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Jornalismo

Para que organizar festa junina na escola

Comer pé de moleque, brincar de pescaria e dançar quadrilha ao som de música caipira. Fazer um arraial pode ser muito divertido, mas será que justifica o esforço de montar uma festa? Veja quando o evento é válido – ou nem tanto – na escola

PorFernanda SallaPatrick Cassimiroleonardo de sá

09/05/2016

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Valorizar a cultura

A festa junina carrega influências variadas, de povos europeus à tradição indígena (que usava alimentos como o milho e o amendoim em rituais). Esse rico incentivo para valorizar a cultura local e nacional deve estar previsto na preparação do evento. "Para isso, o planejamento precisa descrever quais conhecimentos serão aprofundados", diz Flávia Vivaldi, mestre em Psicologia Moral e formadora de professores. Na Escola Semente, em Maceió, os docentes enfocaram a história das danças típicas. "As quadrilhas surgiram na França, mas o coco de roda é daqui", exemplifica a coordenadora Eveline Louveira.

Arrecadar fundos

Aumentar o caixa escolar não deve ser o principal intuito do evento. Ao contrário: lançar mão de iniciativas que priorizam o consumo, como cobrar entrada, vender doces e ter fichas pagas para as brincadeiras, pode até afugentar pais e alunos. A decisão de arrecadar dinheiro só é válida se for para algo muito pontual e quando o destino da coleta é comunicado com antecedência. Prestar contas à comunidade também é fundamental. Outra opção é a colaboração coletiva. ?Nossa festa é basicamente um grande lanche, em que os participantes trazem comidas típicas, como milho assado, canjica e pamonha?, conta Eveline.

Integrar escola e famílias

O arraial pode ser uma forma de confraternizar com as famílias dos alunos, fortalecendo vínculos. Para envolvê-las, o ideal é convidá-las a fazer parte da comissão da festa e a organizar atividades durante o evento, como realizar uma oficina de pratos regionais ou uma roda de viola com canções da tradição local. Assim, elas se sentem prestigiadas e também contribuem para ampliar o capital cultural dos estudantes. Vale ressaltar que esses encontros não substituem outros momentos importantes de interação com esse público, como a reunião de pais, em que eles acompanham o processo de aprendizagem dos filhos em um outro contexto.

Exaltar uma religião 

Não à toa o arraial é conhecido como São João, sobretudo no Nordeste. Juntamente com São Pedro e Santo Antônio, ele é padroeiro das festas juninas. Mas é preciso tomar cuidado para não fazer apologia do catolicismo. A Constituição determina que nosso Estado é laico, portanto a liberdade e a pluralidade de crenças devem ser respeitadas. O que está em jogo é a conotação cultural da festividade, ou seja, de que forma ela reflete as práticas e a formação do caipira e do sujeito brasileiros.

 

Nunca faça festas que:

  • Prejudiquem o aprendizado dos alunos, usando o horário das aulas para que professores se ocupem da organização do evento.

  • Obriguem estudantes, educadores ou pais a se fantasiar. A escolha deve ser livre.

  • Promovam a arrecadação de prendas como moeda de troca para folgas não previstas no calendário escolar.

  • Mascarem atividades tarefeiras como se fossem aprendizados curriculares, como pedir aos alunos que cortem bandeirinhas nas aulas de Arte.


Ilustração: Max Duarte

 

 
 
 
 

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