Dramaturgia e memória
A produção de uma peça sobre o poeta e ator Mário Lago ensina a turma a interpretar e a cantar antigos sucessos
PorPaulo Araújo
31/03/2007
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Jornalismo
PorPaulo Araújo
31/03/2007
Cena final da peça: poesia e música em homenagem a Mário Lago.
Foto: arquivo pessoal
Apaixonada por teatro e literatura, a professora Maria Lúcia Peres, da EM Raymundo Corrêa, no Rio de Janeiro, levou seus alunos da 4a série para visitar uma exposição de fotos e vídeos sobre o século 19 no Instituto Moreira Salles. Lá, ela mostrou aos pequenos como eram a cidade e os personagens daquela época e encerrou a visita contando o enredo de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. "O aspecto misterioso da narrativa não saiu da cabeça da garotada durante várias semanas", conta Maria Lúcia. Na mesma época, a Secretaria Municipal de Educação propôs às escolas da rede a realização de um projeto de dramaturgia para resgatar a memória de artistas cariocas falecidos. Bingo! Essa era uma ótima chance de reviver a história do defunto que volta para contar a própria vida. Decidiram então fazer um musical com o mesmo argumento para retratar a trajetória do ator, poeta e ativista político Mário Lago (1911-2002). "Os alunos aprenderam ao longo de três meses a decorar textos, interpretar, coreografar, combinar figurinos e cenários e desenvolver um script", enumera Mirian Bittencourt, professora da 3a série convidada por Maria Lúcia a participar do projeto O Corpo Fala. A experiência, que envolveu também a disciplina de Língua Portuguesa, resultou num bonito espetáculo. P.A.
Sequência de atividades
1.PESQUISA E ADAPTAÇÃO
Produzir um musical exige organização. Ao montar um cronograma, o ideal é reservar, todos os dias, pelo menos 50 minutos para as atividades, que começam com as pesquisas. Divididos em grupos, os alunos do Rio buscaram em jornais, revistas e internet informações sobre Mário Lago e descobriram que o simpático ator de novelas era também compositor de canções famosas, como Amélia e Nada Além. Nas aulas de Língua Portuguesa, foram exploradas paródias e paráfrases na criação de músicas e poemas.
2. ELENCO E BUSCA DE REFERÊNCIAS
Para a escolha do elenco, que não deve privilegiar só os que têm mais facilidade, uma saída é promover audições em que os alunos façam leituras em voz alta, cantem e dancem para que todos possam avançar. O júri é formado pela própria garotada. Durante uma das reuniões do grupo, os alunos lembraram dos programas de entrevistas exibidos na TV e decidiram, junto com as professoras, montar o roteiro nesse formato. Todos assistiram a atrações do gênero na TV e, para enriquecer a parte musical, trechos de desenhos animados. Quatro estudantes que tocavam cavaquinho e pandeiro ficaram responsáveis pela trilha sonora.
3. CRIAÇÃO VISUAL E DE ROTEIRO
Quando a peça toma corpo, é hora de pensar nos cenários e figurinos. É tarefa dos estudantes trazer acessórios e adereços. Na Raymundo Corrêa, as professoras orientaram a escolha das roupas, da cortina e do sofá que compuseram a cena.Enquanto isso, Maria Lúcia escrevia o roteiro junto com as crianças, mostrando modelos para elas conhecerem as marcações de cena feitas pelo autor ou diretor.
4. APRESENTAÇÃO
A produção se completa com a exibição para a comunidade escolar e o público externo. Os 15 alunos subiram ao palco e Charles Alli, 10 anos, intérprete de Mário Lago, apareceu para conversar sobre sua vida com o entrevistador vivido por Igor Bial, 9 anos. Entre uma revelação e outra, a platéia se deliciou com as poesias e as canções mais conhecidas. Depois da estréia, as crianças experimentaram o que é uma turnê e levaram a peça para uma escola municipal e uma faculdade.
Quer saber mais?
CONTATO
EM Raymundo Corrêa, Est. do Monteiro, 1346, 23036-340, Rio de Janeiro, RJ, tel. (21) 3316-3197
EXCLUSIVO ON-LINE
Leia o texto da peça em www.novaescola.org.br
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