Materiais sugeridos
- Giz ou pedaços de telha, para riscar o chão.
- Rolo de papel kraft.
- Fita crepe.
- Recursos midiáticos para pesquisa (caso haja disponibilidade na unidade escolar).
Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.
Conversa inicial
Apresente aos estudantes os objetivos desta aula e comente que irão refletir sobre a utilização do jogo em espaços extra-escolares que serão levados para a escola. Retome com a turma as características dos jogos para facilitar a discussão, como a existência de regras, a presença de ganhador e perdedor.
Elabore previamente algumas perguntas que levem os estudantes a fazer essa reflexão, como, por exemplo: Quais jogos vocês participam em ambientes fora da escola? Onde são estes ambientes? Quais jogos costumam realizar? Quais materiais utilizam? São jogos com movimento? De quais os movimentos necessitam para realizar tal jogo? Sugerimos que anote em um quadro as respostas dos estudantes para que consigam compreender e organizar o seu pensamento.
Você poderá fazer um combinado com a turma para este momento de discussão, permitindo que todos aqueles que desejem se expressar, falem e sejam ouvidos pelos demais. Perceba quem possui restrições, seja por medo, alguma barreira na comunicação ou impedimento, e faça intervenções necessárias, dando dicas, incentivando os estudantes a expressarem-se da maneira como for conveniente para eles. Também incentive a turma a colaborar com os colegas e observe se algum estudante necessita de orientação individualizada.
Comente com os estudantes que nesta aula experimentarão o jogo da amarelinha. Retome com a turma as características dos jogos. Fique atento se a comunicação oral é efetiva para todos os estudantes ou se é necessário utilizar suporte visual e outros, tanto para a compreensão das perguntas disparadoras, quanto para permitir que os estudantes, mesmo os mais tímidos, não fluentes ou não oralizados em português, possam participar ativamente da conversa, estimulando e valorizando o pertencimento de todos.
Sugerimos uma estratégia para que os estudantes falem e sejam ouvidos com clareza, por meio de jogos simbólicos. Você pode fazer combinados com a turma para que todos os estudantes falem e sejam ouvidos. Por exemplo, disponibilize, no centro da roda de conversa da turma, uma placa confeccionada previamente por você, com os dizeres “agora é minha vez”. Aquele estudante que estiver com a plaquinha terá o direito e a vez de falar. Garanta que todos possam se expressar e ouvir os colegas; essas práticas são importantes para o desenvolvimento da oralidade e da escuta.
Inicialmente, proponha para a turma a investigação sobre o jogo da amarelinha praticado em espaços extraescolares, como em casa, bairro, rua ou espaços comunitários que frequentam ou conhecem. Solicite à turma que traga uma lista com as maneiras identificadas de se jogar amarelinha para a próxima aula.
Comente com a turma que o jogo de amarelinha possui nomes e regras diversas. Para introduzir o assunto, comunique a turma que, posteriormente, eles também criarão regras de suas próprias amarelinhas para serem praticadas por todos. Também solicite aos estudantes que, no momento da prática, se atentem aos gestos motores que necessitarão executar em cada jogo e, no momento da reflexão, irão comentar com a turma quais gestos identificaram. Para ampliar os seus conhecimentos, professor, e oferecer subsídios para a aplicação desta aula, sugerimos que acesse o site do Mapa do Brincar (disponível em: https://mapadobrincar.folha.com.br/brincadeiras/amarelinha/) e conheça mais sobre o jogo da amarelinha, bem como suas variações por região do país.
Atividade
Atividade 1: Investigando o jogo da amarelinha
Sugerimos que, previamente, os estudantes questionem os seus familiares sobre um tipo de amarelinha que conhecem. Podem fazer o registro no caderno dos estudantes desenhando a amarelinha e, preferencialmente, descrevam a sua história, as regras e as variações de nomes. Pode-se realizar uma proposta interdisciplinar, na qual o professor do componente curricular de Língua Portuguesa auxilia os estudantes a organizarem as regras dos jogos relatados, exercitando a sua escrita e oralidade. Distribua papel kraft aos estudantes e peça para desenharem as maneiras de jogar amarelinha que trouxeram de casa.
Aproveite o registro dos estudantes e faça uma exposição das pesquisas encontradas no mural da escola.
Circule entre os estudantes e perceba como reagem, se apresentam dificuldades. Faça intervenções, quando necessário. Observe com cautela a atividade, de maneira que todos os estudantes possam participar da aula plenamente; além disso, incentive os estudantes a incluírem todos os colegas nas atividades.
Atividade 2: Experimentação dos jogos da amarelinha
Após a produção para a exposição no mural, auxilie os estudantes a montarem as amarelinhas de maneira que possam experimentar diversas formas de jogar. Estipule com a turma que elejam um colega para ser o “guardião” da amarelinha feita pelos estudantes. O papel do guardião será o de explicar aos demais estudantes da turma as regras daquela amarelinha. Todos os estudantes poderão passar por todas as formas de se jogar a amarelinha, como um circuito. Atente-se para que haja, de tempo em tempo, a troca do guardião, de maneira que todos os estudantes passem por todas as estações do circuito do jogo da amarelinha.
Distribua para a turma papel kraft, giz, pedaços de telha (o material que eles desejarem) para que desenhem as amarelinhas no chão ou no papel e iniciem a atividade. Disponibilize o tempo necessário para os grupos se organizarem. Fique atento também com os estudantes que apresentam algum tipo de dificuldade na mobilidade ou algum tipo de barreira na execução da atividade: envolva os estudantes para a solução da diminuição dessas barreiras, para que haja a inclusão de todos. Circule entre os estudantes e perceba como reagem, se apresentam dificuldades. Faça intervenções, quando necessário, e não se esqueça de possibilitar a participação de todos.
Após a experimentação dessa atividade, sugira aos estudantes que criem e estabeleçam novas regras para o jogo, como a organização dos espaços, o que é válido ou não na atividade. Possibilite que a turma elabore novas maneiras de se jogar, propondo desafios de modificações quanto às habilidades motoras e capacidades físicas a serem exploradas por eles. Dessa maneira, você estimulará a autonomia e o protagonismo dos estudantes. Indicamos uma terceira atividade para a sequência de aula.
Atividade 3: Recriando os jogos de amarelinha
Possibilite aos estudantes que criem um jogo de amarelinha. Distribua novamente os materiais para eles, preferencialmente, modifique os grupos e sugira para a turma que agora eles irão criar um novo jogo de amarelinha, que pode ser vivenciado fora do contexto da aula de Educação Física, como, por exemplo, nos espaços externos, nos momentos de recreio, ou em tempos e espaços escolares diversos, utilizando as características do jogo exploradas na Conversa inicial. Os estudantes deverão se organizar em grupos ou equipes, combinar as regras e organizar as finalidades e objetivos da atividade, enfatizando a importância da participação de todos, meninos e meninas.
Nesta atividade os estudantes terão mais movimentação e protagonismo, participando da organização do jogo. Possibilite à turma que organize a atividade, respeitando os tempos e espaços da escola onde ela poderá ser praticada, e, também, que reflitam a respeito da participação de todos.
Faça intervenções na organização da atividade, caso seja necessário. Na possibilidade de algum estudante apresentar impedimento motor, proponha alternativas para que os estudantes decidam a melhor forma de realizar a atividade. Sempre observe as peculiaridades da sua turma na hora de organizar as atividades, permitindo a participação de todos.
Momento da reflexao
Após a prática, faça uma roda de conversa e discuta com os estudantes sobre as atividades, questionando-os a respeito da participação e da percepção deles sobre a experimentação, utilizando questões disparadoras, como: Vocês conheceram jogos do contexto comunitário? Respeitaram as diferenças individuais dos colegas nos jogos do contexto comunitário? Quais foram os gestos motores ou habilidades motoras que vocês utilizam na prática desses jogos? Reconhecem a presença das capacidades físicas nos jogos com atividades que realizam em outros momentos do seu dia a dia? Quais? Recriaram jogos do contexto comunitário? A partir das respostas dos estudantes a respeito dessas perguntas, direcione o Momento de reflexão, com outras questões norteadoras: Para que servem as habilidades motoras que vocês experimentaram? Todos possuem as mesmas capacidades de realização das habilidades motoras? Lembre-se sempre de possibilitar a oportunidade a todos, considerando a realidade e os possíveis impedimentos de seus estudantes, inclusive na comunicação.
Além disso, você pode incentivar os estudantes a identificar outros tipos de jogos do contexto comunitário extraescolar que poderão ser praticados nas aulas de Educação Física, além do jogo da amarelinha. Faça uma lista desses jogos com os estudantes.
Incentive-os a se expressarem, conforme os combinados da vez de falar, apontado anteriormente. Deixe os estudantes falarem, não se preocupando em apontar respostas certas ou erradas, principalmente na execução dos gestos motores, e sim expressarem-se a partir da experiência vivida. Faça pontuações, a partir da observação da vivência dos estudantes. Retome possíveis situações em que houve conflitos e exclusão e aquelas em que os estudantes apresentaram condutas positivas.
Sistematizacao do conhecimento
Comente com os estudantes que, nesta aula, puderam investigar e propor novos modos de prática dos jogos do contexto comunitário. Retome a pesquisa feita com os familiares e explique que os mesmos jogos podem ter um modo de prática diferente de acordo com o lugar onde vivem. O mesmo ocorre com outras práticas corporais, como as brincadeiras.
Identifique com os estudantes as habilidades motoras, como correr, saltar, girar, agachar presentes nas atividades, bem como as capacidades físicas de força muscular ou equilíbrio, e explique que temos características de desempenho diferentes que devemos observar e respeitar. Como incentivo, conduza a conversa no sentido de destacar sobre como puderam utilizar o corpo de maneira intencional, com criatividade, controle e adequação para resolver as tarefas solicitadas, cada um do seu modo.
Seria interessante neste momento relacionar a presença de outros momentos do dia a dia nos quais demandam as capacidades físicas e habilidades motoras que vivenciaram em aula.
Verifique os registros que os estudantes fizeram sobre os jogos, e caso haja necessidade ou algum estudante que apresente impedimentos para fazer o registro, proponha que ele o faça oralmente.
O desenvolvimento das competências decorre do enfoque dado às aulas. Porém, perceba que nessa sequência os estudantes exercitaram a curiosidade intelectual e investigativa ao pesquisar sobre o jogo da amarelinha, além de incentivar a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade ao criar novas regras do jogo, evidenciando a competência geral 2. A competência 9 também pode ser desenvolvida, na medida em que os estudantes reconhecem e respeitam as diferenças individuais e propõem alternativas para os jogos, de modo que todos possam participar, valorizando a diversidade sem preconceitos, exercitando a resolução de conflitos e a cooperação. Também puderam desenvolver a competência 10, a partir da autonomia, responsabilidade, flexibilidade e tomada de decisões dadas aos estudantes, nos momentos de organizarem e recriarem os jogos, com base em princípios éticos, democráticos e inclusivos.
Fique atento também ao conhecimento dos estudantes sobre as habilidades motoras e capacidades físicas que experimentaram na prática dos jogos, se elas foram compreendidas pela turma, de maneira que identifiquem a utilização desses gestos e movimentos em outros momentos da vida cotidiana. Em aulas posteriores você poderá ampliar o conhecimento dos estudantes a respeito da temática, propiciando à turma a vivência e experimentação de outras formas de locomoção, manipulação e identificação de capacidades físicas, ampliando, assim, o repertório motor dos estudantes.
Desse modo, conversar com os estudantes sobre esses conceitos será importante para a vida deles no cotidiano. Lembre-se de observar atentamente a segurança e a inclusão de todos nas atividades, fazendo as adaptações necessárias e solicite aos estudantes que organizem e guardem os materiais no final da aula.
Registro e avaliacao
Como sugestão de registro, solicite aos estudantes que façam um trabalho manual, que pode ser um desenho, uma montagem usando palitinhos, barbantes ou outros materiais colados em um papel, uma escultura de massinha ou de jornal sobre uma folha ou papelão, entre outros. O trabalho deve conter escrito: o nome do estudante, a atividade praticada, uma capacidade física, uma habilidade motora, quem está representado (um colega da turma, o próprio estudante, um colega do seu convívio comunitário, um familiar), onde está sendo praticado. Outra sugestão é distribuir folhas de papel A4 para que, individualmente, criem cartazes sobre os jogos para que outros estudantes possam conhecer e experimentar no seu dia a dia. Identifique sempre se os objetivos de aprendizagem elencados nesta aula foram apreendidos pelos estudantes.
Esses registros podem contribuir para avaliar como os estudantes se sentiram e perceberam as atividades propostas, bem como nortear os próximo passos das aulas. Observe a necessidade de acompanhamento das escritas dos estudantes que ainda não escrevem. Pode-se solicitar que os colegas ajudem.
Como sugestão de avaliação, utilize seus registros de observação feitos durante a prática das atividades e reflexão dos estudantes como propósito avaliativo, bem como a participação de todos nas vivências experimentadas.
Outra forma de avaliação é a proposição de se questionar oralmente a turma sobre o que aprenderam a respeito das habilidades motoras, por exemplo, e quais a turma estudou ao praticar o jogo da amarelinha.
Lembre-se de proporcionar a todos os estudantes a adaptação necessária para o registro e a avaliação, caso seja necessário. A avaliação faz parte do processo de ensino e aprendizagem e é direito de todos os estudantes participarem integralmente desse processo. Quanto maior for a possibilidade de registros, maior será a possibilidade de se avaliar o seu progresso.
Barreiras
Barreiras
- Utilizar meios de comunicação restritos para apresentar conceitos sobre os jogos do contexto comunitário e regional.
- Solicitar que os estudantes realizem movimentos específicos.
- Deixar de propor adaptações aos jogos, restringindo a participação de estudantes.
Sugestões para eliminar ou reduzir as barreiras
- Incluir atividades que exijam outros tipos de comunicação (sempre mantendo o objetivo inicial proposto).
- Buscar adaptação dos materiais e local da prática.
- Ampliar as possibilidades de movimentação durante o jogo.
Desdobramentos
Sugerimos alguns desdobramentos para as próximas aulas; os estudantes poderão compor uma lista de jogos do contexto comunitário e experimentá-los na aula de Educação Física para análise das características quanto a movimentação (habilidades motoras e capacidades físicas), espaço, regras, participação de meninos e meninas, e materiais a serem utilizados.
Com base nesta pesquisa, identificar os jogos realizados nos tempos e espaços disponíveis na escola, verificando a possibilidade de experimentá-los, propondo mudanças em regras e observando práticas excludentes para, assim, adaptá-las. Não se esqueça de contar com a ciência e a autorização da equipe gestora da unidade escolar para viabilizar essa ideia.
Sugerimos, como um aprofundamento deste conhecimento, que, nas próximas sequências de aulas, o enfoque seja em outros tipos de jogos do contexto comunitário trazidos pelos estudantes. Solicite à turma que faça uma pesquisa prévia e organize uma lista de jogos que podem ser praticados na aula de Educação Física e que, posteriormente, podem ser introduzidos em outros espaços e tempos da escola, como no horário do recreio. A pesquisa poderá ser feita utilizando recursos midiáticos, caso haja disponibilidade na unidade escolar, ou, ainda, entrevistando estudantes de outras séries para reconhecerem as práticas vivenciadas por outros estudantes da escola. Podem ser utilizados os dois caminhos de experimentação: levar os jogos praticados em outros espaços e tempos escolares para a Educação Física, como o inverso: levar os jogos experienciados nas aulas para outros momentos da escola.
Conforme o número de aulas reservadas para essa sequência, aprofunde o tema. Incentive os estudantes sempre a serem protagonistas nas ações pedagógicas nas aulas de Educação Física: recriar novos jogos, ampliar os movimentos necessários para a realização deles, estimular a criatividade. Também reforce a importância do respeito entre todos, da inclusão dos colegas na aula e das adaptações necessárias nas atividades para que ninguém se sinta excluído. Lembre-se sempre de que o tempo e o número de aulas serão determinados de acordo com o contexto de sua escola. Procure envolver a participação ativa dos estudantes nas atividades sugeridas.
Outro desdobramento dessa aula poderá ser o de organizar com os estudantes da turma uma feira cultural, onde poderão divulgar para os demais estudantes da escola, os jogos do contexto comunitário que investigaram e que experimentaram na aula de Educação Física. Essa feira cultural poderá ser um projeto interdisciplinar, contando com o auxílio de outros educadores e do professor da turma.
A turma poderá também gravar vídeos explicando e executando jogos do contexto comunitário para serem divulgados para as demais turmas da escola pelo aplicativo WhatsApp. Essa atividade poderá também ser realizada em parceria com os demais profissionais envolvidos na escola.
Nesta sequência de aulas sobre o jogo para o 2º ano, introduzimos a temática para o desenvolvimento das habilidades elencadas neste plano, garantido que haja uma progressão do conhecimento em outras sequências didáticas e também no ano seguinte. Não se esqueça de que você, professor, pode reorganizar as sequências didáticas de acordo com a realidade de seus estudantes e de sua escola, possibilitando mais ou menos aulas, conforme o contexto onde atua.