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Jornalismo

Richard Dawkins, biólogo evolucionista que criou o termo em 1976, explica a origem do conceito e fala sobre seu uso no meio digital

Crédito: Shutterstock

Seus alunos devem mostrar novidades da internet praticamente todos os dias. “Prof, esse vestido é azul ou branco?”, “você já viu o último vídeo de gatinhos que tá bombando na internet?” e segue o desfile de imagens, frases, gifs, vídeos ou qualquer outra forma de conteúdo que viraliza pelas redes sociais, sites, emails e aplicativos de mensagem. São os famosos memes da internet.

Mas você sabia que o criador do termo é um biólogo que não estava nem aí para a cultura digital? O renomado (e polêmico) biólogo britânico Richard Dawkins, um dos principais cientistas que estuda a evolução das espécies, esteve na Editora Abril na semana passada para uma palestra e explicou a origem do conceito, cunhado em seu best-seller O gene egoísta, de 1976. Naquela época a internet sequer existia!

O livro O gene egoísta popularizou a ideia de que a seleção natural acontece a partir dos genes. Eles “buscam” a sobrevivência, por meio de corpos capazes de sobreviver e de se reproduzir (para replicar os genes). O biólogo contou que queria terminar o livro com a proposta de que a cultura também se espalha como os genes. O meme é o equivalente cultural do gene, a unidade básica de transmissão cultural, que se dá por meio da imitação.

“Mimeme” provém de uma raiz grega adequada [mimesis, ou seja, imitação] , mas quero um monossílabo que soe um pouco como “gene”. Espero que meus amigos helenistas me perdoem se eu abreviar mimeme para meme. (Richard Dawkins. O gene egoísta, 1976)

Sotaques, moda, slogans… Tudo isso são memes que se propagam. “Quando alguém assovia uma melodia na rua e outra pessoa ouve, começa a assoviá-la e isso se espalha como uma epidemia pela cidade”, exemplificou.

“Quando você planta um meme fértil em minha mente, você literalmente parasita meu cérebro, transformando-o num veículo para a propagação do meme, exatamente como um vírus pode parasitar o mecanismo genético de uma célula hospedeira.” (Richard Dawkins. O gene egoísta, 1976)

Sobre o uso do termo para descrever os virais da internet, ele disse que não se importa com a apropriação: “A internet é um fenômeno novo, que não existia quando eu criei o meme. É um belo ambiente para o meme espalhar!”, disse.

O fenômeno dos memes é tão popular que já existem “geradores de memes”, como o Gerador de memes e o Meme Generator. São ferramentas que possibilitam a criação de imagens com texto em poucos segundos, um dos tipos mais famosos de memes.

Que tal utilizá-las para uma sequência didática sobre cultura digital, o poder das redes sociais ou até mesmo para falar sobre os cuidados que devemos ter ao compartilhar conteúdo nas redes sociais? Esta professora dos Estados Unidos fez um experimento para falar sobre segurança e privacidade nas redes: ela postou em sua página do Facebook a imagem abaixo, pedindo para que as pessoas compartilhassem o post e comentassem da onde eram. O post recebeu 47.385 likes, 217.649 comentários e mais de 351.000 compartilhamentos.

Crédito: ABC News/ Cortesia de Michele Van Bibber

“Por favor, compartilhe esta foto para um experimento sobre mídias sociais. Escreva sua localização nos comentários. Obrigada!”

Ao site ABC News ela disse que seus alunos não tinham ideia de como a foto poderia se espalhar tão rapidamente. “Eu queria que eles fossem um pouco mais cuidadosos com quem pode ter acesso ao que eles postam – e se caísse em mãos erradas? Além disso, algumas decisões tomadas sem pensar direito hoje podem nos prejudicar futuramente.” (Leia a matéria completa no site da ABC News, em inglês.)

Assista à palestra, em inglês, do biólogo Richard Dawkins na Editora Abril, em São Paulo.

E você? O que acha do potencial da internet para difundir memes? Você já conversou com seus alunos sobre o tema? Conte pra gente nos comentários!

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