Como funcionam os carros elétricos?
Energia e combustíveis
PorPaula Sato
18/05/2005
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Jornalismo
PorPaula Sato
18/05/2005
Quem gosta de carros sabe que os automóveis elétricos são o hit do momento - no último ano, as grandes novidades de todas as feiras do automóvel foram carros do gênero. Os veículos "verdes" começaram a ser produzidos em 1997 no Japão e podem ser de dois tipos: movidos exclusivamente por eletricidade ou por sistemas híbridos, que misturam combustíveis tradicionais e eletricidade. Quase todos os modelos de automóveis elétricos à venda são híbridos, já que esse tipo de sistema tem preço e tecnologias acessíveis, ao mesmo tempo em que permite uma economia de combustível de até 50%. O sucesso desses modelos é tanto que no mês de janeiro de 2009, o híbrido Honda Insight foi o carro mais vendido do Japão.
Os veículos híbridos funcionam com um motor de combustão convencional, alimentado por gasolina, mas que não serve para movimentar o veículo, apenas para carregar a bateria elétrica. Essa bateria também pode ser carregada de duas formas, sendo ligada diretamente na tomada ou se aproveitando da chamada frenagem regenerativa. Esse sistema entra em ação quando o veículo é freado, transformando a energia cinética em eletricidade, que vai direto para a bateria.
Uma das principais vantagens dos automóveis elétricos é a redução da emissão de gás carbônico, um dos responsáveis pelo aquecimento global. É o que explica José Roberto Augusto de Campos, coordenador da Divisão de Motores e Veículos do Instituto Mauá de Tecnologia. "Os carros tradicionais emitem CO2, gás que não é tóxico mas provoca o efeito estufa. Já um veículo unicamente elétrico não polui". Outro ponto positivo é que há menos desperdício de energia. "Um motor de combustão é muito pouco eficiente, apenas 30% do combustível é realmente utilizado, o resto é jogado fora em forma de calor. Já em carro elétrico aproveita de 90 a 95% da energia", afirma Egomar Locatelli, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Caxias do Sul.
Mas é claro que o carro elétrico não é só vantagens. Uma das primeiras barreiras para que ele se torne acessível a toda a população é o preço. Apesar do carro híbrido mais barato dos Estados Unidos custar 20 mil dólares, um automóvel inteiramente elétrico ainda é muito caro. "Para ter autonomia, um carro precisa de uma bateria muito eficiente. Atualmente, a melhor opção é a de íons de lítio, só que ela é muito cara", diz José Roberto Campos. Além disso, o lítio não é um bem renovável e não existem grandes reservas do mineral, que pode ser esgotar em pouco tempo. Ou seja, para que se produzissem carros 100% elétricos em larga escala seria necessário encontrar uma alternativa a esse tipo de bateria. Outro problema é a de geração de energia. Para que toda a frota de carros convencionais fosse trocada por automóveis elétricos, seria necessário produzir muito mais energia do que está disponível hoje. E para que a troca seja positiva para o meio ambiente, é necessário que essa energia seja de alguma fonte limpa. "Não compensa construir mais termoelétricas para suprir a demanda dos carros, já que esse tipo de usina produz muito CO2. Outra opção seria a energia atômica, que não tem problema de emissão de gases, mas produz lixo atômico. Já as hidrelétricas também não têm emissões de CO2, mas nos primeiros anos produzem metano, que é pior do que o gás carbônico. O interessante é que a energia seja eólica ou de placas solares", afirma José Roberto.
Hoje, todas as grandes montadoras do mundo já têm seus carros híbridos ou desenvolvem protótipos desse tipo de automóvel. Mesmo assim, ainda não há previsão para que os veículos elétricos cheguem ao Brasil. "Além da falta de investimentos, ainda há o problema da legislação. Mesmo se você importasse um carro híbrido dos Estados Unidos, não teria como emplacar ou pagar os impostos por ele", explica Egomar Locatelli. O professor também lembra que para que os carros elétricos invadam o mercado é preciso vencer a barreira imposta pela indústria do petróleo. "Na década de 1990, houve um movimento pelos carros elétricos, mas logo eles foram descartados. A indústria do petróleo ainda é muito forte", conclui.
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