Para começar
Sobre os planos de Educação Financeira
A Educação Financeira integra a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como um dos temas transversais que deve ser explorado e trabalhado concomitante aos demais componentes curriculares. De acordo com a Base, a Educação Financeira não deve se restringir ao ensino cru da Matemática. “Essa unidade temática favorece um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro”. Pretende-se, com os planos de Educação Financeira, fazer os estudantes refletirem sobre ações individuais e coletivas que podem impactar sua vida e a da sociedade.
As orientações deste plano não devem ser apresentadas aos estudantes, pois elas detalham as ações e trazem mais subsídios para que você, professor, se organize melhor para a realização da aula.
Os planos de Educação Financeira têm como objetivo promover um trabalho inter e transdisciplinar, já que as habilidades destacadas para cada componente curricular se correlacionam com o tema transversal.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018a.
Ação prévia:
Antes dessa aula é importante que a turma já tenha trabalhado pelo menos uma das habilidades da BNCC indicadas nesta proposta, abrangendo temas como Mercantilismo, Capitalismo e Revolução Industrial. Caso isso não tenha acontecido, você pode realizar antes uma aula sobre o trabalho nos países capitalistas (com destaque ao Brasil) e as legislações trabalhistas.
Para se aprofundar:
Contexto
Tempo sugerido:
10 minutos.
Orientações:
Inicie esta aula com a análise da charge de Cabalau sobre o preço de arroz, projetando a imagem ou distribuindo na versão impressa. Não é necessário que a turma seja dividida em grupos nesse momento, pois a ideia aqui é promover o compartilhamento das interpretações com o grupo todo. No entanto, fique atento para que todos tenham seu espaço de fala respeitado.
Esta charge foi publicada no ano de 2020 no jornal O Estado do Maranhão, que é editado na cidade de São Luís (capital do Estado do Maranhão).
O que propor?
Inicie a aula pedindo aos estudantes que observem a charge e respondam:
- O que você entendeu dessa charge?
Organize para que todos possam contribuir com suas análises e interpretações da charge, e faça o registro das falas no quadro para que todos possam ver.
Espera-se que os estudantes percebam que a charge relata uma situação em que o dinheiro disponível para compra do arroz não foi suficiente, pois o marido chega em casa com o produto, mas sem roupas e com uma feição aflita, numa alusão de que foi necessário entregar também as roupas para fazer o pagamento.
Conclua essa etapa fazendo a leitura das anotações feitas no quadro e informando que a charge retrata um conceito econômico chamado poder de compra, que é a capacidade de adquirir bens e serviços com determinada unidade monetária.
Sugestões de adequação:
Você pode dividir a turma em grupos, distribuir cópias impressas da charge e solicitar que cada grupo apresente suas análises.
Nas aulas remotas síncronas, você pode utilizar ferramentas de interação como o Slido e o Mentimeter para reunir as análises da turma.
Problematização
Tempo sugerido:
20 minutos.
Orientações:
Nesta etapa a turma poderá analisar alguns documentos sobre o salário mínimo, sua relação com o poder de compra, e o principal índice utilizado no cálculo do salário mínimo nacional, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), pesquisado e disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para isso, organize a turma em três grupos. Caso julgue que os grupos com muitos componentes não são operacionais, na sua realidade, sugere-se a divisão da turma em seis grupos, ou em quantidade múltipla de três, pois cada grupo ficará responsável pela análise de um documento e esta produção irá compor um mapa conceitual coletivo.
O que propor?
Distribua um documento impresso e uma folha de papel A4 em branco para cada grupo, e oriente que os grupos respondam à pergunta indicada ao final de cada documento na folha em branco.
Informe que os grupos terão 10 minutos para essa atividade.
Finalizado o tempo, organize a sala para que cada grupo compartilhe suas respostas na seguinte ordem:
- Trecho do discurso de Getúlio Vargas.
- Trecho da Constituição Federal.
- INPC: você sabe como esse índice impacta a sua vida?
No quadro, escreva a seguinte pergunta: Qual a relação entre o poder compra e o salário mínimo?
Solicite que cada grupo, após sua apresentação, fixe a folha de resposta logo abaixo, conforme o modelo a seguir.
Finalizadas as apresentações, convide a turma para responder à pergunta a partir das análises feitas pelos três grupos.
Espera-se que a turma relacione que a criação do salário mínimo, como parte da política de Getúlio Vargas inaugurada em 1940 para a proteção dos trabalhadores, já que com essa ação esperava-se que o trabalho garantisse a subsistência das famílias, foi ratificada pela Constituição Federal de 1988, vigente até hoje, com sua inclusão no texto constitucional como um direito social.
Espera-se, também, que a turma aponte que, para que o salário mínimo continue cumprindo a sua função, ele precisa ser reajustado e por isso são necessários índices que corrijam o valor do salário de forma que ele cubra as necessidades básicas de uma família, como alimentos, moradia etc.
Registre as respostas da turma no quadro e utilize setas para demonstrar a relação entre os fatores estudados, compondo um mapa conceitual. Você pode solicitar que a turma copie o mapa em seus cadernos ou pode fotografá-lo e disponibilizar posteriormente.
Sugestões de adequação:
Em ambiente remoto você pode distribuir os documentos aleatoriamente, solicitar que cada estudante responda à pergunta por escrito num mural virtual como o Padlet, para que, posteriormente, num encontro síncrono, a pergunta final possa ser debatida.
Sistematização
Tempo sugerido:
10 minutos.
Orientações:
Para concluir esta aula, mantenha a formação da turma em grupos. Nesta etapa os grupos utilizarão a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) para calcular o poder de compra do salário mínimo na região em que vivem.
Inicie explicando que um dos itens que impactam a vida das famílias é o preço dos alimentos, por isso o DIEESE realiza o levantamento contínuo dos preços de um conjunto de produtos alimentícios considerados essenciais. A PNCBA foi implantada em São Paulo em 1959, a partir dos preços coletados para o cálculo do Índice de Custo de Vida (ICV) e, ao longo dos anos, foi ampliada para outras capitais. Hoje, é realizada em 17 Unidades da Federação e permite a comparação de custos dos principais alimentos básicos consumidos pelos brasileiros.
Relembre que o IBGE mantém o Sistema Nacional de Índices de Preço ao Consumidor (SNIPC), que produz de forma contínua e automatizada o INPC, índice utilizado para o cálculo do salário mínimo. O SNIPC leva em consideração nove categorias de itens, entre produtos e serviços, que são: alimentação e bebidas; habitação; artigos de residência; vestuário; transporte; saúde e cuidados pessoais; despesas pessoais; educação; comunicação. Destaque que, mesmo que a alimentação não seja o único item considerado, ela tem o maior impacto na vida cotidiana das famílias, pois é responsável por garantir a saúde das pessoas.
O que propor?
Um dos itens que devem ser contemplados pelo salário mínimo são os alimentos. O valor da cesta básica impacta diretamente a qualidade de vida das famílias.
Oriente que cada grupo observe a tabela e pergunte:
- O salário mínimo nacional é suficiente para comprar quantas cestas básicas?
Informe o valor do salário mínimo nacional em 2021 (R$ 1.100,00) e oriente que a turma selecione a cidade mais próxima da região em que vive para usar como referência na tabela. Os grupos têm 10 minutos para essa análise.
Organize para que os grupos compartilhem suas análises. Espera-se que os estudantes percebam que o valor nominal do salário mínimo comporta a compra de pelo menos uma cesta básica, e que isso acontece na maioria das regiões. Essa análise pode levar a turma a concluir que o salário mínimo tem um bom poder de compra, por isso relembre que o salário mínimo é um direito social que deve garantir aos trabalhadores condições de vida mais amplas do que apenas a alimentação. Com esse valor deve ser possível também acessar moradia, água, energia etc.
Sugestões de adequação:
Você pode indicar quais as cidades a serem analisadas pelos grupos, a partir de critérios que dialoguem com os temas trabalhados pela turma (por regiões, por exemplo).
O que aprendemos?
Tempo sugerido:
10 minutos.
Orientações:
Para avaliar se os conceitos apresentados nessa aula foram compreendidos pelos estudantes, proponha a produção de uma charge sobre o tema da aula. Retome a charge apresentada no início da aula para que a turma se inspire. Informe que a charge é um gênero textual cuja intencionalidade principal é fazer uma crítica por meio do humor, e é composto por apenas um quadro, que pode conter vários personagens ou apenas um, legendas, balões etc.
O que propor?
Distribua uma folha de papel A4 em branco para cada estudante e peça que eles criem uma charge sobre a aula de que participaram. Enquanto a turma realiza a atividade, circule pela sala, procurando observar quais os conceitos selecionados pelos estudantes para a composição de suas charges. Caso alguns deles tenham dificuldade para iniciar a atividade, faça perguntas como:
- O que se compra com o salário mínimo hoje?
- Como está o poder de compra do brasileiro na pandemia?
Estas questões podem servir como disparadoras para a produção da charge.
Após finalizada a atividade, você pode fixar as charges no quadro, junto ao mapa conceitual elaborado na etapa de Problematização.
Sugestões de adequação:
As charges podem ser elaboradas em grupo. Nesse caso, observe a participação individual na dinâmica.