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Jornalismo

Nosso blog está repleto de convidados. Hoje, Maggi Krause, diretora de redação da Fundação Victor Civita, nos conta os bastidores da Coleção das Crianças Daqui (Roberta Asse, 288 págs., Criadeira Livros, 188 reais), composta de oito livros infantis que falam das infâncias encontradas pela autora em diversos lugares do Brasil, suas semelhanças e peculiaridade. O box com todos os títulos pode ser adquirido aqui.

Confira o relato da Maggi abaixo. Espero que gostem!

Até mais,
Anna Rachel

Livros da Coleção das Crianças Daqui (Roberta Asse, 288 págs., Criadeira Livros, [http://loja.criadeira.com.br/], 188 reais)

Livros da Coleção das Crianças Daqui 
(Roberta Asse, 288 págs., Criadeira Livros, 188 reais)

Caros leitores!

Quem folheia títulos infantis em uma livraria ou na biblioteca muitas vezes não imagina o trabalho por trás daquelas lindas e coloridas páginas. Vou contar um pouquinho da experiência que tive com um projeto independente, liderado pela designer Roberta Asse. Nos conhecemos em um curso de literatura infantil, ministrado por Claudio Fragata, escritor de livros infantis premiado com um Jabuti. Foram dois deliciosos semestres de encontros e oficinas de escrita semanais. Um dia, já longe das aulas, recebi um telefonema da colega: “Maggi, consegui patrocínio para aquele meu projeto, você topa editar os livros para mim?” Não sei se foi exatamente essa a pergunta, mas entre esse momento e a saída do material da gráfica, passaram-se 17 meses!

Roberta é arquiteta e trabalha como designer gráfico, adora contar histórias e escreve muito bem. Além disso, cursou antropologia da infância. Seu projeto encantou a todos desde o início: viajar para conhecer as infâncias de várias crianças pelo Brasil, depois criar narrativas levando em conta o lugar onde vivem, as pessoas com quem se relacionam, os sotaques que falam, as brincadeiras e os costumes de cada região. A ideia era mostrar para os leitores da cidade grande que existem muitos Brasis e muitas infâncias no interior, apesar dos temas universais que permeiam os livros: a amizade, a adolescência, a vida em família, na escola e na comunidade.

A escritora reuniu um time de profissionais para erguer o projeto junto com ela. A mim coube não só lapidar o texto, mas fazer escolhas importantes ao lado da autora. Alguns exemplos: entender quem é o público que se planeja cativar; decidir a melhor técnica para ilustrar cada história; decidir qual o melhor começo, para capturar a atenção e a curiosidade logo de cara; resolver quais partes do texto devem ficar mais enxutas, em prol da clareza ou do ritmo das narrativas; sugerir o nome de cada livro; sugerir nomes para a coleção; montar “espelhos” para visualizar como casar parágrafos com imagens nas páginas; reler tudo para ver se nada está fora de contexto, de lógica ou soou um pouco estranho; escrever resumos para a contracapa… ufa!

Devo ter esquecido de outros passos aí nessa jornada. Todos foram desafiadores, cheios de possibilidade de criação, aprendizado mútuo e crescimento profissional e resultaram, principalmente, em uma sólida amizade. Seguir na  direção de uma finalização, motivando um ao outro a cada etapa, é um trabalho que demanda confiança e cumplicidade. A autora faz concessões, a editora aponta falhas e sugere melhorias, tira o que pode ser tornar uma poeira sobre o texto para ressaltar suas partes mais brilhantes. Quando essa parceria dá certo, é uma delícia.  

Roberta foi generosa, chamou mais gente para ajudar: teve quem fotografasse, quem tratasse as imagens para ficarem bonitas na impressão, quem bordasse personagens e paisagens, quem julgasse com olhos de especialista a produção editorial e quem detalhasse o relatório pedagógico. Nada escapou do crivo e do cuidado dessa autora, que depois disso tudo ainda alimentou um site para contar em textos e vídeos mais detalhes sobre o projeto que tem músicas inspiradas em cada título.

E assim, num trabalho que conjugou talento e dedicação de vários profissionais, nasceu a coleção! Agora cabe a cada leitor percorrer seu caminho singular e ter suas próprias reações e sensações ao folhear as páginas dos livros: pois é só pela leitura que, de verdade, essas histórias ganharão vida.

Um abraço,
Maggi Krause

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