Diagnóstico em educação baseada na natureza
Educação infantil
Plano de Aula
Por: Mariana Mas
Este Plano é composto por propostas muito especiais e que geram bastante engajamento e interesse por parte dos pequenos! Entendendo a água como um recurso essencial e cheio de possibilidades, as crianças terão a oportunidade de explorar, através dos diversos sentidos, suas características e propriedades, a partir de experiências lúdicas e cheias de mistério. É importante ressaltar que a água será reutilizada, que não se trata de desperdício. A ideia é que também possam criar hipóteses sobre alguns fenômenos que costumam encantá-los e que possam registrá-los com desenhos e/ou escritas espontâneas.
- Como me sinto em contato com a água?
- Será que esta pedra boia ou afunda? E essa folha?
- Por que alguns objetos flutuam e outros não?
- O que acontece com a água se colocarmos no congelador?
Estas são algumas perguntas que surgirão ao longo das vivências planejadas e que serão observadas e sentidas pelas crianças ao realizar os experimentos.
Consideramos a água como um elemento central tanto na Educação Baseada na Natureza quanto na Educação Climática, pois ela é essencial para a vida, para os ecossistemas e para o equilíbrio climático. Dentro da perspectiva da Educação Baseada na Natureza, estimular o contato prazeroso com a água pode melhorar a saúde mental e fortalecer o vínculo com a natureza. De acordo com uma pesquisa, publicada no Journal of Environmental Psychology, há indícios de que “desenvolver familiaridade e confiança dentro e ao redor de espaços azuis [lagos, rios, mar] durante a infância pode estimular uma alegria inerente à natureza e encorajar as pessoas a buscar experiências recreativas na natureza, com consequências benéficas para a saúde mental adulta”.
Na perspectiva da Educação Climática, é importante compreender que o aquecimento global afeta diretamente o ciclo hidrológico e que todos os eventos climáticos extremos estão, de alguma forma, relacionados com a água: secas, incêndios, enchentes, deslizamentos de terra, elevação do nível do mar.
O principal objetivo deste Plano, na perspectiva da Educação baseada na Natureza é criar experiências com a água associadas a sentimentos como conforto, confiança, prazer, exploração, realização e liberdade para seguir interesses próprios. Esta abordagem corrobora com as orientações do manual Benefícios da Natureza no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes da Sociedade Brasileira de Pediatria que também aponta que “Muitas pesquisas têm demonstrado que, quanto maior a conexão das pessoas com a natureza, maior será o engajamento da sociedade com as questões ambientais e climáticas”.
A gente cuida da natureza e a natureza cuida da gente!
Ter consciência deste contexto ajuda os/as estudantes a compreender como as alterações no clima afetam a disponibilidade e a qualidade desse recurso vital, e por consequência, a saúde dos ecossistemas e das comunidades humanas.
Este plano está associado aos Objetivos dos Desenvolvimento Sustentável:
| ODS 14 - Vida na água. |
| ODS 15 - Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. |
Reconhecimento da Escola e do EntornoVocê conhece as oportunidades da sua comunidade escolar para potencializar uma Educação Baseada na Natureza (EBN)? A EBN propõe o desemparedamento da educação, defendendo o brincar e aprender com e na natureza, convocando nossos corpos a participar ativamente dos processos de aprendizagem e concebendo os ambientes como espaços educadores que também participam deste processo. A gente cuida da natureza e a natureza cuida da gente! Nós somos natureza! Além disso, desemparedar a infância é uma estratégia de enfrentamento à crise climática. Por isso, mapear os espaços, suas potencialidades e desafios, ampliando a percepção sobre as possibilidades existentes de contato com a natureza na escola e no entorno é uma prática a ser incorporada constantemente na organização do trabalho pedagógico, mantendo o currículo vivo e integrado à realidade local. Um bom diagnóstico, além de identificar essas possibilidades e desafios nos espaços físicos, deve incluir uma auto-observação e a observação das experiências de bebês e crianças nesses espaços. E, em um cenário ampliado, abarcar uma investigação sobre a cultura e a percepção das famílias e da comunidade com relação ao convívio com a natureza. Há áreas livres na sua escola ou entorno? Como elas são (sombreadas, ensolaradas, cimentadas, com gramado e áreas verdes etc.)? Os/as estudantes frequentam estes ambientes? Há famílias com hábitos que favorecem o cuidado com a natureza? A comunidade escolar pode fazer alguma intervenção positiva nestes espaços (plantios, limpeza, brinquedos naturalizados etc.)? Essas são algumas provocações que podem inspirar o diagnóstico para uma Educação Baseada na Natureza. Acesse o link e faça o diagnóstico! |
Materiais sugeridos
- Bacias e/ou baldes com água (em quantidade suficiente para que as crianças possam se agrupar ao redor).
- Elementos com características diversas: galhos, pedras, flores, madeiras, sementes variadas, cascas de árvores, etc. É importante considerar a variedade de materiais e boas quantidades dos que flutuam e dos que afundam.
- Forminhas de gelo (convencionais) e/ou de silicone (com diversos formatos e tamanhos).
- Gravetos pequenos.
- Cartaz e caneta piloto (para registro coletivo).
- Folha sulfite.
- Giz de cera e/ou lápis de cor.
Grupo etário
Crianças Pequenas:
(EI03ET02) Observar e descrever mudanças em diferentes materiais, resultantes de ações sobre eles, em experimentos envolvendo fenômenos naturais e artificiais.
(EI03ET04) Registrar observações, manipulações e medidas, usando múltiplas linguagens (desenho, registro por números ou escrita espontânea), em diferentes suportes.
(EI03EF01) Expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas vivências, por meio da linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de fotos, desenhos e outras formas de expressão.
Crianças Bem Pequenas:
(EI02EO04) Comunicar-se com os colegas e os adultos, buscando compreendê-los e fazendo-se compreender.
(EI02EF09) Manusear diferentes instrumentos e suportes de escrita para desenhar, traçar letras e outros sinais gráficos.
(EI02ET02) Observar, relatar e descrever incidentes do cotidiano e fenômenos naturais (luz solar, vento, chuva etc.).
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
Antecipe a presença de barreiras físicas, de comunicação ou de relação que podem influenciar ou impedir que uma criança ou o grupo participe ativamente da experiência. Planeje apoios, caso necessário, para atender às necessidades dos pequenos. Todos os sentidos podem ser explorados em atividades que envolvem água, proporcione a exploração de cada um deles, garantindo assim que os pequenos tenham diversos caminhos para fazer descobertas.
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Tempo previsto: Aproximadamente 60 min
O que fazer antes?
Como esta vivência envolve água, o ideal é que seja realizada em um dia de calor. É possível que algumas crianças se molhem durante a brincadeira, então garanta que haverá uma troca de roupa, caso seja necessário. Para esta proposta escolha um espaço externo, para isso dê uma volta pela escola e imagine as crianças explorando e brincando com a água, um chão que quando molhado não escorregue, que haja luz solar para que não fiquem com frio e espaço suficiente para que caibam as bacias e os elementos que irá oferecer para a experiência.

Crédito: Getty Images
Considerando a escolha dos materiais que serão ofertados, é importante que você garanta que haverá objetos naturais diversos, com cores, texturas, cheiros e formatos diferentes, que produzam diferentes sons em contato com a água – folhas verdes e secas, galhos e gravetos, terra de diferentes cores, pedras, conchas, penas, ervas para chá frescas e secas, sementes. Essa diversidade garantirá a presença de elementos que afundam e outros que boiam.

Crédito: Acervo Instituto Alana
Chamado para reconexão: Professor/a, quando foi a última vez em que você esteve em contato prazeroso com a água em ambientes naturais? A água é um bem comum essencial para a nossa vida, incluindo nossa saúde mental. Busque criar momentos de contato com este elemento que instiguem sentimentos como conforto, confiança, prazer, desafio, realização, superação de medos, empatia e cuidado. Sinta a grama molhada, regue as plantas do jardim, sinta o aroma da terra e das plantas que foram regadas, faça um escalda pés, tome um banho de chuva, visite uma cachoeira… Depois de sentir o pulsar da água em todas as suas formas, perceba se a qualidade da sua presença mudou, como está sua respiração, como estão seus batimentos cardíacos?
Contextos prévios - Para além dos elementos previstos por você professor/a, é interessante convidar as crianças para realizarem uma coleta, em um ambiente natural, de materiais orgânicos escolhidos por elas.

Crédito: Getty Images
Circule com elas por este ambiente e peça para que recolham elementos da natureza que estiverem no chão. Aqui é essencial explicar ao grupo que precisamos cuidar e respeitar a natureza, sendo assim não devemos arrancar flores e/ou folhas, por exemplo. Essa coleta também pode ocorrer na residência das crianças ou no caminho da casa até a escola – proponha que tragam elementos naturais de suas casas para enriquecer a atividade. Reserve os elementos coletados pelas crianças (em uma bacia ou cesto) e conte que em breve irão brincar com eles em contato com a água.
Também é preciso antecipar onde a experiência será realizada, providenciar bacias e/ou baldes, em quantidade suficiente para que as crianças possam se agrupar ao redor delas e atuar de maneira ativa durante a vivência. Ofereça primeiro os elementos coletados pelas crianças e, depois, amplie ofertando os materiais coletados por você.
Organização do espaço e materiais - Organize as bacias e/ou baldes já com água no local escolhido por você e disponibilize os elementos selecionados pelas crianças para este primeiro momento. Aqui é interessante convidá-los para organizar esses materiais, pensar na disposição ao redor das bacias, legitimando a maneira como o grupo acha mais interessante e garantindo uma participação ativa também nesse momento que antecede a experiência. Mas sempre considere a possibilidade de as crianças já desejarem brincar com os objetos de forma espontânea, sem se prenderem a proposta de organização prévia - é importante que esse desejo seja respeitado. Deixe reservado em cestos (ou outro recipiente) os elementos coletados por você e prepare-se para oferecê-los aos pequenos em um momento oportuno de maneira que possam contribuir com a ampliação desta experiência, enriquecendo-a.
O que fazer durante?
Permita que os pequenos transitem pelo espaço e inicie uma conversa sobre como está o dia, se está calor, convide-os a observarem o céu. A partir desse diálogo inicial, pergunte o que gostam de fazer quando está calor. Ouça as memórias compartilhadas e ofereça tempo para que tragam preferências e relatos de experiências anteriores.
Enquanto as crianças brincam livremente com a água, observe como exploram a interação entre os elementos da natureza e a água: se experimentam elementos que liberam algo em contato com ela, que dissolvem, que alteram a cor da água, se produzem som.

Crédito: Getty Images
Destine tempo para que possam fazer descobertas sozinhas, pois esses momentos não direcionados também promovem aprendizados muito importantes. Caminhe entre os grupos, perguntando o que conseguem observar, instigue explorações.
Em seguida, convide-os a iniciar uma exploração perguntando se eles acham que determinado elemento boia ou afunda. E que comecem os testes! Ofereça tempo para que as crianças possam explorar tanto as características dos materiais como para que construam hipóteses sobre aqueles que flutuam ou não, de acordo com os próprios interesses.
Nesse momento, observe, esteja próxima às crianças. Interaja e apoie quando sentir necessidade ou quando for solicitada. Após algum tempo, ofereça também os elementos coletados e previstos por você com a intenção de enriquecer as explorações.
Avise-os quando faltar alguns minutos para a finalização da brincadeira. Quando chegar o momento, peça para que colaborem com a organização dos materiais e convide-os a irem até o ambiente natural de onde coletaram, para que possam devolvê-los à natureza. Depois dirijam-se para a sala de referência e, caso seja preciso, ajude aqueles que se molharam muito a trocar de roupa e em seguida diga que gostaria de ouvir o que acharam da brincadeira, na roda.
Para finalizar…
Já com o grupo na roda pergunte o que acharam da brincadeira de maneira que possam se expressar sobre a vivência que tiveram contando sobre como se sentiram, do que mais gostaram, o que descobriram, sobre as semelhanças e diferenças entre os materiais. Depois pergunte sobre os elementos que boiaram e os que afundaram, quais foram? Por que acham que alguns afundam e outros não? Não dê respostas, alimente a construção de hipóteses com boas perguntas. Convide as crianças a se expressarem sobre o que mais chamou sua atenção através de gestos corporais, imitando as diversas interações entre os elementos e a água (como era a folha flutuando?), imitando os sons que a água produzia em contato com diferentes elementos (que barulho fazia a pedra quando afundava na água?). Propostas que ativam outras linguagens podem favorecer a participação de crianças com deficiência ou com dificuldade de fala.
E por fim, convide-os a deitarem, fecharem os olhos, respirarem fundo e enquanto escutam a música que irá colocar podem aproveitar para relaxar um pouco.
Sugestão de música: Sons de água.
Tempo previsto: Aproximadamente 70 minutos
O que fazer antes?
Para que você, professor/a, possa encaminhar essa experiência junto ao grupo de crianças é preciso verificar com a equipe da cozinha a possibilidade de guardar os “barquinhos” que serão produzidos pelas crianças, no congelador da escola de maneira que possam deixar de um dia para o outro. Caso em sua unidade não haja forminhas de gelo suficientes para a vivência, é importante solicitar essa contribuição às famílias que poderão enviar forminhas convencionais ou outras que tenham em casa (por exemplo de silicone, com diferentes tamanhos e formatos) para enriquecer a brincadeira.
Organização dos espaços e materiais - É preferível realizar este primeiro momento em alguma área externa ou, se não for possível, na sala de referência ou no refeitório da escola. Para isso, separe algumas jarras de água (com quantidade suficiente para encher as forminhas), copos ou recipientes menores (para que os pequenos ajudem também na distribuição da água), as forminhas em quantidade suficiente para o grupo todo e pequenos galhos, sementes, pequenas pedras, terra, flores e folhas picadas para a caracterização dos barquinhos. Deixe também alguns panos por perto, caso necessitem (principalmente se não for possível fazer em área externa). Providencie também um cartaz/cartolina e uma caneta piloto para que possa registrar as hipóteses das crianças sobre a experiência.
O que fazer durante?
Antes de iniciar a experiência, conte para o grupo que precisarão coletar pequenos galhos e um pouco de folhas e convide-os a irem ao espaço externo (caso seja possível), recolher estes materiais. É essencial orientá-los de que, mais uma vez, não devemos retirar/arrancar o que está vivo na natureza e que irão coletar apenas o que já estiver no chão. Peça para que coloquem os elementos que acharam interessantes em uma bacia/cesto e volte para a o local onde será realizada a atividade.

Crédito: Acervo Instituto Alana
Peça para que se sentem em roda e conte que teve uma ideia bem interessante para seguirem com as brincadeiras envolvendo água! Pegue uma forminha, coloque um pouco de água (de maneira que todos possam visualizar o procedimento) enquanto narra o que está fazendo. Então questione:
- “Se colocarmos essa forminha no congelador, o que acham que vai acontecer com a água?”
Enquanto as crianças compartilham suas hipóteses, vá registrando no cartaz de maneira que todos possam visualizar a escrita se materializando.
Então explique que hoje irão testar essas ideias para verem o que vai acontecer. Disponibilize as forminhas, as jarras e os pequenos recipientes e sugira que as crianças coloquem a água dentro das forminhas. Ajude-os nessa tarefa, caso observe necessidade. Depois, disponibilize os elementos coletados pelas crianças para cada criança/grupo e sugira que coloquem na água, nas forminhas, da maneira como desejarem (se necessário, sugira picar as folhas com as mãos). Deixe que este momento de criação transcorra sem pressa para que possam, novamente, interagir e brincar com água em contato com outros elementos. Convide-os a se deslocarem até a cozinha e coloquem as forminhas no congelador.
Para finalizar…
Convide-os a sentarem nas cadeiras, de maneira que estejam agrupados, e distribua folhas sulfites, lápis de cor, giz de cera ou outros materiais que possam ser interessantes para este registro. Explique ao grupo que cada um irá registrar o que acha que vai acontecer com a água que foi para o congelador. Antes de iniciarem (com desenhos ou escritas espontâneas), peça para que nomeiem suas folhas de maneira que no dia seguinte cada um possa resgatar sua hipótese. Apoie os que solicitarem ajuda na escrita do nome. Caso alguma criança não queira escrever, você poderá nomear o trabalho, escrevendo de maneira que a criança visualize a escrita sendo produzida.
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