Plano de Aula
Plano de aula: Danças do Brasil: danças de matriz africana
Por: Patricio Casco
Descrição
No desenvolvimento deste plano, propomos que os estudantes conheçam as danças de matriz africana. A história dos povos africanos escravizados no Brasil ainda está em curso. Sua presença é material e não apenas simbólica ou cultural. Sua força criadora e transformadora é visível, sensível e inteligível. Vamos, neste plano, conhecer uma amostra dessa riqueza repleta de signos de resistência e sacralidade: o maculelê e o ijexá.
Habilidades BNCC:
Objeto de conhecimento
- Danças do Brasil e do mundo.
Objetivos de aprendizagem
- Experimentar atividades rítmicas, expressivas e gestuais das danças brasileiras de matriz africana.
- Fruir as músicas das danças, individual e coletivamente.
- Recriar danças populares de matriz africana.
- Identificar os elementos constitutivos das danças de matriz africana.
- Utilizar movimentos nos planos alto, médio e baixo presentes nas danças brasileiras de matriz africana.
- Experimentar os elementos tempo, força, fluência e espaço, presentes nas danças brasileiras de matriz africana.
- Reconhecer as diferenças entre os seus movimentos e os movimentos dos colegas.
- Discutir sobre a importância do respeito às diversidades étnicas.
Competências gerais
1. Conhecimento
2. Pensamento científico, crítico e criativo
3. Repertório cultural
7. Argumentação
9. Empatia e cooperação
10. Responsabilidade e cidadania
Aula
Materiais sugeridos
- Mapa do Brasil, de preferência, um mapeamento cultural com os Cinco Brasis de Darcy Ribeiro; disponível em: https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/X95U7yUcpVfJEbV8vgb7nhbwW74HZquUXvXVmVzpjsEHP2AyTUM5sGKNKUTf/geo4-02und08-os-brasis-de-darcy-ribeiro.pdf
- Equipamento para reproduzir música.
- Equipamento para reproduzir vídeos, (todos opcionais, para seu conhecimento e para possível uso nos desdobramentos, se possível, reproduzir para os estudantes).
- Bastões de maculelê ou garrafas pet de 1,5 litros.
- Flip chart com as letras das canções.
- Folhas A4, grampeadas em forma de livreto: passaporte cultural (opcional).
Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.
Conversa inicial
Faça uma roda com os estudantes. Explique que entrarão em um território do conhecimento no qual se misturam elementos humanos, culturais, religiosos e políticos de povos de origens distintas, em constante recriação e renovação. Aponte para a relevância desse conteúdo dinâmico e criador, e o quão importante é conhecer, corporal e espiritualmente, as formas de expressão cultural da nossa complexa e bela brasilidade. Indique sua presença (ou ausência) étnica na turma, como estratégia de valorização, reconhecimento, afirmação e motivação para a prática.
Diga que utilizem o passaporte cultural (ver como fazer em Registro e avaliação) para registros livres, desenhos, inclusive. Observe, junto à turma, o quanto a cultura africana, assim como sua força de trabalho e produção, está presente em suas vidas e em seus costumes. Investigue sobre a sua presença no ambiente ao redor, no vocabulário, nas comidas até, por fim, chegar às danças. Informe que serão estudadas duas delas: maculelê e ijexá.
Começamos com o maculelê. Apresente uma imagem com as indumentárias da dança. Mostre a imagem das grimas disponível em Para saber mais. Pergunte à turma como acreditam que são as indumentárias. Indague sobre: O que é uma indumentária? Vocês imaginam de onde são esses elementos? O que chamou a sua atenção nas indumentárias? Elas possibilitam a realização de movimentos? Favorecem dançar? Poderia usá-las em outras ocasiões? Explique que as grimas são instrumentos de percussão feitos, tradicionalmente, de madeira, roliços, com som agudo característico. Pergunte se alguém conhece esse instrumento ou já ouviu seu som.
Ampliado pelo número de participantes, as grimas promovem uma intensa ritmação. Reproduza os áudios sugeridos, particularmente os vídeos. Informe que o objetivo do trabalho é um encontro com a cultura africana que deve resultar em uma apresentação para a turma ou, no melhor dos casos, para toda a comunidade escolar. Como são duas as danças a serem estudadas, é possível e desejável construir junto com eles um evento iniciado com um cortejo (ijexá) seguido de uma apresentação de maculelê.
Se possível, apresente um dos vídeos, particularmente os vídeos 1 e 2 do maculelê e os dois vídeos de ijexá, para que sirvam de referência visio-áudio-motora para a desejável construção coreográfica a ser protagonizada pelos estudantes. Pergunte, a partir do título, sobre o que vai tratar o plano. Conseguem reconhecer o lugar? A música? As pessoas? Peça que analisem, observem, identifiquem os movimentos, gestos, ritmos, pessoas, instrumentos e músicas.
Pergunte se sabem o que é um cortejo. Os cortejos dos afoxés da Bahia (ijexá) são candomblé na rua. Portanto, são, ao mesmo tempo, representações religiosas e culturais (profanas). Eles fazem parte de um ciclo turístico, até certo ponto, folclórico, ligado ao Carnaval. Para se distanciar dessa referência distorcida e reforçar esse caráter comunitário, informe que o objetivo do trabalho é um encontro da turma com a cultura africana.
O maculelê é uma dança dramática. Planeje os passos dessa apresentação, prevendo a participação de subgrupos autônomos para a criação coreográfica da dança, resguardando esse caráter expressivo das ações corporais.
Estimule o protagonismo, tanto individual como coletivo. Nesse momento da aula é importante que sejam avaliadas, coletivamente, essas possíveis barreiras, bem como modos de superá-las. Há desafios que podem ser compartilhados, como, por exemplo, pensar com os estudantes em como substituir a “grima”, a partir de materiais e ideias alternativas. As garrafas pet sugeridas são de 1,5 litro para melhor manuseio.
Os intensos estímulos visuais, auditivos e proprioceptivos presentes nas danças de matriz africana, bem como sua simplicidade e ludicidade, são pontes de acesso ao seu conteúdo cultural. Aqui, a experiência e a informação devem caminhar juntas. Para superar possíveis barreiras, particularmente relacionadas aos vídeos e às imagens, pode-se pedir que estabeleçam parcerias em que os colegas se auxiliam na ampliação dos significados apresentados, ou utilizar recursos adicionais, como audiodescrição ou legendas, que possibilitem à todos o acesso às informações disponíveis.