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Plano de Aula
Plano de aula: Lutas e brigas
Por: Cláudio Sato
Descrição
No desenvolvimento deste plano, propomos que os estudantes se apropriem, a partir de experimentações, explicações, debates e reflexões, as características das lutas no que se refere a regras, respeito ao oponente e sistematização de técnicas de golpes usados, diferenciando-as das brigas. Discutirão sobre a importância do respeito às regras e aos oponentes na prática das lutas, bem como do respeito às diferenças de gosto pessoal em relação às práticas corporais.
Habilidades BNCC:
Objeto de conhecimento
- Lutas presentes no contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana.
Objetivos de aprendizagem
- Conhecer as caraterísticas das lutas e das brigas.
- Diferenciar brigas e lutas em situações reais e fictícias.
- Discutir sobre a importância do respeito às regras e aos oponentes na prática das lutas.
- Respeitar as diferenças de gosto pessoal em relação às práticas de luta.
Competências gerais
1. Conhecimento
3. Repertório cultural
8. Autoconhecimento e autocuidado
9. Empatia e cooperação
O que significa lutar?
Lutar, para muitas pessoas, tem relação direta com outras palavras, como: agressão, violência, briga, desentendimento, machucar, bater. Muitos estudantes, quando perguntados sobre o que entendem por luta, ainda direcionam suas respostas para explicações que remetem ao que nos é apresentado constantemente em filmes, desenhos e mesmo no senso comum. Nesse contexto é fundamental que o trabalho com lutas seja baseado em uma prévia discussão acerca do que nos traz o universo das lutas, compreendendo-as como uma atividade corporal com diversos aspectos que modelam sua prática para obtenção de múltiplos benefícios e, por mais que pareça que, devido aos movimentos específicos ou aos golpes utilizados, as lutas incentivam comportamentos agressivos por parte dos estudantes, há pesquisas que concluem o contrário. Dessa forma, Oliveira e Santos (2006) afirmam que:
Ao invés de aumentar a agressividade, ela contribuirá eficientemente, como comprova a literatura e a práxis educativa de quem trabalha com lutas aplicadas a mais de 28 anos, que as lutas são preponderantes no ato de refreamento do comportamento de agressividade e ainda estudos comprovam que as lutas atuam na formação do caráter das crianças e adolescentes os tornando perseverantes com a autoestima positiva e altamente seguros de sua capacidade de vencer sem ter medo de perder (OLIVEIRA; SANTOS, 2006, p. 5).
Lutas e brigas são parecidas?
Lutas e brigas são dois termos distintos que geram confusão em muitas situações.
As lutas são atividades competitivas com marcação de pontos em que o objetivo central está no corpo do oponente e se desenvolve com enfrentamento físico direto. Em ambas busca-se subjugar o outro em um combate com regras muito bem definidas. Os lutadores demonstram respeito às regras e ao oponente. As ações têm caráter imprevisível e simultâneo.
As brigas, da mesma maneira que as lutas, têm como objetivo central o corpo do adversário, e os movimentos, de maneira grosseira, se assemelham aos movimentos observados nas lutas (normalmente sem refinamento técnico). As ações também têm caráter imprevisível e simultâneo. Nas brigas, porém, não há regras e não há respeito ao adversário. Nas brigas, o objetivo é machucar o adversário por meio de violência desmedida. As brigas, na maioria das vezes, são provocadas por desentendimentos em que, para os envolvidos, faltou habilidade para dialogar.
Nos confrontos da ficção, a vingança, a resolução de desentendimentos, o desejo da imediata reparação frente a um crime ou a quebra de contrato por parte de um dos lados são os motivos que mais levam os personagens a brigar. E as brigas são confrontos diretos visando submissão, ferimento ou morte da parte opositora. É importante que os estudantes investiguem as cenas dos desenhos e filmes de “luta” e reflitam se são mesmo de luta ou de briga.
Como fazer os estudantes entenderem bem as diferenças?
De acordo com Oliveira e Filho (2013, p. 1):
Como parte da cultura humana, as lutas representam um meio eficaz de educação e um conjunto de conteúdos altamente importante para a Educação Física escolar, pois, qualquer que seja a modalidade de luta, exige respeito às regras, a hierarquia e a disciplina, valorizando a preservação da saúde física e mental de seus praticantes.
Já Souza Junior e Santos (2010, p. 1), quando discorrem sobre as lutas em contexto escolar, propõem que
As lutas, assim como os demais conteúdos da educação física, devem ser abordadas na escola de forma reflexiva, direcionada a propósitos mais abrangentes do que somente desenvolver capacidades e potencialidades físicas.
Apesar de ser um meio excelente para experimentação e desenvolvimento de capacidades físicas e habilidades motoras, as lutas precisam ser trabalhadas de maneira reflexiva, visto que os movimentos das lutas são, muitas vezes, confundidos com os das brigas.
A perfeita compreensão das características das lutas, focando no respeito às regras e ao oponente; o entendimento de que o colega de treinos é um aliado que nos permite evoluir na atividade; os cuidados constantes com a segurança de todos os participantes e as condutas sempre respeitosas dentro dos espaços de treino são elementos que levam os estudantes a diferenciarem de forma segura as brigas e as lutas.
Em se tratando das brigas, é importante que fique bem compreendido pelos estudantes que elas ocorrem por uma falta de habilidade para dialogar em situação de conflito de interesses. A contextualização das situações de briga, pela perspectiva dos estudantes, é a melhor maneira de criar, juntos, alternativas às soluções baseadas em violência de qualquer natureza.
A prática das lutas, no que se refere ao aspecto sócio emocional, é uma ferramenta muito potente para acessar as situações ligadas às brigas na escola, tanto pela possibilidade de canalizar de maneira positiva a energia agressiva dos participantes, quanto por dar elementos significativos para reflexão acerca do tema.
Portanto, é fundamental que, de maneira planejada e intencional, as atividades de luta sejam sempre utilizadas como ferramentas disparadoras para reflexões ligadas aos aspectos atitudinais das ações, reações e opiniões dos estudantes.
Bibliografia
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, MEC/SEF, 1998.
OLIVEIRA, S. R. L.; SANTOS, S.L.C. Lutas aplicadas à Educação Física Escolar. Curitiba(PR), 2006.
OLIVEIRA, S.B.; FILHO, A.D.R. Ensino de lutas na escola: elemento pedagógico ou estímulo à violência? EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 18 - nº 180, maio de 2013. DIsponível em: https://www.efdeportes.com/efd180/ensino-de-lutas-na-escola.htm. Acesso em: 17 jan. 2022.
SOUZA JÚNIOR, T. P.; SANTOS, S. L. C. Jogos de oposição: nova metodologia de ensino dos esportes de combate. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 14, n. 141, fev. 2010. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd141/metodologia-de-ensino-dos-esportes-de-combate.htm. Acesso em: 18 nov. 2021.
Materiais sugeridos
- Giz ou caco de gesso.
- Folhas de papel A4.
- Canetas hidrográficas.
- Folhas de cartolina.
Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.
Conversa inicial
Inicie a aula apresentando aos estudantes os objetivos de aprendizagem deste plano. Explique que, para retomarmos as aprendizagens acerca das características das lutas, partiremos de uma atividade em que as características das lutas estejam em evidência. Como sugestão, utilize a atividade “Sumozinho”.
Ao término das participações, sente-se em roda de conversa e peça que digam as características da atividade que acabaram de fazer. Direcione as falas para as características das lutas presentes na atividade praticada. Converse com os estudantes sobre a existência de golpes permitidos e proibidos dentro de uma luta. Pergunte sobre a atividade que fizeram e peça para eles pensarem em algum golpe/movimento que poderia fazer o oponente sair do círculo, mas que o colocaria em risco de lesão (e, por esse motivo, é proibido na atividade). Sobre o respeito ao oponente, pergunte como isso é percebido nas lutas e como foi evidenciado em nossa atividade. Sobre as regras, questione os estudantes sobre a importância delas. Peça que eles apresentem algumas regras existentes em lutas e na própria atividade experimentada e analisem os motivos que levaram à criação e aplicação dessas regras.
Conduza os estudantes para a sala de aula ou outro espaço onde haja quadro para anotações e condições para os estudantes escreverem no caderno.
Peça para os estudantes pegarem o caderno para elaboração de um resumo sobre as características das lutas. Converse com eles retomando as falas anteriores e, juntos, organize o resumo e anote no quadro para que os estudantes o copiem no caderno. É importante que estejam presentes, neste resumo, tanto os aspectos relacionados a movimentos, controle de força na aplicação dos golpes, cuidado com a segurança dos praticantes e as regras, quanto os aspectos relacionados a atitudes presentes nas lutas, como: respeito, perseverança, seriedade e honestidade. Finalizado o resumo, pergunte aos estudantes se todo confronto físico direto com objetivo centrado no corpo do oponente, visando subjugá-lo, é sempre luta ou pode ser outra coisa?
Se necessário, acrescente outras perguntas, como: Todo confronto físico acontece com respeito ao oponente? Todo golpe é dado com objetivo de fazer pontos? Como se chamam os confrontos físicos que acontecem por causa de desentendimentos?
Amplie as considerações perguntando aos estudantes se conhecem algum filme ou desenho de luta. Solicite que escolham um filme ou desenho para fazer uma análise das cenas em que os personagens usam golpes uns nos outros. Para este exemplo, peça que os estudantes expliquem o contexto por trás dos golpes. Questione sobre a existência ou não de regras, sobre o respeito entre os oponentes, se há cumprimento no início e no término do embate. Se há intenção de pontuação sobre o oponente ou se a intenção é causar ferimentos. Quais são os motivos que levaram os personagens a se confrontar? O confronto deve ser chamado de briga ou de luta?
Lembre-se de que todos estudantes devem ter acesso às informações e sistematizações registradas e, conforme a sua turma, outros recursos podem ser incorporados.
Atividade
Atividade 1: Sumozinho
Para essa atividade, em um espaço amplo, com piso regular, sem buracos, sobressaltos e livre de estruturas e objetos que possam oferecer risco de lesões, como quinas de parede, resto de obras, faça um círculo com aproximadamente três metros de diâmetro, usando giz ou caco de gesso. Divida a turma em duplas. Cada dupla, uma por vez, experimentará a atividade. De pé, ainda fora do círculo, os lutadores se cumprimentam inclinando o tronco (como nas lutas orientais) e entram no círculo. Entrelaçam os dedos das duas mãos e, ao comando, iniciam a luta tentando empurrar para fora do círculo o oponente.
As disputas podem ser realizadas em três rounds. Ao término do terceiro round, os lutadores se cumprimentam e deixam o círculo. Oriente os estudantes que esperem sua vez sentados, com as pernas cruzadas e atentos a protegerem os lutadores, caso se desequilibrem, para fora do círculo. O intuito é de se protegerem e não permitir que os lutadores se machuquem.
Atividade 2: Analisando lutas e brigas
Previamente, veja com os estudantes os nomes dos filmes e desenhos de ação que eles conhecem e faça uma lista. Elabore um quadro e, com a ajuda dos estudantes, preencha a primeira linha com o nome de um desenho ou filme em que há ocorrência de confrontos físicos, os nomes dos personagens que se confrontam, os golpes utilizados, a intenção dos golpes, se há respeito, e, por fim, se é luta ou briga. Feito o preenchimento da primeira linha (como exemplo), divida a turma em grupos de, no máximo, cinco estudantes.
Entregue a cada grupo uma folha com um quadro para anotações sobre os confrontos físicos existentes nos desenhos e filmes assistidos pelos estudantes, com o objetivo de diferenciar as cenas de lutas das cenas de briga. Estando os grupos formados e organizados em círculo, oriente os estudantes a pensarem em seis filmes ou desenhos em que os confrontos físicos acontecem e peça que analisem as características dos confrontos para preenchimento das outras colunas.
Pergunte sobre os tipos de golpes apresentados pelos personagens, se os confrontos são caracterizados por chutes, socos, quedas, imobilizações. Se há algum implemento (bastão, espada, escudo) ou equipamento de proteção (luvas acolchoadas, protetores bucais, caneleiras acolchoadas). Pergunte também sobre os objetivos dos golpes, se são para pontuar ou ferir. Questione se os oponentes demonstram respeito um pelo outro e se eles se cumprimentam no início e ao término dos confrontos. Por fim, conclua com a turma se os confrontos apresentados no desenho/filme são brigas ou lutas.
Finalizado o preenchimento do quadro, peça que todos se sentem em roda de conversa. Explique que a próxima tarefa será fazer os colegas descobrirem os filmes e desenhos escolhidos pelos grupos. Para isso, sugerimos que os estudantes organizem apresentações de curtas cenas de ação (sem impacto) dos desenhos e filmes. A encenação deverá ter diálogos e confronto físico direto (sem impacto).
O objetivo é que os colegas descubram, o mais rápido possível, qual é o desenho ou filme. Oriente os estudantes sobre palavras e movimentos que não serão permitidos, como: movimentos com algum risco de acidente (saltos mortais, quedas, chutes com grande elevação de pernas) e palavras desrespeitosas (palavrões ou termos que ofendam).
Encerradas as encenações e desvendados todos os nomes dos desenhos e filmes, pergunte aos estudantes sobre quais dos desenhos e filmes apresentados são os seus favoritos. Peça para que eles digam os motivos das suas preferências. Estimule-os a detalhar os pontos fortes e fracos de cada desenho e filme citado.
Procure evidenciar as diferenças nas preferências apresentadas nos desenhos e filmes e nas características que motivam as preferências. Incentive o respeito à diversidade de gostos que também se apresentam nas atividades, no que concerne à maior e menor apreciação ao contato físico, à competitividade e às lutas também. Explique que esse respeito às diferenças é o que torna possível resolvermos os desentendimentos sem brigas.
Atividade 3: Apresentando conhecimentos sobre lutas e brigas
Em seguida, peça que os grupos apresentem seus quadros com as informações. A partir das informações, estimule a análise das características dos confrontos nos desenhos e filmes que mais divergem das características das lutas (principalmente o respeito às regras e ao oponente).
Em seguida, trazendo a análise para o mundo real (do dia a dia), peça aos estudantes que reflitam sobre os motivos que levam as pessoas a brigar na escola, no trânsito, em casa, no mercado, no campo de futebol, durante uma brincadeira.
Avise que, a partir desse ponto, fica proibido dar exemplo dizendo quem é a pessoa (pai, mãe, nome do colega da escola). Diga que o importante são as situações e não quem são as pessoas envolvidas. O nosso objetivo é aprender a lidar com as situações-problema para agirmos da forma correta. O nosso objetivo não é apontar quem errou ou julgar as pessoas, mas aprender com os erros para não errarmos também.
Para essa atividade, previamente, prepare cartões de cartolina com as seguintes orientações escritas em canetas hidrográficas: em casa, na escola, no trânsito, no mercado, no campo de futebol, na rua com os colegas. Em cada cartão deverá estar escrito um lugar ou situação em que os desentendimentos acontecem.
Divida a turma em trios. Para cada trio, entregue um cartão com lugar ou situação de desentendimento. Peça para cada trio ler o que está escrito no cartão. Caso perceba dificuldade na leitura, dê apoio para que todos os trios compreendam o que está no cartão. Em seguida, peça para cada trio criar uma cena de desentendimento que se passa no local ou na situação apresentada no cartão. Explique que a cena deve parar antes do início da briga, violência verbal ou diálogo. Estipule o tempo para os trios criarem os roteiros das cenas e ensaiarem. Caso ache interessante, disponibilize objetos para serem usados durante as encenações.
Terminados os ensaios, peça que todos se posicionem para assistir às apresentações. Explique que a resolução do conflito será o próximo desafio e, portanto, é fundamental que todos fiquem atentos aos detalhes de cada encenação. Antes da apresentação, recolha os cartões e mostre para o restante da turma, explicando qual é o local ou a situação que será representada. Ao término de cada cena, celebre as participações com palmas e certifique-se de que todos compreenderam as situações problema.
Explique que cada estudante deverá escolher uma das cenas para dar sequência, criando uma solução inteligente sem violência verbal ou brigas. Em seguida, espalhe pelo chão os cartões com as palavras voltadas para cima. Os estudantes devem se posicionar próximo ao cartão referente à cena escolhida. Estimule os estudantes para tentarem igualar a quantidade de participantes em torno de cada cartão.
Amplie o acesso ao que está escrito nos cartões, utilizando imagens para ilustrar a informação escrita. Observe também se é necessário descrever as imagens ou fazer a leitura em voz alta para viabilizar e ampliar a participação de estudantes, inclusive daqueles que possam ter alguma dificuldade na leitura, deficiência visual, entre outros.
Organizados os grupos, estipule o tempo necessário para conversarem e decidirem sobre a resolução do conflito. Diga que cada grupo poderá decidir se apresenta a solução de maneira encenada ou expositiva, explicando o que o grupo pensou como solução. Oriente que os estudantes considerem os pontos de vista de ambos os envolvidos no desentendimento. Explique que, por trás das falas, existem problemas pessoais que não conhecemos e que nos permitiriam entender os ânimos alterados. Muitas vezes, uma resposta malcriada é fruto de algum problema pessoal que tirou a pessoa do seu estado normal de tranquilidade.
Passado o tempo combinado, reúna os estudantes em roda de conversa e peça para combinarem a ordem das apresentações. Inicie as apresentações lembrando que algumas serão encenadas e outras serão feitas de maneira expositiva. Incentive-os a aplaudirem ao término das apresentações. Em seguida, abra para perguntas e comentários. Pergunte se foi difícil combinar uma única solução pacífica para a situação-problema. Questione os estudantes sobre como foram os diálogos dentro dos grupos. Houve algum conflito? Pergunte se eles acham que existem mais pessoas que resolvem problemas via diálogo ou a maioria resolve os desentendimentos por meio de brigas.
Pergunte sobre a escola. Quais são as situações de desentendimentos existentes no ambiente escolar? Como é que a maioria dos estudantes lida com essas situações? O que poderíamos fazer para reduzir a violência verbal e as brigas na escola?
Estimule-os a dar continuidade às reflexões e investigações, elaborando ações práticas que modifiquem a realidade da escola em relação às brigas e à violência verbal entre os estudantes.
Observe nos grupos se a comunicação entre os estudantes está acontecendo de maneira satisfatória. Se perceber alguma barreira dessa ordem, acrescente possibilidades, como a utilização de desenhos e textos produzidos pelos estudantes durante seus diálogos, tanto para expressar as ideias quanto para acessá-las.
Momento da reflexao
Organize uma roda de conversa e retome com os estudantes os objetivos de aprendizagem que foram apresentados no início. Em seguida, discuta sobre as atividades realizadas, direcionando-os às reflexões acerca das aprendizagens. Pergunte sobre as características das lutas e das brigas: Vocês sabem o que diferencia a luta das demais práticas corporais? O que há de parecido entre a luta e a briga? Quais são as características da luta que não estão presentes na briga? Para que servem as regras nas lutas? Por que devemos respeitar o oponente nas lutas? O respeito que aprendemos nas lutas deve se limitar às lutas? Em quais outras situações do nosso dia a dia, precisamos respeitar? Como devemos resolver nossos desentendimentos no dia a dia?
Caso perceba necessidade, lance mão também de outras estratégias de comunicação, tais como: questionário escrito, imagens, direcionamento de algumas perguntas para algum estudante específico. E, em caso de ampliar a compreensão acerca de alguma questão específica, peça voluntários para explicarem melhor. A comunicação entre os estudantes é sempre mais fluida.
Sistematizacao do conhecimento
Recapitule as conversas, reflexões e práticas vivenciadas e sistematize de maneira que os estudantes possam relembrar o que fizeram e discutiram para perceber o que aprenderam. Comente que as aprendizagens deste plano se desenvolveram em sinergia com cinco competências gerais da BNCC, valorizando os conhecimentos sobre as lutas e suas características, as diferentes linguagens, tanto como receptor quanto comunicando as conclusões acerca das reflexões geradas a partir das atividades desenvolvidas, o autoconhecimento por meio das discussões em torno de situações-problemas em que as próprias opiniões e sentimentos eram bússola para criar soluções possíveis, e, por fim, a empatia, o diálogo, sendo vistos como ferramentas para resolver conflitos, por meio de atividades cooperativas em que ouvir e se colocar no lugar do outro e de maneira respeitosa é solução para evitar brigas.
Retome também a experimentação realizada que possibilitou recordar os conhecimentos sobre as características das lutas que, em contraste com as brigas, apresentam aspectos ligados ao respeito ao oponente e às regras. As brigas, por outro lado, foram observadas em desenhos e filmes que, muitas vezes, de maneira enganosa, são chamados de filmes de “luta”. Peça que revejam as anotações feitas no caderno e analisem quais são as características das lutas que se confundem com as brigas. Tire alguma dúvida e explique que brigas são diferentes de lutas.
As retomadas e conclusões podem estar escritas. Esse procedimento auxilia os estudantes a organizarem melhor as suas ideias, terem mais tempo para refletir sobre os questionamentos, e é uma opção para os estudantes com baixa audição.
Registro e avaliacao
As anotações feitas no caderno e o preenchimento da tabela sobre as características dos confrontos nas cenas dos desenhos e filmes são registros importantes e precisam ser evidenciados com os estudantes. A partir da análise dos dados contidos na tabela, peça que os estudantes produzam um texto que explique que os filmes e desenhos de luta, na verdade, deveriam ser chamados de desenhos e filmes de briga.
Para avaliar a aprendizagem, peça aos estudantes que, em casa, no caderno, façam um desenho que ilustre uma briga e um outro que ilustre uma luta, e, em seguida, escrevam um texto explicando as diferenças entre lutas e brigas.
Posteriormente, para a apresentação das produções para o restante da turma, solicite que os estudantes leiam em voz alta para a turma e façam a descrição do desenho, explicando os detalhes e as intenções. Tal proposta possibilita maior compreensão do assunto por todos, considerando barreiras de ordem cognitiva, visual ou auditiva.
Barreiras
Barreiras
- Apresentações, explicações e conversas realizadas apenas por linguagem verbal.
- Dependência do domínio da escrita e leitura para a realização das atividades.
- Proposta de atividade prática de maneira uniforme, desconsiderando as características individuais.
Sugestões para eliminar ou reduzir as barreiras
- Ampliar os canais de comunicação diversificando as linguagens e os recursos.
- Diversificar recursos para permitir registro e recepção de informações.
- Adaptar as práticas às características dos estudantes, ampliando formas de participação.
Desdobramentos
Promova e incentive os estudantes a se engajarem numa “Campanha para redução de brigas na escola”. Dar suporte aos estudantes para a sistematização das aprendizagens acerca das brigas e dos motivos que levam às brigas. Estimule os estudantes a pesquisar e apresentar práticas de resolução de conflito, por meio de diálogo, acordos, assembleias e “julgamentos”. Criação e confecção de cartazes com desenhos e textos de impacto que convençam os leitores de que quem é esperto, conversa, não briga! Há possibilidade de proposta interdisciplinar com Matemática, por meio de gráficos feitos a partir dos dados colhidos na pesquisa.
Considerando que também as revistas em quadrinho normalmente ilustram cenas de briga e não de luta, outra possibilidade interessante de continuidade é a criação de quadrinhos ilustrando cenas de luta em que as regras existam e sejam mencionadas, os personagens se respeitem, e a amizade entre eles seja fortalecida pela prática.
Observe se é possível convidar na comunidade, um atleta ou professor de alguma modalidade de luta para falar com a comunidade escolar sobre a responsabilidade de um lutador de não ser um brigão de rua.
Outra sugestão é verificar a possibilidade de se organizar com os estudantes um festival de lutas: “Lutando por uma escola sem brigas“, que reúna atividades de luta, apresentações de grupos de luta da comunidade, produções dos estudantes sobre as lutas e sobre o problema das brigas utilizando diversas linguagens (corporal, audiovisual, escrita, corporal, desenhos e textos). Muitas atividades deste box possibilitam propostas interdisciplinares com Artes e Língua Portuguesa.
Para as propostas voltadas para toda comunidade escolar, visando driblar barreiras, amplie as possibilidades de acesso aos conteúdos dos trabalhos, diversificando as apresentações por meio de maquetes, quadrinhos, dramatizações, músicas e duelos musicais, palavras-chaves, desenhos com audiodescrição (narrados por estudantes) e textos escritos e narrados pelos estudantes, entre outros.
Comece a aula apresentando os objetivos deste plano. Pergunte aos estudantes se eles sabem o que caracteriza uma luta. Faça um quadro coletivo com as respostas e leve-os a compreenderem que as lutas são caracterizadas pelo confronto corporal, no qual os participantes empregam técnicas, táticas e estratégias específicas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o oponente de um determinado espaço, combinando ações de ataque e defesa dirigidas ao corpo do adversário. As lutas são atividades competitivas com marcação de pontos. Os lutadores demonstram respeito às regras e ao oponente. Peça para os estudantes pegarem o caderno para elaboração de um resumo sobre as características das lutas.
Em seguida, solicite que os estudantes respondam aos seguintes questionamentos:
Todo confronto físico é sempre uma luta? Se a resposta for negativa, questione-os: então o que seria?
Todo golpe no confronto físico acontece com respeito ao oponente?
Os golpes aplicados ao oponente sempre geram pontos?
Se alguma destas características não estão presentes, então não seria luta, no caso seria o quê?
Aproveite este momento para enfatizar que as brigas, além de não terem essas características, não possuem regras ou respeito ao outro. O objetivo da briga é machucar o adversário por meio da violência. Pergunte aos estudantes também o que pode gerar uma briga.
Realize com os estudantes a Atividade 2 da aula presencial com as devidas adaptações. Solicite que, individualmente, os estudantes assistam a um filme ou desenho que tenha confronto físico e que preencham o quadro da imagem 1. Oriente-os com um exemplo sugerido pelo grupo todo para o preenchimento do quadro.
Proceda como na atividade presencial, solicite aos estudantes que deem dicas do filme ou desenho escolhido, dando pistas até eles acertarem. Instigue-os a responderem sobre os golpes destes personagens, os equipamentos de proteção, se os oponentes se respeitam mutuamente, se acontece pontuação. Por fim, conclua com a turma se os confrontos apresentados no desenho/filme são brigas ou lutas.
Traga as discussões para situações do dia a dia e solicite aos estudantes que reflitam sobre os motivos que levam as pessoas a brigar na escola, no trânsito, em casa, no mercado, no campo de futebol, durante uma brincadeira.
Reporte-se ao ambiente escolar e pergunte: Quais são as situações de desentendimentos existentes no ambiente escolar? Como é que a maioria dos estudantes lida com essas situações? O que poderíamos fazer para reduzir a violência verbal e as brigas na escola?
Estimule-os a dar continuidade às reflexões e investigações, elaborando ações práticas que modifiquem a realidade da escola em relação às brigas e à violência verbal entre
os estudantes. Comunique aos estudantes que, em razão destas características da luta que contém principalmente o confronto físico, a realização da vivência das atividades fica comprometida sem a devida supervisão do professor presencialmente, portanto, serão realizadas quando retornarem as aulas presenciais.
Este plano de atividade foi elaborado pelo time de autores NOVA ESCOLA.
Autor: Cláudio Sato
Coautor: Laércio de Moura Jorge
Mentor: Ricardo Yoshio Silveira Ribeiro
Especialista da área: Luis Henrique Martins Vasquinho