Para começar
Sobre os planos de Educação Financeira
A Educação Financeira integra a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como um dos temas transversais que deve ser explorado e trabalhado concomitante aos demais componentes curriculares. De acordo com a Base, a Educação Financeira não deve se restringir ao ensino cru da Matemática. “Essa unidade temática favorece um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro”. Pretende-se, com os planos de Educação Financeira, fazer os estudantes refletirem sobre ações individuais e coletivas que podem impactar sua vida e a da sociedade.
As orientações deste plano não devem ser apresentadas aos estudantes, pois elas detalham as ações e trazem mais subsídios para que você, professor, se organize melhor para a realização da aula.
Os planos de Educação Financeira têm como objetivo promover um trabalho inter e transdisciplinar, já que as habilidades destacadas para cada componente curricular se correlacionam com o tema transversal.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018a.
Ação prévia
Antes de realizar a aula deste plano, é importante que os estudantes já saibam o que são os blocos econômicos e quais são os blocos econômicos de que o Brasil faz parte, ou seja, é preciso que já tenham trabalhado a habilidade EF08GE12 (Compreender os objetivos e analisar a importância dos organismos de integração do território americano (Mercosul, OEA, OEI, Nafta, Unasul, Alba, Comunidade Andina, Aladi, entre outros), mesmo que de maneira introdutória e/ou superficial.
Para se aprofundar
Acesse o site Comex Stat, um sistema para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro. São divulgados mensalmente os dados detalhados das exportações e importações brasileiras, extraídas do SISCOMEX e baseados na declaração dos exportadores e importadores. Disponível no link: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/comex-vis. Acesso em 15 Dez. 2021.
Orientações iniciais para o professor
Tempo sugerido
50 minutos de aula.
Para o desenvolvimento deste plano de aula, indicamos o uso dos seguintes materiais
- Cópia ou equipamento de projeção para compartilhamento de gráficos e dados relacionados à balança comercial brasileira e o Mercosul.
Contexto
Tempo sugerido
15 minutos.
Orientações
Inicie a aula partilhando ou projetando para a turma a seguinte manchete:
“Índice de Preços de Alimentos têm alta de 28% em 2021” (Disponível em: Índice de Preços de Alimentos tem alta de 28% em 2021 (canalrural.com.br). Acesso em 10 Jan. 2021).
Comente com os estudantes que esse índice é o resultado de uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Incite uma discussão, questionando se eles notaram um aumento significativo no custo das compras e das contas de casa ao longo do ano de 2021 e como eles poderiam justificar tal aumento. Explique que durante essa aula eles serão convidados a refletir sobre se tal aumento pode ser relacionado, dentre outros fatores, com as relações comerciais entre Brasil e os países do Mercosul.
O que propor?
Em uma roda de conversa, questione os estudantes sobre o que é um bloco econômico e quais países fazem parte do Mercosul. Permita que compartilhem livremente seus conhecimentos sobre o assunto. A ideia é levantar os conhecimentos prévios e ajudá-los a relembrar que os blocos são associações entre países para facilitar e ampliar as trocas comerciais entre eles. Os estudantes também precisam recordar que o Mercosul é formado, dentre outros membros associados, por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Apresente, então, a imagem 1, que trata da balança comercial entre Brasil e Mercosul em dois diferentes momentos: o ano de 2020 e o intervalo entre janeiro e novembro de 2021.
Balança comercial Brasil - Mercosul 2020:

Balança comercial Brasil - Mercosul de janeiro à novembro de 2021:

Fonte: Comex Stat - ComexVis (mdic.gov.br), 2021.
Reserve um tempo para que os estudantes possam observar com atenção os dados apresentados e então questione:
- As relações comerciais entre o Brasil e o Mercosul foram vantajosas para o nosso país em 2020? Por quê?
Espera-se que os estudantes respondam que sim, pois nossas exportações foram maiores que as nossas importações, gerando um lucro (superávit) de 422,7 milhões de dólares para o Brasil.
- O ano de 2021 foi vantajoso para a economia brasileira, quando analisamos as relações comerciais com o Mercosul? Por quê?
Espera-se que os estudantes percebam que não, pois as importações foram maiores que as exportações, gerando um déficit de 238,2 milhões de dólares.
Pergunte aos estudantes se eles tinham noção dessa transformação da balança comercial entre os anos de 2020 e 2021 e comente que, na próxima etapa, eles terão oportunidade de observar quais são os principais produtos do Mercosul importados pelo Brasil.
Sugestões de adequação
Caso não haja a possibilidade de projetar os dados, eles poderão ser compartilhados por meio eletrônico ou cópia física.
Problematização
Tempo sugerido
15 minutos.
Orientações
Apresente aos estudantes, projetando ou copiando no quadro, as informações relativas a alguns dos principais produtos de importação brasileira com relação ao Mercosul.
2020 |
JAN A DEZ 2021 |
PRODUTO | PARTICIPAÇÃO NAS IMPORTAÇÕES | PRODUTO | PARTICIPAÇÃO NAS IMPORTAÇÕES |
Veículos automóveis para transporte de mercadorias e usos especiais | 14% | Energia elétrica | 16% |
Energia elétrica | 13% | Veículos e automóveis para transporte de mercadorias e usos especiais | 14% |
Trigo e centeio, não moídos | 9,2% | Trigo e centeio, não moídos | 9,6% |
Veículos automóveis de passageiros | 5,3% | Veículos automóveis de passageiros | 8,3% |
Preparações e cereais, farinhas ou amido de frutas e vegetais | 3,2% | Milho não moído, exceto doce | 4,0% |
Leite, creme de leite e laticínios, exceto manteiga ou queijo | 3,0% | Preparações e cereais, farinhas ou amido de frutas e vegetais | 2,4% |
Fonte: Comex Stat - ComexVis (mdic.gov.br), 2021.
O que propor?
Em grupos com quatro integrantes, proponha que analisem os dados apresentados, refletindo sobre a seguinte questão:
- Quais desses produtos podem gerar impacto direto no orçamento familiar, e por quê?
Relacione com a percepção dos brasileiros sobre o aumento significativo no custo das compras e das contas da casa no último ano.
As análises deverão ser escritas nos cadernos dos estudantes e um dos integrantes deve ser eleito para apresentar as conclusões de cada grupo na etapa seguinte.
Espera-se que os estudantes percebam que aquilo que não é produzido em quantidade suficiente no país e precisa ser importado, acaba tendo um custo mais alto, que é repassado ao consumidor final. Dessa forma, por meio da análise dos dados apresentados, é provável o aumento do custo da energia e de produtos básicos, como o pão, visto o aumento das importações do trigo, por exemplo.
Sugestões de adequação
Você pode fazer a impressão do quadro ou até mesmo buscar outros produtos que se assemelham à realidade de seus estudantes.
Sistematização
Tempo sugerido
10 minutos.
Orientações
Organize para que todos os grupos tenham tempo de fala. Registre no quadro os principais pontos levantados pela turma.
O que propor?
Proponha que um representante de cada grupo apresente as análises feitas e permita que o restante da turma refute ou concorde com as análises feitas. Caso os estudantes não tenham conseguido relacionar o aumento das importações com o preço dos alimentos consumidos por eles, induza novas reflexões por meio de questionamentos do tipo:
- Quais desses produtos são consumidos por vocês? Em quais situações?
- É mais barato comprar um produto nacional ou importado? Por quê?
Por meio desses questionamentos os estudantes conseguirão desenvolver a percepção de que aquilo que precisa ser importado acaba tendo um custo mais alto, que é repassado ao consumidor final, ou seja, impacta o orçamento familiar.
O que aprendemos?
Tempo sugerido
10 minutos.
Orientações:
Comente com os estudantes que, em novembro de 2021, o ministro da economia, Paulo Guedes, deu uma entrevista falando do Mercosul e o custo da comida. Leia o seguinte trecho da entrevista para eles: "A modernização do Mercosul passa também pela dimensão tarifária e nós trabalhamos isso bastante com os nossos sócios. É importante ter acesso e atenção às necessidades internas de forma a reduzir o custo de comida, de itens essenciais para a população brasileira", declarou.
O que propor?
Questione:
- Pelo que pudemos perceber ao longo da aula, o ministro da economia tem razão? Alterar as tarifas de importação pode reduzir o custo da comida?
Solicite que os estudantes respondam, individualmente, aos questionamentos em seus cadernos. Dessa forma, eles discutirão e responderão às questões em grupo e, posteriormente, registrarão individualmente as respostas.
Espera-se que eles respondam que a alteração nas tarifas impacta diretamente o custo dos alimentos, podendo reduzir seu valor.
Sugestões de adequação
Você pode solicitar aos estudantes que partilhem as informações com todo o grupo ou em grupos menores e registrem as principais ideias que foram discutidas. Para isso, circule pela sala para que possa auxiliar em alguma dúvida que surja.