Só um planeta já não basta
Estimule a discussão sobre o esgotamento dos recursos naturais com dados e gráficos
PorRodrigo RatierCamila CamiloPatrick Cassimiro
31/07/2015
Não é papo de ecochato. A humanidade vem consumindo mais do que a natureza consegue repor. A informação é da organização não governamental Global Footprint Network, que calcula todo ano o Dia de Sobrecarga da Terra, em que extrapolamos o gasto dos recursos naturais esperado para o período. Essa data é cada vez mais próxima de janeiro, evidenciando o uso irresponsável das reservas ambientais do planeta.
Apesar do quadro grave, o consumo consciente é pouco abordado nas escolas. Isso ocorre pois o tema não está explícito nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), sugerido apenas como conteúdo interdisciplinar. Além disso, a sustentabilidade é um assunto novo, aparecendo timidamente nos livros didáticos.
Quando a questão é tratada em aula, o discurso é o de "vamos salvar o mundo", algo irreal para Silvia Sá, gerente de Educação do Instituto Akatu. Segundo ela, as discussões devem considerar a análise crítica do problema. A especialista sugere que o professor estimule os alunos a olhar a própria realidade e pensar como garantir a vida na Terra. "A escola foca no meio ambiente, mas há outros aspectos essenciais, como o social e o econômico, além do comportamento individual", afirma. Para ajudar nessa tarefa, separamos cinco gráficos que exploram o desperdício de alimentos, a pegada ecológica e o uso de recursos naturais por diferentes países. Ao lado, sugestões de como encaminhá-los com a classe (baixe as figuras em tamanho maior em abr.ai/info-consumo).
Pegada ecológica
Levante o que a turma sabe sobre pegada ecológica. Discuta as respostas e explique que é o impacto do consumo de uma pessoa ou nação na natureza. Proponha que comparem o consumo de alguns países e pesquisem seus perfis: o nível de desenvolvimento socioeconômico, os tipos de indústria e as atividades principais. Para que cada aluno possa calcular sua pegada ecológica, acesse abr.ai/pegada.
Comida desprezada
Estimule os alunos a analisar o consumo da merenda escolar. Problematize as perdas na produção, no manejo e na distribuição de alimentos. Conte que a maior parte do lixo no Brasil é orgânico. Solicite que a turma pesquise formas de reaproveitar os restos de comida e proponha que revisem atitudes no cotidiano de casa e da escola.
Caso brasileiro
Biocapacidade é o potencial de uma área em gerar recursos e absorver os resíduos produzidos pelo homem. Converse como ela só tem diminuído no Brasil. Leve a garotada a refletir: "O fato de termos grandes florestas impede de sermos mais conscientes sobre a finitude dos recursos naturais?". Discuta a diferença entre a economia tradicional e a verde, centrada no desenvolvimento sustentável.
Sobrevivência e excessos
Peça para os alunos observarem a relação entre crescimento da população e consumo, concluindo que ela é insustentável agora e no futuro. Em 2050 será preciso: 60% a mais de comida, 50% de energia e 40% de água. Questione: "De onde sairá tudo isso?". Apresente o conceito de obsolescência programada (estratégia do mercado de criar produtos para durar menos, estimulando a compra). Pergunte se eles percebem isso em bens que utilizam.
Consumo desigual
Problematize com a classe: "Quem são e onde estão os 20% das pessoas que mais consomem? E os 80% a quem cabe somente 20% dos consumíveis?". Peça que os estudantes relacionem esses dados com o gráfico da pegada ecológica e tentem elaborar justificativas para a desigualdade. Sugira que façam propostas para diminuí-la.
