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Plano de Aula
Plano de aula: Lutas sem enfrentamento
Descrição
Neste plano, os estudantes irão conhecer modalidades de luta sem contato físico, tais como os “katas”, do karate, além de identificar neles as capacidades físicas e habilidades necessárias para suas execuções. Por fim, os estudantes deverão criar posições, movimentos e sequências de luta, valorizando assim o protagonismo e a criatividade.
Habilidades BNCC:
Objeto de conhecimento
Lutas presentes no contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana.
Objetivos de aprendizagem
- Reconhecer que existem modalidades de luta sem imprevisibilidade e sem contato.
- Experimentar modalidades de luta sem contato e sem imprevisibilidade.
- Criar sequências de movimentos oriundos das lutas.
- Respeitar os colegas e as regras das atividades.
- Fruir as atividades de luta sem contato e sem imprevisibilidade.
Competências gerais
1. Conhecimento
3. Repertório cultural
8. Autoconhecimento e autocuidado
10. Responsabilidade e cidadania
A definição formal das lutas propõe que elas são uma prática corporal imprevisível, caracterizada por determinado estado de contato, que possibilita a duas ou mais pessoas se enfrentarem numa constante troca de ações ofensivas e/ou defensivas, regida por regras, com o objetivo mútuo sobre um alvo móvel personificado no oponente (Gomes, 2008, p.49). Além disso, estabelece que o objetivo central é o corpo do oponente e, por isso, é preciso que haja o embate, o conflito entre eles.
Existem, entretanto, práticas de movimentos que simulam as lutas e não preveem contato físico, como “katas”, no karate, os “katis”, no kung-fu, e os “poonsaes”, no taekwondo.
Gomes (2008, p.50) define as formas (“katas”, “katis” e “poonsaes”, por exemplo) como: “combinação de elementos e técnicas tradicionais, que expressam a essência dos movimentos das lutas, arranjados numa sequência preestabelecida, podendo ser executada na presença de adversários reais ou imaginários” .
Essas sequências de movimentos que existem nas lutas de origem asiática, de maneira geral foram criadas para guardar nelas as formas necessárias para os diferentes estilos de luta. Os movimentos das lutas podem ser treinados através dessas “coreografias”. Nesses movimentos sequenciados, os lutadores repetem exaustivamente a postura correta, bem como respiração, força explosiva, ritmo e equilíbrio adequados.
No karatê, existem competições nas modalidades kumitê e kata. No kumitê, os atletas lutam entre si, obedecendo às regras e respeitando os oponentes. No kata, os atletas apresentam um kata para ser julgado por um grupo de árbitros que avaliarão postura, explosão muscular, ritmo e precisão dos golpes. Existem atletas que competem apenas na modalidade kata. Portanto, no mundo das lutas, há espaço para a diversidade de gostos em estilos e modalidades.
As lutas no cinema
As lutas têm sido muito exploradas nas artes cênicas, principalmente no cinema, nos filmes de ação. Na realidade, a maior parte das cenas de lutas representam brigas, visto que não há regras e o objetivo não é o de marcar pontos, mas machucar o adversário.
Essas cenas são coreografadas e, normalmente, quem atua nelas são dublês, artistas marciais profissionais. Os lutadores que emprestam suas habilidades aos roteiros de luta certamente não concordam com o uso dos golpes para situações de resolução de conflitos com consequências de ferimentos graves e até mortes. Como um ator que faz um personagem e interpreta roteiros que não condizem com seus valores e princípios pessoais, assim faz o lutador que encena as ações dos filmes de luta (briga).
Os filmes, séries e desenhos animados que apresentam movimentos de luta aplicados fora dos contextos corretos (com regras e respeito ao oponente) geram confusões para os que assistem (principalmente crianças).
Reforçando tal pensamento, Lançanova (2006) diz que:
Os filmes e séries de desenhos animados utilizam-se de muitos recursos para cativar os telespectadores como as fantasias ninja e os poderes dos protagonistas da série Power Rangers. Cada vez que os Power Rangers salvam a Terra dos vilões do mal, tornam-se como heróis para as crianças. Essas são demonstrações de como as lutas (“brigas”) são aceitáveis na sociedade e sugere às crianças que combater o mal com técnicas ninja espetaculares é certo, e dessensibiliza os mais novos acerca da violência, do choque e do terror de ver alguém sendo agredido. Desenvolvendo essa tolerância à violência, precisarão de cada vez mais violência para serem entretidas.
Vemos, portanto, um momento muito importante para tematizar o assunto com os estudantes, mostrando a forma como a luta tem sido apresentada aos telespectadores, que, muitas vezes, consomem estes produtos sem uma análise crítica em relação ao seu sentido e significado.
Bibliografia
GOMES, M. S. P. Procedimentos pedagógicos para o ensino das lutas: contextos e possibilidades. 2008. 139f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.
LANÇANOVA, J. E. S. Lutas na Educação Física Escolar: alternativas pedagógicas. 2006. 70 f. Monografia (Licenciatura em Educação Física) - Universidade da Região da Campanha, Alegrete, 2006. Disponível em: <https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/17034/1/TCC_Anna%20Julia_Burin.pdf>.Acesso em: 23 out. 2021.
Materiais sugeridos
- Pedaços grandes de TNT.
- Folhas de papel A4.
- Um lápis para cada estudante escrever e desenhar.
Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.
Conversa inicial
Em sala de aula, pergunte sobre as características das lutas. Retome, por escrito, as características e anote-as no quadro: Há enfrentamento físico? A prática é regida por regras?- Os objetivos são centrados no corpo do oponente? As ações são imprevisíveis e acontecem simultaneamente?
Observe se algum estudante demonstrou alguma dificuldade de compreensão. Caso perceba alguma insegurança em algum estudante, uma sugestão é pedir para que um colega se voluntarie para anotar as respostas no quadro e explicar novamente. Durante a apresentação dos vídeos a seguir, verifique a necessidade de uma audiodescrição ou de legendas.
Pergunte se todas as atividades ligadas às lutas podem ser descritas com essas características. Existe alguma modalidade de luta em que não há contato? Se eles não responderem katá, kati ou poonsae, explique-lhes que existem esses movimentos coreografados em que chutes, socos e bloqueios são dados no ar, como se houvesse um adversário, e esses movimentos são técnicas treinadas para desenvolver e aprimorar condicionamento físico, equilíbrio, potência, força.
Comente que algumas apresentações coreografadas acontecem de modo encenado, simulando uma luta. Nelas, os lutadores participantes conhecem as sequências que serão apresentadas, portanto, não há imprevisibilidade e o contato é combinado, controlado e esperado.
Apresente os objetivos de aprendizagem que serão desenvolvidos no decorrer das aulas deste plano e de acordo com a disponibilidade de espaços e equipamentos audiovisuais, convide os estudantes a assistir aos vídeos.
Atividade
Se tiver disponibilidade de equipamentos audiovisuais, reserve-os e prepare-os antecipadamente para que os estudantes possam assistir aos vídeos sugeridos e observar os movimentos, as posições dos membros inferiores e superiores, a posição do tronco e da cabeça. Fale também sobre o controle dos movimentos nas execuções, bem como das expressões faciais observadas durante a execução dos katas e também das sequências de movimentos de luta em duplas e trios. Ao exibir o vídeo 4, peça-lhes para observar as diferenças entre uma luta (kumite) e uma apresentação (kata). Se necessário, retome com os estudantes as características das lutas. Pontue sobre a imprevisibilidade e o objetivo centrado no corpo do oponente. Peça-lhes para guardar bem o que acabaram de assistir, pois precisaremos acessar essas memórias para as próximas atividades.
Tenha atenção às características dos estudantes que compõem a sua turma. Diversifique as apresentações com textos, desenhos, áudios, vídeos. Pode ainda utilizar uma audiodescrição ou solicitar aos estudantes que compartilhem o que assistiram.
Sugerimos que apresente os seguintes vídeos aos estudantes:
vídeo 1:
vídeo 2:
vídeo 3:
vídeo 4:
Mão na massa - preparação
Antes da atividade prática, apresente aos estudantes quatro regras que deverão reger todas as ações neste momento da aula: 1- A segurança física de todos está em primeiro lugar. 2- O respeito e a atenção com as opiniões de todos(as). 3- Todas as posições e movimentos devem ser executados sempre com atenção e esforço. 4- Todas as sequências precisam ser iniciadas e encerradas com cumprimento.
Peça que analisem as regras. Por exemplo, a regra número 2: Por que deve haver respeito e atenção à opinião de todos(as)? Qual valor está por trás dessa regra? Respeito ao outro? Dar voz ao outro? Saber ouvir opiniões diferentes? Valorizar a diversidade?
Faça-os perceber a importância de cada uma das regras, com seus significados e motivos que garantem o alcance dos objetivos, bem como a manutenção da justiça, segurança e constante busca por excelência.
Sugerimos que faça um relatório pessoal de observação das regras. Faça anotações sobre quanto cada estudante atendeu às regras e as vezes em que as regras foram descumpridas. Pontue no momento do descumprimento das regras e mantenha o registro para a sua avaliação final deste plano.
Observe se o feedback continuado está dando resultados (mudança nos comportamentos que divergem das regras). Os estudantes precisam saber que estão sendo avaliados e entender se estão atingindo ou não os objetivos. Saber onde se encontram é essencial para orientar suas rotas para a direção correta.
Mão na massa - aquecimento
Proponha um aquecimento, como, por exemplo, a execução de polichinelos ou algum outro movimento contínuo de sua preferência. Os estudantes devem executar os movimentos, e, ao comando de “estátua”, todos devem parar como estátua em uma pose de luta vista nos vídeos. Estimule-os a utilizarem amplamente suas estruturas corporais. Com clima descontraído, dê continuidade nesta atividade perguntando para os estudantes “congelados” sobre o tipo de golpe que está realizando. Pergunte se é uma defesa ou um ataque. Continue com essa atividade até que perceba a redução no entusiasmo dos estudantes.
Esta atividade pode ser uma barreira para ampla participação. Oriente-os a realizarem os movimentos da maneira como se sentirem mais confortáveis. Pergunte se todos conseguiram realizar de maneira satisfatória a atividade. Caso haja algum ponto dificultador, sinalizado por algum estudante, peça sugestões.
Mão na massa - ataque e defesa
Em seguida, sugerimos uma atividade na qual os estudantes irão praticar movimentos de ataque e defesa. Para isso, divida a turma em dois grupos: A e B. O grupo A fará uma caminhada rápida dentro de um espaço preestabelecido, tentando sempre ocupar os espaços vazios. Como na atividade anterior, ao comando, todos do grupo A se transformarão em estátuas em posição de ataque. Quando os estudantes do grupo A estiverem estáticos, em posição de ataque, peça para os estudantes do grupo B escolherem um colega estático do grupo A e se posicionarem com um golpe de defesa que combine com o ataque apresentado. Se achar conveniente, fotografe as posições das duplas para posteriormente analisar os golpes (nos quesitos beleza e segurança) junto com os estudantes.
Oriente-os a permanecer na posição por uns segundos e dê o comando para recuarem. Eles darão um passo para trás e cumprimentarão o oponente. Repita a atividade agora com o grupo B caminhando no espaço determinado e parando em posição de ataque ao comando de estátua. Novamente, o outro grupo se posiciona como defensor. Durante toda movimentação e, principalmente, nos momentos de cumprimento, lembre os estudantes do clima de respeito e zelo (com a integridade física de todos) que deve ser mantido sempre.
Mão na massa - escultores de estátuas lutadoras
Para a próxima atividade, divida a turma em grupos de cinco. Estimule a criatividade deles por meio de uma atividade que se chama “escultor de estátuas lutadoras”. Explique que alguns estudantes serão escultores e os outros serão as estátuas.
Diga que todos devem participar do processo de criação das poses com posições das duas estátuas lutando. Cada grupo será formado por três escultores e duas estátuas-lutadoras. Os três escultores irão moldar as cenas de lutas com a criatividade e a imaginação da situação da luta entre os lutadores (estátuas). Explique que os segmentos corporais (cabeça, tronco, membros superiores e inferiores) das estátuas-lutadores devem ser posicionados e mantidos por 10 segundos, caso as poses exijam o equilíbrio das estátuas-lutadores, os escultores podem ajudar a segurar as pernas das estátuas no ar para que as posições possam ficar perfeitas.
Dinamize da seguinte maneira:
Peça-lhes para definir as funções no grupo. Explique que as funções irão mudar na rodada seguinte. Dê aproximadamente cinco minutos para os novos escultores criarem poses diferentes. Cada grupo deverá desenhar bonecos simples, com linhas, representando tronco e membros, e um círculo para a cabeça. Esses bonecos deverão representar posições, movimentos e golpes das cenas. As indicações das ações devem ser apresentadas pelos bonecos e por palavras que apontem as habilidades motoras utilizadas (saltos, giros, avanços, recuos, esquivas, agachamentos, chutes, socos, bloqueios). O material produzido deve ser apresentado ao professor para que sirva de roteiro das demonstrações e, posteriormente, servirá de portfólio e registro das aprendizagens. Um grupo se apresenta por vez. Sugerimos que registre as apresentações por meio de fotos ou vídeos. Mostre para os estudantes depois e acrescente ao portfólio final de avaliação.
Ataque e defesa - sem contato
Nesta parte da aula, explique aos estudantes que, caso haja, em alguma das funções, alguma barreira que impeça ou dificulte a participação, todas poderão sugerir alguma adaptação mediante “reunião de ajuste da proposta”. Comente que nenhuma proposta é perfeita em si. Toda proposta precisa incluir todos.
Em seguida, mantendo os mesmos grupos, peça para eles criarem uma sequência de movimentos de ataque e defesa. Explique que os golpes de ataque devem ser feitos a uma distância que não permita o contato. Mostre que o soco, por exemplo, deve ficar a uma distância de um palmo do corpo do colega. Explique que o chute não pode se aproximar muito do colega. E o colega não poderá usar as mãos para se defender do chute (pode machucar os dedos da mão), só poderá esquivar-se ou se afastar. Oriente-os a realizarem os movimentos em câmera lenta. Diga que os grupos deverão cuidar da segurança de todos os participantes. Para isso, devem ficar atentos aos movimentos realizados e ao ambiente físico onde acontecerá a ação. Oriente-os sobre se manterem distantes de qualquer estrutura arquitetônica que possa causar ferimento, tais como quinas de parede ou muretas. Inicie esta proposta com uma sequência de quatro ataques, sendo dois ataques de membros superiores e dois de membros inferiores. Lembre-se de que além da complexidade dos movimentos há o desafio de memorizar as sequências. Planeje-se de tal maneira que haja tempo para criação, registro (desenho e escrita) ensaio e apresentação.
Ao perceber que os estudantes dominaram as distâncias de tal maneira que não colocam mais em risco a integridade física dos colegas e de si mesmos, estabeleça uma progressão para sequências maiores, proponha que acrescentem saltos, giros e até elementos das ginásticas (rolos, estrela e ponte). Lembre-se de que quanto maior a sequência, mais desafiadora é a memorização. Mais uma vez, planeje-se de tal maneira que haja tempo para criação, ensaio e apresentação. Criar e apresentar na frente de uma plateia (mesmo que sejam os colegas da turma) é sempre um desafio, principalmente para os mais tímidos.
Lembre-se de que, para haver progressão dos níveis de dificuldade, todos precisam se sentir parte das evoluções.
O momento da apresentação precisa ser planejado por todos, com divisão de tarefas, formalidades, apresentação com narrador e, posteriormente, celebrado com palmas para os participantes.
No planejamento do evento de apresentação, aproveite para ressaltar a importância da diversidade. Incentive-os a colocar seus diferentes talentos na produção de um evento incrível!
Momento da reflexao
Organize uma roda de conversa e discuta com os estudantes sobre as atividades. Pergunte sobre as sensações e percepções deles enquanto papéis diferenciados na atividade: Vocês já conheciam modalidades de luta que não têm enfrentamento entre oponentes? Vocês gostaram dessa modalidade de luta sem contato, sem oposição direta e imprevisibilidade? O que vocês acharam de criar e experimentar posições, movimentos e sequências de movimentos de luta? Foi melhor individualmente ou em grupo? Houve respeito entre os participantes em todos os momentos da aula? Vocês observaram situações de perigo para algum estudante, durante as práticas? Em quais momentos?
Observe se todos participam da conversa e verifique a necessidade de se utilizar recursos adicionais como cartazes, imagens, retomada dos vídeos ou questões direcionadas aos estudantes com dificuldade.
Sistematizacao do conhecimento
Organize com os estudantes as suas experiências e discussões de modo que eles possam relembrar o que fizeram e sentiram para perceberem o que aprenderam. Comente que existem modalidades de lutas que preveem práticas nas quais não há contato com o adversário e que essa pode ser uma alternativa para aqueles que não se sentem bem com o contato.
Retome também as observações e experimentações das modalidades em dupla e trio em que os movimentos de ataque e defesa foram combinados. Por não terem caráter imprevisível, essas modalidades se tornam uma alternativa intermediária entre as modalidades sem contato e as com contato e imprevisibilidade dos golpes. Incentive os estudantes a refletirem sobre a diversidade de manifestações culturais com diferentes lutas e diferentes formas de práticas, que vão desde o não contato até as modalidades de domínio em que o contato é intenso e constante.
Peça-lhes para refletir sobre a responsabilidade de um lutador treinado em não utilizar seus conhecimentos de luta em situações do dia a dia. Comente que, nas experiências criativas, os estudantes apresentam um pouco de si para a turma ao praticar suas sequências de luta. E nesta vivência, através das sensações emanadas, conheceram um pouco mais de si mesmos.
Destaque ainda que essas práticas também desenvolvem as mesmas habilidades motoras, tais como chutar, agarrar, saltar, socar, e as capacidades físicas, como força, velocidade, agilidade e potência presentes em suas versões com contato. Resgate com os estudantes as experiências com a criação individual e coletiva das sequências de ataque e defesa. Ressalte e elogie condutas e atitudes de respeito ao colega no que se refere à diferença de opiniões durante os processos criativos e aos cuidados com a segurança durante as práticas.
Por fim, valorize componentes importantes das competências trabalhadas no plano e que estão presentes na vida dos estudantes, como a valorização das culturas, o autoconhecimento, o respeito às diferenças e a empatia.
Registro e avaliacao
Uma sugestão para o registro e a avaliação é criar uma mostra dos trabalhos produzidos pelos estudantes durante as aulas juntamente com as sequências de movimentos de luta criados por eles. Este trabalho pode gerar uma proposta interdisciplinar com Artes e Língua Portuguesa, utilizando outras linguagens, como, por exemplo, desenhos e textos explicativos, produção de um vídeo ou um podcast.
Planeje com os estudantes uma amostra das coreografias de luta. Pense com eles sobre as etapas necessárias para a organização da amostra. Quais seriam as equipes necessárias para que o evento pudesse acontecer? A explicação das ações desenvolvidas, a apresentação dos materiais produzidos. A narração do evento, a apresentação dos lutadores. É necessário que haja uma equipe responsável pela parte gráfica do evento, cuidando dos cartazes, panfletos e decorações. O espaço deverá ser arrumado de modo a estar adequado às práticas que serão apresentadas. Para o processo da divisão de tarefas, deve-se levar em conta as possibilidades de cada estudante da turma. Observe as características dos estudantes para envolver todos nos preparativos.
Para fazer o registro das impressões e aprendizagens dos estudantes, sugerimos que utilize o desenho e as respostas escritas com devolutiva dos estudantes. Nesta proposta de registro, para a parte do desenho, estimule os estudantes na retomada das experimentações e dos movimentos realizados. O desenho será base para os registros escritos em que farão menção aos objetivos de aprendizagem vivenciados nas atividades e discussões.
Exemplo da proposta de registros com autoavaliação
Exemplo do quadro avaliativo: Quadro para avaliação dos estudantes, realizada pelo professor, acerca da participação nas atividades práticas, de criação e no que se refere ao respeito aos demais estudantes.
Lembre-se de avaliar também a maneira como cada estudante participou das rodas de conversa, avaliando como se dá a sua comunicação.
Nome do estudante | Respeita a vez de fala. | Ouve atentamente o colega. | Aceita críticas. | Expressa-se com coerência e clareza. | Faz críticas construtivas aos colegas. |
Fulano | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 |
Beltrano | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 |
Cicrano | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 |
Aqui propusemos uma nota de um a cinco, na qual um seria o nível menos desejado e cinco o mais desejado.
Durante a (e ao término da) avaliação, é fundamental que se faça a devolutiva para os estudantes sobre seus pontos altos e baixos. A mudança nas atitudes só acontecerá mediante a compreensão da importância da modificação dos comportamentos.
Como forma de feedback para os estudantes, sugerimos que, em meia folha de papel A4, os estudantes produzam uma tabela com cinco colunas e cinco linhas, formando um quadriculado. Cada coluna corresponde a um quesito avaliado na tabela anterior. Conforme a nota atribuída ao estudante em cada quesito(coluna), ele deve colorir, em cada coluna, a quantidade de quadradinhos correspondentes à nota da referida coluna. Ao término da marcação, cada estudante terá um gráfico correspondente a sua avaliação e este gráfico, dependendo do ângulo de observação, parece o segredo de uma chave.
Exemplo da tabela a ser produzida pelos estudantes: Quadriculado com cinco colunas e cinco linhas para os estudantes pintarem conforme avaliação do professor acerca dos aspectos da comunicação.
Peça para que os estudantes se agrupem em trios e explique que o critério para os agrupamentos é a semelhança das “chaves”. Feitos os agrupamentos, diga-lhes para refletir sobre as semelhanças dos componentes do trio; quais são seus pontos fortes e quais são seus pontos fracos.
Finalize a atividade em uma roda de conversa compartilhando as reflexões. Pontue, sempre que possível, sobre a importância do autoconhecimento para o bom convívio.
Barreiras
Barreiras
- Orientações feitas apenas verbalmente.
- Exigência técnica dos movimentos a serem executados.
- Atividades complexas para ações combinadas que exijam repertório motor avançado demais.
Sugestões para eliminar ou reduzir as barreiras
- Ampliação dos recursos de orientações aos estudantes.
- Adaptação das atividades às capacidades dos estudantes.
- Atividades que propõem movimentos mais simples no início avançando gradativamente para movimentos mais complexos de acordo com o potencial de cada estudante.
Desdobramentos
Como continuidade, propomos que os estudantes elaborem uma coreografia de luta, como em um filme de artes marciais. Explique aos estudantes que, se propuserem algum contato, deverá ser sem impacto e muito bem ensaiado para que ninguém se machuque.
Caso ache necessário, disponibilize os pedaços de TNT para os estudantes produzirem as partes de cima dos quimonos (pedaços retangulares de 1,5m por 0,5m com um buraco no meio suficiente para passar a cabeça do estudante e uma tira com 1m de comprimento para amarrar na cintura.) para que os chutes com sola do calçado no tronco não sujem ou rasguem as blusas. Combine previamente com os estudantes o tempo das coreografias ou a quantidade de golpes. Combine, também, o tempo que será disponibilizado para a criação e o ensaio. O momento das apresentações deverá ser bastante celebrado, e o clima de respeito deve ser sempre estimulado. Incentive os aplausos ao término de cada apresentação. Se houver equipamento disponível, grave as cenas para depois os estudantes poderem assistir a suas próprias apresentações.
Proponha, se possível, que façam a gravação das cenas. Pode-se utilizar um celular e depois solicitar aos estudantes que façam a edição, inserindo inclusive diálogos e outras cenas para compor o clipe.
Para o professor
Para o ensino remoto, algumas etapas propostas podem ser realizadas de maneira similar ao formato presencial.
As aprendizagens e os questionamentos da conversa inicial podem ser desenvolvidos com as devidas adaptações. Pergunte o que caracteriza uma luta, faça um quadro com as respostas dos estudantes, em seguida, questione se existem lutas sem contato, intervenha e esclareça que existem lutas coreografadas sem contato.
Solicite aos estudantes que assistam aos vídeos sugeridos na atividade presencial, converse com eles sobre as regras destas modalidades de lutas. Conforme o conteúdo dos vídeos, há apresentações coreografadas, que acontecem de modo encenado, simulando uma luta.
Após conhecerem mais sobre as lutas sem contato (katá, kati ou poonsae), peça que cada estudante crie uma sequência de quatro movimentos de ataques, sendo dois com membros superiores e dois com membros inferiores. Proceda da mesma maneira com os movimentos de defesa. Comunique aos estudantes a liberdade de acrescentar nesta sequência saltos, giros e movimentos mais complexos que estão dentro de suas possibilidades. Solicite aos estudantes que gravem um vídeo com sua coreografia para apresentação aos demais da turma.
Explore junto aos estudantes: as capacidades físicas e habilidades motoras para movimentar-se que são mais evidentes nas lutas sem contato; a aprendizagem destas habilidades motoras e o desenvolvimento das capacidades físicas são muito importantes para a qualidade de vida; esta modalidade de luta é uma alternativa para aqueles que não se sentem bem com lutas que têm contato físico; a valorização dos aspectos culturais presentes nestas modalidades de lutas.
Este plano de atividade foi elaborado pelo time de autores NOVA ESCOLA.
Autor: Cláudio Sato
Coautor: Laércio de Moura Jorge
Mentor: Ricardo Yoshio
Especialista da área: Luis Henrique Martins Vasquinho