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Jornalismo

 

Clássico do Mês

Por uma escola que ensine a pensar
Logo no título do livro nos deparamos com dois termos comuns entre educadores: "construir" e "competências". Mais do que palavras recorrentes, e algumas vezes mal empregadas nas discussões entre profissionais da área, ambas são conceitos fundamentais à concepção de Educação que o sociólogo suíço Philippe Perrenoud propõe. O autor define competência como a capacidade de mobilizar conhecimentos pertinentes para enfrentar uma situação concreta da melhor maneira possível. O exemplo da Língua Estrangeira é esclarecedor. Na escola, gasta-se tempo estudando listas de vocabulário, conjugações verbais e traduções. "Entretanto, o que resta desses esforços quando um turista perdido interpela-nos ou quando estamos em outro país?" Ser competente no uso da língua, diz Perrenoud, consiste em recorrer ao léxico e à sintaxe de forma correta e em tempo real de modo a solucionar o desafio - no caso, comunicar-se em outro idioma.

 

Para o autor, as competências não devem ser vistas como apenas mais um item do currículo. Por serem uma espécie de ponte entre a teoria e a prática, elas estão na essência do trabalho pedagógico. Referem-se a um fazer que orquestra conjuntos de esquemas cognitivos que se utilizam de ligações de pensamento com o mundo, as mobilizam e as colocam em relação de maneira integrada.

Agir em uma sociedade mutante e complexa é, antes, entender, antecipar, avaliar, enfrentar a realidade com ferramentas intelectuais.

Isso vale para os estudantes e também para quem ensina. Como formadora de professores, afirmo que é necessário haver espaço para cada docente analisar seus conhecimentos teóricos e metodológicos como recursos mobilizáveis para a resolução de problemas cotidianos. Por essa razão, a principal lição que tiro da leitura é que, para a orientação explícita no título se concretizar, é fundamental transformar o ensino, o papel e a atuação do professor.

CINTIA FONDORA SIMÃO, é formadora de professores e assessora pedagógica.

Construir as Competências desde a Escola, Phillipe Perrenoud, 96 págs., Ed. Penso, tel. 0800-703-3444, 58 reais.


Formação

 

 

O livro sugere atividades de musicalização para crianças da Educação Infantil e de séries iniciais do Fundamental. Um CD com canções para ser trabalhadas em sala e um encarte sobre como confeccionar instrumentos musicais acompanham a obra.

Canta, Canta Minha Gente: A Música no Cotidiano da Escola, Ana Maria Paes Leme Carrijo Abrahão, 128 págs., Ed. Mercado de Letras, tel. (19) 3241-7514, 46 reais

 

 Com o objetivo de divulgar as experiências desenvolvidas no programa Oficinas do Esporte, do Instituto Esporte & Educação, o livro traz sugestões de jogos para crianças de 3 a 10 anos. O guia está estruturado em itens que tratam de princípios, objetivos, orientações didáticas, estrutura das aulas, materiais e referências. Também indica como avaliar o desempenho dos pequenos.

Guia da Prática Pedagógica: Oficinas do Esporte, Ana Moser e Fabio Luiz D'Ângelo (orgs.), 116 págs., Ed. Mediação, tel. (51) 3330-8105, 60 reais


Infantojuvenis

Manhã era uma garota pobre, que estava na 4ª série. Um dia o professor Marcão, amado pela turma, lhe deu um vestido cor de esmeralda. E ela ganhou da merendeira um bonito penteado. Esses atos mudaram não só a vida dela mas de todo o seu entorno.

Amanhecer Esmeralda, Ferréz, 48 págs., Ed. DSOP, tel. (11) 3177-7800, 17,45 reais

Essa cidade sempre foi divertida. Tem até uma estátua que fica com as bochechas rosadas quando olham para ela. Um dia chega a guerra para acabar com essa graça. A cidade cria planos mirabolantes para combatê-la.

A Cidade Que Derrotou a Guerra, Antonis Papatheodoulou e Myrto Delivoria, 40 págs., Ed. Companhia das Letrinhas, tel. (11) 3707-3500, 33 reais

A literatura clássica pode ser contada de várias formas, inclusive em quadrinhos. Essa é a proposta da obra, que traz 12 histórias - como O Corvo, de Edgar Allan Poe (1809-1849), ilustrada por Luciano Irrthum - e excertos de outras seis.

Clássicos em HQ, Renata Farhat Borges (org.), 255 págs., Ed. Peirópolis, tel. (11) 3816-0699, grátis via editora ou em abr.ai/classicos-hq


Outras Indicações

Walter Mitty é o chefe do departamento de negativos da revista Life e foge da apatia de sua vida voando nas imagens que revela. Quando perde o negativo da foto feita por seu ídolo, o genial Sean O'Conell, ele embarca em uma viagem de tons ousados.

A Vida Secreta de Walter Mitty, Ben Stiller, 114 min., atendimento_foxsony@foxsphe.com, 39,90 reais

O diretor de cinema David Cronenberg faz sua primeira incursão na literatura. Neste livro, narra a história de um casal de jornalistas sensacionalistas que investiga dois casos sombrios. O que eles não sabem é que estão se enredando numa mesma e perigosa teia.

Consumidos, David Cronenberg, 304 págs., Ed. Alfaguara, tel. (21) 2199-7824, 39,90 reais


Entrevista

Uma Educação pública de qualidade é o que todos querem para o Brasil. Será que já existem iniciativas de sucesso acontecendo no país? Desse questionamento nasceu o Educação.doc, série de documentários do diretor Luiz Bolognesi com experiências que valem a pena conhecer.

O que marcou você nas gravações?

Ver como cada escola usa uma estratégia diferente, mas todas têm espírito de time. Elas são criativas e de qualidade. Os docentes sabem dizer o porquê de tudo.

Como escolheram as experiências mostradas?

Queríamos escolas de qualidade em áreas de IDH baixo. Pegamos dados do Ideb e referências das secretarias e do terceiro setor. Chegamos a 300 escolas, analisamos a relação delas com a comunidade e elegemos oito.

Qual é a sua relação com a escola pública?
Fui alfabetizado na rede pública. Mais tarde, lecionei numa escola multisseriada na zona rural da Bahia. Mudei para lá assim que me formei em Comunicação Social. Chegando, encontrei a escola fechada sem professor e me candidatei. Eram 60 alunos entre 6 e 14 anos. Nada chegava até lá, mas eu levava o que sabia. Foi muito enriquecedor.

Educação.doc, Luiz Bolognesi e Laís Bodanzky, 123 min., Buriti Fimes, tel. (11) 3624-0794, grátis em abr.ai/educacao-doc

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