Tabela 2 - Atividades.pdf
Plano de Aula
Plano de aula: As características das lutas
Descrição
As aprendizagens propostas neste plano possibilitam aos estudantes comparar, a partir de suas experimentações, as características das diferentes lutas, identificando e listando as capacidades físicas e habilidades motoras presentes nessas lutas. As práticas e as reflexões subsequentes possibilitam-lhes identificar os cuidados necessários para a experimentação segura das lutas.
Habilidades BNCC:
Objeto de conhecimento
Lutas presentes no contexto comunitário e regional de lutas de matriz indígena e africana
Objetivos de aprendizagem
- Experimentar diferentes modalidades de lutas.
- Conhecer diferentes modalidades de lutas.
- Fruir na experimentação de diferentes modalidades de lutas.
- Comparar as características das diferentes modalidades de lutas.
- Identificar os possíveis riscos existentes na prática dos diferentes tipos de lutas.
- Propor soluções para a manutenção da própria segurança e integridade física, bem como a dos demais estudantes durante as práticas das lutas.
- Identificar as capacidades físicas e habilidades motoras presentes nas lutas.
Competências gerais
1. Conhecimento
3. Repertório cultural
8. Autoconhecimento e autocuidado
9. Empatia e cooperação
O que são as lutas?
As lutas são, por definição, atividades em que o adversário deve ser subjugado com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão, combinando movimentos de ataque e defesa (BRASIL, 1998, p. 70).
As lutas podem ser classificadas em relação ao tipo de contato como de percussão, de domínio ou mistas. As lutas de percussão são aquelas em que o toque é o objetivo. As técnicas aplicadas são os chutes, socos, cotoveladas e joelhadas. As lutas de domínio são aquelas em que os objetivos são agarrar, puxar, desequilibrar, derrubar e imobilizar. As lutas mistas são aquelas em que há aplicação de técnicas das lutas de domínio e de percussão.
As características das lutas
Nas lutas há sempre o enfrentamento físico direto. Um lutador se coloca como oponente do outro e tem no corpo do outro seu objetivo central. Em oposição direta, ambos buscam subjugar o outro em um combate com regras muito bem definidas. As ações têm caráter imprevisível e simultâneo.
Aspectos motores: habilidades motoras e capacidades físicas
As atividades de luta possibilitam uma gama enorme de movimentos em que são evidenciadas muitas capacidades físicas e uma infinidade de habilidades motoras. As capacidades físicas são qualidades predominantes ao realizar os movimentos. Essas capacidades, juntamente com as habilidades motoras, integram o desenvolvimento motor.
As habilidades motoras presentes nas lutas são constituídas pelo emprego dos golpes, socos, chutes e pontapés. Sobre as habilidades motoras nas lutas, temos, de acordo com as características, esquivar, socar, chutar, deslocar-se para todos os lados, bloquear, saltar, rolar, equilibrar-se e desequilibrar, agarrar, segurar, puxar, empurrar, defender, deslizar, entre outras, sendo que muitas dessas habilidades, na grande maioria das vezes, são executadas de forma combinada.
As capacidades físicas presentes quando realizamos os movimentos podem ser: resistência muscular e aeróbica, força muscular, flexibilidade, agilidade, potência muscular, velocidade, entre outras.
Nas lutas de domínio, as capacidades de força, potência e resistência muscular são requeridas de maneira constante como raras outras atividades possibilitam. Já as lutas de percussão, necessitam de velocidade de reação, agilidade, equilíbrio, flexibilidade e coordenação motora em altos níveis.
Sobre a luta, Ferreira (2006, p. 39-40) explica que:
[...] esta prática pode trazer inúmeros benefícios ao usuário, destacando-se o desenvolvimento motor, o cognitivo e o afetivo-social. No aspecto motor, observamos o desenvolvimento da lateralidade, o controle do tônus muscular, a melhora do equilíbrio e da coordenação global, o aprimoramento da ideia de tempo e espaço, bem como da noção de corpo. No aspecto cognitivo, as lutas favorecem a percepção, o raciocínio, a formulação de estratégias e a atenção. No que se refere ao aspecto afetivo e social, pode-se observar em estudantes alguns aspectos importantes, como a reação a determinadas atitudes, a postura social, a socialização, a perseverança, o respeito e a determinação.
Os cuidados com o outro: os possíveis riscos existentes na prática dos diferentes tipos de luta
Na prática das lutas de percussão, há possibilidades de lesões nos momentos dos impactos. Neste caso, os pés e as mãos, por serem os pontos de impacto, precisam ser posicionados corretamente, com atenção, no caso das mãos, para os dedos e os punhos, e, no caso dos pés, para a angulação dos tornozelos e também dos dedos. O uso de implementos como luvas e protetores de pés fundamentais é fundamental em muitas lutas de percussão; em outras, o controle sobre as distâncias e os impactos são as variáveis que impedem as lesões.
Um detalhe importante em relação aos dedos das mãos é que a mão fechada, nas lutas de percussão, além de ter a função de aumentar o impacto, também é uma forma de proteger a integridade dos olhos de quem recebe o golpe. Há casos de lesões graves nos olhos por causa de golpes não intencionais com as pontas dos dedos.
Para ambos os tipos de lutas, deve-se ter cuidado com os momentos dos deslocamentos, nos giros apoiados em um pé apenas, por exemplo, ou quando um atleta recua ou avança. Há risco, nessas situações, de pisar de maneira instável e isso pode gerar uma torção na articulação do tornozelo ou joelho. Para evitar essas lesões, é muito importante que se invista tempo de treino nas movimentações laterais, diagonais, de avanço e recuo, bem como nos movimentos de giro sobre os pés com as técnicas apropriadas.
Especificamente sobre as lutas de domínio, as quedas são os elementos que, de maneira geral, demandam maior preocupação entre os iniciantes. Nesses casos é fundamental que as primeiras aulas sejam voltadas para o aprendizado das técnicas que ensinam como cair. É importante também o tipo de solo onde as práticas acontecem. Os tatames, feitos atualmente de EVA, são macios o suficiente para amortecer as quedas e firmes o bastante para evitar que os pés fiquem presos e haja torção de tornozelos e joelhos. Outro cuidado nas lutas de domínio está no entendimento e respeito às regras de rendição em situação de estrangulamento (golpes de constrição visando o pescoço do oponente) e de chave em articulação (em que as articulações dos ombros, cotovelos, joelhos e tornozelos são forçadas além do limite). Nesses casos é obrigatório que aquele que aplica o golpe compreenda os gestos do oponente para parar e aquele que sofre o golpe saiba que precisa se render a tempo de não desmaiar ou ter uma lesão em uma articulação.
Os aspectos atitudinais nas lutas
Todas as sensações que a vivência da oposição corporal provoca precisam ser acolhidas em um espaço de trocas em que os estudantes possam compartilhar suas impressões sabendo que não há comentários certos nem errados, e que todas as opiniões serão escutadas com atenção e respeito.
É fundamental que sejam proporcionados momentos para que eles reflitam e compartilhem todas as sensações originadas nesta unidade temática. Alguns estudantes podem reclamar do fato de não conseguirem ganhar nunca; outros podem falar que não gostam da sensação de serem agarrados; outros podem dizer que não gostam de violência. Tais colocações são um prato cheio para que se reflita sobre a competência 9. Escute atentamente as respostas e não tente, no primeiro momento, convencer os estudantes de que, por exemplo, eles vão gostar das lutas. Ao longo das atividades e reflexões, essas colocações iniciais serão um marco importantíssimo para que todos percebam as mudanças nas opiniões e sensações. As vivências, juntamente com as reflexões, dão significado às aprendizagens. E as mudanças advindas dessas aprendizagens precisam ser verbalizadas e compartilhadas para que sejam evidenciadas.
Nas lutas, os estudantes vão mudando a percepção de algumas situações chamadas inicialmente de problemas para um olhar de desafios. E, quanto maior o desafio, maior pode ser o crescimento.
Bibliografia
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais - terceiro e quarto ciclos: educação física. Brasília, MEC/SEF, 1998a.
FERREIRA, H. S. As lutas na educação física escolar. Revista de Educação Física/Journal of Physical Education, v. 75, n. 135, 2006.
OLIVIER, J. C. Das brigas aos jogos com regras: enfrentando a indisciplina na escola. Porto Alegre: Artmed, 2000.
RUFINO, L. G. B.; DARIDO, S. C. O ensino das lutas na escola: possibilidades para a educação física. Porto Alegre: Penso Editora, 2015.
Materiais sugeridos
- Pregadores de roupa.
- Bola de encher.
- Jornal.
- Fita adesiva.
- Papel kraft.
- Folha de cartolina.
- Folhas de papel A4.
- Canetas hidrográficas.
- Giz.
- Barbante.
- Quadrados de tecido ou TNT (30x30 cm).
- Equipamento para reprodução de vídeo.
Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.
Conversa inicial
Inicie a conversa com os estudantes propondo um desafio: descobrir qual é o tipo de prática corporal que tem as seguintes características: enfrentamento físico; organizadas por regras; objetivos centrados no corpo do oponente; ações imprevisíveis e que acontecem simultaneamente. Se achar interessante, diga-lhes, por exemplo: Será que é futebol? Será que é natação? Confirme as hipóteses lançadas pelos estudantes sobre a prática corporal proposta para esta aula. Peça-lhes para dizer os nomes de lutas que eles já ouviram falar, assistiram ou praticaram. Em seguida, apresente os objetivos de aprendizagem para as aulas. Explique-lhes que será necessário observar o que as lutas têm de parecido umas com as outras. Esclareça que o mais importante deste tema é perceber que as lutas possuem algumas características, como, por exemplo, o enfrentamento físico direto entre os lutadores, visando subjugar em um combate com regras muito bem definidas. Observe a necessidade de se utilizar outras estratégias para que todos participem das discussões. Pode-se utilizar perguntas escritas, um vídeo com legendas e audiodescrição, alguma reportagem sobre as lutas em que os estudantes possam ler trechos e explicar para os colegas.
Prepare previamente uma tabela 1 utilizando uma folha de cartolina ou papel kraft com algumas questões e deixe em local visível para que seja preenchida pelos estudantes. Explique-lhes que essa tabela pode ser preenchida por você ou por eles durante todo período em que for desenvolvido este plano de aulas, inclusive nos vídeos, pois será um material para o registro das aprendizagens.
Deixe sempre espaço para acréscimo de colunas na tabela, pois os estudantes, ao longo das aulas, ampliam seus conhecimentos acerca do assunto e é importante que possam registrar as outras questões não percebidas no início da unidade.
Peça aos estudantes para completar a Tabela 1 - Característica das Lutas de acordo com as questões que julgarem importantes sobre as características das lutas que eles conhecem. Seguem algumas sugestões de questões: Qual é o nome da luta? Como e onde conheceu? Tem socos e chutes? Tem quedas, puxões e empurrões? Qual é o objetivo dessa luta? Quais são os riscos? O que não pode fazer?
Lembre-os de que essas e outras perguntas que podem surgir deverão ser respondidas inicialmente com base na análise dos vídeos e das experimentações na parte prática das aulas. Estudantes podem auxiliar os colegas com alguma dificuldade em preencher a tabela 1 transcrevendo as suas falas. Além disso, podem ler para eles as outras questões inseridas na tabela 1 pelos demais colegas.
Incentive-os a se organizarem no espaço de modo que todos possam assistir aos vídeos, explique-lhes que se referem aos tipos de lutas. Apresente à turma o vídeo 1, as lutas de domínio, comente que o contato é contínuo na maior parte do tempo, com ações de agarrar, puxar, empurrar, desequilibrar, cair, imobilizar, estrangular e torcer as articulações. Observe a necessidade de se utilizar legendas ou audiodescrição.
Em seguida, apresente o vídeo 2, explique-lhes que a luta de percussão acontece com o contato corporal, somente na aplicação de golpes, socos, chutes, joelhadas e cotoveladas.
Retome as questões sobre a percepção dos estudantes com relação aos objetivos e características das lutas. Anote ou peça-lhes para registrarem as respostas no quadro.
Em seguida, diga-lhes para se organizar em dois grupos. Faça um sorteio para definir os temas: lutas de domínio e lutas de percussão. Esclareça aos estudantes que a partir de agora não importa mais os nomes das lutas, pois irão analisar as ações realizadas nas lutas de domínio e de percussão, considerando as regras, os objetivos, a maneira de ganhar e as proibições.
Pergunte como eles estão se sentindo para a participação nas atividades de luta? Acolha as respostas e reações, forneça a cada um dos estudantes ¼ de folha de papel A4 peça para escreverem o que acham que sentirão quando experimentarem as atividades de luta. Sugestão de perguntas: O que vai acontecer quando eu lutar? O que eu vou sentir quando acontecer isso que eu acho que vai acontecer?
Podem também ser inseridas perguntas coletivas: O que podemos fazer para que todos participem das atividades?
Atividade
Em um espaço amplo, peça aos estudantes para formarem duplas que irão experimentar uma atividade em que algumas características das lutas estarão presentes. Atenção para uma quantidade ímpar de estudantes. Nesse caso poderão ser formados trios.
Retome com os estudantes que uma das maiores características das lutas é o respeito ao oponente e às regras, e esse respeito dentro das práticas é sempre marcado pelo cumprimento entre os oponentes, no começo e no término das lutas.
Combine com a turma como será o cumprimento entre os praticantes e enfatize que esse gesto deverá ser feito sempre com muito respeito. Por exemplo: tocar com punhos cerrados, apertar a mão, inclinar o tronco para frente, como o cumprimento inicial de algumas lutas.
Demonstre ou peça aos alunos que demonstrem esses movimentos para observar se eles compreenderam a solicitação.
Atividade 1 - Rouba o “rabo”
Disponibilize um “rabo” (confeccionado com um pedaço de TNT de aproximadamente 30 cm, tecido ou sacola plástica) para cada estudante. Se preferir, comece com uma dupla para demonstração. Assim, os demais estudantes podem observar a dinâmica e tirar possíveis dúvidas. Amplie para a participação de todos, gradualmente.
Posicione-os um de frente para o outro com uma sacola de plástico ou quadrado de tecido preso nas costas, dentro da bermuda, como um rabo. Ao comando para iniciar, ambos tentarão pegar o rabo do outro. Ganha quem conseguir pegar primeiro. Nessa atividade é proibido empurrar, puxar ou bater de qualquer forma no corpo do adversário. Uma variação possível é prender o rabo lateralmente. Isso mudará a postura dos lutadores.
Se perceber que algumas duplas não estão conseguindo desenvolver a atividade, tente fazer a variação, pedindo para que coloquem o rabo lateralmente. Sempre estimule os estudantes a criar estratégias para, respeitando as regras e o oponente, alcançarem o objetivo. Para aumentar o dinamismo, estipule tempo de 15 segundos para as disputas e, ao término, peça para cada estudante cumprimentar o colega e trocar de oponente.
Após a participação de todos na atividade, pergunte qual tipo de luta apresenta uma movimentação parecida? (Luta de percussão). Pergunte também sobre as habilidades motoras (esquivar, pegar, desviar, avançar, recuar…) e as capacidades físicas (agilidade, equilíbrio, velocidade…) presentes nas movimentações desta atividade. Registre ou peça a algum estudante para anotar os comentários, impressões e percepções na Tabela 2 - Atividades.
Questione-os sobre como a atividade poderia ser modificada no caso de existirem estudantes com dificuldade de movimentação ou baixa visão. Por exemplo, os dois estudantes são vendados e escolhem um lugar para colocar a faixa na linha da cintura.
Atividade 2 - “Daqui não saio”
Para esta atividade, usando o giz ou o caco de gesso, peça aos estudantes para desenhar um círculo com mais ou menos 60 cm de diâmetro. Um estudante fica dentro do círculo (lutador 1) e o outro (lutador 2) fica do lado de fora. Ao comando, o que está fora tentará forçar a saída do que está dentro. Quando houver a retirada do que estava dentro e a entrada do que estava fora, a partida se encerra. Dê um pequeno intervalo e repita a prática, agora com as posições invertidas.
Outro ponto importante é o tempo de duração da tentativa de retirada do oponente do círculo. Comece com 10 segundos e peça para os estudantes avaliarem se está bom, se é muito ou se é pouco tempo.
Converse antes com os estudantes e defina, colaborativamente, sobre as partes do corpo em que pode haver contato: mãos, ombros, costas e lateral do tronco. Pergunte-lhes o que deve ser proibido nesta atividade e o que será permitido. Estimule sempre a participação de todos na construção/apresentação das regras das atividades. Antes de começar as experimentações, as regras deverão estar muito claras para todos.
Comece novamente com uma dupla para a demonstração. Repasse as regras sobre as partes do corpo que poderão ser usadas e sobre o objetivo de cada lutador na partida. Defina com os estudantes, nas duplas, quem será o lutador 1 e o lutador 2. Combine com os estudantes se o lutador deverá sair com os dois pés para fora do círculo ou apenas um.
Ao término desta prática, pergunte aos estudantes sobre o tipo de luta aprendida no início desta aula que tem aspectos semelhantes aos desta atividade? (Luta de domínio). Pergunte também sobre as habilidades motoras (puxar, empurrar, equilibrar, desequilibrar, agarrar…) e as capacidades físicas (força, equilíbrio…) presentes nas movimentações desta atividade 2.
Estimule os estudantes a observarem as estratégias nas demais duplas. Se achar interessante, peça para que metade da turma lute enquanto a outra metade observa e depois inverta. Registre novamente ou peça a algum estudante para anotar as observações, impressões e percepções na tabela 2.
Após as observações das práticas das outras duplas, retorne à atividade “Rouba rabo” e peça para cada dupla criar uma outra atividade diferente que também possua as características das lutas de percussão. Nesse caso usando o mesmo material ou um dos listados na seção Materiais sugeridos.
Explique aos estudantes que as adaptações serão criadas e experimentadas por todos. Lembre-os de cuidar sempre da segurança e integridade física de todos os participantes, bem como do cumprimento inicial e final muito respeitoso. Procure sempre adaptar as regras e os procedimentos de acordo com as capacidades dos estudantes. A todo momento proponha reflexões em que eles possam relatar as dificuldades ou barreiras que estejam impedindo-os de participar das atividades. Ao identificar a natureza da barreira e propor soluções, eles exercitam componentes importantes das competências gerais, como a empatia, a cooperação, o cuidado consigo e com os outros, o respeito às próprias limitações e às dos colegas, e a valorização da multiculturalidade.
Estimule os estudantes a pensarem em regras, materiais, marcações no solo, formas de pontuar, posicionamento do corpo, partes do corpo que podem ou não entrar em contato, regras, quantidade de participantes (dupla contra dupla, dupla contra um, trio contra trio). Observe as tentativas de criação das duplas e ofereça sempre ajuda se precisarem. Sinalize sempre sobre os cuidados com a segurança, lembrando-lhes de que este ponto é o mais importante.
Concluída a parte da criação, passe para a apresentação das adaptações criadas. E, em seguida, dinamize a experimentação de todas as adaptações por todas as duplas. Estimule sempre os estudantes a observarem as estratégias em cada luta.
Repita os procedimentos com a proposta de adaptação da atividade “Daqui não saio” e registre mais uma vez ou peça a algum estudante para anotar seus comentários, impressões e ideias na tabela 2.
Momento da reflexao
Faça uma roda de conversa e discuta com os estudantes sobre os objetivos de aprendizagem que foram apresentados no início. Questione-os a respeito das atividades: Como vocês se sentiram ao participar das práticas de luta? Gostaram? Por quê? Qual tipo de luta vocês gostaram mais de praticar, de domínio ou de percussão? Por quê? Vocês perceberam respeito e cuidado com a segurança durante todas as práticas? Vocês, em algum momento, perceberam algum perigo nas práticas de luta? Como foi a situação? Qual foi a solução criada para impedir um acidente? Quais foram os tipos de movimentos que vocês usaram durante as lutas? Teve alguma capacidade física mais usada nas lutas que vocês experimentaram? Em quais situações ela foi necessária?
Faça a retomada das situações de conflito em que os comportamentos não estavam adequados aos combinados e das situações em que os estudantes agiram de maneira positiva. Para finalizar, peça para eles refletirem sobre qual é a importância do colega na prática da luta?
Circule entre os estudantes auxiliando aqueles com dificuldade de compreensão ou que precisam de orientações mais específicas. Os questionamentos podem estar escritos. Esse procedimento auxilia os estudantes a organizarem melhor as suas ideias, terem mais tempo de refletir sobre os questionamentos e é uma opção para aqueles com baixa audição.
Sistematizacao do conhecimento
Sistematize com os estudantes o que fizeram e o que aprenderam. Sente-se com eles em roda e confirme as hipóteses deles sobre as características das lutas que experimentaram durante as aulas, tais como os tipos de movimentos realizados, as capacidades físicas presentes, as habilidades motoras necessárias.
Utilize a tabela 1 sobre as características das lutas e converse com os estudantes se há modificações a serem feitas após as aulas. Veja também se há alguma outra informação que possa ser acrescentada.
Com o auxílio da tabela 1, apresente aos estudantes e preencha com eles a tabela 2. A partir das experimentações feitas nas atividades propostas, os estudantes deverão sistematizar suas aprendizagens acerca das capacidades físicas e habilidades motoras presentes nas lutas de percussão e de domínio.
Observe se é necessário descrever as imagens àqueles com baixa visão.
Retome as impressões de cada estudante acerca das lutas e as sensações provocadas por elas. Uma possibilidade interessante é devolver-lhes as anotações feitas no pedaço de folha de papel A4 sobre as suas expectativas a respeito das lutas antes de conhecê-las e experimentá-las. Peça para que eles releiam as suas anotações e reflitam se algo mudou. Solicite aos estudantes para registrar em um papel com as mesmas medidas as suas atuais impressões sobre as lutas. Sugestão de perguntas: O que aconteceu durante as minhas lutas? Como eu me sinto em relação às lutas atualmente?
Os registros podem ser também oralmente ou solicitando-se a alguns estudantes que auxiliem aqueles que têm dificuldade ou barreira na escrita.
Por fim, elogie e ressalte condutas e atitudes de respeito ao colega para manutenção da integridade física entre eles.
Registro e avaliacao
Retome as tabelas 1 e 2 como registros das evidências de aprendizagem e, com base nos dados disponíveis, peça aos estudantes para elaborar no caderno de registros:
- Um desenho representando duas lutas: uma de domínio e outra de percussão.
- Um texto sobre as habilidades motoras e as capacidades físicas da luta de domínio.
- Um texto sobre as habilidades motoras e as capacidades físicas da luta de percussão.
O texto pode utilizar a linguagem oral. Para isso, grave a resposta dos estudantes.
Sugerimos a construção prévia de uma tabela com os elementos que consideramos essenciais das aulas, seguidos de uma ordenação dos itens e de um valor atribuído para cada um deles.
(1) Preencha o nome do estudante e leia as explicações para o item juntamente com ele; (2) peça-lhe que aponte o valor correspondente a cada nota que considerar mais acertada; (3) quanto mais alta a nota total, melhor o aprendizado.
Nome do estudante | Utilizou estratégias durante as lutas? | Realizou a experimentação das lutas? | Ajudou a recriar as lutas? | Mostrou respeito pelos oponentes? | Demonstrou interesse pela prática das lutas? | Respeitou sempre as regras? |
Fulano | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 |
Beltrano | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 |
Cicrano | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 |
Lembre-se de avaliar também a maneira como cada estudante participou das rodas de conversa. Como se dá a sua comunicação?
Nome do estudante | Respeita a vez de fala? | Ouve atentamente o colega? | Aceita críticas? | Comunica-se com coerência e clareza? | Faz críticas construtivas aos colegas? |
Fulano | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 |
Beltrano | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 |
Cicrano | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 |
Barreiras
Barreiras
- Exigir a experimentação das capacidades físicas de modo igual a todos os estudantes.
- Limitar as experiências dos estudantes aos movimentos específicos exigidos nas lutas.
- Excluir estudantes das práticas em prol de uma suposta segurança durante as atividades.
Sugestões para eliminar ou reduzir as barreiras
- Possibilitar a experimentação das capacidades físicas a partir das características dos estudantes.
- Sugerir modificações nas exigências dos movimentos das lutas tornando possível a participação de todos.
- Analisar e elaborar práticas adaptando-as às características dos estudantes.
Desdobramentos
Para dar continuidade à sequência de aprendizagens desta unidade temática, continue com as práticas das lutas adaptadas durante as aulas seguintes, sempre aprimorando a dinâmica (com mudanças no tempo das disputas, nas duplas, nos materiais ou nos espaços), as regras (mudando a forma de pontuação, liberando ou proibindo algum movimento específico, descontando pontos por movimentações proibidas) e a segurança de todos os participantes (com implementos e ajustes nas regras e dinâmicas). Durante as lutas, observe as estratégias criadas pelos estudantes e cuide para que todos possam trocar de oponente para experimentar estratégias diferentes com as diferentes características corporais.
Os estudantes podem fazer uma entrevista com alguma pessoa que seja praticante de alguma luta. Peça para os estudantes se dividirem em grupos, e elabore com os estudantes um roteiro de perguntas, tais como: Por que você começou a lutar? O que foi mais difícil no começo? Você ficava calmo nas competições? E hoje em dia? Você já teve de usar seus conhecimentos de luta para brigar? Você já teve medo de lutar?
Com as respostas, os estudantes deverão fazer um cartaz com uma foto do lutador entrevistado e apresentar para a turma, explicando sobre a luta que o entrevistado pratica, as habilidades que ele mais utiliza durante as lutas e as capacidades físicas mais presentes em seu estilo de luta.
Não deixe de revisitar os papéis com as respostas dos estudantes sobre seus sentimentos a respeito das lutas antes e depois das práticas. Atualize sempre as impressões dos estudantes. Talvez, após todas as práticas, alguns estudantes continuem tentando sempre evitar as atividades de luta. Pontue que as práticas aprimoram as habilidades motoras e as capacidades físicas requisitadas e que o desenvolvimento delas beneficiará a prática de outras atividades motoras.
Para o professor
Para o ensino remoto é importante levar em consideração que o desenvolvimento das habilidades deverá considerar a realidade dos estudantes, especialmente no que se refere às experimentações. É importante deixar claro para os estudantes que irão vivenciar, experimentar e praticar atividades quando retornarem para o ensino presencial. A seguir, sugerimos algumas estratégias para o desenvolvimento desta aula no ensino remoto.
Estabeleça um canal de comunicação com os estudantes do ensino remoto para que possam receber as propostas e enviar as suas produções.
A introdução ao tema pode ser realizada da mesma maneira com foi feita na conversa inicial deste plano, seguida da apresentação dos vídeos 1 e 2.
A partir desse ponto, preencha com os estudantes a tabela 1, como no ensino presencial. Estimule-os na associação das modalidades de luta apresentadas nos vídeos e aquelas que os estudantes citam como conhecidas por eles. Ajude-os a perceber que as lutas são classificadas em lutas de domínio e de percussão.
Peça-lhes para observarem nos vídeos os tipos de movimentação apresentados nos dois tipos de luta. Em seguida, apresente-lhes a tabela 2.
Proponha, na sequência, que, se possível, experimentem em casa, com alguém do convívio, as atividades: “Rouba rabo” e “Daqui não saio”. Ou, não sendo possível a prática, que eles recebam as orientações (por escrito ou via áudio) sobre como se dão essas atividades.
Peça-lhes que, a partir da experimentação feita em casa ou da compreensão das orientações lidas ou ouvidas, completem as colunas com as habilidades e capacidades presentes nas lutas.
Proponha experimentações possíveis para as realidades dos estudantes. É importante que o escopo das propostas e das devolutivas seja flexível para que contemple o máximo de realidades possível.
Este plano de atividade foi elaborado pelo time de autores NOVA ESCOLA.
Autor: Cláudio Sato
Mentor: Ricardo Yoshio
Especialista da área: Luis Henrique Martins Vasquinho