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Plano de Aula
Por: Cláudio Sato
Neste plano, propomos aprendizagens sobre as lutas desenvolvidas e praticadas por etnias africanas, analisando os aspectos culturais presentes e refletindo sobre o respeito à diversidade étnica. Os estudantes também criarão formas adaptadas para experimentar os principais movimentos das lutas de matriz africana e irão identificar as principais habilidades motoras, capacidades físicas e estruturas corporais solicitadas.
Lutas presentes no contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana.
1. Conhecimento
3. Repertório cultural
8. Autoconhecimento e autocuidado
9. Empatia e cooperação
A cultura africana e a sua influência sobre hábitos e costumes do Brasil
O continente africano é o terceiro maior em território, o segundo mais populoso e é considerado o berço da humanidade, porque ali estão as primeiras evidências arqueológicas do ser humano. A África está dividida em 54 países com enorme e valiosa riqueza cultural, religiosa e social.
A cultura africana
Apesar de serem 54 países, a quantidade de povos com culturas, religiões e línguas diferentes é muito maior. São mais de três mil etnias diferentes. Portanto, a diversidade cultural africana é enorme. Não podemos pensar em África como uma cultura única. A influência de povos do Oriente Médio e europeus que tiveram contato com os africanos ao longo da história também amplia a diversidade cultural dos povos neste continente, no que diz respeito a línguas, religiões e costumes em geral.
A influência da cultura africana sobre Hábitos e costumes do Brasil
Para o Brasil, os africanos escravizados trouxeram toda sua diversidade cultural, visto que, do continente africano vieram pessoas de diferentes etnias e, portanto, com diferentes línguas e costumes. Os milhões de africanos recém-chegados ao Brasil tiveram de lidar com a condição de escravizados sem liberdade, dignidade e com constantes maus tratos. Diariamente, durante séculos, nas relações com portugueses e indígenas, os africanos foram ajudando a construir nossa história e nossa cultura com seus costumes, sua espiritualidade, sua culinária, suas palavras, sua musicalidade e suas lutas.
As lutas africanas
Existem muitas lutas originárias e ainda praticadas pelas diversas etnias africanas. Como exemplos temos o Nguni (África do Sul), o Tahtib (Egito), o Nuba (Sudão), o Dambe (Nigéria) e o Laamb (Senegal). Historicamente, as lutas foram criadas para utilização bélica nos conflitos e guerras. Em períodos de paz, as práticas continuam por tradição ou por precaução (esperando tempos de guerra). Para reduzir o perigo das práticas, principalmente daquelas em que existe o uso de implementos como espadas, lanças e bastões, há a incorporação de regras, adaptação dos implementos e acréscimos de elementos como música e coreografias para exibição.
As lutas de matriz africana possuem importância no que se refere à manutenção das relações étnicas que atravessam os tempos pós-divisão do continente africano em países como hoje conhecemos. Muitas etnias foram separadas pelas fronteiras atuais, enquanto outras foram colocadas juntas em um mesmo território apesar de serem inimigas mortais (o que muitas vezes gerou guerras com dezenas de milhares de mortes).
Os rituais e significados das lutas das etnias africanas
Atualmente, as modalidades de lutas das etnias africanas acontecem em diferentes contextos sociais. A importância dessas manifestações culturais para os povos africanos pode ser percebida por ocasião dos ritos de casamentos entre os membros das famílias dos noivos, da celebração de boas colheitas, dos eventos relacionados aos ritos de passagem de jovens para a vida adulta, das festividades como demonstração de força, coragem, de continuidade das tradições ancestrais ou de esportes com muita popularidade, como é o caso das lutas Dambe e Laamb, respectivamente, na Nigéria e no Senegal.
Nestas lutas, podemos perceber que, além das questões técnicas, físicas e das regras do evento, existe muito fortemente o aspecto espiritual. Antes das lutas, a maioria dos atletas busca ajuda espiritual para conseguir a vitória. Eles recorrem aos seus guias espirituais para ritos e amuletos de proteção e fortalecimento. As lutas acontecem em clima de provocação, incentivos em forma de música, com muitos instrumentos de percussão e narrações esportivas empolgadas.
LAAMB e o DAMBE: as principais habilidades motoras, capacidades físicas e regiões corporais
O Dambe é uma luta de percussão do povo Hausa, da Nigéria, em que os adversários enfaixam a mão dominante para desferir socos e usam a outra mão livre para defesa e agarre. Nesta luta, as capacidades físicas predominantes são: a força explosiva, a agilidade e a velocidade de reação.
As habilidades motoras mais presentes nos confrontos são: desviar, avançar, recuar, bloquear, esquivar-se e socar. Tais habilidades são intensificadas pelas regras do combate. Pelo fato de permitir apenas uma das mãos para o ataque, a dinâmica das lutas de Dambe são incomparáveis pela previsibilidade da mão de ataque, visto que nas demais lutas de percussão existentes os socos podem ser desferidos com ambas as mãos e, portanto, são possíveis diversas combinações usando mão direita e esquerda. No Dambe, para superar o adversário, o lutador precisa combinar bem os movimentos defensivos com os de ataque. A mão de ataque é enfaixada, envolvida por pedaços de corda, e é chamada de “lança”. Esta mão é a única que pode ser usada para socar. A outra mão permanece nua, é chamada de “escudo”, e a sua função é defender, bloquear, agarrar e desequilibrar. Em alguns eventos, são permitidos chutes, na maioria das vezes, porém, os membros inferiores são usados apenas como base para os deslocamentos de avanço, recuo e esquivas.
O Laamb é uma luta de domínio e percussão, muito tradicional do Senegal. Da mesma maneira que o Dambe, o Laamb se popularizou de tal maneira que os eventos atraem muitos patrocinadores e oferecem prêmios em dinheiro. Nas lutas de Laamb, o objetivo é colocar o oponente com as costas, o rosto ou os quatro apoios no chão. Para isso, os lutadores podem tentar o desequilíbrio, a projeção ou o knockout (socos são permitidos). As capacidades físicas presentes nas lutas são: a força muscular, a força explosiva, o equilíbrio e a velocidade de reação. As habilidades motoras mais solicitadas são: desequilibrar, puxar, empurrar, agarrar, socar, desviar, recuar, avançar e derrubar.
No Laamb, o volume maior de técnicas é de domínio. Conhecida também como luta livre senegalesa, nela o posicionamento dos atletas se caracteriza por um distanciamento pouco maior do que nas lutas puramente de domínio, devido à permissão dos socos. Em alguns momentos, o posicionamento dos lutadores lembra um pouco uma luta de MMA. Os socos, muitas vezes, são desferidos como fintas para aproximação visando, na verdade, a queda, visto que o objetivo da luta é derrubar o oponente. Pelo fato de ter componentes de luta de domínio e percussão, o Laamb exige de seus praticantes uma variedade grande de habilidades motoras e capacidades físicas.
As diversidades étnicas
A diversidade étnica africana também está presente nas lutas. Existem lutas africanas de domínio, de percussão e com implementos, como varas, bastões e escudos. Em algumas lutas existem acompanhamentos de músicas de instrumentos de sopro e também de instrumentos de percussão variados.
Existem ritos que precedem os confrontos, que são de cunho espiritual, com orações, cantos, amuletos, banhos com leite azedo, ervas, fumaça e escarificações corporais para dar força, afastar maus espíritos e garantir a vitória.
As lutas estão presentes em diversos momentos da vida social dos diferentes povos africanos: em ritos das cerimônias de casamento, festas de rua e festivais de colheita. Variadas são também as formas como as lutas se apresentam. Em alguns casos, a luta é apresentada como uma coreografia com movimentos que mais parecem dança, com muita música em clima de alegria e festa. Em outros casos, as lutas são confrontos sangrentos em que ferimentos graves e até morte são comuns.
De maneira geral, as lutas têm origem sempre nas necessidades dos confrontos bélicos. E, ao longo dos tempos, vão ganhando contornos sociais diferenciados.
Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.
Para esta conversa inicial sugerimos alguns recursos para investigação dos conhecimentos prévios dos estudantes e para introdução do tema. A ampliação de recursos possibilita incluir estudantes com dificuldade de compreensão, baixa visão ou baixa audição. Além dos recursos, pode ser necessário organizar os estudantes em duplas, solicitando que um auxilie o outro na comunicação das propostas. Observe a necessidade de fazer uma audiodescrição dos vídeos ou legendá-los.
Converse com os estudantes sobre os objetivos de aprendizagem deste plano. Apresente-lhes o mapa do continente africano.
Converse com eles sobre as informações básicas acerca do continente africano. Fale sobre a divisão do território em 54 países, a diversidade étnica que supera em muito o número de países, e explique que a existência de mais de 3.000 etnias diferentes confere à África uma variedade enorme de características culturais, com línguas, religiões, costumes e crenças diferentes.
Aguce a curiosidade dos estudantes acerca dos conhecimentos que estes povos africanos possuíam. Pergunte-lhes se acreditam que algum dos povos africanos teria algum conhecimento sobre lutas. Se algum dos estudantes responder capoeira, diga que ela foi criada aqui no Brasil por africanos. Provoque, questionando se os africanos trazidos para cá teriam conhecimentos prévios de lutas.
Em seguida, pergunte aos estudantes se sabem como se deu na história a relação dos povos da África com o Brasil. Deixe que os estudantes falem sobre o que já aprenderam em história a respeito da escravidão no Brasil. Estimule a participação de todos. Incentive-os a falarem sobre a vinda dos africanos escravizados para cá.
Pergunte como foi a travessia, se vieram espontaneamente ou obrigados.
Retome a questão sobre as lutas africanas, apresentando cinco lutas com algumas características e seus respectivos países de origem: a luta Nguni com bastões é praticada na África do Sul pelo povo Zulu; o Tahtib é uma luta do Egito em que, atualmente, de maneira encenada, os praticantes usam bastões, ao som de música tradicional, e se confrontam; a luta Nuba possui duas versões: uma luta de domínio, muito popular no Sudão, e outra, menos popular devido às lesões abundantes, praticada com bastões em regiões mais afastadas; o Dambe é uma luta de percussão do povo Hausa, da Nigéria, em que os adversários enfaixam uma das mãos para desferir socos e usam a outra mão livre para defesa e agarre; o Laamb é uma luta de domínio, muito tradicional do Senegal.
Em seguida, diga aos estudantes que iremos nos aprofundar em duas lutas: Laamb, do Senegal, e Dambe, da Nigéria. Conheceremos as técnicas, os rituais envolvidos, a importância delas para o povo. Peça que analisem os golpes das lutas e percebam em quais situações existe risco de lesão.
Como sugestão, apresente o vídeo 1, sobre o Laamb, e as imagens sobre o Dambe. Após a apresentação das imagens, sugerimos que, com um estudante, demonstre a dinâmica do Dambe. Explique que ambos se colocam de pé, frente a frente, com um pé avançado e outro recuado. O pé da frente é do lado da mão escudo e a mão lança, que fica envolvida com cordas, se posiciona recuada, preparada para atacar. Antes da exibição do vídeo, da apresentação das imagens e da explicação/demonstração do Dambe, peça para os estudantes ficarem atentos aos movimentos dos lutadores e aos aspectos culturais presentes nas fotos e no vídeo. Forneça aos estudantes uma folha de papel A4 e peça, ao término do vídeo e da apresentação das imagens, que desenhem os lutadores em ação, representando os movimentos mais característicos de cada luta, e escrevam o que perceberam de interessante nas torcidas e no evento em geral.
Enquanto os estudantes fazem os desenhos e as anotações, circule pela sala para observar individualmente se algum dos estudantes precisa de alguma ajuda para a escrita ou o desenho.
vídeo 1:
Após conclusão das anotações e dos desenhos acerca das questões culturais e das características da luta Laamb, peça aos estudantes para compartilharem as suas observações. Estimule o olhar investigativo sobre o que foi observado. Oriente-os a acrescentarem ou modificarem algum ítem do papel que, após alguma fala, foi repensado.
Pergunte se precisamos ter algum cuidado com a prática das lutas assistidas. Peça que eles pontuem situações das lutas que poderiam nos colocar em risco no momento da experimentação. Questione como poderíamos adaptar as práticas para evitarmos lesões. Lembre-os da regra fundamental de não nos machucarmos nem permitirmos que os colegas se machuquem.
Prepare o espaço e combine previamente com os estudantes algumas regras para manutenção da segurança de todos e convide-os a experimentarem duas das lutas africanas pesquisadas: a Dambe e a Laamb.
Conhecendo e experimentando a Dambe
Peça aos estudantes que se dividam em duplas. Forneça para cada dupla dois pregadores de roupa e duas faixas de tecido ou TNT. Em seguida, sente-se com eles e relembre a dinâmica da luta nigeriana, Dambe. Fale das regras, do espaço físico e do objetivo da luta. Pergunte qual seria a mão “lança” de cada um. Estimule-os na resolução do seguinte problema: Como experimentar o Dambe de maneira segura com o material disponibilizado? Oriente que as duplas se levantem e, com atenção à segurança, descubram maneiras de experimentar o Dambe com o pregador e a faixa. Estimule as duplas a pensarem formas de usar os materiais, bem como descobrir a mão que será “lança” e a mão que será “escudo”.
Circule pelas duplas, orientando e estimulando. Pergunte se o pé que fica à frente durante a luta é o pé do lado da mão “escudo” ou da mão “lança”? Passados alguns minutos ou diminuindo a motivação pela atividade, peça que retomem, de pé, a seus lugares no círculo. Peça que os estudantes falem sobre a escolha da mão “lança”, da mão “escudo” e do pé que fica à frente. Em seguida, peça que exponham suas ideias acerca da utilização dos materiais para a experimentação-adaptação do Dambe.
Caso os estudantes não cheguem a ideias possíveis e seguras de utilização, sugerimos que, com a ajuda do colega, amarrarem a faixa no punho da mão definida como “lança”. Estando ambos da dupla com as faixas amarradas no punho da “lança”, peça que prendam o pregador na própria blusa na altura da barriga. A luta consiste em tentar pegar o pregador da roupa do oponente apenas usando a mão “lança” (marcada com a faixa amarrada) enquanto protege o próprio pregador com a mão “escudo” (sem faixa). O round termina quando um dos lutadores consegue pegar o pregador do adversário. Relembre-os de que antes das lutas e após o encerramento deve haver o cumprimento respeitoso ao oponente. Mantenha a dinâmica das lutas adaptadas por alguns minutos ou enquanto durar a motivação dos estudantes. Se achar interessante, troque as duplas para que haja confrontos entre destros e sinistros.
Em seguida, para aumentar o nível de dificuldade para a defesa, acrescente aos materiais duas sacolas plásticas para cada dupla. Peça-lhes para colocar a sacola na gola da blusa, deixando uma parte para dentro, em contato com o corpo do estudante, e a outra metade para fora, como uma gravata curta. O objetivo agora está em tentar tirar o pregador na altura da barriga e o saco plástico na altura do peito. Tal adaptação dificulta a defesa e facilita o ataque. Mantenha a atividade até o declínio do entusiasmo. Peça para que troquem as duplas buscando confrontos variados, com lutadores sinistros e destros.
Ao término da atividade, pergunte o que perceberam ao trocarem de oponente com “lança” de lado diferente e pergunte sobre percepção a respeito das alterações nos movimentos de ataque e defesa quando foi acrescentado outro alvo. Questione os estudantes se houve alguma dificuldade em realizar a prática. Proponha nesse momento que coletivamente elaborem estratégias para inclusão de todos de acordo com as suas características e as suas potencialidades.
Conhecendo e experimentando o Laamb
Em roda de conversa, retome com os estudantes a dinâmica da luta senegalesa, Laamb. Fale das regras, do espaço físico e do objetivo da luta. Retome com eles as características da luta que podem trazer perigo à nossa experimentação (as quedas e os socos). Lembre-os de que essa luta tem características tanto de luta de domínio quanto de percussão.
Como sugestão para esta experimentação, peça para os estudantes retomarem as duplas, e entregue a cada um três pregadores e uma sacola plástica. Novamente, proponha aos estudantes que, sem socos e quedas, criem uma forma de experimentar a luta Laamb cuidando da segurança de si e do colega. Assim como na prática anterior, devem adaptar a luta de modo que todos consigam participar dentro das suas possibilidades.
Lembre-os de que, diferentemente do Dambe, no Laamb, ambas as mãos servem para ataque e defesa. Circule por entre as duplas, estimulando e orientando as criações. Passados alguns minutos ou percebendo o declínio no interesse da proposta, retorne com os estudantes para o círculo e peça que compartilhem as criações.
Organize os estudantes em duplas para experimentarem as criações dos colegas. Caso não haja possibilidade de praticar as criações, peça aos estudantes que prendam um pregador em cada perna do short ou bermuda (na parte frontal), o mais baixo possível. O terceiro pregador ficará na blusa, na altura da barriga, e o saco plástico deverá ser posicionado como na atividade anterior. O objetivo é pegar os pregadores e a sacola do oponente, enquanto tenta evitar que o oponente pegue seus objetos. Ao longo da atividade, se achar interessante, faça pequenas alterações como mudar a pontuação dos pregadores e da sacola; ao invés de ter pregadores nas pernas, a dinâmica pode ser tocar com a palma da mão na lateral do joelho.
Para uma experiência mais próxima do Laamb, peça-lhes para repor sempre os objetos retirados pelo oponente (para que haja sempre atenção com a defesa de todas as partes do corpo).
Em roda de conversa, pergunte sobre a adaptação das lutas, se conseguimos experimentá-las de forma segura e que inclua todos. Pergunte se, ao experimentarem as lutas, perceberam algo em relação aos motivos dos posicionamentos dos lutadores dos vídeos.
Questione os estudantes sobre as aprendizagens: Você já conhecia o nome de algum dos países do continente africano? Quais lutas africanas você já conhecia? Houve respeito em todos os momentos da atividade? Houve cuidado com a segurança dos participantes em todos os momentos da atividade? Quais foram as capacidades físicas presentes nas atividades? Quais foram as habilidades motoras utilizadas nas atividades? Quais foram as diferenças entre a prática do Dambe e do Laamb? No vídeo, nas imagens e nas experimentações, quais foram as maiores diferenças percebidas entre as lutas do continente africano e as lutas que já conhecíamos?
Observe se a proposta da reflexão inclui todos os estudantes. Algumas vezes, é necessário fazer perguntas diretas a algum estudante que tenha vergonha em falar abertamente ou utilizar recursos adicionais para melhor compreensão das discussões. Para isso, pode-se utilizar fotos, cartazes, ou retomar os vídeos da Conversa inicial.
Por fim, retome as situações de conflito considerando as maneiras como foram solucionadas. Pontue com os estudantes os ajustes necessários em situações mal resolvidas e reforce as ações positivas.
Sistematize com os estudantes as experimentações e as conversas desenvolvidas ao longo deste plano. Relembre os assuntos pesquisados. Retome as aprendizagens acerca do continente africano, seus povos, culturas e conhecimentos sobre lutas que atravessaram o Atlântico séculos atrás e que chegaram até nós juntamente com muitas palavras que até hoje usamos no Brasil. Explique e sensibilize-os que a cultura africana é responsável pela riqueza de manifestações (música, culinária, religião, artes, práticas corporais, entre outras) que foram e são incorporadas em nossa cultura.
Pontue que nas práticas corporais, as lutas africanas, como vimos, possuem muitas características parecidas com outras que já conhecíamos. Retome com os estudantes as características das lutas de percussão e de domínio e conecte tais características com as lutas africanas Dambe e Laamb. Evidencie com eles os tipos de golpes, estratégias de luta, regras, perigos e cuidados presentes nas lutas africanas experimentadas. Pontue que habilidades motoras, como socar, recuar, avançar, esquivar, agarrar e desequilibrar, bem como as capacidades físicas, força muscular, força explosiva, equilíbrio, velocidade de reação, estão presentes nas lutas africanas tanto quanto nas lutas de outras origens. Relembre com os estudantes os movimentos e golpes mais usados nas lutas africanas e estimule-os a reconhecer as capacidades físicas mais presentes no Dambe e no Laamb. Faça o mesmo com as habilidades motoras.
Retome as experimentações adaptadas das lutas africanas realizadas em duplas. Evidencie a lateralidade tão presente no Dambe, visto que a escolha da mão de “lança” depende do autoconhecimento da mão dominante. Relembre-os da diferença entre lutar com um oponente sinistro ou destro. Sobre a luta Laamb, pontue que as possibilidades de ataques em níveis diferentes (pernas ou tronco) permitem variações e fintas que não são possíveis no Dambe.
Faça os estudantes refletirem sobre as diferentes atmosferas que cercam as lutas africanas que conhecemos e compare essa atmosfera às percebidas em outras lutas vistas nos planos Lutar: Características e Lutas sem enfrentamento. Comente que, por trás das lutas, o sentido e o significado delas para os povos africanos se voltam para questões religiosas, rituais e crenças, por ocasião dos ritos de casamentos entre os membros das famílias dos noivos, da celebração de boas colheitas, dos eventos relacionados aos ritos de passagem de jovens para a vida adulta, das festividades como demonstração de força, coragem, da continuidade das tradições ancestrais, ou de esportes com muita popularidade.
Para iniciar os registros de aprendizagem, retome a produção realizada pelos estudantes durante a Conversa inicial. A partir dos desenhos das lutas, peça que registrem por escrito, no caderno, as habilidades motoras mais utilizadas no Dambe e no Laamb. Em seguida, peça que registrem, nas legendas dos desenhos, as capacidades físicas mais evidentes em cada luta. A partir das reflexões acerca do que viram e do que experimentaram, peça-lhes para produzir um texto sobre o contexto em que se dão as lutas africanas. De acordo com as características dos estudantes, proponha outras formas de registro utilizando diferentes linguagens, como um áudio em forma de relato pessoal, perguntas e respostas ou entrevista.
Ainda sobre o clima dos eventos de luta na África, peça que os estudantes elaborem, em grupo ou individualmente, um roteiro de apresentação de um lutador fictício de Dambe. Os estudantes deverão criar um nome para o lutador com um apelido que mencione capacidades físicas e elementos do continente africano (nome de animais, etnias, países, capitais).
O roteiro de apresentação deste lutador deve exaltar seus talentos, citando suas capacidades físicas de maneira exagerada com intenção de intimidar os adversários. Como por exemplo: o super lutador Leão Nigeriano tem a força de um elefante, a velocidade de um antílope. Esta apresentação pode ser usada como parte de um evento de lutas africanas com possibilidade de proposta interdisciplinar com Artes e Língua Portuguesa.
Para avaliação da aprendizagem, sugerimos uma tarefa de casa com quatro questões de múltipla escolha como proposta a seguir:
2. O Dambe, praticado pelo povo Hausa, da Nigéria, é caracterizado por ser uma:
3. Na luta Dambe, a mão de ataque é chamada de:
4. Na luta Laamb, o objetivo é:
Observe se é necessário abrir mão de outros recursos para os estudantes tanto acessarem a avaliação, como responderem as questões.
Barreiras
Sugestões para eliminar ou reduzir as barreiras
Para os desdobramentos, sugerimos que planeje com a equipe gestora e professores das demais áreas a continuidade e aprofundamento do tema por parte dos estudantes na culminância de um evento/festival de lutas africanas. Para isso, planeje antecipadamente as etapas de (1) pesquisa com base nos materiais disponibilizados, (2) preparação: antes, durante e após o festival; e (3) apresentação do festival.
Organize os estudantes em equipes com funções e atribuições específicas:
Equipe de roteirização das apresentações, em que os estudantes escrevem textos para apresentação dos lutadores antes das lutas (com possibilidade interdisciplinar com Língua Portuguesa).
Equipe de apresentação e comunicação para fazer a locução do evento e leitura dramática dos roteiros elaborados pela equipe de roteirização (com possibilidade interdisciplinar com Língua Portuguesa).
Equipe de design e cenografia para criação e confecção da parte do visual do evento, tais como: pinturas africanas, acessórios para os lutadores, cartazes de apresentação do evento e dos lutadores (com possibilidade interdisciplinar com Artes).
Equipe de arbitragem e preparação das lutas que deverá conhecer mais a fundo as dinâmicas das lutas, explicando para a equipe de locução e comunicação, sobre os detalhes das lutas com suas técnicas, regras e sistema de pontuação, cuidando também da segurança dos participantes, repreendendo qualquer movimento que possa colocar em risco qualquer participante.
Equipe de lutadores que farão as demonstrações dos movimentos característicos das lutas africanas de maneira segura e adaptada.
Para a composição do festival de lutas, poderão ainda ser convidados: professores, praticantes, especialistas e instituições de ensino que contribuam com o evento.
Registre todas as etapas do processo e prepare um material didático final que poderá ser utilizado pela comunidade escolar nos próximos anos.
Comente com os estudantes que as vivências serão realizadas quando as aulas voltarem ao modo presencial. Explique-lhe que as lutas africanas preveem contato com o oponente, portanto, irão nestas aulas aprofundar as suas aprendizagens mais relacionadas ao saber sobre as lutas e conhecer um pouco mais da importância dessas práticas corporais para a cultura africana.
Sugerimos que proceda inicialmente apresentando o mapa da África e dialogando com os estudantes, conforme sugerido na Conversa inicial, porém com algumas alterações.
Inicie apresentando o mapa e proceda com as informações básicas do continente africano, a diversidade étnica, o conhecimento ancestral desses povos, a sua relação com as lutas, como se deu a vinda dos povos da África para o Brasil, remetendo ao período de escravidão.
A seguir, ao invés de apresentar aos estudantes diversas lutas, mostre apenas uma delas.
Previamente, faça algumas perguntas aos estudantes:
Qual o nome do país em que a luta é praticada?
Onde fica localizado esse país no mapa da África?
Como é o ambiente físico no qual é praticada?
Como é a vestimenta dos praticantes?
Quais são as principais regras?
Existe algum ritual envolvido nas suas práticas?
Qual o significado dessas lutas para a cultura de origem?
Quais são os principais movimentos praticantes?
Quais são as principais capacidades físicas que acreditam ser requisitadas na luta?
Quais são as principais regiões corporais utilizadas pelos atletas?
Após assistirem ao vídeo, os estudantes também podem fazer comentários sobre detalhes relacionados à luta e que não foram perguntados.
Questione-os se essa prática poderia ser realizada na escola com segurança para todos. Quais modificações ou adaptações deveriam fazer para vivenciar essa luta na escola?
A partir do diálogo entre os estudantes sobre essas lutas, é possível partir para um aprofundamento de lutas de matriz africana, desta vez solicitando aos estudantes que pesquisem sobre modalidades de lutas diferentes e respondam às mesmas perguntas feitas sobre o vídeo que assistiram. Os estudantes podem apresentar depois os registros das suas pesquisas utilizando diferentes formas:
É importante que mantenham este registro para quando as aulas presenciais retornarem os estudantes poderem realizar práticas adaptando as lutas pesquisadas.
Este plano de atividade foi elaborado pelo time de autores NOVA ESCOLA.
Autor: Cláudio Sato
Coautor: Laércio de Moura Jorge
Mentor: Ricardo Yoshio
Especialista da área: Luis Henrique Martins Vasquinho
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