Plano de aula: A dança ao nosso redor

A dança é uma manifestação cultural que envolve movimento, ritmo, expressão corporal e sentimentos. Ao dançar comunicam-se valores, sensações e percepção estética. A dança existe desde sempre, pois é uma criação humana ligada à cultura dos povos. Assim como afirma Siqueira (2006), ela reúne gestos e movimentos, que, construídos culturalmente, formam um sistema de símbolos que expressam mensagens variadas. É, portanto, um patrimônio não material, criado por sujeitos e carregado das características de seu grupo social, de sua memória coletiva. (STRAZZACAPPA, 2007). É uma linguagem corporal produzida e ressignificada constantemente.

Ao entrar em contato com a dança na escola, o estudante pode aprender sobre a sociedade e suas construções históricas. Para Marques (2011), as aulas de dança na escola devem oferecer a oportunidade dos estudantes conhecerem seu corpo, percebê-lo no espaço e no tempo, além de possibilitar o desenvolvimento de uma linguagem diferente da fala e da escrita e de desenvolver a socialização.

O trabalho educativo a partir dos três elementos básicos constitutivos da dança (os gestos, o espaço e o ritmo) oportuniza a aprendizagem sobre o próprio corpo e suas possibilidades de se mover ou dançar, coordenando as funções mecânicas: flexionar, estender e torcer. Em um só gesto, podemos fazer as três ações ao mesmo tempo. Experimente com seus estudantes de várias maneiras, com o corpo todo, com braços ou pernas, só flexionando, só estendendo e só torcendo.

Outra questão interessante do movimento é perceber que mesmo quando aparentemente estamos "imóveis", nosso corpo está em movimento. Quantos movimentos acontecem dentro do nosso corpo? Já parou para pensar nisso? Movimento é vida!

O ritmo vem do grego rhytmos e se relaciona àquilo que flui, se move, um movimento regulado. É, portanto, um movimento ondular com alternância regular de força, velocidade e duração. Ele faz parte de nossas vidas, podemos percebê-lo e senti-lo em nossa respiração, nas batidas do coração, na natureza (dia e noite, estações do ano, fases da lua).

Ele também está presente nas danças em que é associado à música com a variação (explícita ou implícita) da articulação de sons com o tempo. Pode ser individual (ritmo próprio), coletivo (como no caso das danças, do nado sincronizado), mecânico (uniforme, que não varia), disciplinado (condicionamento de um ritmo predeterminado), natural (ritmo biológico), espontâneo (realizado livremente) e refletido (reflexão sobre a temática realizada), todas estas variações de ritmo podem ser trabalhadas na escola com diferentes atividades.

Mas, infelizmente, ainda hoje existe muito preconceito relacionado a essa prática corporal, pois através de um entendimento equivocado, muitas vezes, acredita-se que a dança é ligada apenas ao universo feminino. Cabe, neste momento, experimentar ações naturais, corriqueiras, ao som de uma música, e mostrar que todos os corpos dançam: sentar, levantar, engatinhar, rolar, andar, correr, saltar, cair, balançar, rodar dentro de um ritmo é dançar.

Bibliografia

MARQUES, I. A. Ensino da dança hoje: textos e contextos. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

SIQUEIRA, D. da C. O. Corpo, comunicação e cultura: a dança contemporânea em cena. Campinas: Autores Associados, 2006.

STRAZZACAPPA, M. Compartilhando um outro olhar sobre o ensino da dança. In: FALCÃO, J. L. C.; SARAIVA, M. do C. (Org.). Esporte e lazer na cidade: a prática teorizada e a teoria praticada. Florianópolis: Lagoa Editora, 2007. p. 11-28.