Plano de aula: Danças onde vivo

Sobre a dança

A dança é uma das manifestações culturais da humanidade, presente em toda a sua história. Na cultura popular brasileira é muito marcante, acontece nas ruas, nas casas, nas escolas, nas festas, entre outros espaços, e tem um papel importante na consolidação das identidades sociais dos praticantes. Segundo Darido e Santos (2012), a dança é cultura, expressão corporal, comunicação e, por isso, reforça-se que ela precisa ser entendida, estudada de uma forma específica, pois abrange muitos conceitos.

As possibilidades de trabalho com dança na escola, mais especificamente na Educação Física escolar, transcende, portanto, a ideia única de criação de coreografias para os eventos escolares, e caminha no sentido de oportunizar vivências corporais que potencializem o exercício da capacidade reflexiva, crítica e criativa, com foco na formação integral dos estudantes, no desenvolvimento das múltiplas dimensões: cognitivo, motor, social e afetivo.

As danças do contexto regional e os elementos constitutivos (ritmo, espaço, gestos)

As danças possuem três elementos constitutivos primordiais: o ritmo, o espaço e os gestos.

O ritmo faz parte de nossas vidas, as batidas do coração, a nossa respiração, a maneira como realizamos uma atividade. Nas danças, o ritmo orienta a execução dos movimentos, que podem ser realizados em intervalos de tempo regulares ou irregulares.

Os gestos, executados por uma parte específica do corpo (braços, mãos, pés, cabeça, ombros) possibilitam a comunicação não verbal, que é capaz de expressar ideias e sentimentos.

O espaço é um local onde o gesto acontece. Pode ser medido pela distância que o corpo alcança ao estender-se ou flexionar-se no seu máximo.

As danças do contexto regional e a diversidade cultural

O Brasil, por ser um país de dimensões continentais, tem uma enorme diversidade cultural. As danças regionais brasileiras surgiram a partir de relações interculturais, com influências das culturas europeias, indígenas, africanas e portuguesas. Elas são passadas de geração em geração e transmitidas de maneira oral. Em geral, utilizam músicas, de autoria coletiva ou anônima, e traduzem o conhecimento popular.

Bibliografia

DARIDO, S. C.; SANTOS, I. K. dos S. Livro didático: uma ferramenta possível de trabalho com a dança na educação física escolar. Motriz, v.18, n.1, jan./mar. 2012, Rio Claro, SP.

Materiais sugeridos

• Imagens de danças do contexto regional e de outras culturas.
• Bolas, bexigas, jornais, lenços, bambolês, bolas de sabão (apenas uma das opções ou as que forem possíveis).
• Folha de cartolina.

Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.  

Conversa inicial

Inicie dividindo a turma em dois grupos pelo espaço da aula. Distribua imagens de danças do contexto regional dos estudantes, previamente selecionadas por você. Dê preferência às danças mais conhecidas de sua região e às imagens de danças de outras culturas, como, por exemplo: danças indígenas, danças africanas e/ou de outro estado. Após a apreciação das imagens, peça-lhes para identificar as danças praticadas na região em que moram.

Reúna a turma toda em um único grupo e discutam sobre as características das danças identificadas como regionais.

Questione sobre a vestimenta, o espaço onde são executadas, a organização - individual, em pares ou em grupos. Destaque as diferenças dos espaços utilizados para a execução de cada uma das danças percebidas nas imagens e a importância de valorizarmos o multiculturalismo existente em nosso país.

Para que todos possam aproveitar e aprender com esta atividade, utilize as imagens neste momento também. Acompanhe a discussão nos grupos, incentive para que todos falem, reforce a importância de ouvir respeitosamente quem está falando. Caso seja necessário, acompanhe mais de perto o estudante com alguma dificuldade, outra opção é solicitar que um colega explique o que está sendo apresentado pelo professor.

Atividade

Ao som de músicas características de danças do contexto regional dos estudantes proponha:

• Movimentação de diversas partes do corpo

Movimentos livres pelo espaço da aula, explorando as possibilidades de movimentos de diversas partes do corpo (extensão, flexão, rotação, elevação - em pé, sentados, de joelhos, deitados).

• Movimentação pelo espaço

Movimentações para frente e trás, direita e esquerda, em roda, em filas, em colunas.

• Interação com objetos

Desafie os estudantes a realizarem movimentações interagindo com objetos (bolas, bexigas, jornais, lenços, bambolês, bolas de sabão).

Ao som de uma música, lançar para o alto, bater palma e pegar de volta, lançar para o alto, fazer um giro e pegar de volta, lançar para o alto, tocar o chão e pegar de volta, lançar para o alto, realizar um movimento característico de uma dança do contexto regional e pegar de volta.

• Duplas e grupos

Peça para a turma formar duplas e criar movimentos de mãos dadas, de pés encostados, costas com costas.

Diga para formarem grupos com cinco estudantes e criar movimentos em que todos interagem, depois com dez estudantes e por fim com um único grupo.

• Dança regional

Converse com a turma e escolham uma dança do contexto regional do seu entorno. Proponha que eles experimentem os principais movimentos, seguindo a organização característica (dança executada individualmente, em duplas ou em grupos) e a utilização do espaço (dança realizada em roda, em fila ou livremente pelo espaço).

Incentive todos a participarem das atividades e procure oferecer possibilidades para isso, de acordo com as características de sua turma. Caso seja necessário, converse com os estudantes, pergunte qual seria a melhor maneira de realizar as atividades, adapte os movimentos e o espaço, proponha que um colega auxilie e que o grupo acolha todos sugerindo adaptações.

Momento da reflexao

Após as experimentações, proponha aos estudantes uma conversa para refletirem sobre as percepções e sensações. Descubra as impressões que tiveram ao realizar os diversos movimentos possíveis utilizando algumas partes do corpo.

Como foi realizar movimentos em duplas e em grupos. Foi fácil? Foi difícil? Foi preciso atender a vontade de todos? Foi preciso ajudar ou receber ajuda? O que conseguiram fazer sozinhos e o que fizeram com a ajuda do outro? Quais estratégias ou adaptações sugeriram para que todos participassem?

Como foi realizar movimentos interagindo com algum objeto? Mudou a percepção do tempo? Uma bola leva o mesmo tempo para cair que um lenço ou uma bexiga? Foi possível realizar esses movimentos seguindo o ritmo da música? Já tinham experimentado a dança do contexto regional? Costumam dançá-la em família? Costumam assistir a apresentações desse estilo de dança? Onde? Quando?

Conhecem algum grupo que pratica essa dança?

Possibilite que todos os estudantes se manifestem participando dessas reflexões. Caso seja necessário, faça perguntas direcionadas e facilite o entendimento.

Sistematizacao do conhecimento

Pontue o que foi feito, discutido e aprendido em aula. Valorize o que deu certo e as potencialidades da turma. Retome as imagens utilizadas no início da aula e enfatize os conhecimentos adquiridos acerca das características específicas das danças do contexto regional:

• Nome das danças do contexto regional estudadas.
• Semelhanças e diferenças entre os ritmos, os espaços e os movimentos de cada uma delas.

• Movimentos experimentados.
• Características culturais (vestimentas, gestos, espaço e datas de execução).

Peça que os estudantes falem sobre os próprios avanços e aprendizagens, o que não sabiam e puderam aprender sobre as danças do contexto regional.

Registro e avaliacao

Para o acompanhamento da aprendizagem dos estudantes, proponha a construção coletiva de um quadro cultural das danças do contexto regional.

Em uma folha de cartolina, monte o quadro a seguir. Peça que os estudantes a preencham com as danças que foram citadas na Conversa inicial e as que foram experimentadas.

O registro pode ser feito pelos próprios estudantes com a ajuda do professor.

Quadro cultural

Após a finalização do quadro, converse com a turma, dando uma devolutiva sobre a produção coletiva. Aponte os pontos positivos, reforçando as potencialidades dos estudantes.

Peça-lhes para escolher um local na escola para expor o quadro e compartilhar o conhecimento produzido.

Barreiras

Barreiras

• Utilizar apenas um tipo de linguagem durante a aula.
• Propor uma única forma de experimentação de movimentos interagindo com objetos, sem outras alternativas.
• Sugerir a exploração de um espaço muito amplo e uma única possibilidade de tempo para a execução dos movimentos.

Sugestões para reduzir ou eliminar as barreiras

• Utilize linguagens diferentes, como imagens, vídeos e até mesmo outra forma de explicar, para garantir que todos aprendam.
• Possibilite a experimentação livre dos movimentos, a partir das potencialidades de cada estudante.  
• Adapte a atividade reduzindo o espaço e o ritmo ou proponha uma outra forma de explorar o espaço.

Desdobramentos

Escolha junto com a turma uma dança da cultura de outra região do país, como, por exemplo: frevo, quadrilha, catira, fandango, carimbó, jongo, entre outras. Solicite que os estudantes façam uma pesquisa individual, como tarefa de casa e com o auxílio da família, sobre suas principais características.

Pesquise sobre as principais características da dança escolhida.

Assim que realizarem a pesquisa, peça aos estudantes para apresentá-la aos colegas e compararem as danças de seu contexto regional e a dança de outra região, procurando por similaridades e diferenças.

• Experimentação

Desafie a turma a experimentar a dança pesquisada.

Divida os estudantes em cinco grupos, pelo espaço da aula.

Ao som de uma música característica, peça a cada grupo que execute um movimento da dança escolhida. Ao seu sinal, os grupos devem trocar de lugar, até que todos tenham experimentado todos os movimentos.

• Apreciação

Organize uma visita a um local (associações, universidades, centros de cultura) que promova uma dança regional para que a turma possa conversar com os praticantes ou convide pessoas da comunidade que praticam uma das danças de sua região para uma oficina na escola.