Materiais sugeridos
- Bola de meia ou uma bola leve.
- Folhas de papel.
Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.
Conversa inicial
Em roda de conversa, realize um mapeamento dos saberes da turma sobre brincadeiras e jogos conhecidos pelos estudantes. Relembre-os de que as brincadeiras são transmitidas de geração em geração e passam por transformações e adaptações, de acordo com as características culturais, assim, explique que uma criança que mora em São Paulo provavelmente não brinca das mesmas coisas que outra que mora no Acre ou no Paraná. Existem algumas brincadeiras e jogos conhecidos e praticados no Sul do país, porém totalmente desconhecidos na região Norte, e vice-versa, o que é natural devido às várias culturas existentes.
Peça aos estudantes para construir um Mural do conhecimento com folhas de papel.
MURAL DO CONHECIMENTO |
Antes, eu sabia... | Agora, eu sei... | Quais habilidades motoras utilizamos | Quais capacidades físicas predominaram | O que eu preciso saber mais...
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Instigue a turma a dar sugestões de outras questões para compor o mural. Explique que os estudantes devem preencher os espaços, por meio de pequenos textos e frases curtas.
É importante que esse instrumento (Mural do conhecimento) evidencie o percurso de aprendizagem trilhado pela turma e por cada estudante. Nesse sentido, explore-o para que possam refletir sobre as percepções de saberes que estão descobrindo e foram assimilados, e os que ainda não foram consolidados, de modo que sejam melhor trabalhados nesta e nas próximas aulas e, ao mesmo tempo, levem o estudante a observar o seu próprio processo, seus limites e suas possibilidades. O mural deve ser conduzido e colocado num espaço em que os estudantes tenham contato direto para construírem cotidianamente. Observe aqui a necessidade de utilizar outros recursos para essa introdução. O Mural do conhecimento, por ser construído em grupo, possibilita que os estudantes dialoguem entre si e auxiliem uns aos outros na compreensão da tarefa.
Caso sua escola disponha de recursos tecnológicos, utilize o laboratório de informática para provocar e instigar os estudantes quanto ao aprendizado. Lembre-se de reservar o local com antecedência, formar pequenos grupos e orientá-los a pesquisar na internet (https://educa.ibge.gov.br/criancas/brasil.html) informações dos estados que compõem a região Sul, características, jogos e brincadeiras típicas, influência da colonização da região no modo de brincar, bem como principais manifestações culturais da localidade etc. Posteriormente, proponha a organização e a apresentação das brincadeiras e dos jogos. Mais uma vez aqui o trabalho em grupo constitui uma possibilidade de inclusão de todos os estudantes na atividade.
Incentive-os a investigar com a pesquisa se essas brincadeiras também são realizadas em outros estados da região ou em outras regiões do país; ou, ainda, se essas brincadeiras regionais sempre foram realizadas assim ou se sofreram modificações ao longo do tempo.
Caso sua escola não disponha de recursos tecnológicos, comente que irão aprender sobre as brincadeiras e os jogos típicos da região Sul do Brasil. Questione os estudantes acerca do que conhecem sobre essa localidade. Seguem exemplos de questões que podem ajudar nesse momento inicial. Quais estados fazem parte da região Sul? Conhecem alguma curiosidade, festa/comida típica, característica de moradores dessa região? Quais? Como o fato de morar em um lugar pode influenciar no modo de prática de uma brincadeira ou um jogo?
Caso você observe pouca interação ou familiaridade com os conhecimentos da localidade, estimule-os comentando sobre as características do clima, o frio da região no inverno, as roupas e/ou comidas típicas, como churrasco, chimarrão, as danças, entre outras. Direcione a discussão para as origens do povo da região Sul que veio da Europa. A influência dessas culturas, suas crenças e seus costumes exercem interferência direta em muitos aspectos, inclusive no brincar.
Convide-os a participar da experimentação de algumas atividades. Peça aos estudantes que analisem as capacidades físicas e as habilidades motoras envolvidas nas atividades.
Atividade
É importante, antes do início das atividades, dialogar com os estudantes sobre possibilidades de adaptações e alterações nos espaços, nas brincadeiras e na utilização de materiais, de modo que todos participem.
Brincadeiras e jogos da região Sul
Caiu na rede é peixe
Converse com os estudantes e combine o espaço a ser delimitado para que seja possível o deslocamento com corrida e mudança de direção. Escolha um pegador ou peça para a turma escolher. O estudante em quem o pegador encostar ficará de mãos dadas com ele, formando uma “rede”. O objetivo é tentar pegar os colegas e aumentar a “rede” até que não reste mais nenhum estudante.
Em turmas com maior quantidade de crianças, é comum que a rede fique grande e dificulte a movimentação dos estudantes de mãos dadas, já que pensam rápido e, muitas vezes, decidem ir em direções opostas. Isso gera o soltar das mãos e a rede “arrebenta”, deixando a atividade demorada e pouco dinâmica. Nesses casos, opte por criar duas ou mais redes. Essa variação possibilita a exploração de pequenos e grandes grupos, trabalhando, ainda, a colaboração e o trabalho em equipe.
Carne-crua
Converse com os estudantes e combine o espaço a ser delimitado para que seja possível o deslocamento com corrida e mudança de direção. Com uma bolinha leve, um estudante deverá acertá-la em outros colegas, dando, no máximo, três passos com a bola na mão. Combine com eles as áreas do corpo que não poderão ser atingidas para garantir a integridade física. Por exemplo, não vale acertar a bola no rosto e na cabeça. Quando a bola encosta em alguém, essa pessoa vira “repolho”. Combine com os estudantes como o “repolho” poderá ser representado, por exemplo, deverá abaixar e se encolher. Os demais que estão correndo não têm restrição de passos e podem tocar no repolho para salvá-lo. Quando o “repolho” é tocado , ele volta a correr.
Quando a bola cair no chão, quem estiver perto pode pegá-la e tentar acertar outras pessoas. Essa brincadeira é parecida com a popular queimada.
Permita que as mãos sejam consideradas “frias”, ou seja, se a bola encostar na mão primeiro, o estudante não vira repolho. Isso potencializa o instinto de defesa e autoproteção.
Variações
O estudante deve ser o protagonista, para isso, incentive-o a levantar hipóteses para possíveis problemas ou a recriar jogos e promover mudanças para tornar a atividade mais dinâmica e/ou inclusiva. Parta de situações reais, reúna a turma e peça sugestões para esses possíveis problemas.
Exemplo: Situações que, normalmente, acontecem nesta brincadeira e podem ser um ponto de partida para que o estudante seja incentivado a protagonizar: Como podemos fazer para que os estudantes não fiquem muito tempo sentados sendo o “repolho”? Como não favorecer sempre os “mais habilidosos” ou os mais rápidos de pegar a bolinha para arremessar com mais frequência? Quais outras regras vocês mudariam? E se tivéssemos um colega com deficiência física e cadeirante nessa aula, quais estratégias vocês sugeriram para melhorar a participação dele? Se julgar pertinente, substitua o exemplo de inclusão.
A adaptação das regras é outro ponto importante para democratização de todos na experimentação da atividade.
Momento da reflexao
Reúna os estudantes em uma roda de conversa, questionando-os sobre as atividades: O que as brincadeiras têm em comum com as que normalmente vocês brincam? E o que elas têm de diferente das brincadeiras que vocês brincam? Por que a localidade influencia no modo de brincar? As atividades são jogos ou brincadeiras? Quais habilidades motoras e capacidades físicas estão presentes nessas brincadeiras? Quais semelhanças e diferenças há entre materiais, regras e espaços dessas atividades praticadas e as que nós vivenciamos? Qual a explicação para os nomes das atividades? Essas brincadeiras e jogos podem ter sido trazidos por pessoas de outros países?
Faça-os inferir sobre os possíveis espaços onde poderiam realizar essas práticas fora da escola.
Aproveite a oportunidade para discutir temas relevantes da atualidade, como o multiculturalismo, o respeito à diversidade, e a inclusão. Traga o assunto para o contexto local da criança e, com situações reais, leve-as a refletir sobre o quanto a sua escola deve ser inclusiva, identificando a presença de diversas culturas nesse espaço e a importância do respeito a essa pluralidade. Leve-as a observar a diversidade, quando temos em uma mesma sala de aula estudantes afro-descendentes, indígenas, caucasianos e asiáticos. Outro exemplo que pode ser utilizado de multiculturalismo é a música. O reconhecimento de ritmos de outros grupos culturais, sem julgamento de que seriam melhores ou piores. Valorize também outros aspectos relacionados à diversidade como a inclusão. A escola é um local onde todos têm o direito de aprender e avançar com o seu desenvolvimento.
Sistematizacao do conhecimento
Retome com os estudantes o Mural do conhecimento, evidenciando todo o percurso de aprendizagem trilhado por eles. Faça-os refletir sobre o que sabiam antes e depois a respeito das brincadeiras e dos jogos da região Sul. Comente sobre as possíveis explicações para os nomes dados às brincadeiras e aos jogos. Explique que muitas brincadeiras trazem no nome aspectos locais da cultura, por exemplo, “caiu na rede é peixe” pode ter sua origem devido à localização geográfica próxima ao mar de seus habitantes, e a “carne crua” por ter o objetivo de acertar a bola na carne, isto é, no corpo dos jogadores.
Confirme as habilidades motoras que utilizaram, como correr, andar, desviar, arremessar, segurar, e capacidade físicas como velocidade, agilidade e força.
Explique que muitas brincadeiras e jogos podem ter sido trazidos para o Brasil por pessoas de outros povos, que moravam em outros países. Ressalte, então, a importância da valorização cultural e da diversidade de culturas em nosso país.
Registro e avaliacao
A análise do mural colaborativo pode ser um instrumento para o registro e a avaliação da aprendizagem dos estudantes. Observe o nível de compreensão e se conseguiram assimilar os conceitos. Embora a construção tenha sido coletiva, avalie se cada estudante se apropriou individualmente de tais elementos. Por meio dos registros do mural, o professor tem acesso aos seus conhecimentos prévios e tem condições de acompanhar o que vão aprendendo, combinando ou estabelecendo como metas.
Após as respostas descritas no mural, analise se o conhecimento da sua turma está mais na esfera conceitual, procedimental ou atitudinal. Esse enfoque permite ao professor a percepção dos aspectos relevantes que devem ser revistos, reconfigurados ou reconhecidos como sendo significativos para os estudantes durante o processo de ensino e aprendizagem. Apesar do mural ter sido escrito, é importante que todos compreendam o que nele foi registrado. Observe a possibilidade de construir registros alternativos que incluam todos, como, por exemplo, a utilização de áudio.
Barreiras
Barreiras
- Exigir a produção de registro das brincadeiras e jogos somente por meio do texto escrito.
- Limitar a participação dos estudantes nas experimentações das brincadeiras e jogos.
- Restringir adaptação das regras e movimentações dos jogos e brincadeiras.
Sugestões para eliminar ou reduzir as barreiras
- Favorecer que crianças com alguma limitação sintam, manipulem o equipamento e experimentem a organização da área que envolverá a atividade.
- Adaptar as atividades de acordo com as necessidades (audiodescrição, ampliação das imagens etc.).
- Possibilitar a ampliação dos registros por parte dos estudantes utilizando outras formas de linguagem.
Desdobramentos
Verifique a possibilidade de utilizar o laboratório de informática para orientar uma pesquisa com os estudantes. Reserve o local com antecedência, forme pequenos grupos e proponha uma pesquisa na internet acerca de outras brincadeiras da região Sul não vivenciadas em aula, identificando quais delas são de matriz indígena e africana. Para a pesquisa, você pode sugerir o site Mapa do Brincar http://mapadobrincar.folha.com.br/projeto/ e solicitar que acessem a aba da região Sul.
O grupo deverá escolher duas brincadeiras (uma de matriz indígena e outra de matriz africana) como sugestão para vivência. Os estudantes devem observar a possibilidade de adaptação ao ambiente escolar, primando pela garantia da segurança de todos. Solicite que o grupo investigue os sentidos e significados atribuídos na brincadeira pela cultura de origem.
Aproveite e retome sobre o multiculturalismo, conteúdo abordado anteriormente, oportunizando uma discussão sobre a pluralidade de culturas em nosso país e a importância do respeito às diversidades étnicas.
Em outro momento, selecione para vivência as brincadeiras de matriz indígena e africana pesquisadas e escolhidas pelos estudantes.
PESQUISA: Convide os estudantes para realizar um mapeamento dos espaços físicos no seu entorno, oriente-os a observar as características dos espaços públicos existentes naquela localidade em que moram e que poderiam ser utilizados para as brincadeiras e os jogos tematizados na escola.
Incentive-os a investigar as possibilidades de práticas corporais oferecidas gratuitamente em seu bairro, e também a buscar espaços para realizar as práticas vivenciadas na escola.
Essa ação pode ser explorada por meio de uma pesquisa individual ou em grupos. Peça aos estudantes sugestões de como gostariam de compartilhar essas descobertas.
Prepare e organize a apresentação dos resultados obtidos nas pesquisas realizadas por eles, levando em conta o tempo de aula e o número de grupos.
Considere a possibilidade de compartilhar este tema de aula com os colegas das áreas de Língua Portuguesa e Artes para a ampliação de múltiplas linguagens (corporal, oral, escrita, audiovisual), para descrever as características e a importância das brincadeiras e dos jogos populares da região Sul na preservação da cultura local.