Para começar
Sobre os planos de Educação Financeira
A Educação Financeira integra a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como um dos temas transversais que deve ser explorado e trabalhado concomitante aos demais componentes curriculares. De acordo com a Base, a Educação Financeira não deve se restringir ao ensino cru da Matemática. “Essa unidade temática favorece um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro”. Pretende-se, com os planos de Educação Financeira, fazer os estudantes refletirem sobre ações individuais e coletivas que podem impactar sua vida e a da sociedade.
As orientações deste plano não devem ser apresentadas aos estudantes, pois elas detalham as ações e trazem mais subsídios para que você, professor, se organize melhor para a realização da aula.
Os planos de Educação Financeira têm como objetivo promover um trabalho inter e transdisciplinar, já que as habilidades destacadas para cada componente curricular se correlacionam com o tema transversal.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018a.
Ação prévia
Antes da aula, organize uma lista com algumas profissões e alguns itens considerados comuns e outros considerados mais raros. Essa lista servirá de apoio para as discussões que serão propostas ao longo da aula. A ideia é que os estudantes percebam que, muitas vezes, o preço de um produto ou serviço não se relaciona apenas ao recurso usado para sua produção, mas também à raridade de profissionais que o desenvolvem, ao seu aspecto histórico e cultural, entre outras questões. Para isso, a lista deve ser variada e trazer exemplos que mobilizem essas reflexões. Você pode pensar no afinador de pianos e no construtor ou ainda em um papiro e um caderno de anotações. Esses extremos, com sua mediação, possibilitarão ricas discussões e, de maneira progressiva, os estudantes serão capazes de diferenciar preço e valor.
Também será necessário que a turma se organize em grupos, que devem escolher dois itens que farão parte de um leilão. Para essa escolha, é preciso que considerem a utilidade do item e um aspecto cultural ou histórico. Obviamente, pela raridade de alguns objetos, não será possível levá-los para a aula. Sendo assim, oriente que os grupos busquem imagens que possam ser projetadas ou impressas em cartões para apresentação aos demais grupos.
Providencie também um conjunto de cartas para os lances do leilão. Você encontra uma sugestão disponível no Anexo 01 - Cartas para o Leilão e deve distribuir um conjunto de cartas para cada grupo.
Providencie a tabela disponível no Anexo 02 - Tabela final para cada grupo.
Por fim, separe a imagem de um museu com objetos famosos e de grande valor. Essa imagem será usada no momento de sistematização da aula, quando o objetivo principal é diferenciar preço e valor.
Para se aprofundar
Preço e valor, caro ou barato, é tudo a mesma coisa? Essa percepção depende de muitos fatores, como os recursos usados para a produção, a logística de distribuição ou, ainda, aspectos pessoais. Valor é diferente de preço. Para saber um pouco mais sobre isso e aprofundar suas reflexões, ampliando ainda mais as discussões com os estudantes, sugerimos a leitura da matéria disponível em https://dinheirama.com/caro-barato-ponto-vista/.
Orientações iniciais para o professor
Tempo sugerido
50 minutos de aula.
Para o desenvolvimento deste plano de aula, indicamos o uso dos seguintes materiais
Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.
Contexto
Tempo sugerido
15 minutos.
Orientações
Organize a turma em grupos com até cinco integrantes, conforme a pesquisa prévia sobre o item, e apresente a eles a seguinte situação:
- Pedro, gosta muito de itens de decoração. Ao comprar um apartamento novo, destinou um espaço para um piano, um item muito admirado por ele e que já fazia parte da história de sua família. Sua intenção, além de embelezar sua casa, era de aprender a tocar o instrumento. Depois de tudo organizado, chamou um amigo músico para admirar sua aquisição e, com bons ouvidos, o amigo disse a ele que o piano estava muito desafinado devido ao tempo que ficou sem uso. Pedro ficou com aquilo na cabeça, procurou por botões que pudessem ajustar a afinação, e nada. Foi atrás de vídeos com tutoriais, e mais desafinou do que afinou o piano. Foi então que ele descobriu que existem pessoas especialistas na afinação de pianos.
Feliz com a descoberta, Pedro foi em busca desse profissional e começou anotar as informações na tabela apresentada a seguir:
Afinador | Distância | Satisfação dos clientes | Preço cobrado |
1 | 30 km | 4 estrelas | R$ 800,00 (por afinação) |
2 | 50 km | 4 estrelas | R$ 600,00 (a depender do tipo de piano) |
3 | 100 km | 5 estrelas | R$ 950,00 (por hora) |
Pedro achou o preço muito alto e, além disso, precisaria acrescentar o custo para o deslocamento do profissional”.
A ideia é que os estudantes reflitam sobre o preço do trabalho que será ofertado e todas as variáveis que o tornam alto ou baixo.
O que propor?
Apresente a situação de Pedro para a turma. Você pode realizar a leitura ou projetá-la.
Terminada a leitura, questione:
- Vocês acham que o preço está alto ou baixo? Por quê?
- Qual dos afinadores vocês escolheriam?
Com essa segunda pergunta, peça aos grupos que justifiquem a escolha e possibilite que apresentem argumentos para isso.
Siga com a mediação e registre os principais apontamentos.
Pergunte a eles se o item é importante para Pedro e por que possui essa importância.
Considere a importância de perceberem que, além do preço para afinar o piano, existe um valor que não se relaciona ao dinheiro, e sim ao fato do objeto em questão ser algo herdado pela família.
Por fim, pergunte se essa profissão é comum e se Pedro conseguiria arrumar o item sem a ajuda do profissional.
Lance, então, a pergunta:
- Preço é diferente de valor?
Solicite que pensem sobre a questão, mas não antecipe nenhuma informação a respeito.
Apresente para a turma a lista preparada previamente. Se na lista você usou, por exemplo, o papel e o papiro, questione:
- Qual tem maior preço?
Ou ainda:
- Por que o papel é mais barato que o papiro?
Se esse papiro estivesse sendo leiloado por um museu, esse preço mudaria?
Aqui você tem novamente a possibilidade de explorar a ideia de preço e valor, sem antecipar respostas à turma.
Siga a mesma ideia de comparação considerando uma profissão. Se, por exemplo, temos o afinador de pianos e o construtor, questione:
- Qual mão de obra tem um custo maior pelo serviço executado?
- Temos mais construtores ou afinadores de pianos?
- Esse quantitativo pode influenciar no preço do serviço executado?
Apresente os itens da sua lista e perceba se as diferenças começam a se manifestar nos argumentos dos estudantes.
Siga então para a próxima etapa da aula.
Sugestões de adequação
Você pode aproximar a proposta, considerando profissões e produtos mais comuns no dia a dia dos estudantes. Muitos possuem familiares que desempenham funções e produzem itens, e essas informações podem ser potencializadas durante a aula.
Problematização
Tempo sugerido
25 minutos.
Orientações
Nessa etapa, os estudantes deverão simular um leilão com o item que trouxeram. Certifique-se de que cada grupo está com um conjunto de cartas e inicie a rodada convidando um dos grupos para começar. Ao final de cada rodada, anote o item leiloado e o quantitativo pelo qual ele foi adquirido.
O que propor?
Cada grupo será convidado a apresentar seu item para a turma. Eles devem mostrar a imagem e expor os motivos da escolha.
Peça que apresentem argumentos que convençam os grupos. Nesse momento você pode apoiá-los com os seguintes questionamentos:
- Por que esse item é importante?
- O que os levou a escolhê-lo?
- Ele é fácil de ser encontrado?
Com os argumentos apresentados, peça que os grupos levantem as cartas informando se “curtiram” ou “não curtiram” o produto.
Registre.
Em seguida, os grupos que curtiram devem dar um “lance”, escolhendo a carta que indique quanto estariam dispostos a pagar pelo item. Isso ocorre de maneira hipotética, tendo em vista que as cartas apenas possuem símbolos de $ (1$ representa preço baixo e 5$ representa preço alto).
Registre.
Siga com a mesma dinâmica até que todos os itens sejam apresentados e todos os grupos tenham participado.
Terminada essa etapa você terá em seu registro uma lista de itens, os mais curtidos e os que receberam mais $.
Apresente os resultados para os grupos e lance algumas perguntas, como:
- O que fez esse item ser o mais desejado?
- Por que optaram por atribuir um preço mais alto para ele?
Nesse momento é importante que a mediação permita que os estudantes percebam que essa diferença relaciona-se a fatores como
- raridade;
- qualidade do item;
- valor, no sentido da representatividade que possui para a pessoa;
- utilidade.
Caso perceba que os estudantes ainda não compreenderam a diferença entre preço e valor, retome o exemplo usado no início da aula.
O fato de termos poucos afinadores de pianos, associado ao valor que Pedro dava para o item, aumenta o preço final destinado à afinação.
Sugestões de adequação
Você pode criar um leilão virtual com itens previamente escolhidos por você. Nesse caso, todos os grupos podem dar lances para a aquisição dos itens e, no final, a sistematização pode considerar o item com mais lances, com maior preço de venda e os motivos que levaram a isso.
Sistematização
Tempo sugerido
5 minutos.
Orientações
Apresente aos estudantes a imagem de um museu e alguns questionamentos que favoreçam a diferenciação entre preço e valor.
O que propor?
Mostre ou projete a imagem de um museu ou outro espaço com itens cujo valor seja significativo e que, preferencialmente, não possam ser precificados.
Explique para a turma o que representa, contextualize a escolha e as informações que evidenciam essa importância, e então questione:
- De acordo com a história que acabei de contar, esse item pode ter um preço baixo ou alto?
- Será que esse preço tem relação com o valor que ele apresenta?
- Existe algum item que não possa ser precificado? Por quê?
Possibilite que argumentem sobre a imagem e só então explique a eles:
Preço refere-se ao quantitativo que as pessoas pagam para adquirir algo. Essa precificação está relacionada a diversos fatores, como: recursos usados na produção, logística de distribuição, profissionais envolvidos, raridade, durabilidade etc. O preço é expresso pelo valor monetário (dinheiro) requerido para a aquisição de algo.
Se achar pertinente, você pode trazer para a discussão as mudanças que ocorreram ao longo do tempo e, até mesmo, outras formas de aquisição que já foram usadas.
Já o valor refere-se ao benefício que o item nos proporciona. Isso muitas vezes nos leva a escolher se vamos ou não comprar algo e, ainda, se vamos ou não pagar o preço exigido para ter o item.
Bens de família, feitos de maneira particular ou artesanais, por exemplo, possuem um valor diferente dos que são produzidos em grandes esteiras industriais.
Sugestões de adequação
Para a diferenciação entre preço e valor, você pode apresentar novas imagens aos estudantes e questionar se pagariam um preço alto ou baixo, considerando o contexto do item apresentado por você.
O que aprendemos?
Tempo sugerido
10 minutos.
Orientações
Na última etapa da aula os estudantes devem elaborar uma lista de itens, diferenciando os que possuem preço alto, preço baixo, valor alto e valor baixo, e trocar para análise dos demais grupos.
O que propor?
Explique que, a partir das discussões apresentadas, eles devem listar 5 itens que consideram ter preço alto e 5 itens que consideram ter preço baixo. Em seguida, devem justificar essas escolhas e essa categorização.
Na sequência, devem escolher um item que considerem valorável e precificá-lo de acordo com um contexto.
Cada grupo terá 5 minutos para fazer sua lista.
Ao concluírem, peça que os grupos troquem as listas entre si e que opinem sobre as justificativas dos colegas, considerando a tabela apresentada no Anexo 02 - Tabela final.
Cada grupo recebe de volta sua tabela com as considerações dos colegas e deve registrar no caderno suas aprendizagens sobre a diferença e a relação estabelecida entre preço e valor.
Oriente-os a perceber que, caso o outro grupo tenha discordado deles, isso pode considerar o valor que cada um dá para os itens escolhidos. Novamente resgate o exemplo de Pedro e possibilite que registrem suas considerações finais sobre o assunto.
Sugestões de adequação
A lista pode ser feita antecipadamente por você e circular entre os grupos para que as indicações sejam preenchidas.