O que fazer com um microscópio de 40 reais?

Apelidado pelo cientista Galileu Galilei de “pequeno olho” e desenvolvido por volta do século 17, o microscópio ainda é raridade nas escolas brasileiras: 70% dos alunos estudam em escolas que não possuem laboratórios de ciência, segundo o Censo Escolar. Diante dos desafios, um microscópio de baixo custo (R$ 40), feito de papel e cujas lâminas são reutilizáveis, pode ajudar as escolas a cumprir o que pede a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e desenvolver nas crianças e adolescentes o interesse, o gosto e a curiosidade pela ciência. Desenvolvido pela Universidade Stanford, o Foldscope foi inicialmente pensado para aplicações na saúde, como analisar amostras de água para saber se estão contaminadas, por exemplo. Com a ajuda do celular ou do tablet, é possível também fotografar, filmar ou mesmo projetar os objetos ou substâncias analisados. No entanto, quando a brasileira radicada nos EUA e CEO da startup WeCap Tech Cintia Capasso deu de cara com o aparelho no ano passado, imediatamente imaginou as possibilidades de uso no ambiente escolar. Além do lançamento no Brasil, previsto para junho deste ano, a startup desenvolverá material de apoio para o professor. “Pelo custo e por ser um material portátil, a criança pode levar para casa e continuar pesquisando com autonomia”, conta Cintia, que passou a analisar o mundo microscópico mais de perto ao lado dos três filhos. “Queremos que a ciência seja algo divertido”, conta ela.

COMO FUNCIONA O FOLDSCOPE

Aparelho é feito de papel e pode ser potencializado com a ajuda do celular

Monte o aparelho
Desenvolvido por Manu Prakash e Jim Cybulsk, é feito de papel e dotado de lente cuja capacidade óptica é semelhante aos microscópios comuns. Sua montagem leva 15 minutos.

Prepare as lâminas
As lâminas são usadas para segurar a amostra que se deseja analisar. As amostras são fixadas ou “montadas”, e então a lâmina é inserida no Foldscope para visualização.

Explore com o celular
Para visualizar, aproxime a lente dos olhos e segure o microscópio contra uma fonte de luz. As amostras podem também ser vistas através da câmera do celular, permitindo tirar fotos e vídeos de suas observações.

Ilustrações: Rodrigo Damati