Aula de sabor
Merendeiras ajudam a fazer das refeições um momento importante para o aprendizado
31/08/2008
Compartilhe:
Jornalismo
31/08/2008
São 8 horas da manhã e já é possível sentir o aroma de alho e cebola fritos nas duas cozinhas da CMEI Alfredo Volpi, em Guarulhos, na Grande São Paulo. O cheiro inconfundível de comida caseira - embora feita em padrões industriais para atender quase 600 crianças de até 7 anos - espalha-se pelo ar nos dois refeitórios e permanece ao longo do dia, já que são preparadas seis refeições.
Mas tão valioso quanto a quantidade e a qualidade da comida é o tratamento que a hora da merenda recebe na escola. Mais que encher barriga, ela é uma oportunidade para os pequenos aprenderem a se servir, usar os talheres, criar hábitos saudáveis, evitar desperdício e se socializar.
"A preocupação com o desenvolvimento das crianças deve ser total, desde o preparo até o fim da refeição", diz a diretora, Elisângela de Moraes. Por isso, na Alfredo Volpi todos os funcionários precisam estar envolvidos, principalmente as merendeiras: entre o trabalho de picar carnes, legumes e verduras frescas, mexer as panelas, com volume aproximado de 40 litros, e manter tudo limpo e organizado, elas participam ativamente do que ocorre fora da cozinha.
Um balcão self-service para os maiores de 4 anos, implantado em 2007, contribui bastante com essa proposta de envolvimento coletivo. Antes dele, as merendeiras montavam o prato dos pequenos, um por um. Com a instalação da pista de alimentação, elas e as professoras ensinam a garotada a colocar nos pratos de vidro a quantidade que realmente vai comer, sem derrubar nada no chão. Isso é autonomia, uma conquista e tanto. Algumas docentes ainda resistem a tanta liberdade. "Eles enchem o prato e não comem", afirma uma delas, que sempre que pode serve as crianças antes mesmo que encostem no balcão e vejam as opções oferecidas. Bartira Ferreira, cozinheira há 14 Anos, luta parar corrigir a falha. "Já disse para ela que assim ninguém vai aprender."
Enquanto a turma devora porções de arroz, purê de batata, cubos de frango e salada, as merendeiras aproveitam para conferir se todas pegam as opções oferecidas (se não, incentivam a experimentar) e, claro, se estão gostando da comida. "Só de olhar a carinha deles, já sei se aprovaram ou não. Se alguém se inclina para olhar o balcão e sai com o prato vazio, alguma coisa está errada", reconhece Bartira.
A turma da creche recebe mais cuidados ainda. As merendeiras acompanham o desenvolvimento dos baixinhos bem de perto. "Alguns chegam aqui com 2 anos e mal sabem mastigar. Preparo sopas ou amasso os ingredientes até que se acostumem", conta Sônia Pinheiro, merendeira que sabe o nome de todos de cor.
De tempos em tempos, as merendeiras fazem cursos de capacitação com temas como relacionamento com as crianças e elaboração de receitas. A participação efetiva comprova que a gestão da escola prioriza a equipe colaborativa. O resultado aparece nas garfadas autônomas e nos pratos limpos que as crianças devolvem, satisfeitas, na porta da cozinha.
Quer saber mais?
CONTATO
CMEI Alfredo Volpi, R. Romelândia, s/nº, 07123-290, Guarulhos, SP, tel. (11) 6456-9028
Últimas notícias