MEMORIAS LITERÁRIAS CONSTRUINDO O FUTURO
Porprofessor
02/09/2017
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Jornalismo
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02/09/2017
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9º
2º BIMESTRE EJA
Este plano de aula está ligado à seguinte reportagem de VEJA:
Introdução
O passado pessoal e coletivo, com suas histórias, memórias, acontecimentos e particularidades, sempre foi uma fonte muito importante para produção literária. Contar a própria história ou fazer dela base para construção de uma obra ficcional é um exercício literário realizado por muitos autores. A narrativa do passado, seja de forma realista ou saudosista, psicológica ou sociológica, serve de excelente fonte para a leitura e produção de textos.
Autores de várias épocas e estilos criaram obras memorialistas. Muitas delas se tornaram clássicas, e a diversidade narrativa prova que narrar os fatos do passado pode ser bastante estimulante. A literatura de viagens, por suas características próprias, sempre foi uma referência no gênero memorialista. Obras que relatam as aventuras e desventuras de personagens como os exploradores do início da colonização, como Cabeza de Vaca e Hans Staden, as viagens de Marco Polo, ou mais recentemente, as memórias de antropólogos, arqueólogos e exploradores, seduziram leitores de várias partes do mundo.
A literatura também utiliza a memória como inspiração. No Brasil, autores de várias épocas produziram obras marcadas pelo memorialismo. Taunay, Casimiro de Abreu, Cora Coralina, Pedro Nava, Rubem Braga, Graciliano Ramos, Lima Barreto, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e José Lins do Rego são alguns nomes que produziram literatura sob o signo da memória.
Comece a aula falando sobre o gênero memorialístico na literatura. Mostre aos alunos que vários autores produziram obras com o intuito de preservar memórias de fatos marcantes de suas vidas, dando vida a obras literárias de grande importância.
Mostre aos alunos os vários tipos de textos literários que podem se enquadrar no memorialismo: autobiografia, cuja característica principal é a narrativa pessoal da própria história; correspondências, que por sua forma pessoal e privada, acabam expondo detalhes e lembranças das vidas dos missivistas; crônicas, em que os autores fazem uso de acontecimentos cotidianos como inspiração; diários, por si só destinados a preservar s memórias de quem escreve; lendas, que são histórias contadas de geração a geração, muitas vezes baseadas em nossa memória ancestral; genealogia, que narra a história das famílias e poesia lírica que, por sua característica sentimental, é um gênero que muitas vezes mistura recordações, nostalgia e memórias da vida do autor.
Ressalte que em qualquer texto memorialístico, as características principais são: sequência narrativa (o autor conta uma história, a sua própria ou a de outrem, em ordem direta ou indireta); confessionalismo (o tom de exposição da própria vida, como uma forma de redimir ou explicar o passado); subjetivismo (o autor expõe sua visão absolutamente pessoal dos fatos, por vezes trazendo um aspecto psicológico para a narrativa).
Explique as características da crônica e diga aos alunos que objetivo desta sequência é a produção de crônicas e poesias a partir de suas próprias memórias ou da sua memória familiar.
Utilize o texto de Lya Luft (VEJA, 22 de maio de 2013) como ponto de partida para estimular os alunos a produzir textos narrativos a partir de suas memórias individuais e familiares. Peça que leiam e que observem o tom memorialístico, especialmente no trecho em que a autora cita sua relação com a mãe em tom saudoso e alegre, ainda que nostálgico.
Ao final da aula, peça para os alunos pesquisarem a história de suas famílias. Oriente-os a perguntar aos pais e outros familiares sobre fatos marcantes da história familiar (pais, tios, avós e bisavós). Datas e locais de nascimentos e falecimentos, origens, ocupação, formação, além de acontecimentos marcantes como viagens, participação em momentos históricos, ou até mesmo histórias peculiares, trágicas ou engraçadas, podem ser anotadas. Deixe claro, entretanto, que o objetivo é apenas recolher os dados, pois a produção será feita nas aulas seguintes.
Distribua aos alunos cópias do poema "Vintém de cobre", de Cora Coralina, e oriente a leitura, pedindo que observem o tom confessional, autobiográfico, nostálgico e subjetivo presente no poema.
Vintém de cobre (freudiana) |
Observe também que um texto memorialístico literário é marcado por sua capacidade de fazer uma análise contextual do tempo a que se refere a partir de uma memória pessoal, aparentemente sem grande relevância. A poetisa Cora Coralina consagrou-se por sua poesia ter se tornado uma espécie de "guardiã" de um passado remoto, tornando-o perene e atemporal.
Outro autor que pode servir de parâmetro para uma compreensão mais aprofundada do memorialismo é o mineiro Pedro Nava. Toda sua obra está baseada em aspectos memorialísticos bastante pessoais. Ao narrar sua história e de sua própria família, ele analisa aspectos determinantes da passagem do século 19 o século 20. Em muitos aspectos, Nava teve sua obra comparada com a de Marcel Proust, autor do clássico da literatura moderna "Em busca do tempo perdido", cujos sete volumes têm como centro a questão da memória pessoal enquanto um processo de compreensão da passagem do tempo.
Selecione um trecho da obra "Baú de ossos" de Pedro Nava e leia para a turma, procurando enfatizar o aspecto memorialístico contrapondo-se a um contexto histórico e social.
Após a leitura, selecione alguns alunos e peça que contem quais as histórias que encontraram. Estimule a turma a refletir sobre como as memórias familiares são parte da formação individual de cada um de nós. Temos em nós características de nossos ancestrais, mesmo os mais antigos? De que forma a definição da família como um núcleo social identificado por suas características é fruto dessa ancestralidade? Qual o papel da tradição na formação de nosso caráter? Essas reflexões poderão direcionar a produção dos textos, ao final da sequência.
Distribua à turma cópias de "Profundamente", de Manual Bandeira. Evidencie a presença da nostalgia quase trágica no poema, que fala da perda da inocência e da orfandade do poeta, ao retratar metaforicamente seus familiares (e suas memórias de tempos felizes da infância) dormindo profundamente - ou seja, os mortos, vivem apenas na memória, destacada no poema. É interessante fazer uma comparação com o poema "Vintém de cobre", de Cora Coralina, que tem um tom de nostalgia parecido com o de Bandeira.
Profundamente |
Finalize propondo uma atividade de produção de textos. A ideia é que, a partir dos modelos literários analisados, os alunos produzam individualmente, na forma de crônica, poema ou uma narrativa semificcional, narrativas que tratem de histórias sobre sua própria família ou memórias pessoais.
Alguns assuntos que podem render boas narrativas: o modo como os pais se conheceram e se casaram; a história de algum familiar que tenha imigrado; a participação de familiar em algum acontecimento histórico marcante; o estabelecimento da família em outra bairro, cidade ou país; algum familiar que tenha se destacado em alguma atividade. Mesmo uma memória pessoal marcante pode render um bom texto. Deixe-os livres para optar pela forma, que pode ser prosa ou poesia. O texto pode ser iniciado na sala de aula e finalizado em casa. Ao final do trabalho, digite os textos, monte um painel com as memórias e histórias descritas e exponha para o restante da escola.
Como encerramento, indique aos alunos a leitura de uma obra memorialística. Algumas sugestões: o livro "Poemas dos becos de Goiás e estórias mais", de Cora Coralina; "Baú de ossos", de Pedro Nava; "Memórias do cárcere", de Graciliano Ramos; "Verdade tropical", de Caetano Veloso; "O primeiro terço", do escritor americano Neal Cassidy.
Avaliar se seus alunos foram capazes de compreender a importância do gênero memorialístico para a literatura; e também se conseguiram produzir narrativas coerentes e coesas, a partir das memórias de sua família. Procurar valorizar as histórias narradas, mas avaliando os aspectos criativos e formais da construção dos textos. Também se os alunos conseguiram distinguir os diferentes gêneros literários memorialísticos. Esses métodos serão usados no momento da exposição da narrativa: Depois da entrega do trabalho: "Memórias literarias construindo o futuro" os alunos farão uma breve exposição para outras turmas, deixando essa narrativa para o arquivo da escola com o intuito de coloborar com a futura história da escola.
Flexibilidade que usarei será encima do conhecimento que tenho dos alunos desta escola. Pois os mesmos foram desprovidos de uma educação qualitativa e quantitativa no transcurso de sua vida escolar, a falta de professores qualificados, estrutura física da escola, merenda escolar e orientação pedagógica, área indígena e de dificil acesso,tudo isso e muito mais, contribuiram para esta deficiência intelectual privando os mesmos de acompanhar a aceleração da educação atual.
Intelectual
Créditos: André Rosa Formação: Professor de Literatura e Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), PR
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