Em 2018, Guarulhos e Tarumã, em São Paulo, e Itabaianinha, em Sergipe, contaram a NOVA ESCOLA como estava o processo de implementação da BNCC em seus municípios. Confira os depoimentos:
GUARULHOS (SP)
“Depois que a BNCC foi homologada, a rede municipal promoveu uma palestra com Cleuza Repulho, para falar sobre o documento, sua importância e o processo que este demanda em cada rede de ensino, além de tratar dos passos para a implementação da Base. Foram convidados todos os professores e coordenadores pedagógicos da rede. Em seguida, organizamos um grupo de trabalho com 12 técnicos da secretaria, formando o que chamamos de 'comissão organizadora de currículo'. Essa comissão tem como tarefa realizar as discussões e a redação da reelaboração do currículo do município. Por enquanto, Guarulhos tem a Proposta Curricular Quadro de Saberes Necessários (QSN). O passo seguinte foi promover três reuniões formativas quinzenais para o estudo da BNCC com técnicos do Departamento de Orientações Pedagógicas e Educacionais (Doep). Nesses momentos, eram realizadas as leituras do documento introdutório da BNCC e feita a relação com o QSN. Em paralelo, foi lançada uma plataforma on-line de livre acesso para técnicos do Doep, supervisão escolar e os profissionais que estão nas escolas. A ideia é que ela seja um centro onde cada escola faça a relação dos saberes necessários com o conteúdo da BNCC, e assim, a rede se prepare para reelaborar o currículo de acordo com a Base. Depois, a rede organizou oito dias de formação para professores, coordenadores pedagógicos, técnicos da secretaria, diretores e vices da Educação Básica da rede toda e foi eleito um grupo de trabalho com alguns desses profissionais que se reúne semanalmente para reelaborar o currículo de Guarulhos. Durante todo esse processo, técnicos do Doep e alguns supervisores escolares da rede municipal têm acompanhado as reuniões da rede estadual por videoconferência para alinhar os currículos, pensando em garantir o direito de aprendizagem dos alunos. O próximo passo da rede é iniciar a escrita do documento introdutório. Quando a primeira versão estiver pronta, a proposta é envolver pais e alunos para que eles participem do debate.”
Zenaide Cobucci, diretora do departamento de orientação pedagógica e educacional da Secretaria Municipal de Educação de Guarulhos.
ITABAIANINHA (SE)
“Em janeiro, depois da homologação da BNCC, participamos das mobilizações regionais, lideradas pela Undime-SE e pela Seed-SE, e no município, inclusive com a rede particular para conhecer o documento e discutir os impactos no ensino. Em plenária, foi feita uma apresentação da BNCC e suas características para professores, coordenadores pedagógicos e diretores. Nesse momento, realizou-se a distinção entre a Base e os Parâmetros Curriculares Nacionais [PCNs], explicado o percurso até o documento final da BNCC e explicada a necessidade de construção de currículos organizados por competências. Os presentes também foram convidados a se debruçar sobre os textos introdutórios da BNCC para compreendê-la. Os encontros que se seguiram foram palestras e oficinas organizadas por áreas de conhecimento, para que os profissionais possam conhecer as competências gerais e as específicas e entender o processo cognitivo, diferenciar unidade temática, objeto do conhecimento e também habilidade.
A rede também participou do 'Dia D' do Ministério da Educação em março. Em reuniões e oficinas com professores, coordenadores pedagógicos e diretores, foi discutido que alunos queremos formar e que currículo queremos construir. Na ocasião, também foram feitos exercícios para enxergar que competências são trabalhadas em certas práticas pedagógicas, sempre mantendo o foco no desenvolvimento social, físico e emocional dos alunos. Foram registradas muitas contribuições.
Depois do 'Dia D', organizamos o primeiro 'Dia C' da rede municipal, com alunos e professores. Chamamos de “C” porque é uma ocasião para fazer uma consulta pública e aproveitar a contribuição das pessoas. Depois de uma reunião de apresentação da Base e de tudo o que está sendo feito a respeito, todos foram organizados em grupos, e cada um deles ficou responsável por discutir um componente da BNCC. Um membro da Secretaria de Educação ficou em cada grupo para conduzir as discussões e também contamos com a presença de redatores (professores convidados de outras redes). Foram registradas muitas contribuições. A ideia nessa etapa era de que, na escola, todos conhecessem mais sobre a Base, além de analisar o que já havia sido feito até então, contribuir com novas ideias, denunciar inconsistências e anunciar correções.
Foi realizado depois outro 'Dia C', com reuniões organizadas por etapa de ensino para rever o currículo de cada segmento (Educação Infantil, primeiro e segundo ciclos do Ensino Fundamental). Cada grupo tinha de fazer a leitura de um campo de experiência e depois analisá-lo.
Paralelamente a tudo isso, temos uma plataforma on-line aberta ao público, para que a sociedade possa contribuir com a organização do currículo do estado, colaborando em uma consulta pública. Há dez links, sendo um para os Textos Introdutórios do Documento Curricular, outro para a Educação Infantil e oito para os Componentes do Ensino Fundamental. Para orientar os interessados em colaborar, organizamos até um tutorial em vídeo.
O passo seguinte é que cada escola, orientada por técnicos da Secretaria Municipal de Educação, reelabore seu Projeto Político-Pedagógico [PPP],considerando todas essas discussões.”
Adailson de Jesus Silveira, coordenador estadual de Currículo de Sergipe pela Undime-SE.
TARUMÃ (SP)
“Acompanhamos todas as discussões sobre a BNCC, desde o início. Quando as sugestões puderam começar a ser feitas na plataforma do MEC, a Secretaria Municipal de Educação orientou as escolas sobre isso e pediu que professores e coordenadores pedagógicos colaborassem. Esse trabalho de colaboração era realizado por eles durante os horários de estudo, previstos pela rede. Depois, participamos da audiência final na capital paulista, com representantes do município, para que pudéssemos contribuir com a última versão da BNCC. No início de 2018, na semana do Carnaval, todos os profissionais da rede participaram de um encontro formativo. 'A Base é lei. E agora?' foi o tema. Refletimos sobre as modificações que estão por vir e o que nós, como município, temos a fazer. Os educadores foram divididos para discutir cada área da BNCC. Depois disso, traçamos uma agenda de estudo do documento em uma reunião com técnicos da secretaria, supervisores de ensino, diretores e coordenadores pedagógicos. A ideia é de que eles auxiliem no processo de criação do currículo da rede de Tarumã, que vai ser uma tarefa dos professores. Em julho, participamos de uma nova palestra, para a rede toda sobre a Base: o impacto do documento na gestão da sala de aula e qual é o aluno que queremos formar diante dessa nova perspectiva. A construção do currículo de Tarumã está sendo feita em parceria com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, o currículo paulista, e temos um articulador para essa tarefa. Por fim, organizamos uma agenda de visita às escolas para que os professores deem suas contribuições, afinal, questões locais são de nossa responsabilidade. Os docentes foram divididos por etapa, ano e área. Assim, otimizamos o tempo. Ao final da reunião, todas as sugestões de contribuição foram compartilhadas e discutidas por todos. Em paralelo, está sendo desenhado um plano de ação para que, mais adiante, a comunidade escolar - pais e alunos - participe do processo de elaboração do currículo. Vamos contar com o apoio dos grêmios, das câmaras mirins das escolas e vamos distribuir questionários on-line, por meio do Google Docs, para que todos tenham, realmente, condições de contribuir.”
Sandra Moura, secretária municipal de Educação de Tarumã.