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Jornalismo

Como a nova geração se organiza politicamente?

Junho de 2013 e ocupações estudantis mostraram as novas formas de mobilização

PorHelena Singer

30/08/2019

Há alguns anos, um movimento silencioso espalhou-se por escolas e comunidades brasileiras: adolescentes começaram a debater a realidade política, econômica e social a partir de sua experiência, tomando coletivamente consciência a respeito de como a raça e o gênero atravessam um Brasil marcadamente desigual. Aos poucos, esses debates originaram coletivos feministas, LGBTs e antirracistas. 

Muitos participaram das manifestações de 2013 inicialmente contra o aumento das tarifas do transporte, depois, por uma multiplicidade de pautas. No ano seguinte, a reivindicação foi por serviços públicos nos mesmos padrões dos investimentos milionários para a Copa do Mundo. 

Em 2015, explodiu, literalmente, a ocupação das escolas. Começou em São Paulo contra a ameaça de fechamento de escolas e espalhou-se por todo o País. 

O que esses movimentos deixam claro é que a geração do século 21 não é desinteressada da política e está criando formas novas de reivindicar e se organizar. 

Agora, começamos a ver iniciativas de jovens que se formaram nesse contexto, cujo compromisso com a formação política da juventude e a reinvenção dos modos de fazer política se mantêm. 

Nas periferias, jovens organizam rodas de conversa dentro e fora da escola. Cresce o movimento dos slams – batalhas de poesias que tematizam a realidade vivida pelos jovens. Debates públicos, encontros de hip hop, criação de veículos de mídia alternativa são as ferramentas para engajar mais jovens na política. Nos contextos não urbanos ou das cidades pequenas, também são múltiplas as formas de organização. 

As escolas que reconhecem a potência desse movimento fortalecem essas ações, incorporando tais iniciativas em seu espaço, cotidiano e currículo. Quando os estudantes se engajam nessa nova forma de fazer política, que dialoga diretamente com sua experiência e promove sua capacidade de transformação, também se engajam mais com a escola, reconhecendo nela um espaço de acolhimento de suas indagações, apoio a suas iniciativas e alicerce da sua formação como cidadãos.  


Helena Singer é doutora em Sociologia e líder da Estratégia de Juventude para a América Latina na Ashoka. Foi assessora especial do MEC

FOTO: Tomás Arthuzzi/NOVA ESCOLA

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