#panorama
Palavra do especialista
"A tecnologia não pode ser vista como uma ferramenta auxiliar para realizar o mesmo tipo de ensino. Ela nos traz uma nova forma de organizar a produção de conhecimento. Um computador e um software apenas facilitam a comunicação e a informação. Quem os transforma em material didático é o professor qualificado. Por isso, o docente tem de ser um hacker do bem e explorar a rede até que fique imerso na cibercultura. Só assim, ele enxergará os novos recursos como ferramentas educacionais e como instrumentos para adaptar a sua realidade e a sua necessidade."
Nelson Pretto, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Eu fiz assim :)
Envolvemos os alunos na discussão sobre o uso da rede
"Os estudantes do 7º e do 8º ano tinham dúvidas sobre o uso correto da internet. Além disso, chegavam sonolentos e desinteressados, pois estavam usando a rede intensamente em casa. Iniciamos, então, um projeto para fomentar o uso seguro dessa rede. Levantamos os interesses dos adolescentes na web e planejamos uma sequência de atividades que durou seis meses. Inicialmente, os alunos montaram gráficos com os dados obtidos no levantamento, sob a orientação dos professores de Matemática. Em seguida, debatemos as respostas com as turmas, usando um datashow. Só então, fizemos um ciclo de debates com profissionais de segurança na internet. Os alunos montaram vídeos e outras peças sobre suas reflexões e apresentaram para os colegas. Ao final, confeccionamos uma cartilha e distribuímos à comunidade."
Salete Calegari, professora de Geografia da EE Professor Edmundo Vieira, em Andradas, a 498 quilômetros de Belo Horizonte.
Educadores e computadores
Como os docentes se beneficiam dessa incrível relação
- 94% possuem computador pessoal
- 79% fazem uso pessoal da internet todos os dias ou quase todos
- 75% passaram a ter acesso a materiais melhores e mais diversificados
- 69% avaliam os alunos com trabalhos que utilizam recursos multimídia
- 61% puderam adotar novos métodos de ensino
- 52% colaboram mais agora com outros colegas da sua escola
Fonte cgi.br
Durante o planejamento das aulas...
- 93,9% realizam tarefas de rotina, como digitar provas, registrar dados nos diários de classe etc.
- 84,6% produzem materiais didáticos simples, como provas e exercícios utilizando editores de textos ou planilhas.
- 61,5% realizam pesquisas em diversas fontes.
- 31,4% trocam experiências com outros profissionais da sua escola.
- 21,3% consultam especialistas nos conteúdos a serem trabalhados.
- 20,1% trocam experiências com profissionais de outras escolas ou instituições.
- 9% não utilizam os computadores.
- 3,8% produzem materiais didáticos mais complexos, como apostilas e apresentações com editor de slides, sites e softwares de criação.
Fonte A Integração das TIC na Escola: Indicadores Qualitativos e Metodologia de Pesquisa, da OEI, 2011
#planejamento
Passo a passo
Insira a tecnologia no seu trabalho da maneira correta
1 Preparação Mantenha-se informado, converse com os colegas e os gestores que já tiveram experiências no uso da tecnologia. Procure fazer cursos para se atualizar e, sempre que tiver chance, sente em frente ao computador e estude as ferramentas.
2 Planejamento Estabeleça quais os conteúdos a serem trabalhados e só depois avalie quais recursos tecnológicos podem colaborar com o aprendizado deles. A tecnologia deve servir ao ensino e não o contrário. Veja quais os equipamentos disponíveis na escola e na casa dos alunos.
3 Tempo Calcule o tempo necessário para executar, acompanhar e avaliar as atividades que irá realizar. Se você propuser um fórum de discussão, por exemplo, combine os horários em que as mensagens serão moderadas. Pensando assim, você vai reduzir as horas extras.
4 Teste Antes de utilizar um equipamento ou um programa teste-o o máximo que puder. Ao experimentá-lo, novamente, controle o tempo, reveja o período de aula que previu para a atividade e sempre tenha um plano "b" para o caso de as ferramentas falharem.
5 Benefícios "Com o material digitalizado, o professor ganha tempo para dar um atendimento mais personalizado aos alunos", lembra Suzana Muller, professora da Escola Atuação, em Curitiba. Os recursos ainda ajudam a explicar raciocínios abstratos e mais complicados.
6 Limites As regras de convivência são importantes em qualquer aula e também devem ser feitas para as que utilizam as TIC. Combine com os alunos quais programas e equipamentos podem ser usados. Esclareça os horários em que os computadores estarão disponíveis.
7 Avalie Os prazos foram cumpridos? Os objetivos foram alcançados? A tecnologia colaborou para a evolução do aprendizado da turma? Respondendo a essas perguntas, você analisa como melhorar sua atuação e aproveitar sempre mais as novidades em sala.
Palavra da especialista
"Todo trabalho em sala de aula exige cuidados com a gestão do tempo. Ao utilizar as novas tecnologias, isso também acontece. O professor passa a exercer o papel de mediador e de facilitador. Essa nova postura coloca o aluno como sujeito ativo de seu processo de aprendizagem, permitindo explorar ao máximo suas potencialidades. O docente tem entre suas funções primordiais, portanto, a de organizar o trabalho dos estudantes, detalhando o processo a ser seguido durante aquele projeto e sugerindo conteúdos que eles possam acessar e que darão subsídios à temática discutida em classe. Em suma, o educador tem agora de conduzir o trabalho do início ao fim, sem perder de vista os seus objetivos pedagógicos. No entanto, deverá viabilizar uma construção coletiva de conhecimentos, em vez de apenas transmiti-los."
Lilian da Silva Siqueira, formadora de professores em tecnologia no Instituto Pedagogia Informatizada.
Blogar ou não blogar?
O blog é um site que pode ser facilmente produzido e atualizado, por isso é muito utilizado por professores interessados em compartilhar seus trabalhos com os alunos ou com outros públicos. Ferramentas gratuitas como blogger.com ou br.wordpress.org são autoexplicativas, facilitam o gerenciamento das informações e permitem a inclusão de comentários ligados aos textos. Mas é muito importante prestar atenção a alguns aspectos antes de jogar suas ideias na blogosfera.
Administração O blog pode ser da escola, do professor ou de um projeto. Nos primeiros casos, a gestão da instituição deve ser envolvida para a definição do formato. Se as informações forem sobre um conteúdo trabalhado em sala, os alunos podem ser os autores dos textos.
Regras Os acordos sobre o que postar e as responsabilidades de cada um devem ser feitos antecipadamente, com a sua mediação. É recomendável proibir postagens anônimas ou o compartilhamento de um mesmo usuário e senha pela sala toda.
Acesso O conteúdo a ser produzido deve ser lido por qualquer pessoa ou apenas pelos envolvidos no projeto? Avalie os prós e contras desses dois formatos:
- Ao criar um site aberto você leva o conteúdo para fora do ambiente escolar. Isso gera a motivação dos alunos e ajuda a divulgar o seu trabalho e o da escola para públicos como os pais.
- Se o objetivo é a construção coletiva de conhecimento, permitindo aos alunos comentarem as ideias uns dos outros, um site com acesso restrito garante a privacidade dos membros.
Eu fiz assim :)
Criei o blog da turma
"O computador é para mim um material tão fundamental como um livro. Ele permite desenvolver uma prática mais interativa e atrativa. Trabalho com informática educacional há oito anos e criei um blog (estudandoenavegando.blogspot.com.br) para interagir mais com meus alunos e com outros professores. Publico as produções da sala, disponibilizo os materiais das aulas e, ainda, dou sugestões de sites em que eles podem aprofundar o assunto. Os estudantes comentam e tiram dúvidas, tudo mediado por mim. Planejar atividades dessa natureza exige pesquisa e uma avaliação criteriosa dos recursos que serão utilizados. Mas é bom ver que a turma está cada vez mais interessada em aprender de forma autônoma, seguindo minhas sugestões e descobrindo novos dados a cada clique."
Raphaella Marques de Carvalho, professora do 4º ano da EM Renato Leite, no Rio de Janeiro.
Cuidados
Atenção à privacidade
Para interagir com a comunidade escolar nas redes sociais e preservar sua privacidade, você pode criar um perfil profissional e reunir nele seus contatos com os alunos e seus pais. Mas administrar mais de uma "personalidade" na internet não é tarefa fácil e de qualquer forma é recomendável manter a discrição.
Espaço coletivo, nota individual
Quando for avaliar o desempenho do aluno em ambientes coletivos ou colaborativos você deve analisar o percurso de aprendizagem individual. Uma boa estratégia é criar dossiês e portfólios para registrar as atividades de cada um. Ao usar um blog, por exemplo, você pode verificar as postagens feitas por todos.
#ferramentas
Eu fiz assim :)
Organizei videoconferências semanais com Mocambique
"Realizei o projeto Conexão Brasil e Moçambique em parceria com o professor João Carolino, da Escola Portuguesa de Moçambique, em Maputo. Fizemos videoconferências por Skype e MSN com a participação dos alunos das nossas turmas de 2º ano pelo menos uma vez por semana. Todos os encontros foram dirigidos, com base no conteúdo que estava sendo trabalhado em classe ao longo de seis meses. Trocamos várias informações sobre a língua, contamos histórias dos dois países e buscamos semelhanças entre eles. Depois, as crianças continuaram se correspondendo por e-mail e carta. Como utilizamos a internet, conversei com elas sobre a segurança e, durante todo o processo, mostrei quais deveriam ser os cuidados ao realizar contatos desse tipo."
Cristiane Pereira Alves, professora do 2º ano do Sesi Petrópolis, em Petrópolis, a 72 quilômetros do Rio de Janeiro.
Curti!
"Aprendi muito com o projeto. Conversamos com professores e alunos na África. Embora eles também falem português, vimos que algumas palavras têm um significado totalmente diferente lá."
José Vitor Gonçalves, 8 anos, hoje aluno do 3º ano.
Bom para...
- organizar projetos online
ThinkQuest - grátis
Permite fazer perguntas aos estudantes e publicar as respostas deles instantaneamente, sendo muito fácil criar ou alterar as atividades em curso. Para os alunos, funciona como um diário das atividades.
- construir provas ou atividades
QuizFaber - grátis
Pode ser acessado online ou ser impresso. É possível incluir questões no formato verdadeiro ou falso, múltipla escolha e outras. Possibilita, ainda, adicionar conteúdos multimídia.
- criar aulas com imagem e áudio
JClic - grátis
É usado para a criação, aplicação e avaliação de atividades didáticas multimídia. Permite construir quebra-cabeças, enigmas, análises de textos, palavras cruzadas, entre outras atividades interativas.
- baixar animações e simulações
Rived - grátis
Rede Internacional Virtual de Educação, programa da Secretaria de Educação a Distância (SEED) do MEC. Oferece atividades multimídia, interativas, em especial animações e simulações.
- estudar a segurança na web
Cartilha de Segurança para Internet - grátis
Descreve os principais riscos do acesso à rede e também os cuidados que se deve ter para evitá-los. Possui uma versão em formato PDF que pode ser impressa e distribuída.
- colaborar com a inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais (NEE)
Computadores diferenciados
Oferecem apoio de cotovelos, teclado expandido, ajustes de altura e de profundidade e até um mouse adaptado. Preço variado.
Kit Saci I - grátis
Versão condensada de um leitor de tela. Pode ser usado por pessoas com deficiência visual, dislexia e outras necessidades especiais.
Eugénio - grátis
Em português de Portugal, é usado no aprendizado de escrita e leitura. Completa palavras do banco de dados, sem ter de digitar tudo.
NVDA - grátis
Indicado para portadores de deficiência visual, ele lê o que ocorre na tela durante a navegação com o mouse ou o teclado. Funciona com Windows.
Kit Saci II - grátis
Pacote de recursos para pessoas com deficiências motoras. Entre eles estão o Teclado Amigo, um editor de texto e uma calculadora.
Motrix - grátis
Permite que pessoas com tetraplegia e deficiências motoras severas utilizem comandos de voz para acionar funções de um computador com Windows.
Buscas na Internet
Quais as principais fontes de materiais digitais
Sites gratuitos e governamentais são os mais utilizados pelos docentes
- 32,5% Portal do MEC
- 60,7% Portal da Secretaria Municipal de Educação
- 34,5% Acervo da escola em que atua
- 80,7% Outros portais educativos gratuitos
- 21,5% Outros portais educativos pagos, com recursos próprios
- 6,8% Não costumam acessar materiais digitais
Fonte OEI
Três cuidados para separar o joio do trigo
Em geral, as sugestões de aula encontradas nas ferramentas de compartilhamento são postadas por professores e a responsabilidade pelo conteúdo é do próprio autor. Por isso, antes de se apropriar desses materiais, é importante analisar se:
- A concepção está de acordo com as diretrizes curriculares da escola em que você atua.
- O conteúdo a ser trabalhado integra o seu planejamento anual.
- O material atende às necessidades e às características de aprendizagem dos estudantes.
Onde buscar experiências e divulgar as suas
#formação
Eu fiz assim :)
Estudei e passei a cuidar do laboratório
"Tenho 62 anos e trabalho há 37 anos na mesma escola. Fui professora, coordenadora, diretora, bibliotecária e hoje sou dinamizadora do laboratório de informática. Sempre busquei formação e, em 2008, fiz o curso do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) para exercer minha função atual.Gosto muito de tecnologia e tive um dos primeiros computadores da cidade. Desde então, procurei usar a internet para realizar minhas pesquisas e planejar as aulas com ferramentas que fossem além do tradicional quadro. Hoje, trabalho em conjunto com os professores do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Temos apenas dez computadores, mas insisto para que todos aproveitem os recursos, mesmo que seja para trabalhos em grupo. Proponho atividades ligadas aos conteúdos das disciplinas. Para a professora de Educação Física, por exemplo, sugiro pesquisas sobre os esportes. No contraturno, atendo os alunos, tiro suas dúvidas e ajudo, especialmente, os que ainda não têm noções básicas de informática. Acredito que todos precisam acompanhar as inovações tecnológicas."
Eva Eny Junqueira, dinamizadora do laboratório de informática da EE Professor Esmeraldo Monteiro, em Trindade, região metropolitana de Goiânia.
SOS | Onde buscar ajuda
- Cursos gratuitos A Universidade Aberta do Brasil (UAB) oferece oportunidades de especialização a distância. O MEC também ministra cursos rápidos pelo ProInfo.
- Cursos pagos Diversas faculdades têm programas de informática na Educação, muitos deles na modalidade a distância. É o caso da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), uma das mais recomendadas pelos especialistas.
67% dos professores afirmam ter como principal fonte de apoio para o desenvolvimento de habilidades tecnológicas os contatos informais com outros educadores
74% dos que relatam ter feito algum curso específico para o desenvolvimento nessa área declaram ter custeado a formação com recursos próprios
Fonte cgi.br
Eu fiz assim :)
Prática melhor
"Tenho buscado qualificação contínua para utilizar as TIC em sala de aula. Inicialmente, fiz um curso pela Plataforma Freire e depois vários outros oferecidos pelos Núcleos de Tecnologia Educacional de Santa Catarina e de Florianópolis, ambos ligados ao ProInfo. Além disso, participo de eventos científicos nos quais há discussões sobre o tema. Uso esses aprendizados para ensinar e tento proporcionar aos meus alunos aquilo que também espero de meus professores: orientação segura e enriquecedora para que eles possam construir os próprios conhecimentos, de forma autônoma."
Márcia Szerszen de Souza, professora da EBM José do Valle Pereira, em Florianópolis.
#futuro
As habilidades do educador antenado (hoje e sempre)
- Trabalhar bem em equipe, tanto presencial como virtualmente.
- Privilegiar a sua cooperação com os alunos e também entre eles.
- Atingir os alunos de forma individualizada e fornecer feedback quando necessitam.
- Manter a preocupação com a qualidade do que faz, evoluindo sempre.
- Utilizar diversas linguagens para aprimorar o aprendizado, com e sem tecnologia.
- Posicionar-se como agente de transformação, mobilizando todos para objetivos comuns.
- Preparar os estudantes para que atuem de forma responsável na sociedade.
Consultoria Cesar Nunes, da Faculdade de Educação da USP, e Diane Mota Mello Freire, coordenadora do Programa de Tecnologia Educacional da Rede Municipal de Mogi das Cruzes
Computador, o melhor amigo do professor
A união entre o homem e a máquina na sala de aula deve evoluir para um modelo conhecido como blended learning. Em inglês, o verbo to blend significa misturar e a palavra learning, aprendizado. Na classe, esse formato une aulas presenciais a atividades online e já vem sendo utilizado por escolas norte-americanas. Há vários modelos possíveis nessa combinação de aprendizado. Um deles é o da Kipp Empower Academy, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
Neste link, a escola mostra como se preparou para atuar dessa maneira. Lá, as crianças são divididas em grupos (metade da sala fica com o professor enquanto a outra metade está nos computadores), o que colabora para que o contato do docente seja sempre com um grupo reduzido. Para acompanhar o debate de escolas públicas norte-americanas que estão incluindo essas práticas em seu dia a dia, acesse o blog.
Uma pergunta
O que este formato muda no trabalho do docente?
O blended learning permite a ele trabalhar com pequenos grupos de estudantes, tornando mais individualizada a interação com o aluno. A sua prática se intensifica como "professor tutor", criando situações de aprendizado que atendam a necessidade individual de cada estudante.
Thiago Feijão, presidente do QMágico.