Existem muitas referências quanto à definição de práticas corporais de aventura (PCA), porém, em geral, elas podem ser classificadas como um conjunto de atividades caracterizadas geralmente por desafiar e aproveitar os ambientes físicos, lidar com riscos e perigos advindos da imprevisibilidade, oferecer emoções diversificadas e subverter modelos padronizados para estar e se movimentar nas cidades e na natureza.
Inicialmente realizadas em ambientes naturais, essas práticas surgiram em parte pelo desejo de conhecer outros lugares, ter novas experiências, viver diferentes percepções em meio à natureza, romper com a rotina, aproveitar momentos de lazer e obter prazer pela sensação de instabilidade e risco que envolve essas práticas.
São exemplos de PCA: alpinismo, arvorismo, asa delta, balonismo, banana boat, base jump, BMX, bodyboard, bodysurf, boia cross, bungee jump, caiaque, caminhada ecológica, canionismo, cascading, cicloturismo, corrida de aventura, corrida de montanha, corrida de orientação, escalada, espeleoturismo, esqui aquático, estilingue humano, flyboard, jet ski, jet surf, kitesurf, mergulho, montanhismo, moto cross, mountain bike, paramotor, parapente, paraquedismo, parkour, patins, rafting, rali, rapel, rolimã, sandboard, skate, esqui na neve, skimboard, sky surf, slackline, snowboard, stand up paddle, stand up surf, street luge, surfe, tirolesa, trekking, wakeboard, windsurf e wingsuit.
Práticas corporais de aventura urbanas
As práticas corporais de aventura urbana surgiram como adaptação das atividades realizadas na natureza para o espaço das cidades, reelaborando o uso e deslocamento nestes espaços para extrair deles as experiências de quebra da rotina, do desprendimento de códigos e padrões, além de experimentar novas sensações por meio do movimento corporal. Um exemplo de prática corporal de aventura adaptada ao meio urbano é o skate, originado do surfe. Há também aquelas que são praticadas exatamente como na natureza, como o slackline, e outras específicas dos ambientes urbanos, como o parkour e o patins.
O espaço público e as práticas corporais de aventura urbanas
Em sua maioria, as práticas corporais de aventura urbana reúnem grupos de jovens que se apropriam do espaço público para realizar sua atividade e também expressar sua própria ideia de cidadania: os valores e limites necessários à convivência humana se traduzem nestes grupos sociais, transformando o lazer, o “não fazer nada”, em um ritual de afirmação coletiva.
São corpos saltando, escalando, deslocando-se com agilidade, realizando difíceis acrobacias e aterrissando com precisão milimétrica. Uma forma despreocupada, diferente, alegre e transgressora de usar os espaços públicos, mas comprometida em, acima de tudo, divertir-se e transgredir o habitual em busca de novas sensações.
Segundo Costa (2007), é comum o debate a respeito do uso do espaço público por estas práticas e sua associação a vandalismo, depredação e perturbação da ordem coletiva. Vale lembrar que este estranhamento entre o cotidiano e o excepcional vai além da questão territorial, o espaço da vizinhança nas cidades tornou-se um local de conhecimento e reconhecimento dos praticantes entre si e com outras pessoas.
Diariamente, milhares de crianças, jovens e adultos transgridem as leis vigentes para o uso do espaço comum. Costa (2007) define que a nova forma de interagir com o meio urbano dos praticantes de parkour, skate e bike não busca apenas superar os obstáculos da paisagem urbanizada. Eles desafiam seus próprios limites em paredes, escadas, corrimãos e calçadas, que ganham novos usos e fazem com que o normal seja visto de maneira diferente.