a localização das terras indígenas no Brasil. Em seguida, é feita a leitura e discussão de trechos selecionados de uma reportagem jornalística que relaciona a demarcação dos territórios indígenas à redução do desmatamento. A turma participa de uma roda de conversa orientada por perguntas disparadoras, como: “Vocês acham que há mais ou menos desmatamento dentro dos territórios indígenas? Por quê?”. Esse momento tem como objetivo ativar os conhecimentos prévios dos estudantes e valorizar suas percepções iniciais sobre a importância desses territórios para o equilíbrio ambiental. No segundo momento, os estudantes são organizados em grupos e recebem gráficos e tabelas com dados reais sobre o desmatamento em terras indígenas — oriundos de fontes como o Imazon. Cada grupo fica responsável por analisar os dados referentes a uma das regiões do Brasil. Os estudantes devem interpretar os dados (com base na habilidade EF06MA32) e, a partir dessa leitura, elaborar perguntas (prompts) investigativas para uma IA generativa, como: “Qual foi o ano com maior índice de desmatamento nas terras indígenas da Amazônia?” ou “Se o desmatamento continuar nesse ritmo, o que pode acontecer com a floresta em 10 anos?”. Após a consulta à IA, os grupos avaliam criticamente as respostas, comparando-as com os dados que analisaram nos gráficos. Esse processo tem como objetivo desenvolver o pensamento computacional e a habilidade de formular instruções claras (EF06CO02), além de estimular o letramento estatístico e a análise crítica de informações geradas por IA. No terceiro momento, a turma sistematiza as aprendizagens por meio da criação de mapas mentais ou infográficos em folha A3 ou cartolina. Nesses materiais, os grupos devem reunir: (1) o conceito de terras indígenas; (2) os principais dados analisados; (3) os prompts e as respostas da IA; (4) a avaliação crítica do grupo sobre essas respostas; e (5) sugestões de ações para fortalecer a proteção dos territórios indígenas. Essa produção pode ser socializada oralmente entre os grupos e exposta em mural coletivo, ampliando o alcance do conhecimento produzido na aula. A proposta estimula a leitura de múltiplas fontes, o uso ético da tecnologia, o pensamento crítico e a argumentação com base em evidências. Além disso, promove a valorização dos saberes indígenas e o protagonismo estudantil diante dos desafios da urgência climática.
Contexto e progressão das habilidades
Este plano de aula integra um conjunto de 52 planos estruturados com base na decomposição de aprendizagens, que divide habilidades complexas em etapas progressivas, respeitando o princípio da progressão de habilidades — em que cada novo conhecimento se apoia em bases já consolidadas. A sequência aborda, inicialmente, o pensamento computacional (decomposição, padrões, abstração e algoritmos) nos Anos Iniciais, avança para o letramento digital (uso crítico e criativo das tecnologias) nas séries seguintes e culmina, nos Anos Finais e no Ensino Médio, na análise crítica da IA, considerando o funcionamento e os impactos sociais e éticos. Essa progressão está alinhada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Computação, assegurando uma construção sólida e contextualizada do conhecimento, além de preparar os estudantes para interagir de forma autônoma e consciente no mundo digital.
Materiais sugeridos
Equipamentos e dispositivos:
Computador, tablet ou celular com acesso à internet (caso esteja disponível) para que os grupos possam consultar ferramentas de IA generativa (como ChatGPT, Gemini, Copilot ou Bing). Também pode ser utilizado projetor ou televisão para apresentação coletiva de gráficos, leitura das respostas da IA e visualização de imagens e mapas durante a aula.
Recursos educacionais digitais:
Ferramentas de IA generativa (como ChatGPT, Gemini, Copilot ou Bing) para a investigação orientada, formulação de perguntas (prompts) e cruzamento das informações com os dados estatísticos reais sobre desmatamento.
Materiais diversos:
Conjunto de gráficos e tabelas impressos com dados atualizados sobre o desmatamento em terras indígenas (por região do Brasil); papel A4, cartolina ou folha de flipchart para os registros dos grupos; canetas, lápis, marcadores coloridos e fita adesiva para organização visual das análises e construção dos mapas mentais ou infográficos de sistematização.
Habilidades BNCC:
Objeto de conhecimento
- Análise das transformações socioespaciais provocadas por diferentes tipos de sociedade sobre territórios tradicionalmente ocupados pelos povos originários, com foco nos impactos do desmatamento e nas formas de resistência e preservação desses povos.
- Leitura e interpretação de tabelas, gráficos e séries históricas como instrumentos para compreender padrões de desmatamento, volume de alertas ambientais e comparações entre áreas protegidas (como terras indígenas) e não protegidas.
Objetivos de aprendizagem
- Analisar e interpretar dados estatísticos (tabelas e gráficos) sobre o desmatamento em terras indígenas, relacionando-os à preservação ambiental e à atuação dos povos originários na proteção dos biomas.
- Formular perguntas claras e éticas para ferramentas de IA, avaliando criticamente as respostas obtidas e sua coerência com os dados analisados, como forma de apoiar investigações sobre problemas socioambientais.
Competências gerais
4. Comunicação.
5. Cultura digital.
9. Empatia e cooperação.
Acesse
- BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 30 jul. 2025.
- IMAZON. Desmatamento em terras indígenas da Amazônia é o menor em seis anos. Belém: Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, 2024. Disponível em: https://imazon.org.br/imprensa/desmatamento-em-terras-indigenas-da-amazonia-e-o-menor-em-seis-anos/. Acesso em: 2 ago. 2025.
- IMAZON. ATL 2025: Terras indígenas registram apenas 3% do desmatamento nos últimos 13 anos. Belém: Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, 2025. Disponível em: https://imazon.org.br/imprensa/atl-2025-terras-indigenas-registram-apenas-3-do-desmatamento-nos-ultimos-13-anos/. Acesso em: 2 ago. 2025.
- ISA – Instituto Socioambiental. Terras indígenas na Amazônia e no Cerrado protegem uma área de vegetação equivalente a 4 vezes o estado de SP. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2024. Disponível em: https://www.socioambiental.org/noticias-socioambientais/terras-indigenas-na-amazonia-e-no-cerrado-protegem-uma-area-de-vegetacao. Acesso em: 2 ago. 2025.
- UNESCO. Guia para Currículos Verdes: ensino e aprendizagem para a ação climática. Paris: UNESCO, 2024. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000393753. Acesso em: 30 jul. 2025.
- UNESCO. Guia para a IA generativa na educação e na pesquisa. Paris: UNESCO, 2023. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000390241. Acesso em: 30 jul. 2025.
- UNESCO. Educação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: objetivos de aprendizagem. Paris: UNESCO, 2017 Brasília, DF. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000252197. Acesso em 01 de agosto de 2025.
Bibliografia
- FAVA, Rui. Trabalho, educação e inteligência artificial: a era do indivíduo versátil. Porto Alegre: Penso, 2018.
- KRENAK, Ailton. Futuro ancestral. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
- VEGA, Alfredo Pena (org.). Os sete saberes necessários à educação sobre as mudanças climáticas. São Paulo: Cortez, 2023.
- SHIRTS, Matthew. Emergência climática: o aquecimento global, o ativismo jovem e a luta por um mundo melhor. São Paulo: Claro Enigma, 2022.
- THUNBERG, Greta; ERNMAN, Malena; THUNBERG, Svante; ERNMAN, Beata. Nossa casa está em chamas: ninguém é pequeno demais para fazer a diferença. São Paulo: Best Seller, 2019.
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Aula
Sobre esta aula
Tempo previsto: 100 minutos.
Este plano de aula é voltado para estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental e promove a integração entre os campos da Geografia, da Matemática, da Computação e da Urgência Climática. A proposta tem como finalidade que os estudantes compreendam o papel das terras indígenas na preservação ambiental e investiguem, por meio de dados reais e do uso da IA, os padrões e tendências do desmatamento nesses territórios, refletindo criticamente sobre suas causas e consequências.
A aula está estruturada em três momentos principais: o primeiro envolve uma conversa inicial sobre o que os estudantes sabem sobre os povos indígenas e seus territórios, com base em perguntas provocativas que incentivam a escuta e a valorização dos saberes prévios. O segundo momento propõe uma análise de gráficos e tabelas baseados em dados reais de institutos como o Imazon e o ISA, que serão explorados pelos grupos com o apoio de uma IA generativa. Cada equipe será desafiada a formular prompts investigativos, interpretar as respostas recebidas e discutir sua confiabilidade. No terceiro momento, os grupos sistematizam suas descobertas por meio da elaboração de um infográfico ou texto explicativo, conectando os dados analisados à importância da preservação dos territórios indígenas.
A proposta estimula o letramento estatístico, a alfabetização digital e o pensamento crítico, promovendo o uso ético e consciente das tecnologias digitais. Também contribui para o desenvolvimento do pensamento geográfico e da valorização dos conhecimentos socioambientais dos povos originários.
Dificuldades antecipadas:
Alguns estudantes podem apresentar dificuldades para interpretar gráficos e tabelas com informações numéricas, especialmente se os dados estiverem organizados em escalas maiores. Nesses casos, o professor pode apoiar com exemplos visuais simplificados, leitura coletiva e mediação passo a passo da interpretação. Também é possível que surjam dúvidas sobre como elaborar perguntas para a IA. Por isso, recomenda-se apresentar exemplos de bons prompts, explicar o que torna uma pergunta clara e estimular os grupos a revisar suas formulações antes do envio. Além disso, o professor deve reforçar que a IA nem sempre traz respostas corretas ou atualizadas, sendo essencial checar fontes e desenvolver uma postura crítica diante das informações recebidas.
Possibilidade de interdisciplinaridade: Esta proposta pode ser articulada com a disciplina de Ciências, abordando o papel da vegetação na regulação do clima e da biodiversidade. Também pode dialogar com Língua Portuguesa, especialmente na produção de textos explicativos ou na leitura crítica de notícias e relatórios ambientais. A Matemática contribui com a leitura e interpretação de gráficos e porcentagens, enquanto a Computação se conecta ao desenvolvimento de prompts e à análise ética de respostas automatizadas. Em conjunto, essas áreas ampliam o repertório dos estudantes e fortalecem sua atuação cidadã diante dos desafios climáticos e digitais contemporâneos.
Conversa inicial/Introdução
Tempo previsto: 10 minutos.
Comece organizando a sala em grupos de 4 a 5 estudantes, formando pequenas ilhas de trabalho para favorecer o diálogo e a cooperação. Aproxime os estudantes do tema com uma conversa inicial. Você pode projetar no quadro ou escrever as seguintes perguntas disparadoras:
- O que você já ouviu falar sobre as terras indígenas no Brasil? Como você imagina que elas ajudam a proteger a natureza?
- Vocês acham que há mais ou menos desmatamento dentro dos territórios indígenas? Por quê?
Dê espaço para que os estudantes compartilhem suas impressões, histórias ou conhecimentos prévios. Em seguida, apresente o tema da aula: “Terras indígenas e a proteção do clima: o que os dados podem nos contar?”. Compartilhe também os objetivos da aula de maneira clara: os estudantes vão conhecer dados recentes sobre desmatamento em terras indígenas, interpretar gráficos e tabelas com apoio da IA, e refletir sobre a relação entre território, cultura e preservação ambiental. Esse momento deve criar um ambiente acolhedor, incentivando o interesse e a escuta respeitosa entre os colegas.
Tempo previsto: 20 minutos.
Após a conversa inicial e a escuta das percepções dos estudantes, organize a transição para a próxima etapa do acolhimento. Projete um mapa do IBGE que represente as terras indígenas no Brasil, destacando sua localização em diferentes biomas, especialmente na Amazônia Legal. Utilize esse recurso para iniciar uma explicação acessível sobre o que são as terras indígenas, ressaltando que são territórios tradicionalmente ocupados por povos originários, reconhecidos pela Constituição Federal como fundamentais para a preservação da cultura, da vida e do modo de existência desses povos. Explique que essas terras são protegidas por lei e desempenham um papel essencial na conservação ambiental.
Imagem para contextualização: https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/Z5GhpPjWMsbDn6VAd5cpprx9AsudfZNsqjVK6vym39qzGqQMybdkwweTemKK/mapa-terrasindigenas2017-plano-6758.pdf.
Em seguida, leia coletivamente um trecho da reportagem do G1 intitulada “Demarcação de terras indígenas reduziu o desmatamento na Amazônia” (disponível em: https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/08/12/demarcacao-de-terras-indigenas-reduziu-o-desmatamento-na-amazonia-diz-estudo.ghtml).
Escolha um parágrafo que destaque o impacto positivo da demarcação sobre a preservação da floresta. Após a leitura, conduza um breve debate com a turma, fazendo a seguinte pergunta disparadora:
- Por que vocês acham que a demarcação de terras indígenas ajuda a reduzir o desmatamento?
Permita que os estudantes compartilhem hipóteses, mesmo que ainda sem precisão técnica, valorizando o pensamento inicial.
Finalize esse momento contextualizando que, na próxima etapa da aula, os grupos irão investigar dados reais sobre o desmatamento em terras indígenas e usar uma ferramenta de IA para interpretar essas informações, elaborar perguntas investigativas e refletir sobre os impactos da destruição ambiental. Explique que, ao longo da atividade, eles terão a oportunidade de atuar como cientistas e analistas, usando a tecnologia para compreender melhor os problemas enfrentados pelos povos indígenas e pensar em caminhos para protegê-los.
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