Materiais sugeridos
- Folhas de papel A4 ou o próprio caderno dos estudantes.
- Lápis e/ou canetas.
- Celular e/ou material para registro, se assim for possível.
- Materiais diversos para a realização de diferentes exercícios físicos, de acordo com a disponibilidade de oferta em seu contexto profissional (exemplo: halteres, caneleiras, bolas, elásticos, colchonetes, cordas, cones etc.).
Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.
Conversa inicial
Nesta atividade, os estudantes deverão se dividir em quartetos. Em seus próprios cadernos, deverão construir uma tabela, como no exemplo a seguir, listando as práticas que acreditam corresponder a atividades físicas e outras que correspondem aos exercícios físicos e estão presentes em seus próprios contextos. Observe a necessidade de os estudantes auxiliarem os colegas na escrita daquilo que consideram atividade física e exercício físico.
Atividades físicas | Exercícios físicos |
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Esta atividade será disparadora para uma reflexão após as vivências. Como atividade introdutória, não esperamos que os estudantes tenham, nessa etapa da aula, clareza dos conceitos sugeridos, mas que possam refletir sobre as semelhanças e diferenças estabelecidas em cada uma das práticas. Essa atividade serve como disparador para a introdução dos conceitos de exercício físico e atividade física. A depender do conhecimento prévio dos estudantes, é possível aprofundar em cada uma das questões colocadas. É importante que os estudantes compartilhem suas tabelas com a turma, possibilitando assim outros exemplos sobre cada um dos conceitos, que, na sistematização, o professor deve retomar.
Atividade
Atividade: Mini programas de exercícios físicos
Nesta atividade, os estudantes serão os protagonistas da proposição. Ela acontecerá em duas etapas: 1. elaboração de um mini programa de exercícios e 2. apresentação e proposição desse programa para a turma.
Cada um dos grupos deve propor, primeiro por escrito e posteriormente como uma experiência em aula para toda a turma, um mini programa de exercícios físicos composto por quatro exercícios. É necessário que os estudantes relacionem cada um dos exercícios propostos com as capacidades físicas correspondentes.
Para tal, os estudantes devem se organizar em quartetos, em que cada um dos estudantes terá uma função específica, a saber: o pesquisador, o escritor, o narrador, o executor.
- o pesquisador tem a função de verificar se os exercícios escolhidos estão coerentes com a proposta, paramentados pela ciência e fundamentação teórica. Esse estudante pode recorrer a pesquisas na internet, ao professor ou até mesmo a outras pessoas da comunidade capacitadas para tal.
- o escritor é o responsável pela anotação de cada um desses exercícios de forma estruturada e, ao final do percurso, deverá entregar ao professor o plano de exercícios estruturado.
- o narrador deverá, em posse dos exercícios previamente elaborados, propor a toda turma a experimentação desses exercícios.
- o executor deverá se responsabilizar pela preparação do material e pelo espaço necessário para a vivência, além de registrar, através de fotos, vídeos ou mesmo por escrito, a participação da turma na atividade proposta.
Ao final do processo, cada um dos grupos deverá compartilhar com a turma o mini programa de exercícios físicos que propôs, a partir de uma organização previamente estipulada; a turma deverá experimentar, na prática, a proposição feita por cada um dos grupos.
De acordo com as características dos estudantes, pode ser que não consigam desenvolver sozinhos os programas de exercícios. Nesse caso sugerimos que o professor crie exercícios em estações:
- Estação 1: Exercícios de força, como flexão de braços ou agachamentos.
- Estação 2: Exercícios de flexibilidade.
- Estação 3: Exercícios de resistência muscular, como subir e descer escadas, realizar abdominais por um determinado tempo.
- Estação 4: Exercícios de resistência cardiovascular, como caminhar ou correr em um espaço por 12 minutos. Ao final das experiências, os estudantes devem relatar quais são as capacidades físicas exigidas em cada uma das estações.
Observar a necessidade de se adaptar as atividades de acordo com as características dos estudantes para isso. Pode, por exemplo, propor corridas em duplas, em que um dos estudantes conduz o outro por meio de uma guia feita com barbante.
Momento da reflexao
Nesta atividade, sugerimos que estudantes sejam organizados em novos grupos, possibilitando outras trocas. Os grupos devem ser responsáveis por auxiliar os estudantes com dificuldades na compreensão das questões propostas.
Peça-lhes para dialogarem sobre as seguintes questões, primeiramente nos grupos menores e posteriormente com a turma toda, no exercício constante de argumentação e escuta:
- Quais são as diferenças entre atividade física e exercício físico? Cite exemplos.
- Em uma academia as pessoas fazem exercício físico ou atividade física? E no parque? E em casa?
- Quais são as capacidades físicas que você gosta de experimentar, em relação aos exercícios vivenciados? E quais são aquelas que você não gosta? Explique seus motivos.
- Quais foram as facilidades e dificuldades em propor um mini programa de exercícios físicos?
- Como é possível manter uma rotina de exercícios físicos além dos muros da escola?
- Por que é importante manter uma rotina de exercícios físicos? Justifique.
Essas perguntas são norteadoras para uma reflexão em consonância com os objetivos propostos em aula. Depois de discutirem nos pequenos grupos, incentive os estudantes a compartilharem suas respostas, para que possam também refletir sobre as respostas de seus pares.
Sistematizacao do conhecimento
Sistematizar os conhecimentos é jogar luz ao caminho escolhido para a construção de novas aprendizagens. Assim, organize os conhecimentos vivenciados durante esse processo de modo que os estudantes possam retomar os principais pontos traçados como objetivos.
Portanto, retome a tabela construída no Momento de reflexão e alinhe com os estudantes os principais pontos da aula:
- A diferença fundamental entre atividade física e exercício físico: enquanto o primeiro refere-se a qualquer atividade em que haja movimento corporal (escovar os dentes, por exemplo), o segundo, necessariamente, é sistematizado e organizado para algum fim específico, que pode ser saúde, lazer, trabalho (caminhar 30 minutos diariamente, por exemplo).
- A elaboração de um mini programa de exercícios, por escrito e com prática, relacionando os exercícios escolhidos às capacidades físicas, como elementos treináveis e fundamentais para a realização de tarefas motoras.
Além disso, implique os estudantes na identificação de atividades físicas e exercícios físicos que compõem suas próprias trajetórias, ou seja, que estão presentes nos seus cotidianos ou que, de alguma maneira, fazem parte da sua história. É provável que os estudantes citem algumas práticas que já fizeram parte de seus contextos no passado, mas que agora não praticam mais. Ao fazer essa reflexão, os estudantes poderão diferenciar os conceitos em questão e refletir sobre o acesso às atividades físicas e aos exercícios físicos ao longo de suas histórias. Nesse ponto, é importante voltar à tabela construída no começo da aula e retomar com respostas sugeridas.
Nesse sentido, é importante reconhecer que o acesso ao exercício físico não acontece apenas em espaços privados (como academias e clubes) e, portanto, disponíveis apenas a uma parcela da população que pode pagar pelos serviços, mas ele pode ser democraticamente vivido em diversos espaços, inclusive naqueles públicos, como praças e parques. Portanto, a atividade realizada nessa aula, que sistematiza e propõe um mini programa de exercícios, busca contribuir para que o estudante seja autônomo, inclusive na gerência e organização dessas práticas na própria vida.
Dessa forma, esperamos que os estudantes relacionem os saberes construídos a partir da investigação, experiência e proposição de um mini programa de exercícios, com os objetivos traçados no início deste percurso.
Registro e avaliacao
Utilize os registros produzidos durante o percurso da aula: na atividade inicial, os estudantes construíram uma tabela elencando exercícios físicos e atividades físicas; em seguida, registraram a elaboração do mini programa de exercícios e entregaram essa produção no fim da aula. É importante considerar que alguns estudantes podem ter dificuldade em realizar registros por escrito. Para eles, proponha o registro por meio de outras formas de linguagem.
Portanto, além da avaliação objetiva de 1. elaboração da proposta; 2. condução da proposta para a turma e 3. experimentação das propostas ofertadas por outros grupos, propomos uma perspectiva de autoavaliação e avaliação por pares, em que o estudante é o protagonista dos processos de ensino-aprendizagem.
Dessa forma, espera-se que os estudantes se envolvam, com respeito e justiça, em avaliar a si, o seu grupo e a turma, no que diz respeito à elaboração e à participação nas atividades propostas pelos colegas.
Assim, ao final do processo (que está dividido em 2 etapas, a saber: 1. elaboração e condução do mini programa de exercícios e 2. experimentação dos programas oferecidos pelos outros grupos), os estudantes deverão preencher a tabela a seguir com um “X”:
| Sua função | Seu grupo | Toda a turma |
Insatisfatório - não cumpriu suas funções de acordo com o combinado estabelecido. |
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Satisfatório - cumpriu suas funções, mas em alguns pontos poderia ter uma postura mais assertiva. |
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Plenamente satisfatório - cumpriu suas funções com autonomia e responsabilidade. |
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Professor, utilize essa avaliação para retomar com os estudantes a perspectiva coletiva sobre os trabalhos. Aqui sugerimos três dimensões, implicando que o estudante possa observar a sua participação, a do grupo (quarteto) e a da turma, tanto na elaboração e condução da proposta quanto na experimentação das atividades oferecidas pelos outros grupos. A partir dos dados coletados, conceda um feedback para todos, no qual explicite a importância dos estudantes serem de fato protagonistas da aula, inclusive na avaliação. Se a atividade for avaliada como insatisfatória, encontrem, conjuntamente, caminhos para que nas próximas aulas isso não aconteça novamente.
A avaliação em Educação Física é fundamental para que o processo de ensino-aprendizagem seja olhado de uma maneira estrutural. As escolhas metodológicas feitas estão em consonância com os objetivos propostos? As três atividades de registro são produções que inferem se os estudantes puderam se apropriar dos objetivos traçados para este plano.
Barreiras
Barreiras
- Exercícios físicos que solicitem movimentos específicos para a sua realização.
- Funções específicas em cada grupo de trabalho.
- Limitar os registros dos estudantes ao texto escrito.
Sugestões para eliminar ou reduzir as barreiras
- Explicar oralmente e ou/visualmente a comanda de cada um dos exercícios. Essa adaptação pode ser feita, inclusive, pelos estudantes que compõem os pequenos grupos.
- Ampliar possibilidades de execução dos exercícios físicos solicitados, de acordo com as possibilidades dos estudantes.
- Possibilitar que algumas soluções e adaptações sejam também sugeridas e incorporadas pelos pares.
Desdobramentos
Este bloco de aulas possibilita o aprofundamento nos conceitos de exercício físico e atividade física, e também no entendimento de práticas corporais.
As práticas corporais são as expressões da cultura manifestadas no movimento humano e são inacabadas, porque estão em constante transformação. Neira (2014, p.16) assume que:
[...] práticas corporais são os produtos da gestualidade sistematizados com características lúdicas, isto é, as brincadeiras, danças, lutas, esportes e ginásticas. Logo, fazem parte da cultura corporal desde as regras da amarelinha até o desenho tático do futebol, passando pelas técnicas do balé, a história do judô e os nomes dos aparelhos de ginástica. Também compõem esse repertório a noção de esporte como meio de ascensão social [...], a utilização da ginástica como aquisição de uma determinada estética corporal, entre tantos outros significados em circulação.
A definição está de acordo com o que propõe a BNCC (2018, p. 213), para o nosso componente curricular:
A Educação Física é o componente curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história. [...] Nas aulas, as práticas corporais devem ser abordadas como fenômeno cultural dinâmico, diversificado, pluridimensional, singular e contraditório. Desse modo, é possível assegurar aos alunos a (re)construção de um conjunto de conhecimentos que permitam ampliar sua consciência a respeito de seus movimentos e dos recursos para o cuidado de si e dos outros e desenvolver autonomia para apropriação e utilização da cultura corporal de movimento em diversas finalidades humanas, favorecendo sua participação de forma confiante e autoral na sociedade
Dessa maneira, é importante que os estudantes saibam diferenciar os termos “exercício físico” e “atividade física”, mas também que se apropriem do conceito práticas corporais, perspectiva fundamental para o entendimento da Educação Física como linguagem.
Considerando a Educação Física como componente curricular da área de Linguagens, dois aspectos são fundamentais: 1. ao nos movimentarmos, expressamos sentidos e sentimentos e comunicamos aos outros e ao mundo nossas intenções e motivações, o que denominamos comunicação não verbal; 2. as nossas escolhas e práticas de atividades físicas nos ajudam a construir os sentidos de nós mesmos - não apenas para o mundo exterior, mas também, e principalmente, para o nosso eu, nosso mundo interno. Nesse segundo aspecto podemos apreciar a linguagem corporal - do corpo e a partir do corpo - como uma forma concreta, encarnada, embebida e situada de produzir de sentidos para nós mesmos, ao construirmos e testarmos hipóteses de nossas relações com o ambiente físico e social por meio do mover-se corporal.
Assim, investiguem em conjunto quais são as práticas corporais vivenciadas na escola e fora dela, ao longo do ano ou ciclo de escolarização. Observem essas experiências e relembrem quais são os aprendizados construídos (de diferentes dimensões: motores, cognitivos e socioemocionais) a partir da experiência vivida em cada uma delas.