Para começar
Sobre os planos de Educação Financeira
A Educação Financeira integra a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como um dos temas transversais que deve ser explorado e trabalhado concomitante aos demais componentes curriculares. De acordo com a Base, a Educação Financeira não deve se restringir ao ensino cru de Matemática. “Essa unidade temática favorece um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro”. Pretende-se, com os planos de Educação Financeira, fazer os estudantes refletirem sobre ações individuais e coletivas que podem impactar sua vida e a da sociedade.
As orientações deste plano não devem ser apresentadas aos estudantes, pois elas detalham as ações e trazem mais subsídios para que você, professor, se organize melhor para a realização da aula.
Os planos de Educação Financeira têm o objetivo de promover um trabalho inter e transdisciplinar, já que as habilidades destacadas para cada componente curricular se correlacionam com o tema transversal.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018a.
Ação prévia
Para esta aula, é necessário o conhecimento do professor sobre o que está sob responsabilidade da equipe gestora da escola de sua localidade em termos de verbas. Deve-se pesquisar, ainda, o que são bens de consumo permanentes, serviços estruturais e pequenos reparos. Também se faz necessário que os estudantes conheçam gráficos e planilhas e os procedimentos aritméticos e significados de números não inteiros finitos como resultados de uma fração com denominadores sendo potências de 10. Eles também precisam compreender a porcentagem enquanto partes de um todo. Isto é, a noção de que 100% representa 100 partes de 100 ou um todo – um inteiro, bem como 10% ser 10/100 ou 0,1. Além disso, ter familiaridade com a calculadora é imprescindível. Lembre-se de que para aprender com um recurso é preciso ter aprendido o recurso antes.
Neste plano, serão utilizadas abordagens metodológicas de aprendizagem baseadas em problemas, storytellying, autoavaliação pelo quadro SQA (Sei, Quero saber, Aprendi). Para se apropriar de tais abordagens, leia os artigos disponíveis na seção Para se aprofundar.
Para se aprofundar
- É possível ler sobre aprendizagem baseada em problemas acessando: “Entenda o que é a aprendizagem baseada em problemas”. Disponível em:
https://escolasdisruptivas.com.br/metodologias-inovadoras/entenda-o-que-e-a-aprendizagem-baseada-em-problemas/. Acesso em: 15 nov. 2021.
“Construindo uma planilha K-W-L / S-Q-A”. Disponível em: https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/NWrs8gvWK5D9JpDZn28cSdetsvFUQuD7b9EthWSruGdaApCgB8wP6dJdeHWQ/resolucao-da-atividade-contexto-questao-disparadora-e-sistematizacao-cie6-10tu02.pdf. Acesso em: 15 nov. 2021.
- É possível ler sobre o uso da calculadora, acessando:
“Como calcular porcentagens com calculadora”. Disponível em: https://escolakids.uol.com.br/matematica/como-calcular-porcentagens-com-calculadora.htm. Acesso em: 15 nov. 2021.
e
“Como calcular porcentagem na calculadora comum - simples e rápido”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mEGqY2FuEX8. Acesso em: 15 nov. 2021.
- Para saber mais sobre como trabalhar em grupo, indicamos o livro: Planejando o trabalho em grupo, de Elisabeth G. Cohen e Rachel A. Lotan.
Orientações iniciais para o professor
Tempo sugerido:
50 minutos de aula.
Para o desenvolvimento deste plano de aula, indicamos o uso dos seguintes materiais
- Calculadora.
- Lápis.
- Borracha
- Papel com ou sem pauta.
- Computador com internet para uma pesquisa de preços ou apenas para a projeção.
Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.
Contexto
Tempo sugerido: 7 minutos.
Orientações
Num primeiro momento desta etapa da aula, sugerimos uma “tempestade” de questionamentos sobre o funcionamento de uma escola, como uma série de problemáticas a serem enfrentadas para haver um mínimo de qualidade do trabalho pedagógico no atendimento à comunidade escolar. No segundo momento desta etapa, a intenção é fazer uma confrontação entre o que já se sabe, até mesmo como senso comum, sobre o uso de dinheiro público nas escolas e as determinações e possibilidades legais. Dessa forma, procure se informar sobre o tipo e a quantidade de verba que está sob responsabilidade da equipe gestora de sua localidade antes dessa aula.
O que propor?
1ª etapa - Faça as seguintes perguntas aos estudantes:
- Para uma escola funcionar, o que é preciso?
Espera-se respostas que envolvam gente, objetos e serviços.
- Será que é possível ter aulas sem água, luz ou sem o sistema de esgoto funcionando?
Espera-se que as respostas sejam guiadas pelo conforto e pelas condições sanitárias mínimas.
- Ter materiais, como carteiras, armários, computadores, papéis, copiadoras na escola é importante?
Espera-se que as respostas sejam guiadas pelo conforto e pelas melhores condições de aprendizagem.
- De onde vem o dinheiro para cumprir com todas as ações necessárias ao funcionamento da escola?
Espera-se respostas que envolvam os tributos em geral: impostos, taxas e contribuições de melhoria.
- Quem é que determina onde cada verba pode e deve ser usada?
Espera-se respostas que envolvam desde a direção até políticos.
2ª etapa - Anote as respostas no quadro SQA, que pode ser projetado ou feito no quadro, na seção S-Sei, e faça uma mediação no intuito de perceberem que algumas coisas não dizem respeito à equipe gestora diretamente, como: água, luz e esgoto, bem como obras ligadas à estrutura da escola. Contudo, é preciso informar-lhes que as verbas que dizem respeito à equipe gestora podem e devem ter a participação efetiva de toda a comunidade escolar nas decisões de uso, o que inclui os estudantes.
Caso julgue pertinente, utilize o template do QUADRO SQA disponível nos materiais complementares deste plano.
Problematização
Tempo sugerido: 30 minutos.
Orientações
Inspirado nas metodologias storytellying e aprendizagem baseada em problemas, a intenção é fazer um planejamento de uso da verba escolar, pautado na necessidade e nas condições de investimento expostas na história.
O que faremos aqui é mais uma etapa para construir um pensamento sobre planejamento financeiro, dessa vez, no contexto escolar. Por isso, é importante se inteirar dos valores e das questões legais que envolvem as verbas administradas diretamente na escola.
O que propor?
Conte uma história fictícia que use dados próximos de sua realidade ou mesmo uma história real local, cujos dados reais possam ser usados. A nossa proposta, por exemplo, tem dados aproximados usados na prefeitura do município do Rio de Janeiro:
“A equipe gestora da Escola Municipal Paulo Freire reuniu-se com o Conselho Escolar/Comunidade/Associação de Pais e Mestres para elencar prioridades e possibilidades de gastos da verba que chegou à escola, estando na reunião os representantes dos segmentos (professor, funcionário, responsável e aluno). A equipe gestora explicou que os gastos com energia, água, alimentação, internet e telefone são custeados diretamente pela Secretaria de Educação e não devem ser contemplados no planejamento de gastos daquela verba destinada à escola. E, vale ressaltar que, previamente, cada representante fez uma breve reunião com seu próprio segmento para levantamento das suas prioridades. Na reunião, foi mostrado que o valor disponibilizado para a escola era de R$ 14.000,00 para o próximo ano letivo, sendo que receberiam em duas parcelas de R$ 7.000,00, uma em janeiro e outra em julho. Deste valor, 20% deve ser utilizado para gastos com bens de consumo, 30% com bens permanentes, 30% com serviços de manutenção que não envolvem estrutura predial, e 20% com serviços em geral. Sobre o uso da verba em aquisição de bens permanentes, o representante dos alunos levou a reivindicação sobre a necessidade da troca do projetor, pois ele apresenta o defeito de projetar imagens embaçadas e já foi verificado que não é um problema do usuário, mas do próprio aparelho. Já o representante dos responsáveis acenou para a possibilidade da compra de notebooks que possam ficar disponíveis na sala de leitura (ou biblioteca) para atender as famílias que não têm acesso nem ao equipamento, nem à internet.”
Caso prefira, segue o texto do estudo de caso descrito acima para que você imprimi-lo e entregá-lo aos grupos. Ou, também, projetá-lo.
Agora, um problema deve ser evidenciado:
Qual objeto deve ser comprado com a verba destinada a bens permanentes? Se houver verba para que ambos possam ser adquiridos, qual deles deve ser adquirido primeiro?
A partir da definição do problema é a hora de discutir como se pode resolvê-lo. Forme grupos de, no máximo, quatro estudantes. Mas, explique a divisão dos papéis operacionais dentro de cada grupo:
Cada grupo deve determinar a função de cada integrante, utilizando como critério a ordem alfabética:
- Repórter fará o registro e a socialização.
- Facilitador será responsável por garantir que todos entenderam os registros e, se necessário, esclarecer as dúvidas com o professor.
- Harmonizador deverá garantir a harmonia e a participação de todos.
- Controlador do tempo será responsável por garantir que o grupo realizará toda a tarefa.
Observação: caso os grupos sejam compostos por três integrantes, o último na ordem alfabética deve acumular as funções de harmonizador e controlador do tempo. Explique que é importante que todos os membros do grupo contribuam com o desenvolvimento da atividade proposta.
Você deve anotar no quadro SQA, na seção Q-Quero saber, as respostas dos estudantes sobre o que se quer saber: possibilidades financeiras e necessidades da aquisição do bem; sendo necessário levá-los a elaborar essas respostas, tendo como estratégias para resolver o problema:
- Estimular que os estudantes calculem os valores que podem ser usados nessas compras e definam a época da compra, se será no primeiro ou segundo semestre. Você pode utilizar um modelo de planilha como esse como apoio.
- Estimular a pesquisa qualitativa e de preços dos objetos.
- Estimular o pensamento e a reflexão no caso de sobrar ou faltar verba.
Obs.: Não se esqueça de consultar a seção Para se aprofundar e rever essas práticas com a calculadora.
Aqui, espera-se que, para pensarem nas possibilidades financeiras, calculem 30% de 14 000 e depois dividam o resultado por 2, ou ainda calculem 30% de 7 000. Só então peça-lhes para comparar com os preços dos objetos pesquisados e, depois,completar a seção Q da tabela SQA. Essa proposta é uma ótima oportunidade também de rever cálculos aritméticos básicos de divisão e multiplicação, e o uso de calculadoras para calcular a porcentagem.
Sugestões de adequação
No contexto da falta de computadores e internet na escola, escolha uma mediação que considere sua pesquisa sobre o que são bens de consumo e permanentes, serviços estruturais e pequenos reparos. Neste plano, as propostas de atividades podem ser usadas em qualquer contexto, com ou sem outras tecnologias digitais.
Sistematização
Tempo sugerido: 8 minutos.
Orientações
Aqui, a intenção é reconhecer se e o que aprenderam da importância de um bom planejamento para o equilíbrio financeiro de uma instituição de ensino.
O que propor?
Completar o SQA no espaço A-Aprendi sobre o planejamento das verbas escolares. Questione-os: Será que chega dinheiro suficiente para todas as necessidades da escola? Será que se pode fazer ou comprar qualquer coisa com todo o dinheiro que chega às escolas? Como se fez a escolha? Como a Matemática ajudou nessa decisão?
Espera-se que respondam sobre questões legais - que não se pode fazer qualquer coisa com as verbas - e sobre planejar a partir das necessidades locais e das possibilidades financeiras.
O que aprendemos?
Tempo sugerido: 5 minutos.
Orientações
A proposta é produzir um texto de planejamento de uso da verba para adquirir um bem permanente para a escola. Saiba que uma aula de Matemática que se propõe a produzir um texto não é comum, por isso, podem aparecer muitas dúvidas sobre o quê e como escrever o texto com tais orientações.
A intenção nesta etapa é sistematizar vários tipos de recursos financeiros destinados ao funcionamento básico de uma escola, como energia, água, alimentação e sistema de esgoto. Mas existem outros fatores que oneram uma escola e permitem o seu funcionamento e são de controle da própria escola. Assim, propomos uma análise de outros fatores que influenciam o orçamento de uma instituição de ensino.
O que propor?
Aproveite os dados da etapa de Problematização e proponha a confecção de um parágrafo com um plano de gasto para a verba destinada à aquisição de um bem permanente. Como não é comum em aulas de Matemática a produção de texto, sugerimos esse modelo.