Valorizar a cultura A festa junina carrega influências variadas, de povos europeus à tradição indígena (que usava alimentos como o milho e o amendoim em rituais). Esse rico incentivo para valorizar a cultura local e nacional deve estar previsto na preparação do evento. "Para isso, o planejamento precisa descrever quais conhecimentos serão aprofundados", diz Flávia Vivaldi, mestre em Psicologia Moral e formadora de professores. Na Escola Semente, em Maceió, os docentes enfocaram a história das danças típicas. "As quadrilhas surgiram na França, mas o coco de roda é daqui", exemplifica a coordenadora Eveline Louveira. |
Arrecadar fundos Aumentar o caixa escolar não deve ser o principal intuito do evento. Ao contrário: lançar mão de iniciativas que priorizam o consumo, como cobrar entrada, vender doces e ter fichas pagas para as brincadeiras, pode até afugentar pais e alunos. A decisão de arrecadar dinheiro só é válida se for para algo muito pontual e quando o destino da coleta é comunicado com antecedência. Prestar contas à comunidade também é fundamental. Outra opção é a colaboração coletiva. ?Nossa festa é basicamente um grande lanche, em que os participantes trazem comidas típicas, como milho assado, canjica e pamonha?, conta Eveline. |
Integrar escola e famílias O arraial pode ser uma forma de confraternizar com as famílias dos alunos, fortalecendo vínculos. Para envolvê-las, o ideal é convidá-las a fazer parte da comissão da festa e a organizar atividades durante o evento, como realizar uma oficina de pratos regionais ou uma roda de viola com canções da tradição local. Assim, elas se sentem prestigiadas e também contribuem para ampliar o capital cultural dos estudantes. Vale ressaltar que esses encontros não substituem outros momentos importantes de interação com esse público, como a reunião de pais, em que eles acompanham o processo de aprendizagem dos filhos em um outro contexto. |
Exaltar uma religião Não à toa o arraial é conhecido como São João, sobretudo no Nordeste. Juntamente com São Pedro e Santo Antônio, ele é padroeiro das festas juninas. Mas é preciso tomar cuidado para não fazer apologia do catolicismo. A Constituição determina que nosso Estado é laico, portanto a liberdade e a pluralidade de crenças devem ser respeitadas. O que está em jogo é a conotação cultural da festividade, ou seja, de que forma ela reflete as práticas e a formação do caipira e do sujeito brasileiros. |