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Plano de Aula
Por: Patricio Casco
Este plano se propõe a conduzir os estudantes a conhecer as principais danças da região Nordeste, seus sentidos, significados, passos, coreografias, origens sociais e históricas. Identificar e comparar os seus adereços, indumentárias e instrumentos com os da região de origem.
1. Conhecimento
3. Repertório cultural
9. Empatia e cooperação
10. Responsabilidade e cidadania
As Danças Brasileiras são conteúdos importantes da Educação Física, que aproximam os estudantes de práticas nas quais competências, habilidades e procedimentos são desenvolvidos, em todos os níveis. Mais do que movimentar o corpo de maneira organizada, o encontro entre o ritmo, a expressão e a cultura possibilita a inclusão e a participação dos dançantes, cada qual com suas possibilidades e potenciais. O acesso a essa riqueza é uma construção permanente, feita por corações e mentes em movimento.
Escolhemos duas danças do Nordeste, o coco e a ciranda. Simples e belas, essas danças permitem explorar um sem número de possibilidades, e colocar a herança cultural desses povos ao alcance dos estudantes.
A presença dos povos originários pode ser percebida na ocupação do espaço em rodas ou fileiras, além da marcação rítmica dos pés. O som de instrumentos percussivos, característicos dos povos africanos escravizados, e, por fim, os sentidos e nuances melódicas presentes na musicalidade e na língua portuguesa fecham o quadro diante do qual vamos dançar.
Aqui, um comentário muito importante. A representação da cultura nordestina nos meios de comunicação, particularmente na televisão aberta produzida no eixo Rio-São Paulo, criou estereótipos que não correspondem à realidade dessa região. O professor historiador Durval Muniz Albuquerque Jr. escreveu sua tese de doutorado “A invenção do Nordeste”, transformada em livro e peça teatral, na qual discute profundamente essa questão. Para o autor, essa visão mitológica do Nordeste teve início no século XX e foi elaborada diante da mudança de eixo do poder econômico e cultural para o Sudeste. Nessa mitologia foram enfatizados “valores” bastante discutíveis, como o machismo e a “dureza” do “nordestino”. Além disso, essa visão apresenta uma falsa visão de unidade cultural da região. Esses mitos continuam reforçados tanto pela mídia produzida no Sudeste, quanto pelas elites regionais. Isso, de certa maneira, revela relações de exploração e de poder bastante discutíveis e dignas de superação pelo processo reflexivo e educacional.
O coco e a ciranda são danças representativas de duas regiões culturais distintas:
Em ambas, há a presença das três matrizes culturais. Para compreender melhor a visão de que existem pelo menos três “Nordestes”, com culturas até contrastantes, a sugestão é a leitura do livro O povo brasileiro, de Darcy Ribeiro, que elabora um mapa cultural do Brasil, identificando o que ele chama de “Cinco Brasis”.
O coco é uma dança do sertão, embora praticada também nas praias nordestinas. Alguns pesquisadores importantes, como Antônio Nóbrega, citado em vídeo, afirmam que a dança nasceu no Quilombo dos Palmares no século XVII. Outros, que sua origem está nos tiradores de coco das margens do rio São Francisco. O sentido comunitário da dança está nos mutirões para assentar o piso das casas em construção, nos quais toda a comunidade é convidada a participar dançando e batendo os pés no chão de terra, tornando-o firme. A partir do século XIX, nas capitais, recebe influência das danças europeias de salão nas formações e mesuras (gestos de cortesia). Grandes nomes da música brasileira, como Selma do Coco, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga.
No Coco, segundo a pesquisadora Petícia Carvalho de Moraes,
o movimento é produzido e não reproduzido, tornando as regras da brincadeira mais importantes do que a execução específica de certos movimentos. A forma não é antecipada, e há respeito com o corpo do outro, não exigindo deste mais do que ele pode oferecer; (...) ao mesmo tempo que desafia os corpos a criarem, respeita suas limitações.
Isso nos informa sobre as grandes possibilidades de ação educativa dessa dança.
Seus passos têm como fundamento a marcação do tempo forte, com os pés e/ou mãos, com e sem transferência de peso, com os joelhos semiflexionados, conferindo fluência natural ao gesto. Algumas particularidades rítmicas podem ser percebidas, como a “batida dupla” no tempo forte. Uma importante sugestão nesse sentido é assistir aos vídeos relacionados do Mestre Antônio Nóbrega.
A ciranda, no Brasil, é uma dança de origem praieira. Porém, antes disso, também é uma dança circular. Cabe aqui um comentário que liga as danças brasileiras às danças do mundo. As danças circulares são manifestações humanas presentes desde o início da civilização, em quase todas as culturas, particularmente nas agropastoris, em seus rituais religiosos, nos quais o círculo surge como uma representação da magia dos ciclos da natureza e da unidade do grupo social em relação a eles. Assim, “dançar ciranda” nos conecta a todos os seres humanos que, um dia, estiveram reunidos para dançar em torno de um centro.
As danças circulares dos portugueses, dos indígenas e dos africanos escravizados encontraram, particularmente, nas praias de Pernambuco, um terreno fértil para gerar formas particulares e expressivas de movimentos ligados à beleza e à força do mar, dos ventos e das ondas. É possível experimentar, aqui, elementos dinâmicos, como fluência, espaço, força e tempo, além da facilidade imposta pela prática coletiva.
Essas características tornam a ciranda uma espécie de “metáfora em movimento”, simbolizando o grupo unido pelas mãos dadas entre si e com a natureza, por meio do círculo, do fluxo dos movimentos e da marcação dos passos, particularmente o “tempo forte” em torno do qual são feitas evoluções.
Muitos artistas da música brasileira utilizaram a ciranda como inspiração. Seu maior nome é Lia de Itamaracá. A importância de sua arte está na preservação de elementos fortes da presença africana na cultura pernambucana, e, na ciranda, particularmente na Ilha de Itamaracá.
VÍDEOS
Os vídeos devem servir de apoio, caso não possa exibi-los aos estudantes. Caso possa, reserve um tempo para conversar sobre as imagens observadas coletivamente.
A ciranda é apresentada no minuto 20’35.
Bibliografia
Livros
FILHO, C. da F. Espetáculos populares de Pernambuco. Recife: Bagaço, 1999.
RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
MORAES, P. C. de. Corponegociações. São Paulo: Ed. Dialética, 2020.
Teses acadêmicas
MORAES, P. C. de. A Festa do Coco das comunidades quilombolas paraibanas Ipiranga e Gurugi: acontecimentos e corponegociações. 2016. Dissertação (Mestrado em Estudos Culturais) - Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.
Interessante investigação antropológica da manifestação do coco como expressão quilombola.
Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100135/tde-15122016-200643/publico/Moraes_PeticiaCarvalhoEACH_USP_EstudosCulturais.pdf
FRANCA, D. G. C. Quem deu a ciranda a Lia?: a história das mil e uma Lias da ciranda (1960-1980) / Déborah Gwendolyne Callender França. Recife: O autor, 2011.
Mostra a ciranda como uma construção social, com representações midiáticas na Indústria cultural.
Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/7737/1/arquivo7662_1.pdf
Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.
Inicie com uma roda e apresente todos os objetivos da aprendizagem das danças brasileiras do Nordeste do Brasil: ciranda e coco. Previamente, prepare os passaportes culturais com os estudantes. Ele pode ser feito com folhas de papel A4 dobradas e grampeadas. Nele estão os registros de aula. Pode ser dividido em: região, dança, passos (descrição), instrumentos. Também reserve um espaço para que a turma expresse o que sentiu em cada um dos momentos da aula. Explique que o projeto será finalizado com uma apresentação de coreografia para a turma ou até mesmo para a comunidade escolar. Antecipe, em sua turma, as possíveis barreiras para o livre acesso às danças, estimulando os estudantes a encontrarem possíveis soluções para isso.
Mostre o mapa cultural do Brasil e localize seu lugar de origem. Faça uma linha entre ele e o Nordeste. Converse com a turma sobre o que sabem a respeito de sua própria região, particularmente suas danças. Se julgar necessário, caso perceba que os estudantes não têm esse conhecimento prévio, selecione, antecipadamente, algum material da sua região, como imagens, áudios ou vídeos de danças locais. Lembre-se de escolher os recursos de sensibilização de acordo com as características da sua turma, superando possíveis barreiras sensoriais.
Investigue o conhecimento prévio de elementos da música e da dança, o que sabem sobre pulso, planos de movimento (alto, médio e baixo), contagem do tempo rítmico, e peça para que demonstrem esse conhecimento com movimentos. Caso necessário, exemplifique. Nomeie esses elementos da dança.
Pergunte à turma o que sabem sobre as danças do Nordeste. Como essa é uma região muito explorada pela indústria cultural, investigue esse conhecimento a partir da imagem projetada pelos meios de comunicação. Questione sobre possíveis diferenças entre os diversos ambientes e sua relação com as danças, como a areia da praia e o chão duro do sertão. Relate as matrizes culturais dessa região, informando que a ciranda será a dança escolhida para iniciar este plano. Levante o conhecimento prévio sobre as rodas cantadas que são conhecidas pela turma. Informe que as danças circulares fazem parte da humanidade, e que a Ciranda é um tipo específico, não necessariamente circular, com características próprias que serão conhecidas neste plano. Se estiver na região Nordeste, aproveite para destacar os traços característicos da sua paisagem. Informe que será feita uma viagem sobre/até o Nordeste brasileiro.
Relaxamento (Viagem)
Ao som do mar no áudio, peça que cada qual encontre um local adequado, deite-se de maneira confortável, feche os olhos, respire profundamente e relaxe o seu corpo. O importante aqui é que o relaxamento seja feito, não importando a posição corporal. Se julgar conveniente, de acordo com as características da turma, pode fazer isso com o grupo sentado, o que pode mudar algumas consignas.
O relaxamento será feito em duas fases: peso e calor nas regiões focalizadas. Solicite aos estudantes que sigam um percurso anatômico gradual. O foco se inicia a partir dos pés, passando por tornozelos, pernas, joelhos, coxas, quadris, abdômen, mãos, antebraços, braços, peito, costas, pescoço, e, por fim, cabeça. Narre esse percurso. Sinta o peso dos pés, segmento por segmento, até a cabeça. Faça o mesmo com a sensação de calor, utilizando o mesmo percurso. Mude as consignas utilizando recursos gestuais e não verbais, indicando as partes do corpo. Nesse caso, os olhos do estudante devem estar abertos.
Uma vez relaxados, peça que imaginem, ainda com os olhos fechados e com detalhes, uma paisagem praieira do Nordeste. Se quiser, utilize um áudio com o som do mar. Use uma imagem do mar, como recurso, caso a audição não seja possível. Ajude a turma a compor esse quadro. As águas verde-azuladas, as longas extensões de areia fina, o cheiro do mar e a brisa marinha perfazem o fundo no qual a ciranda acontecerá. Aqui, o professor pode inserir os elementos sensoriais que julgar necessários à sensibilização. Valorize o silêncio com longas pausas nas consignas.
Ciranda sem roda
Deixe o aparelho de reprodução de som preparado. De repente, um forte chamado “Eu sou Lia da beira do mar…” se avoluma a partir do áudio (em link). Nesse momento, peça à turma que abra os olhos e, lentamente, vá se levantando. Ao iniciar a batida da ciranda, peça que os dançantes se locomovam livremente pelo espaço e marquem, com uma palma, o tempo forte da dança. Dê alguns exemplos de movimento, nomeando-os nos planos alto, médio e baixo, para serem realizados nesse tempo forte. Indique um estudante para iniciar a proposta que todos devem seguir. A partir daí, quem fez indica o próximo propositor. Aproveite esse momento para incluir todos os participantes. A ideia principal é marcar o tempo forte, o que pode ser feito de muitas e inclusivas formas. A criatividade e a acessibilidade são as bases dessa investigação de movimentos. Encontrar soluções para superar possíveis barreiras é uma tarefa coletiva, com forte impacto na aprendizagem social.
Dando as mãos
A ciranda é expressão do grupo dançante que, assim, de mãos dadas, tece um fio de afetos, que une todos os participantes. Vamos aos poucos... O áudio permanece. Peça que formem, inicialmente, duplas de mãos dadas, depois trios. Sucessivamente, vá aumentando o grupo de dançantes, enfatizando que a marcação do tempo forte deverá ser feita com um passo à frente, em locomoção lateral. Cada dupla ou grupo escolhe se essa marcação será feita para a direita ou para a esquerda.
Meia ciranda
Quando chegar à turma dividida em duas, peça para que formem duas “centopeias” (fileiras de mãos dadas em movimento), com o lado do passo forte definido pelo grupo, para a esquerda ou para a direita. Solicite que escolham. Peça para que cada “centopeia” combine uma sequência de movimentos durante a evolução que, no momento do tempo forte, inclua saltos, elevação de braços, giros, palmas, ou outros elementos que julgar convenientes. Mesmo com movimentos, as mãos dadas devem ser retomadas logo após esse tempo de marcação para dar continuidade à ciranda.
Ciranda inteira
Antes de iniciar, informe que toda dança, na qual há mais de uma pessoa, é uma negociação entre corpos dançantes. Passo para a direita ou para a esquerda é uma questão de combinar. No entanto, tradicionalmente, na ciranda de Pernambuco, o passo forte é feito com a perna esquerda à frente, o que leva o movimento no sentido anti-horário. Nessa hora, é possível evocar a tradição, sem perder o contato com a criação coreográfica. Faça uma grande “centopeia” com a turma toda. Investigue quais foram os movimentos criados até aqui, peça que o autor de cada ideia nomeie o seu movimento. Escolha alguns deles, junto com a turma, de maneira democrática, e combine uma sequência coreográfica. Lembre-se de que o movimento diferenciado é feito no tempo forte, e segue com todos de mãos dadas nos outros três tempos. Brinque com o percurso. Faça um caracol, com o condutor da ciranda descrevendo espirais até o centro e retornando pelo mesmo caminho. Brinquem...
Ao terminarem as exibições da ciranda, peça que todos se sentem em duplas ou em pequenos grupos e troquem, entre si, as sensações, os sentimentos e as percepções da viagem. Ninguém deve ficar sozinho. Peça que usem, para isso, as anotações do passaporte cultural. Depois, faça uma grande roda na qual um representante de cada dupla ou pequeno grupo relata o que foi conversado nesse momento. As declarações espontâneas sobre as sensações corporais promovidas pelas danças, compartilhadas, enriquecem o cenário de aprendizagem. No entanto, algumas perguntas podem ser feitas para a turma: O que você viu, sentiu ou ouviu durante a viagem? Quais diferenças você vê entre as músicas e danças da nossa região em relação às da região Nordeste do Brasil? Quais tipos de passos você aprendeu nesta aula? Sentiu facilidade ou dificuldade em “fazer junto” (sincronia) para a direita ou para a esquerda? Sentiu dificuldade ou facilidade para criar movimentos com o ritmo dessa dança? Quais? Qual tipo de apoio você recebeu? Conseguiu apoiar os colegas nessa proposta?
Investigue sobre o que sabem a respeito das origens das danças ciranda e coco em relação aos aspectos geográficos e culturais dos ambientes praia e sertão, diferenciando-os.
Converse com os estudantes sobre o que aprenderam dos passos, gestos e da ocupação do espaço na ciranda e no coco.
Demonstre a especificidade da ciranda de Pernambuco em contraste com o senso comum das rodas cantadas.
Recapitule os conceitos dos planos alto, médio e baixo presentes nas danças brasileiras da região Nordeste.
Retome com os estudantes sobre o que aprenderam, a relação entre os passos com o pulso e a marcação rítmica.
Quais as capacidades físicas presentes nessas danças?
Quais as habilidades motoras necessárias para se dançar as danças da região Nordeste?
Existem diferenças em se dançar descalço, calçado / na areia, no tablado, no chão de terra, cimento etc. / em um ambiente fechado e aberto / no calor, no frio? Por quê?
Quais diferenças você vê entre as músicas e as danças da nossa região em relação às da região Nordeste do Brasil?
O uso de um passaporte cultural, ou caderno de viagem individual, pode ser sugerido para que sejam anotados os pontos fundamentais abordados neste plano. Peça que os estudantes anotem em um “caderno” feito com folhas de papel A4 nome, turma, disciplina e região estudada. Converse sobre a liberdade de registro, com possibilidades de escrita e desenhos a serem feitos durante o processo. Uma sugestão é, durante a prática, encontrar um tempo para essas anotações, particularmente no final da aula, no momento de reflexão, que pode ser compartilhada a partir desse registro. Recursos digitais como Padlet ou Google Sala de Aula podem ser usados como forma de dinamizar o registro das atividades. No entanto, com simples cadernos e lápis, pode-se obter resultados semelhantes.
Nos dois casos, é importante observar os seguintes tópicos a serem registrados: nome do estudante e tipos de movimentos realizados “passos”. Um espaço deve ser reservado para desenhos sobre a atividade, com ênfase nos movimentos expressivos da dança. Faça uma tabela com esses dados e comente seus resultados.
Se houver a possibilidade, registre a experiência em imagens e vídeos, que poderão ser utilizados como recurso pedagógico avaliativo, para se voltar, com olhar crítico, sobre aquilo que foi aprendido como conceito, atitude e procedimento.
A avaliação desse passaporte pode ser feita solicitando aos estudantes que relatem, pelos meios disponíveis, como postagens em um Padlet, quais são os tipos de passos, gestos, indumentárias e instrumentos presentes nas danças. Nessas postagens, podem ser solicitados áudios, desenhos, textos e, até mesmo, registros em vídeo dos próprios estudantes, a partir do apoio de um adulto.
Da mesma maneira, um livreto, feito a partir de folhas de papel A4 pode motivar os estudantes a responder às mesmas questões, com os registros gráficos possíveis, como desenhos e textos escritos. Em ambos os casos, as expressões sobre sensações diversas contribuem no ambiente de aprendizagem.
Peça que troquem seus registros ou apresente-os à turma. É importante que a possibilidade dessa apreciação seja combinada, desde o início do uso do passaporte cultural. A exposição desses registros à comunidade escolar, seja um Padlet ou flip chart coletivo, na apresentação das danças, também pode ser uma boa motivação para sua realização durante os passos deste plano.
Barreiras
Sugestões para eliminar ou reduzir as barreiras
A dança desenvolvida na primeira aula foi uma ciranda aberta. Um possível, e desejável, desdobramento é conhecer os passos tradicionais das cirandas pernambucanas, que podem ser feitos também em uma, também tradicional, roda fechada. Se possível, apresente vídeos com os passos tradicionais, como “onda do mar”, no qual é dado um passo forte para a esquerda e, nos outros três tempos, os braços dos dançantes simulam o movimento das ondas. Os passos com giros e palmas também fazem parte do conteúdo tradicional. Proponha que pratiquem, dessa vez, uma ciranda fechada. Explore todas as possibilidades e potencialidades do grupo, convocando-os a superar, juntos, possíveis barreiras de acesso à dança, afinal, como diz a letra, “essa ciranda não é minha só,/ ela é de todos nós”.
O coco, segunda dança deste plano, pode ter como gancho a dança circular da ciranda. No final de uma grande ciranda, peça a todos que soltem suas mãos e, com o áudio do coco, inicie uma brincadeira com seus passos. É importante que tenha o conhecimento prévio de sua execução e variações. Os vídeos listados são para esse fim. No entanto, é desnecessário que os apresente como elementos rígidos do coco. Afinal, uma das suas características fundamentais é que as regras da brincadeira dançante são elaboradas no momento e no contexto em que elas são praticadas. Aponte para essa característica, sem perder de vista o conteúdo tradicional, com a contagem, a marcação dos tempos fortes do coco, as batidas duplas com uma pausa bem definida.
Relate a história do coco e sua notável origem comunitária. Os pisos de barro das casas do agreste e do sertão eram firmados pela batida dos pés na dança comunitária. Os vínculos e os significados presentes devem ser refletidos junto ao grupo, evidenciando essa função social e coletiva das danças.
Peça que façam duplas, trios e quartetos, e explore ao máximo a corponegociação (MORAES, 2020). Solicite que combinem suas movimentações e evoluções, de acordo com suas possibilidades e potencialidades. Lembre-se de que essa corponegociação tem como base a participação de todos e todas.
Com duas possibilidades dançantes exploradas (ciranda e coco), separe o grupo em dois, de acordo com o interesse dos estudantes, e peça que escolham uma delas para compor uma pequena apresentação à turma. Uma sugestão é que este momento final seja planejado para ser um momento coletivo, de brincadeira e com muita alegria. Tanto uma dança quanto a outra pedem que, no final de cada uma, a plateia seja convidada a brincar também. Combine com os estudantes as formas e o momento em que isso possa acontecer.
As dimensões dessa apresentação podem ser, desde apenas a própria turma, até a unidade escolar. Indo para além, em um outro patamar, a participação de toda a comunidade, levando a Educação Física e a cultura corporal para além dos muros da escola.
Multiculturalismo
O grupo de teatro Carmin realizou uma premiada peça de teatro, com base no livro de Durval Muniz Albuquerque Júnior, a partir da seguinte pergunta: “Um ator nordestino, de preferência norte-riograndense, pode representar um personagem nordestino em uma produção televisiva produzida no Sudeste?”. A peça mostra um teste fictício para um papel de nordestino, em uma novela produzida no Sudeste. Um a um, esses mitos são revelados e discutidos, com muito humor. A sugestão é que o professor assista ao vídeo, um mini documentário produzido pelo grupo Carmin. Nele há elementos críticos interessantes que podem trazer essa discussão à luz. A questão “quem é o nordestino?” pode trazer à tona os estereótipos que, assim, podem ser discutidos, reavaliados e atualizados, inclusive a partir de mudanças socioeconômicas recentes ocorridas na região. Essa revisão crítica serve tanto para os estudantes do próprio Nordeste, quanto de quaisquer outras regiões brasileiras. Caso você não esteja no Nordeste, discuta com os estudantes sobre como veem e percebem o “nordestino”. Mostre algumas diferenças culturais e sociais entre os povos do litoral, agreste e sertão. Caso esteja na região, pergunte se os estudantes conseguem perceber diferenças entre grupos regionais distintos do Nordeste. Comente sobre os estereótipos dos meios de informação e o quanto podem gerar preconceitos.
Para o ensino remoto, podemos iniciar com a Conversa inicial apresentando o que vai ser desenvolvido neste bloco de ensino: aprendizagens sobre as danças brasileiras da região Nordeste. Pergunte aos estudantes o que é uma dança regional, uma vez que eles já passaram por este processo ao serem abordadas danças regionais de outras localidades. Os estudantes já tiveram outras aulas sobre este assunto.
Exponha peculiaridades da região Nordeste, sua localização, os estados que a compõem, aspectos da sua cultura e história, e fale sobre as danças oriundas desta região, mais especificamente o coco e a ciranda, uma vez que elas serão discutidas em aula. Pergunte aos estudantes se eles conhecem, já ouviram falar, ou já dançaram o coco e a ciranda?
Fale com os estudantes que o coco é uma dança do sertão, embora praticado também nas praias nordestinas. Alguns pesquisadores importantes afirmam que a dança nasceu no Quilombo dos Palmares e outros que sua origem está nos tiradores de coco das margens do rio São Francisco. O coco é uma dança ritmada pelo batuque de instrumentos de percussão, das batidas de palma, dos passos com sapateado e das letras poéticas entoadas pelo mestre e pelos brincantes.
A ciranda, no Brasil, foi criada quando os portugueses vieram para cá ? é uma dança de origem praieira com formação em círculo, que ocorre em Pernambuco e na Paraíba. A coreografia é bastante simples: no compasso da música, dão-se quatro passos para a direita, começando-se com o pé esquerdo, na batida forte do bombo (instrumento musical - tambor grande), balançando os ombros de leve no sentido da direção da roda.
Retome com os estudantes os conceitos: pulso, contagem de tempo rítmico, intensidade de movimento (forte/fraco), lembre-os de que o pulso é o elemento primário do ritmo, é a marcação mais importante, repetida constantemente num batimento regular; e também os conceitos de plano alto, médio e baixo presentes nas danças brasileiras da região Nordeste.
Selecione áudios, imagens e vídeos para acrescentar os conhecimentos sobre as danças coco e a ciranda, e identifique, junto aos estudantes, suas indumentárias, instrumentos e adereços. Pode-se utilizar muitos dos vídeos que estão presentes na seção Para saber mais da atividade.
Converse com os estudantes sobre a diversidade dos elementos da dança, assim como ocorre a diversidade de região para região do país, o que também permite amplas possibilidades de acesso e de participação.
Após analisarem os materiais sugeridos relacionados com as danças da região Sudeste, solicite que os estudantes respondam às seguintes perguntas:
Quais as capacidades físicas presentes nestas danças?
Quais as habilidades motoras necessárias para se dançar as danças da região Nordeste?
Existem diferenças em se dançar descalço, calçado / na areia, no tablado, no chão de terra, cimento etc. / em um ambiente fechado e aberto / no calor, no frio? Por quê?
Quais diferenças você vê entre as músicas e danças da nossa região em relação às da região Nordeste do Brasil?
Após essas discussões com os estudantes, solicite que eles elaborem um texto em seu caderno com os conhecimentos que acharam mais pertinentes sobre as danças o coco e ciranda (diferenças das danças entre as regiões, capacidades mais desenvolvidas, habilidades motoras aprendidas, aspectos culturais, sua história, pulso e ritmo, ambiente físico onde se realiza a dança - local, vestimentas, calçados, temperatura etc.). E, coletivamente, farão um quadro com tudo que aprenderam e acharam significativo sobre as danças coco e ciranda.
Comente com os estudantes que as vivências coletivas irão ocorrer quando voltarem à aula presencial.
Este plano de atividade foi elaborado pelo time de autores NOVA ESCOLA.
Autor: Patricio Casco
Coautor: Laércio de Moura Jorge
Mentor: Ricardo Yoshio Silveira Ribeiro
Especialista da área: Luis Henrique Martins Vasquinho
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