Cálculo mental: quanto mais diversos os caminhos, melhor
Seus alunos, acredite, já sabem fazer conta de cabeça. Se você descobrir as estratégias que eles usam e mostrar outras, a turma vai se sair bem melhor nos cálculos escritos
01/04/2005
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Jornalismo
01/04/2005
Você acha estranho seu aluno errar várias subtrações nos exercícios de Matemática e, na hora do recreio, ele perceber rapidinho que a moça da cantina deu o troco errado? Não ache: ele é bom de cálculo mental, mas não sabe aplicar esse conhecimento durante a aula. E a relação entre as duas habilidades (a matemática das ruas e a da escola) não é automática nem mesmo comum. "Na verdade, há um abismo entre elas", revela Maria Sueli C. S. Monteiro, selecionadora do Prêmio Victor Civita.
Crianças que fazem pesquisa de preços, guardam dinheiro para comprar uma revista e, principalmente, aquelas que ajudam os pais no comércio "fazem" matemática muito antes de ouvir falar em fórmulas e operações. O problema é que, na escola, se ensina a elas como calcular desconsiderando totalmente o que já sabem. "O cálculo mental sempre esteve presente no comércio ou na construção civil, por exemplo. Precisamos trazer essa habilidade para a sala de aula", defende o professor de Matemática Luiz Márcio Imenes, de São Paulo. A saída, portanto, é avaliar cuidadosamente o que a turma já sabe e aproveitar esse conhecimento informal como ponte para os exercícios escritos.
"Há quem acredite que o importante do cálculo mental é fazer a conta bem depressa, mas é bobagem querer competir com a calculadora", completa Imenes. As vantagens são outras. Ao fazer a conta de cabeça, o estudante percebe que há caminhos diversos na resolução de um mesmo problema. É pelo cálculo mental que ele também aprende a realizar estimativas (ler uma conta e imaginar um resultado aproximado) e percebe as propriedades associativa (une dezena com dezena, unidade com unidade e assim por diante) e de decomposição (nota que 10 = 5 +5, entre outras possibilidades). Isso tudo sem precisar conhecer esses termos, claro!
Alguns procedimentos de cálculo mental
Na adição
Exemplo
Calcular primeiro dezenas exatas e os números que formam dezenas.
Ex.:
Na subtração
Exemplo
Arredondar e depois fazer a compensação.
Ex.:
Exemplo
Decompor o subtraendo (valor que será subtraído).
Ex.:
Exemplo
Alterar o minuendo para evitar o "empresta um".
Ex.:
Exemplo
Agrupar as parcelas em unidades, dezenas e centenas.
Ex.:
Explorar a idéia da adição. Ex.: 400 - 160. Quanto falta em 160 para chegar a 400? Para 200 faltam 40; de 200 para 400 faltam 200. A resposta é 240.
Na multiplicação
Exemplo
Decompor um dos fatores.
Ex.:
Na divisão
Exemplo
Fazer simplificações sucessivas:
Ex.:
Para memorizar alguns resultados
Dominó Jogos ajudam a aprimorar a capacidade de cálculo. Para a turma ficar craque nasoma de parcelas com resultado até 6, por exemplo, leve para a classe um dominó comum e estabeleça uma regra diferente: os jogadores devem unir as peças de forma que a soma das duas seja 6.
Crachá Distribua crachás com números de 0 a 10 para todos as crianças antes do recreio. Na volta, peça que entrem na sala em duplas de forma que a soma de seus crachás seja 10. Em outra atividade, varie os números dos crachás e crie novas senhas.
- Pares com soma par.
- Pares com soma ímpar.
- A divisão dos dois números é exata.
- Número escrito em um crachá é o dobro do outro.
Quer saber mais?
Contatos
Colégio Marista Pio XII, R. Rodrigues Alves, 701, 84015-440, Ponta Grossa, PR, tel. (42) 223-6177
Luis Márcio Imenes, e-mail imenes@uol.com.br
Maria Sueli C. S. Monteiro, e-mail marisue@uol.com.br
Nelia Mara da Costa Barros, e-mail nelia.barros@bol.com.br
Bibliografia
Na Vida Dez, na Escola Zero, Terezinha Carraher, David Carraher e Analúcia Schliemann, 182 págs., Ed. Cortez, tel. (11) 3864-0404, 21 reais
Reinventando a Aritmética, Constance Kamii, 308 págs., Ed. Papirus, tel. (19) 3272-4500, 44,50 reais
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