Capa, fontes, cores… A criação do projeto gráfico de um livro
06/03/2018
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Jornalismo
06/03/2018
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No post desta semana, voltamos à missão de compreender os bastidores da produção de livros. Já conversamos com um escritor, uma editora e um tradutor. Desta vez, conheceremos um pouco do trabalho do designer. Afinal, nem só de palavras vive uma publicação… A fonte usada no título da capa nos transmite uma mensagem; as cores mexem com nossas emoções, nos deixando tristes, eufóricos ou até mesmo romântico para a leitura; o tipo de papel pode nos levar a um outro tempo. Enfim, há uma série de elementos que fazem toda a diferença, tanto no primeiro contato com a obra como durante a experiência de leitura.
Quem nos ajuda a entender como essas escolhas são feitas é a Gabriela Castro, designer da editora Cosac Naify há 7 anos. Ela me contou como funciona a criação do layout e da capa de um livro, entre outros detalhes bacanas que você descobre a seguir.
A partir de qual momento você é envolvida na produção do livro?
Em geral, depois da compra e tradução dos títulos, fazemos a primeira reunião com os editores, quando eles apresentam o livro e suas particularidades. Na segunda, eu já apresentamos uma proposta para o projeto gráfico. Em seguida, o fluxo segue conforme as características de cada projeto. Por exemplo, o design de um livro de arte passa pelas etapas de seleção das obras, tratamento das imagens, aprovação com os artistas e provas de cor.
Quais são os critérios que regem sua criação?
O objetivo é fazer com que o projeto gráfico traduza visualmente o conteúdo e que o livro funcione em todos os aspectos: forma, peso e volume. Devemos combinar elementos como formato, papel e tipo de encadernação. O legal é que temos muita liberdade na criação, mas é claro que não podemos perder de vista o custo de produção.
A capa é a porta de entrada de um livro. Como você chega ao modelo perfeito?
Uma boa capa de livro traduz seu conteúdo e o torna atraente. Além disso, deve dialogar com o projeto gráfico como um todo, reforçando a experiência da leitura. Assim como todas as etapas de criação, a capa é discutida junto com a equipe de design, com o editor e muitas vezes com o autor. Ter uma equipe focada em pensar os aspectos de cada livro é bem raro e, por isso, acho esse processo muito rico e importante para chegarmos a um resultado de qualidade.
Dos livros nos quais você trabalhou, qual foi o mais difícil e por quê?
Essa é um pergunta difícil, pois considero todos os projetos desafiadores. Mas posso citar o Avenida Niévski, de Nikolai Gógol, porque é uma afirmação da materialidade do livro. O conto narra a história de dois jovens, um pintor sensível e ingênuo e um oficial orgulhoso, que perseguem duas moças que cruzam o caminho deles por uma movimentada avenida. Para traduzir visualmente essa narrativa, Elaine Ramos, diretora de arte da editora, e eu dispomos o texto nas páginas em dois blocos espelhados, numa referência ao fluxo dos passantes por ambos os lados da via. Para representar a passagem do tempo feita por Gógol no início da história, optamos por imprimir o livro em laranja e azul, o que dá a sensação do dia e da noite, como se as horas passassem ao longo do passeio. Além disso, o livro vem dividido em dois volumes, o primeiro contém o conto em si e o segundo, com o texto Notas de Petersburgo de 1836, um artigo de Gógol sobre a vida cultural da cidade. Os dois volumes são embrulhados por uma folha de jornal da época, que encontramos na ampla pesquisa iconográfica que fizemos.
Espero que tenham gostado da entrevista! Você já tinha reparado nesses elementos dos livros que lê? Conte-nos o que observou aqui nos comentários!
Até o próximo post!
Anna Rachel
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