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Plano de aula: Danças urbanas: história, criatividade, improvisação

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Descrição

Neste plano os estudantes irão conhecer e experimentar as práticas corporais de danças urbanas. Eles irão conhecer a origem dessa temática e algumas características associadas, como a moda, as artes, as músicas e seus elementos constitutivos (ritmo, gestos e espaço).

Habilidades BNCC:

Objeto de conhecimento

Danças urbanas

Objetivos de aprendizagem

  • Identificar a origem das danças urbanas.
  • Compreender as transformações históricas que originaram as danças urbanas.
  • Vivenciar os elementos constitutivos das danças urbanas (gestos, ritmo e espaço) com o uso de música.
  • Identificar as danças urbanas como importante elemento de manifestação cultural.

Competências gerais

1. Conhecimento

2. Pensamento científico, crítico e criativo

3. Repertório cultural

7. Argumentação

8. Autoconhecimento e autocuidado

As danças constituem um dos representantes de manifestações culturais de maior relevância em diversas sociedades. Na BNCC ela é uma das unidades temáticas que é definida como:

o conjunto das práticas corporais caracterizadas por movimentos rítmicos, organizados em passos e evoluções específicas, muitas vezes também integradas a coreografias. As danças podem ser realizadas de forma individual, em duplas ou em grupos, sendo essas duas últimas as formas mais comuns. Diferentes de outras práticas corporais rítmico-expressivas, elas se desenvolvem em codificações particulares, historicamente constituídas, que permitem identificar movimentos e ritmos musicais peculiares associados a cada uma delas. (BNCC, p. 218)

Origens das danças urbanas

Vitorino (2008) nos conta que, na década de 1960, nos Estados Unidos, a luta pela igualdade entre brancos e negros era muito grande, os negros nesta época eram discriminados em ônibus, escola e banheiro. Essa luta era liderada por Martin Luther King, que os levou à liberdade do isolamento. Com isso, a classe média negra abandonou os guetos para ocupar postos nas universidades, para onde iam em busca de moradia a que antes não tinham acesso. A falta econômica da classe média deixa o bairro sem oportunidades. Martin Luther King é assassinado e muitos jovens partem para a guerra do Vietnã deixando suas famílias. Com a morte de Martin Luther King, os sonhos de unidade entre as pessoas morrem com ele (ROCHA, 2001, p. 15).

Nessa época, a paisagem do Bronx – bairro nova iorquino – era a mais devastada dos Estados Unidos, com 40% de seu casario destruído e condenado. A população havia reduzido de 38.300, em 1970, para 16.600, em 1980. O lugar se tornou um cenário em chamas e ruínas, com gangues em constante conflito, alto número de viciados em heroína e a ocorrência de muitos crimes que completavam o sinistro quadro.

Em meio a esse cenário, os jovens buscavam alternativas artísticas para sobreviver: “uma intensa movimentação cultural surgia entre as cinzas. Paredes com assinaturas coloridas, DJs riscando trechinhos de discos, moleques rimando no microfone enquanto outros rodopiavam no chão” (ROCHA, 2001, p. 17). Assim, nascia o hip hop, um estilo marcado por muitas definições, porém com objetivos bem claros. “O movimento hip hop é considerado a voz da periferia, uma cultura de rua, um estilo e uma filosofia de vida, um movimento de revolução atitude e protesto, marcado pela realidade e o desejo de mudanças” (LOURENÇO, 2002, p. 3). DJ Nezo em sua definição afirma que: “a cultura hip hop é um estilo de vida. É viver de forma diferente, interessante e produtiva. No hip hop tem aquela coisa de união, de um ajudar o outro, de dar uma força. Fazer parte da cultura hip hop é como fazer parte de uma família mesmo” (SOUZA; FIALHO; ARALDI, 2005, p. 13).

Ainda para a mesma autora, a origem do hip hop está ligada diretamente às manifestações sociais da rua, trazendo como pauta nas músicas e danças elementos que se destacam como: a luta pela igualdade entre brancos e negros; as dificuldades econômicas vividas pela classe média deixando os moradores de bairros mais afastados dos centros urbanos sem oportunidades; gangues em constante conflito; alto número de viciados e uma alta taxa de criminalidade.

No Brasil, a mídia teve grande influência em popularizar os movimentos das danças urbanas a partir de filmes e clipes musicais difundindo os elementos constitutivos da dança (espaço, gestos e ritmo), como afirma Torres (2015):

Nos anos 80 foi lançado o filme Beat Street , trazendo o break às telas de cinema do Brasil. Logo em seguida, diversos filmes lançados traziam não somente o break, mas também o popping, locking e o waving, porém tudo era chamado de break, não havia uma divisão clara entre eles. [...] Os clipes também contribuíram para que as street dances fossem espalhadas pelo mundo. Michael Jackson em seus clipes dançava passos de locking, popping e outras vertentes das danças, contribuindo para o fenômeno que a dança estava se tornando naquela época. (Torres, 2015)

Neste plano iremos apresentar aos estudantes as danças urbanas partindo de seus elementos constitutivos (ritmo, espaço, gestos) e seus caminhos artísticos (criatividade, improvisação, expressões faciais, dentre outras), direcionando o olhar às experimentações dessa linguagem corporal. Os caminhos trilhados aqui possibilitam desdobramentos com o aprofundamento em cada elemento das danças urbanas e de sua constituição como manifestação cultural no Brasil.

Alguns estudantes já podem estar familiarizados com alguma dança urbana como o street dance, o hip hop ou o freestyle, para este plano, iremos desenvolver uma das modalidades de danças urbanas mais conhecidas, o hip hop.

Conceito de hip hop

O hip hop é um movimento cultural popular surgido nas principais zonas urbanas norte-americanas, na década de 1970, que se manifesta sob diversas formas artísticas, notadamente música, dança, moda e pintura (com grafite). Verbete Hip hop no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.

O hip hop é uma expressão social, artística e política do jovem excluído socialmente nas zonas urbanas. Ele é composto por quatro elementos artísticos: grafite, break, MC e DJ – esses dois últimos compõem o estilo musical rap. É um movimento de revolução, atitude e protesto, marcado pela realidade das periferias urbanas e a reivindicação de melhorias de vida (VITORINO, 2008).

Com tamanha força nas ruas dos Estado Unidos, o hip hop não demorou para influenciar povos de todo o mundo, sendo popularizado pelas mídias em filmes e clipes musicais.

Quando o hip hop chegou ao Brasil, não se tinha tantas informações sobre o movimento hip hop norte-americano. A música e a dança eram a principal referência sobre o movimento. Quando se falava de hip hop no Brasil, a imagem que se tinha do movimento era o rap e o breaking dance. [...] Na década de 1980, os jovens da periferia já dançavam o break dance e ouviam os raps, estes jovens começaram a fazer seus primeiros encontros na Rua 24 de Maio, grande parte destes jovens era composta por afro-brasileiros. O que colaborou para que o movimento se instalasse de vez no Brasil foi que desde os anos 70 já se vinha ouvindo funk e soul nos bailes black das grandes cidades do país. O antigo movimento black dos anos 70 não está distante do movimento hip hop. (Mattos et al. 2014)

Tão relevante quanto perceber que o movimento hip hop fez ganhar e dar voz à periferia se constituindo como um estilo de vida, é poder perceber que ainda hoje essa dança urbana está presente como manifestação cultural da rua, tendo espaço para o desenvolvimento das práticas corporais e das problematizações das temáticas sociais.

As atividades propostas no plano irão compreender os elementos constitutivos da dança por meio do hip hop (espaço, gestos e ritmo) e também irão abordar alguns elementos artísticos do hip hop, como o grafite, o break e o rap.  

Sugerimos ao final da aula um modelo de avaliação por rubrica, definida como:

A avaliação por rubrica é um sistema de avaliação que permite reflexão nos objetivos pedagógicos e tarefas propostas, estimula rever práticas docentes e comunicação dos critérios e retorno dos estudantes e estabelece clareza e respeito nas dificuldades dos alunos. (Garofalo, 2018)

Desse modo, a avaliação por rubrica tem como objetivo fazer com que o estudante saiba quais as habilidades, conhecimentos e atitudes deveriam ser desenvolvidos durante o processo, e proporciona para ele um momento de autoavaliação e heteroavaliação, quando se propõe que cada estudante seja avaliado também pelo grupo, a fim de compreender se as etapas previstas foram alcançadas e traçar estratégias de retomada das etapas que não foram alcançadas.

Bibliografia

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

COLOMBERO, R. M. M. P. Danças urbanas: uma história a ser. Grupo de Pesquisa em Educação Física Escolar – Feusp, jul. de 2011.

Disponível em: <http://www.gpef.fe.usp.br/teses/agenda_2011_09.pdf>.

GAROFALO, D. Como avaliar o ensino criativo e inovador. Nova Escola, nov. de 2018. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/13029/como-avaliar-o-ensino-criativo-e-inovador>.

Hip-hop, no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, Disponível em: <https://dicionario.priberam.org/hip-hop>.

MATTOS, POSTALI, PIMENTEL, DAOLIO, VERDERI, SILVA, NEIRA. Grupo de estudos de Pedagogia e Educação Física. Fefiso - 2014. Disponível em: <http://www.fefiso.edu.br/download/grupo_de_estudos/pedagogia_educacao_fisica/02.pdf>.

TORRES, A. de S.Danças urbanas no Brasil – relato de uma história. Universidade Estadual Paulista – Unesp. Mar. De 2015. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/handle/11449/124231>.

VITORINO, S. M. B. Hip hop na escola. Universidade Estadual de Maringá. 2008. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2428-6.pdf>.

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