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Jornalismo

Quais são os vírus que mais matam no mundo atualmente?

Doenças

PorEliza Kobayashi

23/07/2009

Epidemia da gripe H1N1 levou passageiros e funcionários de companhias aéreas a usar máscaras de proteção. Foto: Valter Campanato/ABr
Epidemia da gripe H1N1 fez com que passageiros 
e funcionários de companhias usassem máscaras 
de proteção. Foto: Valter Campanato/ABr 

Vírus são parasitas que infectam células de seres vivos e se utilizam de seu maquinário para obter energia e se multiplicar. Alguns cientistas os classificam como a menor partícula viva, por serem constituídos de um único DNA ou RNA, mas outros não os consideram como seres vivos. Uma vez que invadem o hospedeiro, eles somente começam a provocar doenças a partir do momento em que iniciam sua reprodução. Enquanto não se multiplicam, não apresentam qualquer atividade vital: não crescem, não fabricam substâncias e não reagem a estímulos. Fora da célula hospedeira, porém, eles sobrevivem por muitas poucas horas ou não sobrevivem - diferentemente de outros microorganismos patogênicos, como bactérias, fungos e protozoários, que podem viver e se multiplicar de modo independente. Os vírus são responsáveis por causar diversas doenças em homens e animais, algumas mais leves, outras mais graves. "É um pouco difícil, entretanto, conseguir dados sobre as mortes causadas por vírus, porque elas não são divulgadas por agente, mas sim por doença", afirma Thaís Guimarães, médica infectologista e coordenadora de divulgação da Sociedade Brasileira de Infectologia. "Mas sabemos de algumas doenças virais muito presentes que podem levar à morte quando não tratadas, como os vírus da Aids, da hepatite C, da dengue e também a influenza".

No caso do HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), causador da Aids, do HCV (Vírus da Hepatite C) e da influenza, não são propriamente os vírus que matam. "As mortes são em decorrência das complicações que eles trazem", explica Thaís. O vírus da Aids ataca as células do sistema imunológico, deixando o organismo desprotegido e vulnerável às chamadas doenças oportunistas. "Já a hepatite C provoca infecção no fígado e, quando não tratada, pode evoluir para um câncer nesse órgão", diz a médica. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2007, cerca de 2 milhões de pessoas morreram por causa do vírus da Aids, e estima-se que 170 milhões de pessoas estejam infectadas com o HCV. "As mortes por dengue, por sua vez, são causadas pelo próprio vírus, por complicações hemorrágicas". A OMS calcula que cerca de 500 mil pessoas são hospitalizadas todos os anos por dengue hemorrágica, das quais 2,5% morrem. "O vírus influenza é alguma das doenças virais que se tem no mundo inteiro, e por essa razão também tem um número elevado de mortes, principalmente no inverno", afirma a médica. Segundo o organismo internacional, cerca de 250 mil a 500 mil pessoas morrem ao ano por complicações, como a pneumonia, provocadas pela gripe sazonal.

O professor e infectologista Alexandre Piva Sobrinho, do curso de Medicina da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) ressalta, entretanto, que o fato de uma pessoa ser infectada por um vírus como o da gripe, por exemplo, não significa necessariamente que ele provocará sua morte. "Não depende só do vírus. Depende muito das condições de cada população e da imunidade de cada pessoa", afirma. "Por exemplo, em uma população subnutrida da África, o índice de mortalidade de um vírus para o qual ela não tem defesa seria muito maior do que em uma população européia, que se alimenta melhor". Ele também chama atenção para os vírus novos que podem provocar epidemias e gerar grande preocupação no mundo, como aconteceu recentemente com a gripe aviária, que apesar de ter se concentrado na Ásia, teve um índice de 61% de mortes na região entre 2003 e 2007. "Ele tem potencial epidêmico elevado porque não temos imunidade contra ele e por ser de transmissão fácil, pelas vias respiratórias", diz Alexandre. A influenza A ou gripe suína, causada pelo vírus H1N1, também tem sido motivo de grande preocupação no mundo nos últimos meses, por ser um vírus novo. "Mas continua com um índice de mortalidade relativamente baixo", avalia o professor.

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