Foco na capacitação dos gestores
Qualificar diretores é a chave para que eles liderem equipes e zelem pela aprendizagem
01/02/2011
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Jornalismo
01/02/2011
Os primeiros exemplares de NOVA ESCOLA traziam uma história em quadrinhos com Cileuza, a Professora - e suas desventuras com Dr. Janjão, o diretor da escola, que fiscalizava o trabalho docente, só cobrando tarefas e dando broncas. Descontados os exageros, não há como negar que, naquela época, o diretor era mesmo um gerente preocupado só com questões burocráticas. De lá para cá, muita coisa se transformou, a começar pela criação da expressão "gestor escolar" para se referir aos diretores, vice-diretores, coordenadores pedagógicos, supervisores e assessores técnicos. O dia a dia exige atualmente outras competências de quem ocupa esses cargos.
Foi a Constituição de 1988 que colocou em cena o termo gestão democrática: mais participação de pais e da comunidade, seja para eleger o diretor, seja para ajudar a tomar decisões. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, trouxe mais uma novidade: a necessidade de cada escola preparar o próprio projeto pedagógico - antes inexistente ou definido pela Secretaria e Educacão, sem a participação dos professores. Isso ampliou a responsabilidade do diretor sobre as questões pedagógicas e a gestão da equipe. Paralelamente, surgiram demandas administrativas, com a inclusão de novos alunos - antes fora da sala de aula -, e na esfera financeira, já que as escolas começaram a receber recursos diretamente do governo federal ou da rede e precisavam prestar contas.
Em apenas 25 anos, o diretor escolar foi obrigado a trabalhar com um novo perfil de aluno, aprender a conversar com interlocutores que não faziam parte de seu cotidiano, gerir recursos financeiros, preocupar-se com a qualidade dos profissionais e pilotar a construção de um projeto com foco na aprendizagem. Para ajudá-lo, várias redes começaram a organizar a gestão da escola na forma de um tripé: além do próprio diretor, ganham espaço o coordenador pedagógico (com foco na formação dos professores) e o supervisor de ensino (antes fiscal da burocracia que passa a ser capacitado para ser o agente da Secretaria de Educação que forma e auxilia os gestores).
Porém todas essas leis foram aprovadas sem que houvesse bons exemplos a seguir. Por isso, muitas redes ainda não conseguiram colocar em prática essas diretrizes. "Formar melhor os gestores é o desafio", resume Heloísa Lück, diretora do Centro de Desenvolvimento Humano Aplicado (Cedhap), de Curitiba.
Uma pergunta para Heloísa Lück
Educadora paranaense, é uma das maiores conhecedoras da área de gestão escolar no Brasil.
O que esperar dos gestores hoje e no futuro?
Eles devem compreender que seu papel é garantir avanços na aprendizagem de todos os alunos. E que, para isso, é essencial desenvolver uma cultura organizacional na escola com características educativas. Ou seja, criar um ambiente em que os professores e os funcionários aprendam enquanto ensinam. Isso depende de mais articulação entre as redes de ensino, os gestores e as universidades.
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