Plano de Aula
Plano de aula: Interagindo com o ecossistema por meio de elementos naturais
Por: Mariana Mas
Descrição
Para aprender a cuidar do planeta, é necessário vivê-lo, conhecê-lo, amá-lo e construir a ideia de que estamos conectados com ele. Sabemos que as crianças pequenas experimentam e vivenciam as explorações de maneira íntegra e, a partir dos diferentes sentidos, se colocam como parte da natureza, pois ainda não se distanciaram das relações com os espaços e ambientes.
Este plano é composto por duas propostas de 50 minutos cada, que têm como intenção principal oferecer às crianças a oportunidade de explorar, manusear e perceber a natureza a partir dos diferentes sentidos e considerando as possibilidades desse grupo etário. As rodas de conversas, mediadas por você professora e professor, colaboram com a ampliação das experimentações vividas pelos pequenos e com a ideia de que somos apenas uma parte da natureza.
Grupo etário
- Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)
Campos de Experiências
- Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.
- O eu, o outro e o nós.
Habilidades BNCC:
Competências gerais
2. Pensamento científico, crítico e criativo.
4. Comunicação.
7. Argumentação.
Bibliografia
- ANA THOMÉ. Ser criança é natural. Disponível em: (15) Ser Criança é Natural | Bebês e Natureza - Parte 1 - YouTube. Acesso em 23 mai. 2025.
- ALIANÇA PELA INFÂNCIA. A natureza e a criança. Disponível em: A natureza possibilita à criança vivenciar o diverso, em contraponto à padronização dos comportamentos - Aliança pela Infância. Acesso em 23 mai. 2025.
- INSTITUTO ALANA. Educação Baseada na Natureza. Disponível em: https://criancaenatureza.org.br/wp-content/uploads/2023/11/EBN_Acessivel-1.pdf. Acesso em 21 jan. 2025.
- CRIANÇA E NATUREZA. Desemparedamento: um caminho para a infância. 2018. Disponível em: <https://criancaenatureza.org.br/wp-content/uploads/2018/08/Desemparedamento_infancia.pdf> Acesso em: 21 jan. 2025.
- PIORSKY, Gandhy. Brinquedos do chão: a natureza, o imaginário e o brincar. São Paulo: Peirópolis, 2016.
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Aula
Experiência 1 - Sentindo as ações na natureza e coletando elementos naturais
Tempo previsto: 50 minutos
Organização da vivência
O que fazer antes?
Professor(a), antes de iniciar a experiência prevista neste plano, é importante que você possa investigar, em sua unidade escolar e entorno, quais são as possibilidades de espaços externos e ambientes que ofereçam às crianças a oportunidade de explorar elementos naturais disponíveis - como terra, árvores, galhos, plantas, pedras, folhas caídas ao chão, gravetos, entre outros. Observe o ambiente e veja quais são os elementos que encontrarão. Existem espaços onde bata sol, nos quais a criança possa experimentar a sensação do sol em seu corpo? Ou então áreas verdes onde ela poderá sentir a textura das árvores, dos galhos, e perceber a sensação do vento em seu corpo? E quanto aos sons que o ambiente oferece, como você pode convidar as crianças a escutá-los?
Contextos prévios - Caso não haja em sua unidade escolar um ambiente com diferentes elementos naturais, uma ideia interessante é pedir a colaboração das famílias para essa exploração. Solicitar que façam uma coleta de elementos naturais com seus filhos e filhas, fora do ambiente escolar, e enviem para que possam planejar essa vivência. Nesse caso, é importante que haja uma orientação objetiva aos responsáveis sobre quais elementos são interessantes e que a coleta faça sentido - por exemplo, galhos, folhas secas, flores já caídas ao chão, pedras, sementes, entre outros. Oriente a família a fazer a coleta juntamente do seu(sua) filho(a), remetendo a experiência que está acontecendo em família com a que acontecerá na escola com o(a) professor(a), estimulando-os a comentar sobre as sensações e o que mais gostam. Aqui faz-se necessário incluir na orientação que coletem o que está no chão e que não arranquem em hipótese alguma, afinal, a ideia que estamos construindo é a de respeito e pertencimento ao ecossistema, implicando em aprender com ele e não degradá-lo para nossas pesquisas.
Organização dos espaços - A ideia é que os pequenos possam explorar, manusear e sentir os elementos (se possível) na maneira e disposição que a natureza os coloca.
Caso em sua unidade escolar não haja essa possibilidade, você pode disponibilizar os elementos coletados por você e também pelas famílias e crianças no espaço (preferencialmente externo) para que a vivência aconteça.
Para incluir todos - Considere as barreiras físicas e/ou de comunicação que possam impedir que uma criança bem pequena ou parte do grupo interaja com os elementos e espaços, oferecendo apoios que atendam cada uma das necessidades. Garanta que o espaço seja seguro para todos, sobretudo para aqueles que não se deslocam com autonomia e antecipe possíveis acidentes (por exemplo, verificando se há formigueiros, abelhas, entre outros). Mantenha-se sempre disponível e por perto do grupo durante as interações, de maneira atenta e ativa.
Perguntas para guiar suas observações - Sabemos que parte essencial do trabalho do(a) professor(a) é a observação atenta sobre as investigações e interações dos pequenos com os espaços, materiais e entre pares. Para isso, é importante que haja perguntas que possam guiar essas observações que, por sua vez, servirão como referência importante para o planejamento de novas propostas.
Algumas sugestões de perguntas
- Quais são as escolhas iniciais das crianças bem pequenas considerando os elementos naturais encontrados?
- De que maneira as crianças bem pequenas interagem com o ambiente escolhido? Como acontece a movimentação corporal?
- Quais são as expressões que comunicam sensações e percepções das crianças?
O que fazer durante?
Na sala de referência, converse com o grupo de crianças sobre a proposta que será oferecida, comunicando que hoje irão sentir e perceber a natureza da qual fazemos parte. Convide-os a se deslocarem até o espaço escolhido por você (seja este um ambiente natural ou externo com os elementos coletados já disponibilizados). Observe de que maneira se deslocam pelo espaço e quais são as escolhas iniciais de cada um e do grupo de maneira geral. Sendo um local seguro, deixe-as descalças para que possam sentir em seus pés o contato com o ambiente. Neste primeiro momento, perceba as escolhas que eles fazem sobre como e com quais elementos interagem. Convide-os a observarem o céu e o movimento das nuvens, a sentirem a ação do vento e/ou do sol em suas peles, os sons presentes ali (como de pássaros e/ou das folhas e árvores balançando).
Após algum tempo nessa exploração com o corpo, provoque-os a perceberem algumas ações do ambiente e os elementos naturais presentes nesse espaço. Sabemos que nesta faixa-etária a comunicação oral é uma aprendizagem em desenvolvimento e portanto as rodas de conversa se configuram como um desafio importante. Ainda assim, é por meio desse estímulo que os pequenos têm a oportunidade de irem avançando em suas habilidades de comunicação. Faça perguntas que conduzam as crianças a se manifestarem suas sensações e percepções sobre o meio que os cerca. Esteja atento a expressões e balbucios que possam revelar as percepções vividas. Abaixo, algumas sugestões:
- Quando olhamos para cima, o que vemos? Olhem só essas nuvens! Elas parecem estar se movendo?
- Vamos tentar fazer silêncio e perceber os sons que conseguimos ouvir? Eu ouvi um passarinho! Vocês ouviram também?
- Como é sentir o vento no corpo? Olha aquela árvore ali, ela está balançando!
A intenção é que as vivências propostas e a roda de conversa possam apoiar as crianças na percepção sobre as ações do ambiente e sobre as sensações que surgiram. Compreender que somos parte da natureza e reforçar a ideia de que estamos conectados com ela. A partir das experiências contidas neste Plano, os pequenos terão a oportunidade de explorar, por meio dos diferentes sentidos e de maneira empírica, as sensações e variações dos ambientes e elementos presentes ali. Também a partir das perguntas e provocações, serão convidados a ampliarem suas percepções e poderão compartilhar, da maneira como conseguem, as observações na troca entre pares, comunicando ideias e fazendo-se entender de diversas formas, não apenas oralmente.
Para finalizar
Ao final da troca com as crianças, convide-os a coletarem alguns elementos naturais para que possam levar para a sala de referência e conte que farão uma nova experiência, em outro momento - pedras, galhos, folhas secas, flores caídas, sementes etc. Caso em sua unidade não haja esse ambiente, peça que colaborem na organização do espaço, recolhendo os elementos que foram disponibilizados para que possam explorá-los posteriormente.
Experiência 2 - Experimentando a diversidade dos elementos naturais
Tempo previsto: 50 minutos
Vivência prática
Materiais sugeridos
• Elementos coletados pelas crianças (ou aqueles enviados pelas famílias).
• Cestos, potinhos e/ou tecidos para organizar os materiais.
• Temperos, verduras, plantas comestíveis.
O que fazer antes?
Contextos prévios - Pesquise plantas comestíveis, temperos e/ou verduras típicas de sua região e considere também a época do ano da investigação. Se possível, traga uma quantidade suficiente para que as crianças possam experimentar e, se necessário, peça a colaboração das famílias ou da gestão de sua unidade escolar. É importante que consultem os familiares (ou gestão de sua unidade) para se certificar de que não há crianças com alergias ou intolerâncias, considerando os elementos que serão convidados a experimentar. Providencie cestos, potinhos ou tecidos que servem de recipiente para esses alimentos e materiais. Para ver mais ideias, acesse o vídeo “5 dicas para aproveitar os alimentos e evitar desperdícios”, do Ministério da Saúde.
Organização dos espaços - Antecipadamente, organize os elementos comestíveis e os materiais de maneira que fiquem separados nos recipientes previstos por você. Em uma mesa ou espaço definido com um tecido, coloque os elementos que poderão ser experimentados pelas crianças por meio do paladar. Em outros “cantos”, organize os materiais naturais coletados pelas crianças (ou trazidos pelas famílias) de maneira que os pequenos possam manusear, explorar e criar brincadeiras e interações com esses objetos. A experiência pode acontecer na sala de referência ou no espaço externo.
O que fazer durante?
Inicie a vivência convidando o grupo para sentar-se em roda e retome com eles a experiência que viveram anteriormente, relembrando as sensações e ações da natureza, as diferentes texturas, tamanhos e formas dos elementos coletados por eles.
Em seguida, conte para o grupo que você preparou uma atividade muito legal e que em breve poderão experimentá-la. Inicie a sua fala evidenciando sobre quais sentidos foram utilizados na proposta anterior. Por exemplo, para perceber a textura dos materiais ou sentir o solo descalços, ou ainda sentir a ação do vento em nossos corpos, usamos o tato, e a pele nos comunica diferentes sensações. Ou, quando observamos o céu e o movimento das nuvens, a claridade que o sol traz, usamos nossa visão por meio dos olhos; ou ainda com os ouvidos tivemos a oportunidade de perceber os sons daquele ambiente etc.
Diga que hoje terão a oportunidade de continuar as explorações, e que haverá uma nova experimentação, por meio do paladar que é um sentido vivenciado com a boca.
Apresente cada elemento comestível, converse sobre o tamanho, formas, ofereça a oportunidade de sentirem os aromas e convide-os a experimentarem um pouquinho de cada um. Conversem sobre o sabor, se gostaram ou não, se já haviam experimentado. Depois deste momento, relembre o grupo que poderão seguir experimentando os elementos, que estão na mesa ou no tecido, e que os outros elementos (aqueles que eles coletaram) também estarão disponíveis, no outro canto da sala, para que possam interagir e brincar da maneira como desejarem. Aqui é importante reforçar com o grupo o que podemos ingerir e o que não podemos. Esteja atento às explorações e deixe os elementos comestíveis distantes das coletas. Essa intervenção irá contribuir para que não haja confusões.
Convide-os a explorarem os materiais organizados por você e esteja atenta(o) para as interações que farão. Permita que criem brincadeiras, explorações e que construam sentidos e significados para os materiais. Converse sobre as sensações que estão descobrindo e verbalize as expressões manifestadas.
A ideia das experiências destacadas neste plano é oferecer às crianças a oportunidade de explorar os elementos, por meio dos sentidos, para que compreendam de forma gradual que nós, seres humanos, somos parte da natureza e que precisamos construir uma relação de respeito. O objetivo dessas experiências é a vivência das crianças e a relação que estão construindo com o meio ambiente, então, não se preocupe em construir um produto final sistematizado ao término da atividade. Sabemos que as mudanças climáticas, em grande parte, têm relação com a maneira como a humanidade vem utilizando a natureza e que é preciso (des)construir a ideia de que os elementos presentes no ambiente são recursos disponíveis dos quais podemos nos apropriar. Esse é o objetivo das vivências aqui destacadas. Sabemos também que as crianças, sobretudo as pequenas, têm forte ligação com a natureza mas precisam ser convidadas, orientadas e estimuladas a construir o sentimento de respeito e pertencimento.
Para finalizar
Conte para o grupo que, em alguns minutos, irão organizar a sala para seguir para o próximo momento da rotina. Em seguida, peça para que colaborem com essa organização e, se possível, devolvam os elementos coletados para o ambiente.